quarta-feira, 30 de maio de 2018

Palavra de Vida – maio 2018


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«É este o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio» (Gl 5, 22).

O apóstolo Paulo escreve aos cristãos da região da Galácia, que tinham recebido o anúncio do Evangelho por seu intermédio. Sente o dever de os repreender por não terem compreendido o verdadeiro significado da liberdade cristã.
Para o povo de Israel a liberdade tinha sido uma dádiva de Deus: Ele libertou o povo da escravidão do Egito, conduziu-o para uma nova terra e estabeleceu com ele um pacto de recíproca fidelidade.
Da mesma maneira, Paulo afirma convictamente que a liberdade é uma dádiva de Jesus.
De facto, Jesus dá-nos a possibilidade de nos tornarmos, como Ele e n’Ele, filhos de Deus que é Amor. Se nós imitarmos o Pai, como Jesus nos ensinou (1) e mostrou (2) com a sua vida, podemos aprender a mesma atitude de misericórdia para com todos, pondo-nos ao serviço dos outros.
Para Paulo, este aparente sem-sentido da “liberdade de servir” torna-se possível pela dádiva do Espírito, que Jesus concedeu à humanidade, com a sua morte na cruz.
E é o Espírito que nos dá a força de sairmos da prisão do nosso egoísmo – com as consequentes divisões, injustiças, traições, violências – guiando-nos para a verdadeira liberdade.
«É este o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio».

A liberdade cristã, além de ser uma oferta, é também um compromisso. O compromisso de, acima de tudo, acolher o Espírito no nosso coração, dando-lhe espaço e reconhecendo a sua voz em nós.
Chiara Lubich escreveu: «[…] Sobretudo, temos que ter uma consciência cada vez maior da presença do Espírito Santo em nós: trazemos no nosso íntimo um tesouro imenso, e não temos verdadeira consciência. […] Depois, para que possamos ouvir e seguir a sua voz, temos que dizer não […] às tentações e renunciar aos seus encantos; e dizer sim às tarefas que Deus nos confiou. Sim ao amor para com o nosso próximo; dizer sim às provações e dificuldades que encontramos… Se fizermos isso, o Espírito Santo guiar-nos-á, conferindo à nossa vida cristã aquelas características que ela não pode deixar de ter quando é autêntica: sabor, vigor, eficácia, luminosidade. Assim, quem estiver perto de nós aperceber-se-á de que não somos apenas filhos da nossa família humana, mas também filhos de Deus!» (3).
Com efeito, o Espírito interpela-nos a não pormos o nosso eu no centro das nossas preocupações, para podermos aceitar, ouvir e partilhar os bens materiais e espirituais, para perdoar e dar atenção às muitas e diversas pessoas que encontrarmos quotidianamente, nas mais variadas situações.
E esta atitude faz-nos experimentar o fruto mais típico do Espírito, que é o crescimento da nossa própria humanidade em direção à verdadeira liberdade. De facto, Ele faz nascer e florescer em nós capacidades e recursos tais que, se vivêssemos fechados em nós mesmos, permaneceriam para sempre sepultados e desconhecidos.
Cada nossa ação é, portanto, uma ocasião a não perder para dizer não à escravidão do egoísmo e sim à liberdade do amor.

«É este o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio».

Quem aceita no coração a ação do Espírito, contribui também para a construção de relacionamentos humanos positivos, em todas as suas atividades quotidianas, familiares e sociais.
Carlo Colombino, além de marido e pai, é um empresário que criou uma empresa no norte de Itália (4).
Dos seus sessenta colaboradores, cerca de um quarto não são italianos e alguns deles vêm de experiências dramáticas. Ao jornalista que o entrevistou, contou: «Também no mundo do trabalho se pode e deve favorecer a integração. Tenho uma empresa de extração e reciclagem de materiais de construção, por isso sinto a responsabilidade para com o ambiente e o território em que vivo. Há alguns anos, a crise atingiu-nos profundamente: era melhor salvar a empresa ou as pessoas? Várias pessoas se mobilizaram e, em conversa com elas, procurámos as soluções menos dolorosas… mas foi tudo tão dramático que eu não conseguia dormir de noite. Posso fazer a minha atividade bem ou menos bem. Tento fazê-la o melhor possível. Acredito no contágio positivo das ideias. A empresa que pensa apenas na faturação e nos números tem um futuro muito pouco duradoiro: no centro de cada atividade está o homem. Sou crente e estou convencido que a síntese entre empresa e solidariedade não é uma utopia» (5).
Concluindo, temos que pôr em ação, com coragem, o nosso chamamento pessoal à liberdade, no ambiente em que vivemos e trabalhamos.
Colaboramos assim com o Espírito Santo, para que possa tocar e renovar a vida de muitas pessoas à nossa volta, e levaremos a História a atingir horizontes de «alegria, paz, magnanimidade, benevolência…».
Letizia Magri

(focolares)

terça-feira, 29 de maio de 2018

Sem liberdade não se pode ser santos



Entrar nos esquemas mundanos nos tira a liberdade, e para andar na santidade, devemos ser livres: a liberdade de andar olhando para a luz, de seguir em frente. Sem liberdade não se pode ser santos. A liberdade é a condição para poder caminhar olhando a luz à frente.

Nos momentos de provação não voltar aos esquemas do mundo, que tiram a liberdade. É preciso, pelo contrário, permanecer no caminho para a santidade. Foi o que afirmou o Papa Francisco na Missa celebrada na manhã desta terça-feira (29/05) na Casa Santa Marta, inspirando-se na primeira leitura (1Pd 1,10-16) do dia, na qual Pedro exorta a caminhar para a santidade:
E o chamado à santidade, que é o chamado normal, é o chamado a viver como cristão, isto é, viver como cristão é o mesmo que dizer “viver como santo”. Tantas vezes nós pensamos na santidade como algo extraordinário, como ter visões ou orações elevadíssimas… ou alguns pensam que ser santo significa ter uma cara de santinho. Não! Ser santos é outra coisa. É caminhar no que o Senhor nos diz sobre a santidade. E, o que é caminhar na santidade? E Pedro diz: “ponde toda a vossa esperança na graça que vos será oferecida na revelação de Jesus Cristo”.

Caminhar para a luz

“Caminhar para a santidade” consiste portanto no caminhar para aquela graça que vem ao encontro, caminhar para a esperança, estar em tensão rumo ao encontro com Jesus Cristo.
É como quando se caminha em direção à luz: tantas vezes não se vê bem o caminho porque a luz nos ofusca. “Mas não erramos – observa o Papa – porque vemos a luz e conhecemos o caminho”.
Quando, ao invés disso, se caminha com a luz nas costas, se vê bem a estrada, mas na realidade, porém, diante de nós existe a sombra, não luz.

Não voltar aos esquemas do mundo

Para caminhar para a santidade, depois, é necessário “ser livres e sentir-se livres”. O Papa adverte porém que existem tantas coisas que escravizam. Por isso Pedro exorta a não conformar-se aos desejos “do tempo da vossa ignorância.” Também Paulo na Primeira leitura aos Romanos diz: “não conformai-vos”, que significa “não entrem nos esquemas”:
“Esta é a tradução correta destes conselhos - não entrem nos esquemas do mundo, não entrem nos esquemas, no modo de pensar mundano, no modo de pensar e de julgar que o mundo oferece a você, porque isso tira sua liberdade". E para andar na santidade, devemos ser livres: a liberdade de andar olhando a luz, de seguir em frente. E quando voltamos, como diz aqui, ao modo de viver que tínhamos antes do encontro com Jesus Cristo ou quando nós voltamos aos padrões do mundo, perdemos a liberdade.

Sem liberdade não se pode ser santos

No livro do Êxodo vemos, de fato, como tantas vezes o povo de Deus não quis olhar para frente, para a salvação, mas voltar atrás. Lamentavam-se e "imaginavam a bela vida que passavam no Egito", onde comiam cebolas e carne, destaca Francisco.
"Nos momentos de dificuldade, o povo volta atrás", "perde a liberdade": é verdade que comiam coisas boas, mas na "mesa da escravidão":

Nos momentos de provação, sempre temos a tentação de olhar para trás, de olhar para os esquemas do mundo, para os padrões que tínhamos antes de iniciar o caminho da salvação: sem liberdade. E sem liberdade não se pode ser santos. A liberdade é a condição para poder caminhar olhando a luz à frente. Não entrar nos esquemas da mundanidade: caminhar em frente, olhando para a luz que é a promessa, na esperança; essa é a promessa como o povo de Deus no deserto: quando olhavam para frente, iam bem; quando vinha a nostalgia porque não podiam comer as coisas boas que lhes davam lá, erravam e esqueciam que lá não tinham liberdade.

Esquemas mundanos prometem tudo e não dão nada

O Senhor, portanto, chama à santidade de todos os dias. E há dois parâmetros para saber se estamos no caminho para a santidade: antes de tudo, se olhamos para a luz do Senhor na esperança de encontrá-lo e, depois se, quando chegam as provações, olhamos em frente e não perdemos a liberdade, refugiando-nos nos esquemas mundanos que "prometem tudo e não te dão nada".
"Sejam santos porque eu sou santo", é o mandamento do Senhor. Francisco recorda isso ao concluir, exortando a pedir a graça de entender bem o que é o caminho da santidade: "um caminho de liberdade, mas em tensão de esperança rumo ao encontro com Jesus". E entender bem também o que é ir em direção aos "esquemas mundanos que todos nós tínhamos antes do encontro com Jesus".

(vaticannews)

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Papa: a paz é a verdadeira alegria do cristão, não a "dolce vita"



“Ser homem e mulher de alegria” significa “ser homem e mulher de paz, significa ser homem e mulher de consolação”, disse Francisco.

Barbara Castelli – Cidade do Vaticano

A alegria “é o respiro do cristão”, uma alegria feita de verdadeira paz e não falsa como aquela que a cultura de hoje oferece, que “inventa tantas coisas para nos divertir”, inúmeros “momentos de dolce vita”. Na Missa celebrada na manhã de segunda-feira (28/05) na capela da Casa Santa Marta, o Papa voltou a falar de uma das características do cristão: a alegria, não obstante as provações e as dificuldades.

O respiro do cristão
Na homilia, comentando um trecho da primeira carta de São Pedro apóstolo e do Evangelho de São Marcos, em que se fala de um jovem rico que não consegue renunciar aos próprios interesses, o Pontífice destaca que um verdadeiro cristão não pode ser “tenebroso” ou “triste”. “Ser homem e mulher de alegria”, insiste, significa “ser homem e mulher de paz, significa ser homem e mulher de consolação”.
“A alegria cristã é o respiro do cristão, um cristão que não é alegre no coração não é um bom cristão. É o respiro, o modo de se expressar do cristão, a alegria. Não é algo que se compra ou que faço com esforço, não: é um fruto do Espírito Santo. Quem faz a alegria no coração é o Espírito Santo”.

O primeiro passo da alegria é a paz
A rocha sólida sobre a qual se apoia a alegria cristã é a memória: não podemos de fato esquecer “aquilo que o Senhor fez por nós”, “regenerando-nos” a uma nova vida; assim como a esperança daquilo que nos aguarda, o encontro com o Filho de Deus. Memória e esperança são os dois elementos que permitem aos cristão viver na alegria, não uma alegria vazia, mas uma alegria cujo “primeiro grau” é a paz.
“A alegria não é viver de risada em risada. Não, não é isso. A alegria não è ser engraçado. Não, não é isso. É outra coisa. A alegria cristã é a paz. A paz que está nas raízes, a paz do coração, a paz que somente Deus pode nos dar. Esta é a alegria cristã. Não é fácil preservar esta alegria”.

A cultura dos “momentos de dolce vita”
No mundo contemporâneo, prossegue o Papa, infelizmente nos contentamos de uma “cultura pouco alegre”, “uma cultura onde inventam tantas coisas para nos divertir”, tantos “momentos de dolce vita”, mas que não satisfazem plenamente. A alegria, de fato, “não é algo que se compra no mercado”, “é um dom do Espírito” e vibra também no “momento do turbamento, no momento da provação”.
“Há uma inquietação positiva, mas outra que não é positiva, a de buscar as seguranças em qualquer lugar, de buscar o prazer em qualquer lugar. O jovem do Evangelho tinha medo de que se abandonasse as riquezas não poderia ser feliz. A alegria, a consolação: o nosso respiro de cristãos”.

(vaticannews)

domingo, 27 de maio de 2018

Papa Francisco - Oracão do Angelus 2018-05-27

Papa Angelus


Não acreditamos em uma entidade distante, Deus é papai

O Papa pediu a Nossa Senhora que “nos ajude a cumprir com alegria a missão de testemunhar ao mundo, sedento de amor, que o sentido da vida é precisamente o amor infinito, o amor concreto do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

Silvonei José – Cidade do Vaticano

“O cristão não é uma pessoa isolada, pertence a um povo, esse povo que forma Deus. Não se pode ser um cristão sem tal pertença e comunhão: somos povo, o povo de Deus”: foi o que afirmou o Papa Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus neste domingo (27/05), na Praça de São Pedro, na festa da Santíssima Trindade.
As leituras bíblicas de hoje – explicou o Santo Padre - nos fazem entender como Deus não queira tanto revelar que Ele existe, mas sim que é o 'Deus conosco’, perto de nós, que nos ama, que caminha conosco, é interessado em nossa história pessoal e cuida de cada um, desde os pequeninos até aos mais necessitados.

O Espírito Santo tudo transforma
"Ele e 'Deus lá no céu' mas também 'aqui embaixo na terra'- continuou -. Portanto, não acreditamos em uma entidade distante, não, em uma entidade indiferente, não, mas ao contrário no Amor que criou o universo e gerou um povo, e se fez carne, morreu e ressuscitou por nós, e como o Espírito Santo tudo transforma e leva à plenitude ".
"São Paulo, que primeiro experimentou essa transformação realizada por Deus-Amor, nos comunica seu desejo de ser chamado Pai, ou melhor, 'papai', Deus é papai - disse o Papa -, com a total confiança de uma criança que se abandona nos braços de quem lhe deu a vida. O Espírito Santo - recorda o Apóstolo - agindo em nós faz com que Jesus Cristo não seja reduzido a um personagem do passado, mas que nos o sintamos próximo, nosso contemporâneo, e experimentemos a alegria de sermos filhos amados por Deus".

Ele sempre escolheu caminhar com a humanidade 
"Deus caminhando conosco nos enche de alegria e a alegria é um pouco a primeira linguagem do cristão", disse o Pontífice. Então, a festa da Santíssima Trindade "nos faz contemplar o mistério de um Deus que incessantemente cria, redime e santifica, sempre com amor e por amor, e a cada criatura que o acolhe faz refletir um raio de sua beleza, bondade e verdade. Ele sempre escolheu caminhar com a humanidade e formar um povo que é bênção para todas as nações e para todas as pessoas, nenhuma excluída".
O Papa concluiu suas palavras pedindo a Nossa Senhora que “nos ajude a cumprir com alegria a missão de testemunhar ao mundo, sedento de amor, que o sentido da vida é precisamente o amor infinito, o amor concreto do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

(vaticannews)