Leão XIV toma posse da cátedra do Bispo de Roma: "Ofereço o pouco que tenho e que sou"

Na Basílica de São João de Latrão, Leão XIV manifestou seu carinho por sua nova família diocesana, com o desejo de partilhar com ela alegrias e dores, cansaços e esperanças. "Também eu lhes ofereço o pouco que tenho e que sou", afirmou, citando as palavras do Beato João Paulo I na mesma ocasião em 1978.

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

Na tarde deste domingo, 25 de maio, Leão XIV realizou um dos gestos mais característicos no início de pontificado de um Papa: a tomada de posse da Cátedra do Bispo de Roma na Basílica de São João de Latrão.

Logo no início da celebração eucarística, o vigário do Papa para a Diocese de Roma, card. Baldassare Reina, expressou a alegria da Igreja por este momento. O Santo Padre então sentou-se na cátedra e uma representação da Igreja romana prestou a ele obediência.

A "cátedra" é a sede fixa do bispo, na igreja mãe de uma diocese, daí o nome "catedral". A palavra significa "cadeira", símbolo da autoridade e doutrina evangélica que o bispo, como sucessor dos Apóstolos, é chamado a preservar e transmitir à comunidade cristã.

Roma é considerada sede da cátedra de Pedro porque foi nesta cidade que ele concluiu a sua vida terrena com o martírio. Mais que um trono, representa o serviço e a unidade da Igreja sob a condução do Sucessor de Pedro, o Papa. E foi exatamente este o aspecto ressaltado por Leão XIV no início da sua homilia:

"A Igreja de Roma é herdeira de uma grande história, enraizada no testemunho de Pedro, de Paulo e de inúmeros mártires, e tem uma única missão, muito bem expressa pelo que está escrito na fachada desta Catedral: ser Mater omnium Ecclesiarum, Mãe de todas as Igrejas."

Na sequência, a referência foi o Papa Francisco, que com frequência convidava a meditar sobre a dimensão materna da Igreja e sobre as características que lhe são próprias: a ternura, a disponibilidade ao sacrifício e a capacidade de escuta que permite não só socorrer, mas muitas vezes prover às necessidades e às expectativas, antes mesmo que sejam manifestadas.

"Estes são traços que desejamos que cresçam em todo o povo de Deus, e também aqui, na nossa grande família diocesana: nos fiéis e nos pastores, a começar por mim", expressou Leão XIV.

O Santo Padre se inspirou nas leituras da missa para afirmar que todo desafio no anúncio do Evangelho deve ser enfrentado com escuta da voz de Deus e diálogo; que a comunhão se constrói primeiramente “de joelhos”, na oração e num compromisso contínuo de conversão. Não estamos sós nas escolhas da vida, o Espírito nos sustenta e nos indica o caminho a seguir, até nos tornarmos “carta de Cristo” uns para os outros.

"E é exatamente assim: somos tanto mais capazes de anunciar o Evangelho quanto mais nos deixamos conquistar e transformar por ele, permitindo que a força do Espírito nos purifique no íntimo, torne simples as nossas palavras, honestos e transparentes os nossos desejos, generosas as nossas ações."

Leão XIV manifestou apreço pelo exigente caminho que a Diocese de Roma está percorrendo nestes anos para acolher os seus desafios, dedicando-se sem reservas a projetos corajosos e assumindo riscos, mesmo perante cenários novos e desafiadores. Neste Jubileu, tem se esforçado para receber os peregrinos como "um lar de fé".

"Quanto a mim, expresso o desejo e o compromisso de entrar neste vasto canteiro, colocando-me, na medida do possível, à escuta de todos, para aprender, compreender e decidir juntos: «para vós sou Bispo, convosco sou cristão», como dizia Santo Agostinho. Peço que me ajudem a fazê-lo num esforço comum de oração e caridade."

Ao concluir, Leão XIV manifestou seu carinho por sua nova família diocesana, com o desejo de partilhar com ela alegrias e dores, cansaços e esperanças. "Também eu lhes ofereço 'o pouco que tenho e que sou'", afirmou, citando as palavras do Beato João Paulo I na mesma ocasião em 1978. E confiou todos à intercessão dos Santos Pedro e Paulo e "de tantos outros irmãos e irmãs, cuja santidade iluminou a história desta Igreja e as ruas desta cidade. Que a Virgem Maria nos acompanhe e interceda por nós".

(vaticannews)


 

REGINA CAELI

 


PAPA LEÃO XIV

REGINA CAELI

Praça de São Pedro
Domingo, 25 de maio de 2025


Queridos irmãos e irmãs, bom Domingo a todos!

Ainda estou no início do meu ministério entre vós e quero, primeiramente, agradecer-vos o afeto que me tendes dedicado e, ao mesmo tempo, pedir que me apoieis com a vossa oração e proximidade.

Sentimo-nos por vezes inadequados para tudo aquilo a que o Senhor nos chama, tanto no percurso da vida como no caminho da fé. Mas o Evangelho deste domingo (cf. Jo 14, 23-29) diz-nos que não devemos olhar para as nossas forças, mas para a misericórdia do Senhor que nos escolheu, certos de que o Espírito Santo nos guia e nos ensina todas as coisas.

Aos Apóstolos que estavam perturbados e ansiosos na véspera da morte do Mestre, e se interrogavam como poderiam ser continuadores e testemunhas do Reino de Deus, Jesus anuncia o dom do Espírito Santo, com esta promessa maravilhosa: «Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada» (v. 23).

Assim, Jesus liberta os discípulos de toda a angústia e preocupação e pode dizer-lhes: «Não se perturbe o vosso coração nem se atemorize» (v. 27). Com efeito, se permanecermos no seu amor ele vem morar em nós, a nossa vida torna-se templo de Deus e este amor ilumina-nos, abre caminho no nosso modo de pensar e nas nossas escolhas, a ponto de se estender também aos outros e iluminar todas as situações da nossa existência.

Irmãos e irmãs, este habitar de Deus em nós é precisamente o dom do Espírito Santo, que nos toma pela mão e nos faz experimentar, também na nossa vida quotidiana, a presença e a proximidade de Deus, fazendo de nós a sua morada.

Olhando para a nossa vocação, para as realidades e as pessoas que nos foram confiadas, para os compromissos que assumimos, para o nosso serviço na Igreja, é belo que cada um de nós possa dizer com confiança: embora eu seja frágil, o Senhor não se envergonha da minha humanidade, pelo contrário, vem habitar em mim. Acompanha-me com o seu Espírito, ilumina-me e faz de mim um instrumento do seu amor para os outros, a sociedade e o mundo.

Caríssimos, sobre o fundamento desta promessa, caminhemos na alegria da fé, para sermos templo santo do Senhor. Esforcemo-nos por levar o seu amor a toda a parte, recordando que cada irmã e cada irmão é a morada de Deus, cuja presença se revela sobretudo nos mais pequenos, nos pobres e nos que sofrem, exigindo que sejamos cristãos atentos e compassivos.

Por fim, confiemo-nos todos à intercessão de Maria Santíssima. Por obra do Espírito, Ela tornou-se “morada consagrada a Deus”. Com Ela, também nós podemos experimentar a alegria de acolher o Senhor e de ser sinal e instrumento do seu amor.

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Depois do Regina Caeli

Queridos irmãos e irmãs!

Ontem, em Posnânia (Polônia), foi beatificado Estanislau Kostka Streich, um padre diocesano morto por ódio à fé em 1938, porque o seu trabalho em prol dos pobres e dos trabalhadores incomodou os seguidores da ideologia comunista. Que o seu exemplo inspire os sacerdotes, em particular, a gastarem-se generosamente pelo Evangelho e pelos irmãos.

Também ontem, memória litúrgica de Nossa Senhora Auxiliadora, foi celebrado a Jornada de Oração pela Igreja na China, instituída pelo Papa Bento XVI. Nas igrejas e santuários da China e de todo o mundo, elevaram-se orações a Deus como sinal da solicitude e do afeto pelos católicos chineses e da sua comunhão com a Igreja universal. Que a intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria obtenha para eles e para nós a graça de sermos testemunhas fortes e alegres do Evangelho, mesmo no meio das provações, para promover sempre a paz e a harmonia.

Com estes sentimentos, a nossa oração abraça todos os povos que sofrem com a guerra; invocamos coragem e perseverança para todos os que se empenham no diálogo e na busca sincera da paz.

Há dez anos, o Papa Francisco assinou a Encíclica Laudato si', dedicada ao cuidado da casa comum. A sua popularidade foi extraordinária, inspirando inúmeras iniciativas e ensinando todos a ouvir o duplo grito da Terra e dos pobres. Saúdo e encorajo o movimento Laudato si' e todos aqueles que levam adiante este compromisso.

Saúdo todos os que vieram da Itália e de muitas partes do mundo, especialmente os peregrinos de Valência e os poloneses, com uma bênção para aqueles que, na Polônia, participam na grande peregrinação ao Santuário Mariano de Piekary Śląskie. Saúdo os fiéis de Pescara, Sortino, Paternò, Caltagirone, Massarosa Nord, Malnate, Palagonia e Cerello, e os da paróquia dos Sagrados Corações de Jesus e Maria de Roma. Saúdo com afeto os crismandos da Arquidiocese de Gênova, os crismandos de São Teodoro, na diocese de Tempio-Ampurias, os ciclistas de Paderno Dugnano e os Bersaglieri de Palermo.

Desejo a todos um bom domingo!



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sexta-feira, 23 de maio de 2025

Leão XIV aprova primeiros decretos e reconhece três veneráveis


Papa Leão XIV em sua primeira audiência geral no Vaticano ??
Papa Leão XIV ontem (21) em sua primeira audiência geral no Vaticano. Imagem referencial. | Daniel Ibáñez/EWTN

O papa Leão XIV autorizou o Dicastério para as Causas dos Santos da Santa Sé a promulgar decretos reconhecendo três veneráveis, entre eles dois missionários e um bispo indiano.

Em sua primeira audiência desde o início de seu pontificado com o prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos da Santa Sé, cardeal Marcello Semeraro, o papa aprovou a "oferta de vida" do servo de Deus Alejandro Labaca Ugarte, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.

Alejandro Labaca, bispo martirizado na selva equatoriana

Nascido em 19 de abril de 1920 em Beizama, Espanha, depois de ser expulso da China comunista, esse missionário capuchinho chegou ao Equador, onde foi bispo titular de Pomaria e vigário apostólico de Aguarico.

O bispo Labaca dedicou-se à evangelização na floresta amazônica do Equador, até entregar sua vida em 21 de julho de 1987, na região de Tigüino, no Equador, quando foi atingido por lanças dos Tagaeri, uma tribo ameaçada pela exploração de petróleo na área, à qual o bispo se opunha.

Inés Arango, missionária dedicada ao povo Huaorani

Junto com Labaca, também foi morta a irmã Inés Arango Velásquez, missionária das Terciárias Capuchinhas da Sagrada Família, também declarada venerável hoje (22) por Leão XIV.

Esta freira, nascida em Medellín, Colômbia, em 6 de abril de 1937, estava em Aguarico há dez anos, dedicada ao apostolado com o povo indígena Huaorani.

Em 11 de julho de 2017, a Santa Sé publicou o motu proprio Maiorem hac dilectionem , escrito pelo papa Francisco, no qual o papa argentino estabeleceu que “oferecer a própria vida”, sabendo que a morte certa virá, é uma nova maneira de proceder à beatificação de um fiel.

A oferta da vida é um dos caminhos para a beatificação, além das virtudes heroicas e do martírio.

Matteo Makil, pioneiro da Igreja na Índia

Leão XIV também aprovou as virtudes heróicas do servo de Deus Mateus Makil, fundador da Congregação das Irmãs da Visitação da Bem-Aventurada Virgem Maria.

Ele nasceu em 27 de março de 1851 em Manjoor, Índia, e morreu em 26 de janeiro de 1914 em Kottayam, Índia. Ele também foi bispo titular de Tralle e primeiro vigário apostólico de Kottayam, Índia.

Depois de serem declarados veneráveis, um milagre feito por sua intercessão deve ser aprovado para que sejam beatificados, o primeiro passo para uma possível canonização.

(acidigital)

 

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Leão XIV faz sua primeira nomeação de uma mulher na Cúria

 

Ir. Tiziana Merletti será secretária do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, que já é chefiado por uma mulher, a Ir. Simona Brambilla.

Vatican News

O Papa Leão XIV fez a primeira nomeação de uma mulher na Cúria. Trata-se da Ir. Tiziana Merletti, que será secretária do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

Este departamento do Vaticano que cuida dos religiosos em todo o mundo foi o primeiro na Cúria a ser chefiado por uma mulher. De fato, Francisco nomeou a Ir. Simona Brambilla em janeiro deste ano, substituindo o cardeal brasileiro João Braz de Aviz.

Assim, com a nomeação deste 22 de maio, o Dicastério tem como mulheres, a prefeita e a secretária.

Ir.Tiziana Merletti pertence às Irmãs Franciscanas dos Pobres. Ela nasceu em 30 de setembro de 1959 em Pineto, na região dos Abruços, centro da Itália. Em 1986, emitiu a primeira profissão religiosa no Instituto das Irmãs Franciscana dos Pobres. Formou-se em Direito em 1984 e em 1992 fez o Doutorado em Direito Canônico na Pontifícia Universidade Lateranense em Roma. 

De 2004 a 2013 foi Superiora-Geral do seu Instituto religioso. Atualmente, é Docente na Faculdade de Direito Canônico da Pontifícia Universidade Antonianum em Roma e colabora na qualidade de canonista com a União Internacional das Superioras Gerais.


 (vaticannews)

AUDIENCIA GERAL


 

PAPA LEÃO XIV

AUDIÊNCIA GERAL 

Praça de São Pedro
Quarta-feira, 21 de maio de 2025


Ciclo de Catequese – Jubileu 2025. Jesus Cristo Nossa Esperança. II. A vida de Jesus. As parábolas 6. O semeador. Falou-lhes, então, de muitas coisas em parábolas (Mt 13,3)

Prezados irmãos e irmãs!

Estou feliz por vos dar as boas-vindas a esta minha primeira Audiência geral. Hoje retomo o ciclo de catequeses jubilares, sobre o tema «Jesus Cristo, nossa esperança», iniciadas pelo Papa Francisco.

Hoje continuamos a meditar sobre as parábolas de Jesus, que nos ajudam a redescobrir a esperança, porque nos mostram como Deus age na história. Hoje gostaria de meditar sobre uma parábola um pouco especial, pois é uma espécie de introdução a todas as parábolas. Refiro-me à do semeador (cf. Mt 13, 1-17). Em certo sentido, nesta história podemos reconhecer o modo de comunicar de Jesus, que tem muito a ensinar-nos para o anúncio do Evangelho hoje.

Cada parábola narra uma história tirada da vida de todos os dias, mas quer dizer-nos algo mais, remetendo-nos para um significado mais profundo. A parábola desperta em nós interrogações, convida-nos a não nos limitarmos às aparências. Perante a história que me é contada ou a imagem que me é dada, posso interrogar-me: onde estou nesta história? O que diz esta imagem à minha vida? Aliás, o termo parábola vem do verbo grego paraballein, que significa lançar para a frente. A parábola projeta diante de mim uma palavra que me desperta, levando-me a questionar-me.

A parábola do semeador fala exatamente da dinâmica da palavra de Deus e dos efeitos que ela produz. Com efeito, cada palavra do Evangelho é como uma semente lançada no terreno da nossa vida. Jesus usa muitas vezes a imagem da semente, com diferentes significados. No capítulo 13 do Evangelho de Mateus, a parábola do semeador introduz uma série de outras pequenas parábolas, algumas das quais falam precisamente do que acontece na terra: o trigo e o joio, o grãozinho de mostarda, o tesouro escondido no campo. No que consiste, então, este solo? É o nosso coração, mas é também o mundo, a comunidade, a Igreja. Com efeito, a palavra de Deus fecunda e suscita cada realidade.

No início, vemos Jesus que sai de casa e à sua volta reúne-se uma grande multidão (cf. Mt 13, 1). A sua palavra fascina e intriga. Entre as pessoas, há obviamente muitas situações diferentes. A palavra de Jesus é para todos, mas age em cada um de modo diverso. Este contexto permite-nos compreender melhor o sentido da parábola.

Um semeador muito original sai para semear, mas não se preocupa com o lugar onde a semente cai. Lança a semente até onde é improvável que dê fruto: ao longo da estrada, entre as pedras, no meio dos arbustos. Esta atitude surpreende o ouvinte, levando-o a questionar-se: como é possível?

Estamos habituados a calcular as coisas - e às vezes é necessário - mas isto não vale no amor! O modo como este semeador “esbanjador” lança a semente é uma imagem da maneira como Deus nos ama. Aliás, é verdade que o destino da semente depende também do modo como o terreno a acolhe e da situação em que se encontra, mas nesta parábola Jesus diz-nos sobretudo que Deus lança a semente da sua palavra em todos os tipos de solo, isto é, em qualquer uma das nossas situações: às vezes somos mais superficiais e distraídos, outras vezes deixamo-nos levar pelo entusiasmo, por vezes sentimo-nos oprimidos pelas preocupações da vida, mas há também momentos em que estamos disponíveis e somos acolhedores. Deus confia e espera que, mais cedo ou mais tarde, a semente floresça. É assim que nos ama: não espera que nos tornemos o melhor terreno, concede-nos sempre generosamente a sua palavra. Talvez precisamente vendo que Ele confia em nós, nasça em nós o desejo de ser uma terra melhor. Esta é a esperança, fundada na rocha da generosidade e da misericórdia de Deus.

Narrando o modo como a semente dá fruto, Jesus fala também da sua vida. Jesus é a Palavra, a Semente. E para dar fruto, a semente deve morrer. Então, esta parábola diz-nos que Deus está pronto a “desperdiçar” por nós e que Jesus está disposto a morrer para transformar a nossa vida.

Tenho em mente aquela maravilhosa pintura de van Gogh: O semeador ao pôr do sol. Aquela imagem do semeador sob o sol ardente fala-me também do trabalho do camponês. E surpreende-me que, por detrás do semeador, van Gogh tenha representado o grão já maduro. Parece-me exatamente uma imagem de esperança: de uma maneira ou de outra, a semente deu fruto. Não sabemos bem como, mas é assim! Contudo no centro da cena não está o semeador, que se encontra de lado, mas toda a pintura é dominada pela imagem do sol, talvez para nos recordar que é Deus quem move a história, embora às vezes pareça ausente ou distante. É o sol que aquece os torrões da terra, fazendo amadurecer a semente.

Caros irmãos e irmãs, em que situação da vida de hoje a palavra de Deus nos alcança? Peçamos ao Senhor a graça de acolher sempre esta semente, que é a sua palavra. E se nos dermos conta de que não somos um terreno fecundo, não desanimemos, mas peçamos-lhe que nos trabalhe ainda mais para fazer de nós uma terra melhor.

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Saudações:

Queridos fiéis de língua portuguesa, sede bem-vindos. Saúdo especialmente os peregrinos vindos de Portugal e do Brasil. Neste mês mariano, gostaria de repetir o convite da Nossa Senhora de Fátima: «rezem o terço todos os dias pela paz». Juntamente com Maria, peçamos que os homens não se fechem a este dom de Deus e que desarmem o seu coração. O Senhor vos abençoe!

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APELO

A situação na Faixa de Gaza é cada vez mais preocupante e dolorosa. Renovo o meu veemente apelo a fim de que se permita a entrada de ajudas humanitárias dignas e para que se ponha termo às hostilidades, cujo preço dilacerante é pago pelas crianças, pelos idosos e pelas pessoas doentes.

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Resumo da catequese do Santo Padre:

Estou feliz por vos acolher nesta minha primeira Audiência Geral, na qual retomo o tema «Jesus Cristo nossa Esperança» escolhido pelo Papa Francisco para este ano do Jubileu. Meditamos, hoje, sobre a parábola do semeador, que fala da dinâmica e dos efeitos da Palavra de Deus, que é como semente deitada no terreno do nosso coração e no terreno do mundo. Deus espalha-a abundantemente, ainda que ela nem sempre encontre terreno bom para produzir. Mas, apesar de atuar em nós de modo diverso, a Palavra conserva sempre o poder de fecundar as situações da vida de cada um, pois vem de Deus e Ele nunca desiste. Oxalá esta sua generosidade faça crescer no nosso coração o desejo de ser um terreno melhor, capaz de dar fruto abundante.



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Dom Américo Aguiar: “jovens, abri os vossos corações às surpresas de Deus”

“No exercício do seu ministério o Papa Leão XIV vai testemunhar com coragem a indignação em relação àquilo que põe em causa a dignidade da pessoa humana, a subsidiariedade, o bem comum, a solidariedade”, afirma o Bispo de Setúbal, em Portugal, o Cardeal Dom Américo Manuel Alves Aguiar que, em entrevista ao Vatican News, exortou os jovens, mesmo em dificuldades e desafios, a se abrirem às surpresas de Deus.

P. Bernardo Suate – Cidade do Vaticano

Para Dom Américo Aguiar, o novo Sucessor de Pedro, o Papa Leão XIV, está na continuidade dos Papas anteriores, e de Francisco em particular, embora mantendo a sua personalidade. E, citando S. Agostinho, o prelado falou das duas filhas da esperança: a indignação e a coragem. E é interessante, sublinhou Dom Américo, que nós, estando a viver o Ano do Jubileu da esperança, tenhamos um Papa que tem esta provocação de Agostinho no coração.

 
Dom Aguiar não tem, pois, dúvida que Leão XIV, “no exercício do seu ministério petrino, vai testemunhar a indignação em relação àquilo que está mal, em relação àquilo que põe em causa a dignidade da pessoa humana, a subsidiariedade, o bem comum, a solidariedade, colunas principais da Doutrina social da Igreja, tão queridas ao Papa em razão da referência que faz a Leão XIII.

O prelado português não deixou de fazer referência à JMJ de Lisboa, em agosto de 2023, com a presença do Papa Francisco. A jornada mundial da juventude, observou, é como as ondas de rádio, ela vai acontecendo e nós estamos na fase de ir assimilando cada vez mais aquilo que foram os três encontros especiais que a jornada sempre proporciona: encontro dos Jovens uns com os outros, encontro com o Sucessor de Pedro e, sobretudo, o encontro com Cristo, reiterou Dom Américo.

Em Portugal, de facto, em muitas dioceses e paróquias, a JMJ provocou, estimulou, empurrou, obrigou, convocou muitos jovens que estavam afastados e de costas voltadas, à pastoral da juventude, colocando-os na primeira linha da preparação e da vivência da jornada, enfatizou Dom Aguiar reafirmando a necessidade de não perder este elã, este movimento, e de fazer como Maria que se levantou e partiu apressadamente. Enfim, a JMJ de Lisboa, continua a fazer sonhar os jovens do mundo inteiro, que agora já se preparam para o encontro da juventude em Roma com o Papa Leão XIV, e também se preparam, para participar na Jornada da Coreia, reiterou o bispo de Setúbal.

A terminar, um convite aos jovens de todas as latitudes a se abrirem às surpresas de Deus. “Eu, jovem de Leça do Balio, Matosinhos, Norte de Portugal, nunca na vida pensei ser nem Padre, nem Bispo, nem Cardeal, nunca na vida pensei estar num Conclave”, enfatizou Dom Américo, acrescentando que nós todos devemos permitir que Deus aconteça no nosso coração, devemos abrirmo-nos às surpresas de Deus, um convite dirigido a “todos os jovens, mesmo aos que vivem dificuldade, que vivem a guerra, a pobreza, que vivem trevas nos seus corações”.

Na linha de Leão XIV e seus predecessores, Dom Aguiar convidou os jovens a escancarar as portas do coração a Cristo Vivo: “Eu provoco, convido os jovens a serem corajosos perante as adversidades que possam encarar na sua vida, da família, do trabalho, da escola, da saúde e de tantas circunstâncias adversas, agora sobretudo que temos um Leão no nosso caminho, temos Leão XIV, porque a nossa esperança é Cristo vivo, e se Ele habitar nos nossos corações, nada nem ninguém nos separará do amor de Deus e deste caminho que fazemos todos em conjunto”.

 (vaticannews)

DISCURSO DO SANTO PADRE


 

DISCURSO DO SANTO PADRE
AOS REPRESENTANTES DE OUTRAS IGREJAS E
COMUNIDADES ECLESIAIS E DE OUTRAS RELIGIÕES

Segunda-feira, 19 de maio de 2025


Queridos irmãos e irmãs!

Dirijo, com grande alegria, uma cordial saudação a todos vós, Representantes de outras Igrejas e Comunidades eclesiais, bem como de outras religiões, que quisestes participar na celebração inaugural do meu ministério como Bispo de Roma e Sucessor de Pedro. Ao mesmo tempo que expresso afeto fraterno a Sua Santidade Bartolomeu, a Sua Beatitude Teófilo III e a Sua Santidade Mar Awa III, estou sinceramente grato a cada um de vós: a vossa presença e orações são para mim de grande conforto e encorajamento.

Um dos pontos fortes do pontificado do Papa Francisco foi o da fraternidade universal. A este respeito, o Espírito Santo realmente “impulsionou-o” para fazer avançar a passos largos a abertura e as iniciativas já empreendidas pelos Pontífices precedentes, sobretudo a partir de São João XXIII. O Papa da Irmandade promoveu o caminho ecumênico e o diálogo inter-religioso, e fê-lo sobretudo cultivando as relações interpessoais, de tal modo que o traço humano do encontro foi sempre valorizado, sem diminuir em nada os vínculos eclesiais. Que Deus nos ajude a valorizar o seu testemunho!

A minha eleição ocorreu no 1700º aniversário do Primeiro Concílio Ecumênico de Niceia. Este Concílio representa um marco na elaboração do Credo partilhado por todas as Igrejas e Comunidades eclesiais. Enquanto estamos a caminho de restabelecer a plena comunhão entre todos os cristãos, reconhecemos que esta unidade só pode ser a unidade na fé. Como Bispo de Roma, considero ser um dos meus deveres prioritários procurar o restabelecimento da comunhão plena e visível entre todos aqueles que professam a mesma fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

Com efeito, a unidade foi sempre para mim uma preocupação constante, como o testemunha o lema que escolhi para o ministério episcopal: In Illo uno unum, expressão de Santo Agostinho de Hipona que nos recorda como também nós, embora sejamos muitos, «n’Aquele que é um [ou seja, Cristo], somos um só» (Comentários aos Salmos, 127, 3). A nossa comunhão realiza-se efetivamente na medida em que convergimos no Senhor Jesus. Quanto mais formos fiéis e obedientes a Ele, mais unidos estaremos entre nós. Por isso, como cristãos, todos somos chamados a rezar e a trabalhar juntos para, passo a passo, alcançarmos este objetivo, que é e permanece obra do Espírito Santo.

Consciente, além disso, de que sinodalidade e ecumenismo estão intimamente ligados, desejo assegurar-vos a minha intenção de continuar o compromisso do Papa Francisco de promover o carácter sinodal da Igreja Católica e de desenvolver novas e concretas formas para uma sinodalidade cada vez mais intensa no campo ecumênico.

O nosso caminho comum pode e deve ser entendido também em sentido amplo, envolvendo todos, no espírito de fraternidade humana a que acima me referi. O tempo presente é de diálogo e de construção de pontes. Por isso, congratulo-me e agradeço a presença dos representantes de outras tradições religiosas, que partilham a busca de Deus e da sua vontade, que é sempre e simplesmente a vontade de amor e de vida para os homens e as mulheres e todas as criaturas.

Vós fostes testemunhas dos notáveis esforços feitos pelo Papa Francisco a favor do diálogo inter-religioso. Com as suas palavras e ações, ele abriu novas perspectivas de encontro, para promover «a cultura do diálogo como caminho; a colaboração comum como conduta; o conhecimento mútuo como método e critério» (Documento sobre a fraternidade humana para a paz mundial e a convivência comum, Abu Dhabi, 4 de fevereiro de 2019). Agradeço ao Dicastério para o Diálogo Inter-religioso o papel essencial que desempenha neste trabalho paciente de encorajar encontros e intercâmbios concretos, destinados a construir relações baseadas na fraternidade humana.

Gostaria de dirigir uma saudação especial aos nossos irmãos e irmãs judeus e muçulmanos. Devido às raízes judaicas do cristianismo, todos os cristãos têm uma relação especial com o judaísmo. A Declaração conciliar Nostra Aetate (n. 4) sublinha a grandeza do patrimônio espiritual partilhado por cristãos e judeus, encorajando o conhecimento e a estima recíprocos. O diálogo teológico entre cristãos e judeus, que é sempre importante, eu tomo-o muito a peito. Mesmo nestes tempos difíceis, marcados por conflitos e incompreensões, é necessário prosseguir com coragem este nosso precioso diálogo.

As relações entre a Igreja Católica e os muçulmanos têm sido marcadas por um crescente empenho no diálogo e na fraternidade, fomentado pela estima por estes irmãos e irmãs, pois «adoram eles o Deus Único, vivo e subsistente, misericordioso e omnipotente, criador do céu e da terra, que falou aos homens» (ibid., 3). Esta abordagem, baseada no respeito mútuo e na liberdade de consciência, é uma base sólida para construir pontes entre as nossas comunidades.

A todos vós, representantes de outras tradições religiosas, expresso a minha gratidão pela vossa participação neste encontro e pelo vosso contributo para a paz. Num mundo ferido pela violência e pelo conflito, cada uma das comunidades aqui representadas traz o seu próprio contributo de sabedoria, compaixão e empenho para o bem da humanidade e para a preservação da casa comum. Estou convencido de que, se estivermos de acordo e livres de condicionamentos ideológicos e políticos, poderemos ser eficazes em dizer “não” à guerra e “sim” à paz, “não” à corrida ao armamento e “sim” ao desarmamento, “não” a uma economia que empobrece os povos e a Terra e “sim” ao desenvolvimento integral.

O testemunho da nossa fraternidade, que espero possamos demonstrar com gestos eficazes, contribuirá certamente para a construção de um mundo mais pacífico, como todos os homens e mulheres de boa vontade desejam em seu coração.

Caríssimos, mais uma vez obrigado pela vossa proximidade. Invoquemos nos nossos corações a bênção de Deus: que a sua infinita bondade e sabedoria nos ajudem a viver como seus filhos e, entre nós, como irmãos e irmãs, para que a esperança cresça no mundo. Agradeço-vos de coração!



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Hoje é dia de santa Maria Bütler, ela deixou o convento para se tornar missionária


Santa Maria Butler Santa Maria Bütler | ACI Digital

A Igreja celebra hoje (19) santa Maria Bernarda Bütler, fundadora das Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora, missionária que se santificou na evangelização dos abandonados da América do Sul. “Abram suas casas para ajudar os pobres e os marginalizados. Prefira cuidar dos indigentes a qualquer outra atividade”, disse a santa.

Amar a vontade de Deus e seus tempos

Santa Maria Bernarda nasceu na Suíça em 28 de maio de 1848. Em sua juventude, ingressou como aspirante em um convento da cidade, mas não ficou.

Voltou para a casa dos pais para ajudá-los nos trabalhos do campo. Nos meses seguintes, ela se entregou de novo ao trabalho manual, oração e serviço apostólico em uma paróquia. Pouco depois, com 19 anos, fez sua segunda e definitiva tentativa de se tornar freira, entrando para o mosteiro franciscano de Maria Auxiliadora.

Alguns anos depois, ela tomaria o hábito franciscano e adotaria o nome religioso de "Maria Bernarda do Sagrado Coração de Maria".

Passo a passo, enquanto a misericórdia de Deus mudava o seu coração, a freira correspondia mais generosamente a tão belo dom, esforçando-se por crescer na virtude e na vida espiritual. Maria Bernarda sabia que também devia adquirir as qualidades humanas necessárias para viver bem “na religião”, ou seja, totalmente consagrada a Deus.

Uma virada “imprevista”

O esforço e a boa disposição dela seriam coroados com abundantes graças e novas responsabilidades. Com humildade e espírito de obediência, aceitou ser mestra de noviças e depois superiora do seu convento, serviço que fez com dedicação até que Deus lhe confiou um novo desafio: ser missionária.

Aquele chamado parecia inusitado, mas foi se consolidando aos poucos, primeiro, na oração e, segundo, no recurso aos conselhos das instâncias pertinentes da Ordem. Depois de vencer a resistência inicial de algumas autoridades eclesiásticas, Maria Bernarda obteve a permissão pontifícia para deixar o mosteiro e partir, com seis de suas companheiras, para o Equador para servir populações remotas.

Este grande passo, originalmente concebido como a fundação de um ramo de seu mosteiro, faria mais tarde de irmã Maria Bernarda a fundadora de um novo instituto: as Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora. Em Chone, no Equador, as freiras se dedicaram à educação de crianças e jovens, auxiliando os doentes e necessitados. Essa experiência de fé floresceu naquele lugar de difícil acesso e muito abandonado espiritualmente.

Outra mudança de direção

Em 1895, a madre Maria Bernarda e 14 irmãs foram obrigadas a fugir do Equador por causa de uma revolta contra a Igreja, rumo a Cartagena das Índias, na Colômbia. No novo lugar que os acolheu, começaram a brotar vocações e foi necessário abrir novas casas para as noviças. Primeiro foi construída uma na Colômbia, depois na Áustria e mais uma no Brasil.

Atenta ao crescimento da Ordem, madre Maria Bernarda dedicou-se ao cuidado de suas filhas. Começou a visitar cada um dos conventos do Instituto em todos os países onde este estava presente, ou onde havia possibilidade de abrir uma nova fundação. Aonde a santa ia, encantava por causa de sua simplicidade evangélica e amabilidade, edificando e animando muitas pessoas a cuidar das necessidades do povo de Deus.

Chamada para servir e não para ser servida

A madre liderou a congregação por 30 anos, até que renunciou ao cargo. Afastada das tarefas próprias do governo da congregação, dedicou-se, na medida do possível, ao cuidado espiritual das filhas mais novas. A madre era para elas um exemplo de humildade e alegria.

Santa Maria Bernarda Bütler morreu no dia 19 de maio de 1924 com 76 anos, 57 dos quais viveu como consagrada. Desses quase 60 anos, a madre trabalhou 38 como missionária. Ela foi beatificada por são João Paulo II em 1995 e canonizada pelo papa Bento XVI em 2008.

 

REGINA CAELI

 

PAPA LEÃO XIV

REGINA CAELI
NO FINAL DA SANTA MISSA

Praça de São Pedro
Domingo, 18 de maio de 2025


No final desta celebração, saúdo e agradeço a todos, romanos e fiéis de tantas partes do mundo, que nela desejastes participar!

Exprimo em particular a minha gratidão às Delegações oficiais de muitos países, bem como aos Representantes das Igrejas e Comunidades eclesiais e de outras religiões.

Dirijo uma saudação calorosa aos milhares de peregrinos que vieram de todos os continentes por ocasião do Jubileu das Irmandades. Caríssimos, agradeço-vos por manterdes vivo o grande património da piedade popular!

Durante a Missa senti fortemente a presença espiritual do Papa Francisco, que nos acompanha desde o Céu. Nesta dimensão da comunhão dos santos, recordo que ontem, em Chambéry, na França, foi beatificado o padre Camille Costa de Beauregard. Viveu em finais do século XIX e inícios do século XX, e deu testemunho de grande caridade pastoral.

Na alegria da fé e da comunhão, não podemos esquecer os nossos irmãos e irmãs que sofrem por causa das guerras. Em Gaza, as crianças, as famílias e os idosos que sobreviveram estão sujeitos à fome. Em Myanmar, novas hostilidades dizimaram jovens vidas inocentes. A martirizada Ucrânia aguarda as negociações para uma paz justa e duradoura.

Por isso, enquanto entregamos a Maria o serviço do Bispo de Roma, Pastor da Igreja universal, a partir da “barca de Pedro” olhamos para ela, Estrela do Mar, Mãe do Bom Conselho, como sinal de esperança. Imploremos da sua intercessão o dom da paz, o apoio e o conforto para quem sofre, a graça de todos sermos testemunhas do Senhor ressuscitado.



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Hoje é dia de são Matias Apóstolo


São Matias Apóstolo São Matias Apóstolo

Hoje (14) a Igreja celebra são Matias, o escolhido para ocupar o lugar que o traidor Judas Iscariotes havia deixado entre os Apóstolos. Nos Atos dos Apóstolos há sinais do quanto a Igreja primitiva o apreciava, assim como a narração do episódio que explica a sua eleição.

Depois da Ascensão do Senhor, os Apóstolos, junto com Maria e vários discípulos, estavam em oração, esperando o Espírito Santo. Naqueles dias, Pedro convidou a comunidade a decidir quem deveria substituir Judas:

"Convém, pois, que destes homens que têm estado em nossa companhia todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, a começar do batismo de João até o dia em que de nosso meio foi arrebatado, um deles se torne conosco testemunha da sua Ressurreição" (Atos 1, 21-22).

“Propuseram dois: José, chamado Bar­sabás, que tinha por sobrenome Justo, e Matias. E oraram nestes termos: ‘Ó Senhor, que conheces os corações de todos, mostra-nos qual destes dois escolheste para tomar neste ministério e apostolado o lugar de Judas que se transviou, para ir para o seu próprio lugar’. Deitaram sorte e caiu a sorte em Matias, que foi incorporado aos onze apóstolos” (Atos 1, 23-26).

Não se sabe muito mais sobre são Matias, mas é claro que ele permaneceu fiel ao Senhor até o fim de seus dias.

O papa emérito Bento XVI, em 2006, partilhou uma bela reflexão a partir da figura deste santo: "Tiramos disto mais uma lição: mesmo se na Igreja não faltam cristãos indignos e traidores, compete a cada um de nós equilibrar o mal que eles praticam com o nosso testemunho transparente a Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador".

 

São João Paulo II e Nossa Senhora de Fátima: Uma história que uniu o céu e a terra


JuanPabloIIFatima_LOR_110516.jpg João Paulo II e Nossa Senhora de Fátima | Vatican Media

No dia 13 de maio de 1981, são João Paulo II percorria a Praça de São Pedro em seu papamóvel, saudando e abençoando os fiéis, quando de repente o turco Alí Agca disparou contra o papa peregrino, que caiu gravemente ferido. Esta tentativa de assassinato só não acabou com sua vida porque uma “mão materna” interveio.

Enquanto são João Paulo II se recuperava no hospital, pediu toda a informação sobre a Virgem da Fátima. Depois, o papa começou a trabalhar para cumprir o segundo segredo de Fátima, no qual a Mãe de Deus pedia que se consagrasse a Rússia ao seu Imaculado Coração.

Uma imagem de Nossa Senhora de Fátima foi levada ao papa em Castel Gandolfo e ele pediu à Virgem que fosse construída uma pequena igreja na fronteira entre a Polônia e a então União Soviética, onde foi colocada a imagem olhando para a Rússia.

Um ano depois do atentado, no dia 13 de maio de 1982, João Paulo II viajou pela primeira vez a Fátima: “Quero agradecer à Virgem pela sua intercessão, por salvar a minha vida e pela recuperação da minha saúde”.

Um ano mais tarde, João Paulo II expressou sua devoção e agradecimento à Virgem doando ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima a bala que retiraram do seu corpo, a mesma que está na coroa da imagem mariana no santuário.

No dia 8 de dezembro de 1983, são João Paulo II enviou uma carta aos bispos do mundo inteiro, incluindo ortodoxos, expressando suas intenções de consagrar a Rússia ao Coração de Maria e acrescentou a oração especial para que eles a fizessem em suas diferentes dioceses.                          

Dias depois, o papa visitou o turco Alí Agca no presídio e lá ouviu de Agca seus comentários sobre o episódio: “Por que não morreu? Eu sei que apontei a arma como devia e sei que o tiro devia ter sido devastador e mortal. Então, por que não morreu? Por que todos falam de Fátima?”.

No dia 25 de março de 1984, festa da Anunciação, o papa consagrou todos os homens e povos, incluindo a Rússia, à Maria Santíssima em comunhão espiritual com os bispos do mundo. Em seguida, a irmã Lúcia, a terceira vidente, confirmou: “Esta consagração foi realizada da maneira que Nossa Senhora tinha pedido”.

No ano 2000, são João Paulo II viajou a Fátima e, em 13 de maio, beatificou os outros dois videntes da Virgem, Francisco e Jacinta Marto. Logo depois, anunciaram a publicação da “terceira parte” do segredo de Fátima, realizado no dia 26 de junho daquele ano.

O então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Joseph Ratzinger, fez um comentário teológico a respeito deste segredo revelado, que falava sobre um bispo vestido de branco que morreria diante de uma cruz.

“Não podia o Santo Padre, quando depois do atentado de 13 de maio de 1981 texto da terceira parte do ‘segredo’, reconhecer nele seu próprio destino? Esteve muito perto das portas da morte e ele mesmo explicou o fato de ser salvo com as seguintes palavras: “...uma mão materna guiou a trajetória da bala e o papa agonizante esteve à beira da morte’ (13 de maio de 1994)”, disse o cardeal.

“Que uma ‘mão materna’ tenha desviado a bala mortal demonstra, uma vez mais que não existe um destino imutável, que a fé e a oração são poderosas, que podem influir na história e que, finalmente a oração é mais forte do que as balas, a fé mais forte que as divisões”, destacou.

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Como o “Milagre do Sol” em Fátima ajudou a dar fim a um regime ateu


Multidão no Milagre do Sol Multidão olha para o Milagre do Sol, ocorrido durante as aparições de Nossa Senhora de Fátima em 1917. | Domínio público

O dia 13 de outubro de 1917 marcou a última aparição mariana em Fátima e o dia em que milhares de pessoas testemunharam o milagre em que o sol dançou - um milagre que destruiu a crença predominante na época de que Deus já não era relevante.

O teólogo e diretor dos museus do Santuário de Fátima, Marco Daniel Duarte, contou à CNA, agência em inglês do grupo EWTN, a que pertence ACI Digital, o impacto que o milagre do sol causou em Portugal naqueles dias.

Se alguém abrisse livros de filosofia durante aquele período, provavelmente leria algo semelhante ao conceito concebido pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que afirmou com ousadia no final do século XIX que “Deus está morto”.

Além disso, em 1917, a maior parte da Europa estava envolvida na guerra. Portugal viu-se incapaz de manter a sua neutralidade inicial e uniu forças com os Aliados. Mais de 220 mil civis portugueses morreram durante a guerra, milhares devido à escassez de alimentos e outros milhares devido à gripe espanhola que se seguiu ao conflito.

Alguns anos antes, uma revolução levou ao estabelecimento da Primeira República Portuguesa em 1910 e uma nova constituição liberal foi elaborada sob a influência da maçonaria, que buscava suprimir a fé da vida pública. As igrejas e escolas católicas foram confiscadas pelo governo, e o uso de vestes clericais em público, o toque dos sinos das igrejas e a celebração de festivais religiosos públicos foram proibidos.

Entre 1911 e 1916, quase 2 mil padres, monges e freiras foram mortos por grupos anticristãos.

Foi nesse cenário que, em 1917, a Virgem Maria apareceu a três pastorinhos: Lúcia dos Santos, de dez anos, e os seus primos Francisco e Jacinta Marto, de nove e sete anos, num campo em Fátima, Portugal, trazendo consigo pedidos de recitação do rosário, de sacrifícios em favor dos pecadores e um segredo sobre o destino do mundo.

Para provar que as aparições eram verdadeiras, a senhora prometeu às crianças que durante a última das suas seis aparições, daria um sinal para que as pessoas acreditassem nas aparições e na sua mensagem. O que aconteceu naquele dia, 13 de outubro de 1917, ficou conhecido como o “Milagre do Sol” ou “o dia em que o sol dançou”.

Segundo vários relatos, uma multidão de cerca de 70 mil pessoas entre crentes e céticos reuniu-se para ver o milagre que foi prometido: o céu chuvoso clareou, as nuvens se dispersaram e o chão, que estava molhado e lamacento por causa da chuva, secou. Um véu transparente cobria o sol, facilitando a observação, e luzes multicoloridas espalhavam-se pela paisagem. O sol então começou a girar, girando no céu, e em um ponto pareceu virar em direção à terra antes de voltar ao seu lugar no céu.

O acontecimento surpreendente foi uma contradição direta e muito convincente aos regimes ateus da época, o que é evidenciado pelo fato de que o primeiro jornal a noticiar o milagre numa primeira página inteira foi um jornal maçônico e anticatólico de Lisboa chamado O Século.

Duarte disse que o milagre do sol foi entendido pelas pessoas como “o selo, a garantia de que de fato aquelas três crianças diziam a verdade”.

“Ainda hoje, Fátima faz com que as pessoas mudem a percepção que têm de Deus, pois uma das mensagens mais importantes das aparições é que mesmo que alguém se tenha separado de Deus, Deus está presente na história humana e não abandona a humanidade”, disse Duarte.

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Igreja celebra hoje Nossa Senhora de Fátima


Nossa Senhora de Fátima Nossa Senhora de Fátima

Hoje (13), é celebrada em todo o mundo a festa de Nossa Senhora de Fátima, em memória de sua primeira aparição aos pastorinhos nas colinas da Cova da Iria, Portugal, em 1917.

“Não tenham medo. Não lhes faço mal”, disse a Virgem Maria naquela ocasião aos três pastorinhos, Lúcia, Jacinta e Francisco, que contemplavam uma senhora vestida de branco, mais brilhante que o sol.

Depois de dizer-lhes, entre outras coisas, que vinha do céu e de pedir que voltassem àquele lugar seis meses seguidos, nos dias 13 à mesma hora, a Mãe de Deus lhes perguntou:

“Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica, pela conversão dos pecadores?”.

Os pequenos responderam que sim, queriam, e a Virgem advertiu que teriam que sofrer muito, mas que a graça de Deus os fortaleceria.

A Senhora abriu suas mãos e lhes comunicou uma luz que os invadiu. Caíram de joelhos e repetiram humildemente: “Santíssima Trindade, eu vos adoro. Meu Deus, Meu Deus, eu te amo no Santíssimo Sacramento”.

A Virgem de Fátima finalmente lhes disse: “Rezem o terço todos os dias para alcançar a paz do mundo e o fim da guerra”. Logo elevou-se ao céu.

Nos seguintes meses, as crianças foram ao lugar onde a Virgem os chamava e em sua última aparição ocorreu o chamado milagre do sol, visto por centenas de pessoas. Não muito tempo depois, Francisco e Jacinta morreram com dolorosas enfermidades. Lúcia, a última vidente, se fez carmelita de clausura e faleceu em 2005.

Com o tempo a Igreja reconheceu as aparições milagrosas e a devoção à Virgem de Fátima se expandiu por todo mundo.

São João Paulo II, conforme o pedido da Virgem consagrou a Rússia e o mundo inteiro ao Imaculado Coração de Maria e beatificou Jacinto e Francisca no ano 2000 com a presença de irmã Lúcia, que morreu em 2005 e agora segue o seu processo de beatificação.

O papa Francisco também consagrou o mundo inteiro ao Imaculado Coração da Virgem Maria, em outubro de 2013, na presença de mais de cem mil fiéis na Praça de São Pedro, reunidos em torno da imagem original da Virgem de Fátima.

“Nossa Senhora de Fátima, com renovada gratidão pela tua presença materna, unimos a nossa voz àquela de todas as gerações que te chamam beata”, disse o Santo Padre, pedindo em seguida: “Protege a nossa vida entre os teus braços”.

Em 13 de maio 2015, ao final da audiência geral de quarta-feira, Francisco também recordou o dia de Nossa Senhora de Fátima e, na saudação aos fiéis de língua portuguesa, convidou-os “a multiplicar os gestos diários de veneração e imitação da Mãe de Deus”.

“Confiem-lhe tudo aquilo que são, tudo aquilo de têm; e assim serão capazes de ser um instrumento da misericórdia e da ternura de Deus para seus familiares, vizinhos e amigos”, completou.

Em 13 de maio de 2017, no marco do centenário das aparições de Nossa Senhora de Fátima, o papa Francisco canonizou os pastorinhos Jacinta e Francisco Marto, em celebração no santuário de Fátima, Portugal.

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