segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Não deixe que as tensões entre tradição e novidade se tornem polarizações prejudiciais, diz Leão XIV


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O papa Leão XIV. | Daniel Ibañez/EWTN News.
 

“Ninguém deve impor as próprias ideias, todos devemos ouvir-nos reciprocamente”, disse o disse o papa Leão XIV na homilia da missa do Jubileu das equipes sinodais e dos órgãos de participação celebrada na Praça de São Pedro, no Vaticano. Ele pediu que as tensões entre tradição e novidade não se tornem “oposições ideológicas e polarizações prejudiciais”.

“A regra suprema na Igreja é o amor: ninguém é chamado a comandar, todos são chamados a servir; ninguém deve impor as próprias ideias, todos devemos ouvir-nos reciprocamente; ninguém é excluído, todos somos chamados a participar; ninguém possui toda a verdade, todos devemos procurá-la juntos e humildemente”, disse Leão XIV na homilia.

O papa pediu ajuda para “ampliar o espaço eclesial para que se torne colegial e acolhedor”.

Esses foram justamente alguns dos objetivos do Sínodo da Sinodalidade, um dos projetos mais ambiciosos desde o Concílio Vaticano II, promovido pelo papa Francisco para renovar a Igreja e torná-la um espaço mais participativo e menos clerical.

A "pretensão de ser melhor que os outros" cria "divisão" na Igreja

O papa comentou o evangelho de hoje sobre a parábola do fariseu e do publicano. O fariseu "’subiu para rezar, mas não quis rezar a Deus; quis sim louvar-se a si mesmo’, sentindo-se melhor do que o outro, julgando-o com desprezo e olhando-o de cima para baixo. Ele está obcecado pelo seu próprio eu e, dessa forma, acaba por andar em torno de si mesmo, sem ter uma relação nem com Deus nem com os outros”, disse, acrescentando que isso também pode acontecer na comunidade cristã.

“Acontece quando o ‘eu’ prevalece sobre o ‘nós’, gerando personalismos que impedem relações autênticas e fraternas”, disse o papa. Ele criticou a “pretensão de ser melhor do que os outros, como faz o fariseu com o publicano”, porque “cria divisão e transforma a Comunidade num lugar de julgamento e exclusão; quando se aproveita da própria função para exercer poder e ocupar espaços”

Leão XIV elogiou a humildade do publicano como exemplo para toda a comunidade cristã: "Também na Igreja todos devemos reconhecer-nos necessitados de Deus e uns dos outros, exercitando-nos no amor mútuo, na escuta recíproca, na alegria de caminhar juntos".

O papa Leão XIV exortou a enfrentar “com confiança e com um novo ânimo as tensões que atravessam a vida da Igreja – entre unidade e diversidade, tradição e novidade, autoridade e participação –, deixando que o Espírito as transforme, para que não se tornem oposições ideológicas e polarizações prejudiciais”.

“Não se trata de resolvê-las reduzindo uma à outra, mas de deixar que o Espírito as fecunde, para que sejam harmonizadas e orientadas para um discernimento comum”, continuou.

Ele deixou claro que na Igreja, “antes de qualquer diferença, somos chamados a caminhar juntos em busca de Deus, para nos revestirmos dos sentimentos de Cristo”.

Assim, afirmou que as equipes sinodais e os organismos participativos são expressão do que acontece na Igreja, “onde as relações não respondem à lógica do poder, mas à do amor”.

Leão XIV também ecoou as palavras de seu antecessor, Francisco, em sua Mensagem Quaresmal de 2025, onde enfatizou que “Caminhar juntos, ser sinodal, é esta a vocação da Igreja”. “Caminhar juntos significa ser tecelões de unidade, partindo da nossa dignidade comum de filhos de Deus»”, disse.

Por outro lado, o Papa Leão XIV nos exortou a sonhar e construir uma Igreja “humilde e servidora”, capaz de refletir o Evangelho em seu modo de viver e se relacionar.

“Uma Igreja que não se mantém de pé como o fariseu, triunfante e cheia de si mesma, mas que se abaixa para lavar os pés da humanidade; uma Igreja que não julga como o fariseu faz com o publicano, mas que se torna um lugar acolhedor para todos e para cada um”, disse o papa.

Ele também exortou toda a comunidade eclesial a se comprometer com a construção de uma Igreja que seja "totalmente sinodal, totalmente ministerial, totalmente atraída por Cristo e, portanto, voltada para o serviço ao mundo", dedicada a servir o mundo e aberta à escuta de Deus e de todos os homens e mulheres do nosso tempo.

 

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