sábado, 6 de dezembro de 2025
Seis diferenças entre são Nicolau e Papai Noel
São Nicolau, bispo de Mira, e Papai NoelPor Redação central
6 de dez de 2025 às 01:00
Papai Noel é um dos personagens mais emblemáticos das festas de final de ano. Nas últimas décadas, ganhou tanta fama e se tornou tão eficaz para representar a diversão e os presentes que desvia o foco da verdadeira razão da alegria: Jesus que nasce em Belém.
De acordo com vários historiadores, Papai Noel é a distorção – primeiro literária e depois comercial – de são Nicolau, o generoso bispo de Mira, padroeiro das crianças, dos marinheiros e dos cativos. Estas são as principais diferenças segundo o ‘St. Nicholas Center’:
1. Papai Noel está associado à infância; São Nicolau é um modelo de cristão para toda a vida.
2. Papai Noel, como o conhecemos, surgiu para aumentar as vendas e a mensagem comercial do Natal; São Nicolau levou a mensagem de Cristo e a paz, a bondade e a mensagem cristã de esperança que o Natal traz.
3. Papai Noel incentiva o consumo; São Nicolau promove a compaixão.
4. Papai Noel aparece a cada ano para “ser visto” por um curto período de tempo; São Nicolau é parte da comunhão dos santos e nos acompanha pela oração e seu testemunho.
5. Papai Noel “voa” pelos ares, vindo do Polo Norte; São Nicolau caminhou pela terra preocupando-se e ajudando os mais necessitados.
6. Papai Noel, para alguns, substitui o Menino de Belém; São Nicolau assinala e conduz todos ao Menino de Belém.
De são Nicolau a Papai Noel
Há várias teorias sobre a origem do Papai Noel. A mais difundida é que foi a empresa Coca-Cola que inventou o personagem para promover o consumo de sua bebida em 1920.
Entretanto, no século XIX, escritores de Nova York tentaram dar um selo nacional às festas de Natal cheias de tradições cristãs dos migrantes europeus. Em pouco tempo, as celebrações deixaram de lado o caráter santo desta data e tornaram-se populares as desenfreadas, com bebedeiras e desordem pública.
Em 1821, foi publicado o livro de litografias para crianças “Papai Noel, o amigo das crianças”, no qual se apresentava um personagem que chegava do Norte em um trenó com renas voando. Esta publicação fez o personagem aparecer a cada véspera de natal e não no dia 6 de dezembro, dia da festa do santo bispo. Um poema anônimo e as ilustrações dessa publicação se tornaram a chave para a distorção de São Nicolau.
Segundo especialistas do ‘St. Nicholas Center’, foi a elite de Nova York que conseguiu nacionalizar o Natal através do Papai Noel e do apoio de artistas e escritores como Washington Irving, John Pintard e Clement Clarke Moore.
Em 1863, durante a Guerra Civil, o caricaturista político Thomas Nast começou a desenhar Papai Noel com os traços que agora lhe atribuem: gorro vermelho, barba branca e barriga saliente. Junto com as mudanças de aparência, o nome do santo em inglês mudou para Santa Claus, uma alteração fonética do alemão “Sankt Niklaus”. Apenas em 1920, Papai Noel apareceu pela primeira vez em um anúncio da Coca Cola.
(acidigital)
Cinco histórias sobre são Nicolau
São Nicolau, de Jaroslav Čermák (1831-1878 | Galerie Art Praha - Wikimedia (Domínio Público).Por Redação central
6 de dez de 2025 às 02:00
São Nicolau, cuja festa é comemorada hoje (6), é o santo histórico que inspirou o personagem Papai Noel.
Embora não se saiba muito sobre a história de são Nicolau, que foi bispo de Mira, cidade grega da Anatólia, que hoje faz parte do território da Turquia, no século IV, existem muitas histórias que explicam sua fama de homem justo e íntegro, caridoso e fazedor de milagres.
1. Ele é o santo padroeiro das crianças
Uma lenda diz que, durante uma fome em Mira, três crianças foram mortas e seus corpos colocados dentro de um barril de madeira com a intenção de vendê-las como "presunto". O bispo fez um milagre, as crianças ressuscitaram e foram salvas.
A história tornou-se objeto de muitas representações de são Nicolau na arte, especialmente durante a Idade Média. Algumas pessoas acreditam que as representações do bispo de Mira com as três crianças lhe deram a fama de protetor das crianças.
2. Ele é um dos santos mais importantes da Igreja Ortodoxa Russa
São Nicolau é uma figura unificadora entre católicos e cristãos ortodoxos, pois ambos veneram o santo.
Na Igreja Ortodoxa Russa ele é conhecido como são Nicolau, o Taumaturgo, pelos muitos milagres atribuídos a ele durante e depois de sua vida.
Para os ortodoxos, são Nicolau deve ser homenageado principalmente por suas qualidades de santo bispo e bom pastor de seu povo.
No ciclo litúrgico semanal dos ortodoxos, que dedica diferentes dias da semana a Jesus Cristo e outros santos, só três são nomeados pelo nome: Maria Mãe de Deus, João, o Precursor (conhecido pelos católicos como João Batista) e são Nicolau.
São Nicolau não deixou nenhum escrito teológico, mas quando foi nomeado bispo, foi atribuído a ele o crédito de ter dito que "esta dignidade e este ofício requerem um uso diferente, de modo que não se viva mais para si, mas para os outros".
3. É muito diferente da representação do Papai Noel
Devido à sua popularidade entre os cristãos ortodoxos, são Nicolau é um dos temas favoritos na iconografia.
Entre as centenas de ícones que o representam, não há uma covinha na bochecha ou uma “barriga redonda” como o Papai Noel, mas ele tem uma barba branca.
4. Ele também é o santo padroeiro dos solteiros, pescadores, agiotas e acusados falsamente
Uma das lendas mais populares sobre Nicolau é que o santo, que dizem vir de uma família rica, ajudou secretamente um homem pobre que tinha três filhas.
O pai não podia dar o dote adequado para as meninas se casarem e, sem maridos para sustentá-las, elas poderiam ser forçadas a se dedicar à prostituição. Ao saber da situação, Nicolau enfiou secretamente uma bolsa de moedas de ouro pela janela da família enquanto eles dormiam.
Depois, ele deixou uma segunda bolsa de moedas para a terceira filha. Nesse momento, diz a lenda, o pai, que havia passado a noite toda acordado, flagrou Nicolau com as “mãos na massa” distribuindo presentes, mas o bispo o fez prometer guardar segredo.
É provável que seja essa história que tenha inspirado a lenda do Papai Noel, que entrega presentes durante a noite.
Nas obras de arte de são Nicolau que fazem referência a essa lenda, as três bolsas de moedas são frequentemente representadas como três bolas douradas. As imagens de bolas douradas também foram usadas para marcar estabelecimentos de penhores ou de empréstimo, provavelmente por isso que Nicolau chegou a ser padroeiro dos agiotas.
Um dos muitos milagres atribuídos a são Nicolau ocorreu no mar, durante uma viagem a bordo de um navio para a Terra Santa. Nicolau é o santo padroeiro dos marinheiros e viajantes porque acalmou as águas tempestuosas que ameaçavam suas vidas.
Ser padroeiro dos acusados falsamente pode ser atribuído a uma história em que Nicolau resgata três homens inocentes momentos antes de sua execução. Diz-se que o então bispo de Mira empurrou corajosamente a espada do carrasco, libertou os homens de suas correntes e repreendeu um juiz que havia aceitado suborno para condená-los.
5. São Nicolau tem dois dias de festa
A festa de são Nicolau é 6 de dezembro, dia em que ele morreu no ano de 343. Mas para os eslavos orientais, assim como para o povo de Bari, Itália, 9 de maio também é um dia importante de comemoração.
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Essa é a data em que as relíquias de são Nicolau foram transferidas de Mira, para Bari, logo após o Grande Cisma entre católicos e ortodoxos em 1054.
Os relatos divergem sobre se a remoção das relíquias foi um roubo ou uma tentativa de marinheiros cristãos de preservar os restos mortais do santo da destruição pelos turcos muçulmanos.
As relíquias ainda podem ser veneradas hoje na basílica de São Nicolau em Bari.
O papa Francisco visitou Bari, na região da Apúlia, no sul da Itália, duas vezes durante seu pontificado, em 2018 e 2020. Em ambas as visitas, ele parou na cripta da basílica para venerar as relíquias de são Nicolau.
Para os cristãos que seguem o calendário juliano, como fazem os ortodoxos orientais, a principal festa de são Nicolau cai em 19 de dezembro e é celebrado com uma liturgia ortodoxa na basílica de são Nicolau.
O dia 6 de dezembro é comemorado pelos católicos de Bari com missa, concertos e procissão da estátua do santo pelas ruas da cidade.
(acidigital)
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Bruxelas monta presépio ‘inclusivo’ com figuras sem rosto na praça central da cidade
4 de dez de 2025 às 11:50
Uma Sagrada Família sem rosto, para favorecer a "inclusão", integra o presépio deste ano na Grand Place de Bruxelas, o coração da cidade e das celebrações natalinas na Bélgica.
As figuras de são José e de Nossa senhora têm rostos criados a partir de retalhos de tecido que parecem pixelizados.
A criadora do presépio, a designer de interiores Victoria-Maria Geyer, disse que a ausência de rostos "busca deixar espaço para a imaginação do público, enquanto a escolha do tecido homenageia a história têxtil belga". A intenção é que qualquer pessoa possa "se identificar com a narrativa bíblica", disse Geyer.
Este presépio "contemporâneo" — intitulado "Os Tecidos de Belém" — substitui o tradicional que enfeitava a praça há anos. Philip Close, prefeito de Bruxelas, informou que o antigo precisava ser substituído por não estar em boas condições. "Optamos por manter o símbolo cristão, mas em uma versão renovada", disse ele na apresentação do novo presépio.
O presépio deste ano ficará na cidade pelos próximos cinco anos e custou 65 mil euros. Embora muitas pessoas tenham manifestado sua oposição, principalmente nas redes sociais, o presépio recebeu apoio de parte da Igreja do país.
O arcebispo da cidade, Luc Terlinden, não comentou o assunto, mas o padre Benoît Lobet, decano da unidade pastoral de Bruxelas centro, que participou da seleção do presépio, manifestou a sua aprovação.
O padre disse que as figuras "evocam a precariedade associada à história do nascimento de Cristo e a tornam acessível a todos", segundo relatos da imprensa local.
“Reivindicar o cristianismo”
Na Espanha, o Partido Popular Espanhol no Parlamento Europeu, que, pelo terceiro ano consecutivo, levará ao Parlamento Europeu um presépio tradicional com figuras feitas numa oficina em Múrcia, Espanha.
“Não há nada mais natural do que reivindicar o cristianismo, especialmente no Natal, porque não podemos conceber a Europa sem reconhecer as suas raízes cristãs. A cultura, a arte e a identidade europeias estão profundamente ligadas a essas raízes, e exibir um presépio no Natal é uma forma de recordar que celebramos o nascimento do Menino Jesus e a origem do cristianismo”, disse a eurodeputada Isabel Benjumea.
(acidigital)
Oração de bênção da árvore de Natal em família
Benção da Árvore de Natal | ACI DigitalPor Redação central
5 de dez de 2025 às 04:00
Em muitas famílias, costuma-se colocar a árvore de Natal em um lugar visível da casa e enfeitá-la com luzes, estrelas e presentes. Mas, o que significa para um cristão preparar sua árvore? Conheça a mensagem que traz este símbolo e como abençoá-lo em família.
A ÁRVORE nos traz à memória a árvore do Paraíso (cf. Gn 2,9-17) de cujo fruto comeram Adão e Eva, desobedecendo a Deus. A árvore, então, nos lembra da origem de nossa desgraça: o pecado. Também nos recorda que o menino que vai nascer de Santa Maria é o Messias prometido que vem nos trazer o dom da reconciliação.
As LUZES nos recordam que o Senhor Jesus é a luz do mundo que ilumina nossas vidas, nos tirando das trevas do pecado e nos guiando em nosso peregrinar para a Casa do Pai.
A ESTRELA. Em Belém, há mais de dois mil anos, uma estrela se deteve sobre o lugar onde estava o Menino Jesus, com Maria e José. Este acontecimento gerou uma grande alegria nos Reis Magos (cf. Mt 2, 9-10), quando viram este sinal. Também hoje, uma estrela coroa nossa árvore nos recordando que o acontecimento do nascimento de Jesus trouxe a verdadeira alegria a nossas vidas.
Os PRESENTES colocados aos pés da árvore simbolizam aqueles dons com os quais os Reis Magos adoraram o Menino Deus. Além disso, recordam-nos que Deus Pai tanto amou o mundo que entregou (como um presente) seu único Filho para que todo o que Nele crer tenha vida eterna.
Bênção da Árvore de Natal
Todos (fazendo o sinal da Cruz): Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
O pai da família: Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo.
Todos: Bendito seja o Senhor pelos séculos. Amém.
LEITURA
(Um dos presentes lê o seguinte texto da Sagrada Escritura)
Escutemos com atenção a leitura do profeta Isaías (Is 60,13):
“A glória do Líbano virá sobre ti, com o cipreste, o abeto e o pinheiro, para adornar o lugar do meu santuário, e mostrar a glória do trono em que me sento”.
ORAÇÃO DE BÊNÇÃO
(Em seguida o pai da família, com as mãos postas, diz a oração de bênção)
Oremos: Bendito seja, Senhor e nosso Pai, que nos concede recordar com fé, nestes dias de Natal, os mistérios do nascimento do Senhor Jesus. Conceda-nos a todos que adornamos esta árvore e a enfeitamos com luzes, com a alegria celebrar o Natal. Que possamos viver também à luz dos exemplos da vida plena de seu Filho e sermos enriquecidos com as virtudes que resplandecem em tua santa infância. A Ele a glória pelos séculos dos séculos.
Todos: Amém.
Todos (fazendo o sinal da Cruz): Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Comissão da Santa Sé rejeita diaconato feminino, embora sem julgamento definitivo
4 de dez de 2025 às 12:20
A Santa Sé publicou hoje (4) um resumo do trabalho realizado pelas comissões que estudam a possibilidade de admissão de mulheres ao diaconato, apresentado ao papa Leão XIV pelo cardeal Giuseppe Petrocchi.
O presidente da Comissão para o Estudo do Diaconato Feminino, criada pelo papa Francisco, disse que — com sete votos a favor e um contra — a possibilidade de admissão de mulheres ao diaconato como grau do sacramento da Ordem está descartada.
Por enquanto não é possível “formular um julgamento definitivo, como no caso da ordenação sacerdotal”, disse o cardeal.
Investigação histórica das chamadas “diaconisas”
Esta segunda sessão de trabalho — depois da realizada em 2021 — foi concluída em fevereiro passado, e as conclusões foram apresentadas em 18 de setembro a Leão XIV, que ordenou sua publicação em 4 de dezembro.
Em um documento de sete páginas, o cardeal diz que, com base em pesquisas históricas, as comissões concordam que as chamadas “diaconisas” existiram na história da Igreja, mas com funções diferentes e não equivalentes ao diaconato masculino.
O cardeal Petrocchi diz que esta questão não pode ser resolvida apenas com dados históricos e que, em última instância, cabe ao magistério emitir um juízo doutrinal.
Participação Sinodal
O Sínodo da Sinodalidade permitiu que todos os interessados apresentassem suas contribuições sobre o tema e a comissão examinou todo o material recebido. “Embora as contribuições recebidas fossem numerosas, as pessoas ou grupos que enviaram seus trabalhos eram apenas 22 e representavam poucos países”, disse o cardeal.
“Consequentemente, embora o material seja abundante e, em alguns casos, habilmente argumentado, não pode ser considerado como a voz do sínodo e muito menos do povo de Deus como um todo”, continuou.
A masculinidade de Cristo e daqueles que recebem a ordenação
Embora não haja consenso suficiente para admitir mulheres ao diaconato, as votações mostram posições divididas, com uma clara tendência à cautela a esse respeito.
Por um lado, aqueles que apoiam o diaconato feminino defendem “a condição de igualdade entre homem e mulher como imagem de Deus”, enquanto aqueles que se opõem a ele lembram que “a masculinidade de Cristo, e, portanto, a masculinidade daqueles que recebem a ordem, não é acidental, mas parte integrante da identidade sacramental, preservando a ordem divina da salvação em Cristo”.
Para os que se opõem, “alterar essa realidade não seria um simples ajuste do ministério, mas uma ruptura do significado nupcial da salvação”.
Apesar da falta de consenso em relação ao diaconato, há unanimidade quanto à necessidade de expandir os ministérios instituídos para as mulheres, aprofundando o “diaconato batismal” e promovendo maior corresponsabilidade feminina na vida da Igreja.
O cardeal Petrocchi conclui recomendando que o papa Leão XIV siga uma linha de prudência doutrinal em seu discernimento, bem como continue o estudo teológico do diaconato e, ao mesmo tempo, abra novos espaços ministeriais para as mulheres sem recorrer à ordenação sacramental.
(acidigital)
quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
Minassian: esperança, unidade, paz e justiça. Este é o legado da viagem do Papa
"Há quatro palavras que pessoalmente guardarei desta visita: esperança, unidade, paz e justiça." Estas, segundo o patriarca da Cilícia dos católicos armênios, Raphaël Bédros XXI Minassian, são as sementes que o Papa Leão XIV plantou no Líbano. Em entrevista à mídia vaticana, o patriarca comentou a primeira viagem apostólica do Pontífice, um dia após o seu término.
Um povo vibrante e fiel
Minassian relata que o Papa ficou impressionado com a vitalidade e a fé das comunidades locais: "Aqui, neste canto do mundo, existe um povo que crê, um povo que sofre em silêncio, mas que tem uma forte resistência." O patriarca enfatizou como Leão XIV percebeu concretamente esses valores em seus encontros com os jovens e na celebração final na orla de Beirute.
Absorver e transformar o mal
Ele então recorda com emoção a conversa pessoal com o Papa: "Quando lhe apresentei a situação em que nos encontramos, era possível ver em seus olhos como ele estava assumindo tudo em seus ombros. Como alguém que absorve o mal em seu coração, o carrega para si e o transforma em uma imagem positiva, em uma esperança profunda e sólida."
O contexto do Oriente Médio
Ao observar os desafios do Oriente Médio, Minassian constata que a paz não pode ser construída sem uma busca sincera pela equidade: "Há um apelo, um clamor para estabelecer a paz", que surge tanto da justiça social quanto da justiça pessoal.
O convite a Jerusalém
A viagem apostólica também incluiu o convite do Papa a todas as Igrejas cristãs para o Jubileu da Redenção em 2033, em Jerusalém. Sobre isso, Minassian comenta: "Acho que é um começo; a unidade já foi alcançada entre o povo de Deus." O patriarca confia o caminho de toda a comunidade eclesial à oração e reitera: "A oração é uma arma invencível."
"Nunca estamos sozinhos"
Por fim, Minassian recorda a grande multidão reunida em oração durante a visita do Papa: "Fiquei profundamente comovido ao ver mais de cem mil pessoas rezando." Ele conclui: "É por isso que nunca estamos sozinhos. E é com base nisso que devemos continuar caminhando juntos."
(vaticannews)
Irmãs Adoradoras que se dedicam à oração pelos sacerdotes atraem jovens mulheres pela liturgia tradicional
3 de dez de 2025 às 15:00
Desde sua fundação, há 35 anos, o Instituto de Cristo Rei Sumo Sacerdote inspira homens e mulheres a abraçarem uma vocação tradicional dedicada a honrar a Deus e à santificação dos sacerdotes a serviço da Igreja e das almas.
Animado por um profundo espírito missionário, o instituto busca difundir o Reino de Nosso Senhor Jesus Cristo em todas as esferas da vida humana.
Hoje, o Instituto de Cristo Rei conta com 147 cônegos e 108 seminaristas atuando em 13 países ao redor do mundo, fazendo seu trabalho apostólico nas igrejas que lhes foram confiadas, em escolas e missões na África e por meio de retiros, catequese e acompanhamento espiritual.
Embora muitos conheçam os sacerdotes, poucos conhecem o ramo feminino do instituto, fundado em 2001, dedicado à oração pela santificação dos sacerdotes, especialmente os do instituto: as Irmãs Adoradoras do Coração Real de Jesus Cristo Sumo Sacerdote, sob o patrocínio de Maria Imaculada.
Atualmente, são 71 irmãs, com nove conventos em sete países. Em outubro deste ano, quatro novas irmãs de diferentes partes do mundo receberam o hábito e fizeram seus votos temporários. A idade média delas é de 25 anos.
Originárias de todos os cantos do mundo
A irmã Jean-Marie François, de 25 anos, cresceu em Gothenburg, na Suécia, em uma família católica devota. Embora seus pais, convertidos do protestantismo, tenham dado a ela e a seus irmãos fortes exemplos de fé, a irmã Jean-Marie François do Coração Traspassado de Cristo Rei, contou ao Register que “o ambiente entre amigos, e especialmente na escola, não era muito cristão”.
O ponto de virada aconteceu no final da adolescência, disse ela, quando “descobriu a missa tradicional em latim por meio de alguns amigos”.
“A missa tradicional me inspirou a dar mais espaço a Deus”, disse a irmã Jean-Marie François. “Comecei a ir à missa com mais frequência durante a semana e foi um dia, depois da ação de graças, que tive uma forte convicção de que queria me entregar a Deus e ser uma religiosa”.
A Irmã Jean-Marie François disse que as Irmãs Adoradoras estavam entre as poucas comunidades religiosas cuja vida diária incluía a missa em latim. “Mesmo sem saber quase nada sobre a vida delas, entrei em contato com as irmãs naquele mesmo dia”.
A irmã Benedicta-Marie de Jesus Crucificado, de 24 anos, de origem galesa e mexicana, contou ao Register que, já aos 17 anos, era movida por “um grande desejo de conhecer a Deus”.
“Ao ler os Evangelhos, compreendi que, para encontrá-lo neste mundo e salvar minha alma, Ele me pedia que deixasse tudo e O seguisse na vocação da vida religiosa”, disse a irmã Benedicta. “Deus também me deu o desejo de ajudá-lO para que muitas outras almas pudessem conhecê-lO e serem salvas”.
Naquele mesmo ano, sua família se mudou do México para o País de Gales, onde a Irmã Benedicta-Marie passou algum tempo procurando comunidades ligadas à missa tradicional em latim. A Providência, disse ela, a ajudou a descobrir as Irmãs Adoradoras na Inglaterra.
“Vi a beleza de sua liturgia, sua vida de silêncio e oração, a caridade que demonstravam umas pelas outras e pelo próximo, e sua vocação particular de rezar pela santificação dos sacerdotes”, contou. “Achei que era para lá que Deus me chamava, porque realizava o meu desejo: um sacerdote santo pode salvar inúmeras almas, e é ele quem nos ensina quem é Deus e como amá-lo”.
A irmã Véronique-Marie de Jesus e da Igreja, 26 anos, de Madri, conheceu as Irmãs Adoradoras por meio do apostolado do Instituto de Cristo Rei em Madri.
Vinda de uma família católica, a irmã Véronique-Marie contou ao Register que “a vocação religiosa surgiu muito cedo como uma opção” para ela. “Eu ‘sentia’ que Nosso Senhor me chamava para estar somente com Ele, mas não sabia onde”.
“Diversas circunstâncias providenciais me levaram à igreja do instituto em Madri. Lá, conheci a liturgia tradicional, e ficou claro para mim que Deus me queria neste instituto. Vim a Nápoles para conhecer as irmãs; e de ambos os lados parecia haver, pelo menos, uma possível vocação, então entrei para continuar discernindo”.
Deixando tudo para trás por Deus
O dia 16 de outubro foi muito aguardado, repleto de emoção para as novas irmãs — alegria, gratidão e nervosismo — mas, por trás de tudo isso, havia uma certeza firme no chamado que escolheram seguir.
A irmã Gabriella-Marie, 28 anos, do País Basco espanhol, disse que “sentiu grande alegria e muita paz”: “Eu queria levantar a minha voz para que o mundo inteiro pudesse ouvir tudo o que o Senhor fez por mim”.
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“Estava um pouco nervosa para a cerimônia, mas acima de tudo, senti uma profunda paz e felicidade, sabendo que estava fazendo a vontade de Deus”, disse a Irmã Véronique-Marie. “Senti uma grande confiança em Deus, que não me abandonará neste caminho que iniciei por sua inspiração e um imenso desejo de ajudar as almas”.
A profissão era muito desejada, disse a irmã Jean-Marie François: “Eu me senti calma e sem medo algum, como se fosse muito pequena e estivesse sendo completamente cuidada pelo próprio Deus.”
Refletindo sobre os muitos sacrifícios que a vida religiosa exige, a irmã Jean-Marie François disse que antes “era muito apegada ao mundo”, enfatizando: “Acho que Deus me deu tanta alegria e me fez sentir tão amada para tornar possível a separação”.
Ecoando sentimentos semelhantes, a irmã Benedicta-Marie admitiu: “O dia da minha profissão foi um dos dias mais difíceis da minha vida porque eu sabia que estava renunciando a tudo neste mundo: minha família, minha própria vontade, o uso livre dos bens materiais. Eu estava deixando para trás todas as consolações naturais para me entregar a Deus, para me abandonar nas mãos da Divina Providência".
Ao mesmo tempo, ela enfatizou que sua alma estava "feliz e em paz" porque sabia que estava "escolhendo a Deus e a Sua santa vontade": "Eu estava fazendo a coisa mais bela que uma criatura pode fazer por seu Criador: devolvendo a Ele tudo o que recebemos d’Ele."
"Quando pronunciei meus votos, eu sabia que tinha feito a melhor coisa que uma filha de Deus poderia fazer para provar seu amor e em troca, Deus me concedeu a graça de me tornar esposa de Cristo."
Transformadas interiormente
Como será a vida delas a partir de agora?
“Gostaria de crescer a cada dia nas virtudes religiosas e no amor a Deus, ser fiel aos meus votos e, como o grão de trigo, cair na terra para nutrir os sacerdotes e todas as almas”, disse a irmã Gabriella-Marie.
Embora o ritmo da rotina diária permaneça praticamente o mesmo, disseram elas, algo interior se transformou.
“O que será diferente”, disse a irmã Véronique-Marie, “será o interior: todos os meus atos podem ser influenciados pelos votos e, assim, tornarem-se atos de virtude religiosa e muito agradáveis a Deus”.
“Anseio por me entregar a Deus nesta comunidade, cumprindo os pequenos deveres de cada dia”, continuou ela. “Quero agradar a Deus e fazer a Sua vontade, mas sei que isso é impossível sem a Sua graça.”
“Minha união com Cristo agora tem outro significado, pois sou sua esposa”, disse a irmã Benedicta-Marie. “Espero que, com a sua graça, eu possa cumprir meu dever de vida com maior amor e fidelidade, como prova do meu amor por Ele, e também para obter muitas graças para a santificação dos sacerdotes e, em particular, para os seminaristas do meu instituto”.
Além de oferecer orações e sacrifícios diários, especialmente pelos sacerdotes do instituto e pelas almas a eles confiadas, as Irmãs Adoradoras também atendem aos pedidos dos cônegos do instituto em todo o mundo, acompanhando-os em peregrinações, auxiliando na catequese de crianças, servindo em retiros e apoiando outras iniciativas apostólicas.
À medida que a comunidade fundada para “manifestar a adoração a Deus” continua a crescer, espera-se que novas casas sejam estabelecidas perto dos apostolados do Instituto de Cristo Rei, onde as irmãs poderão auxiliar os sacerdotes em seus ministérios e trabalho apostólico.
“Alegro-me em entregar-me à Divina Providência e em confiar que Ele me guiará para o céu”, disse a irmã Benedicta-Marie, “e fará uso dos meus pequenos sacrifícios e de toda a minha vida consagrada para o bem da Santa Igreja Católica e a salvação de muitas almas”.
A Irmã Jean-Marie François disse: “Não tenho dúvida de que minha vida religiosa terá sacrifícios e alegrias, mas é um consolo pensar que Deus nunca me deixará sozinha ou sem sua ajuda”.
Ela continuou: “Ele é o Esposo mais fiel e amoroso que se poderia desejar”.
Silêncio e separação do mundo
Apesar da dimensão apostólica do seu serviço aos sacerdotes, a adoração contemplativa do Coração de Cristo permanece o cerne da sua vocação e, em última análise, é o que atrai as mulheres à comunidade.
“Penso que aqueles que desejam uma união mais profunda com Deus são atraídos pela vida religiosa tradicional”, explicou a irmã Benedicta-Marie, “porque o silêncio e a separação do mundo proporcionam um caminho perfeito para encontrar Deus, que geralmente está oculto e que fala a uma alma tranquila”.
“É natural que o homem busque a Deus na oração, no silêncio, separado do mundo ruidoso”, disse a irmã Véronique-Marie

Ela acrescentou: “Ele fala ao coração de uma maneira tranquila, e acho que Ele mesmo nos faz amar o silêncio e a separação do mundo para podermos ouvir as suas inspirações. Eu acho e espero que, em nossos dias, esta vida de silêncio seja um testemunho da existência de Deus e de sua transcendência”.
“O silêncio e a separação do mundo podem parecer algo assustador, mas Jesus também pode preencher esse silêncio, essa solidão ou esse vazio com a sua presença; é algo que a vida religiosa nos ajuda a experimentar”, concluiu a irmã Jean-Marie François.
(acidigital)
Santos e festas importantes de dezembro segundo o Calendário Litúrgico
Por Redação central
3 de dez de 2025 às 14:47
Estas são algumas das datas mais importantes do calendário litúrgico para dezembro de 2025. Incluem as festas de santos conhecidos, bem como outras celebrações significativas.
3 de dezembro - São Francisco Xavier
“Memória de São Francisco Xavier, presbítero da Companhia de Jesus, evangelizador das Índias, que, nascido em Navarra, foi um dos primeiros companheiros de Santo Inácio. Movido pelo ardente desejo de propagar o Evangelho, anunciou diligentemente Cristo a inumeráveis povos da Índia, das Molucas e outras ilhas, e depois no Japão, convertendo muitos à fé; finalmente morreu na ilha de Sanchoão, consumido pela enfermidade e pela fadiga.” (Martirológio Romano).
6 de dezembro - São Nicolau
“São Nicolau, bispo de Mira, na Lícia, na hodierna Turquia, ilustre pela sua santidade e pela sua intercessão ante o trono da divina graça. (século IV)” (Martirológio Romano). A vida deste santo serviu de inspiração para a figura popular do ‘Papai Noel’, ‘Santa Claus’ ou ‘São Nicolau’, uma figura lendária que traz presentes para crianças em todo o mundo na véspera de Natal. Ele é considerado o santo padroeiro das crianças, dos marinheiros e dos viajantes (Martirológio Romano).
8 de dezembro - Imaculada Conceição
“Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria, que, verdadeiramente cheia de graça e bendita entre as mulheres, em atenção ao nascimento e morte salvífica do Filho de Deus, desde o primeiro instante da sua Conceição foi preservada de toda a culpa original, por singular privilégio de Deus, como foi definido solenemente neste dia pelo papa Pio IX, como verdade dogmática recebida por antiga tradição (1854) (Martirológio Romano).
8 de dezembro - Nossa Senhora Desatadora dos Nós
Na Festa da Imaculada Conceição, a Igreja também celebra a Mãe de Deus sob o título de “Maria Desatadora dos Nós” (Maria Knotenlöserin). Por meio dela, os fiéis pedem a intercessão da Virgem para “desatar os nós” que complicam a vida ou para remover os obstáculos que os impedem de chegar a Deus. Esta devoção teve origem na Alemanha em 1700, na pintura de Johann Georg Melchior Schmidtner (1625–1705).
9 de dezembro - São Juan Diego
“São Juan Diego Cuauhtlatoatzin, de origem indígena, homem de fé puríssima, que, pela sua humildade e fervor, conseguiu que se edificasse um santuário em honra de Nossa Senhora de Guadalupe, na colina de Tepeyac, perto da cidade do México, onde ela lhe tinha aparecido e ele descansou no Senhor (1548)" (Martirológio Romano).
12 de dezembro - Nossa Senhora de Guadalupe
"Nossa Senhora de Guadalupe, no México, cujo auxílio materno a grande multidão do povo implora humildemente na colina de Tepeyac, perto da cidade do México, onde ela apareceu, saudando-a confiadamente como estrela da evangelização dos povos e protetora dos indígenas e dos pobres.” (Martirológio Romano).
14 de dezembro - São João da Cruz
“Memória de São João da Cruz, presbítero da Ordem dos Carmelitas e doutor da Igreja, que, persuadido por Santa Teresa de Jesus, foi o primeiro entre os irmãos a empreender a reforma da sua Ordem, por ele conseguida através de muitos trabalhos, obras e árduas tribulações. Como revelam os seus escritos, buscando uma vida escondida em Cristo e deixando-se abrasar na chama do amor de Deus, subiu através da noite escura da alma ao monte de Deus. Finalmente em Úbeda, na Andaluzia, região da Espanha, descansou no Senhor (1591)” (Martirológio Romano).
25 de dezembro - Nascimento do Menino Jesus
“Passados inumeráveis séculos desde a criação do mundo, quando no princípio Deus criou o céu e a terra e formou o homem à sua imagem; depois de muitos séculos, desde que o Altíssimo pôs o seu arco nas nuvens como sinal de aliança e de paz; vinte e um séculos depois da emigração de Abraão, nosso pai na fé, de Ur dos Caldeus; treze séculos depois de Israel ter saído do Egito, guiado por Moisés; cerca de mil anos depois que David foi ungido rei; na semana sexagésima quinta, segundo a profecia de Daniel; na Olimpíada cento e noventa e quatro; no ano setecentos e cinquenta e dois da fundação de Roma; no ano quarenta e dois do império de César Octávio Augusto; estando todo o orbe em paz, Jesus Cristo, Deus eterno e Filho do eterno Pai, querendo consagrar o mundo com a sua piedosíssima vinda, concebido pelo Espírito Santo, nove meses depois da sua conceição, nasceu em Belém de Judá, da Virgem Maria, feito homem: Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a carne." (Martirológio Romano).
26 de dezembro - Santo Estêvão
"Festa de santo Estêvão, protomártir, homem cheio de fé e do Espírito Santo, que foi o primeiro dos sete diáconos escolhidos pelos apóstolos para auxiliá-los em seu ministério, e também o primeiro dos discípulos do Senhor a derramar seu sangue em Jerusalém, testemunhando de Cristo Jesus ao afirmar que o viu sentado em glória à direita do Pai, sendo apedrejado enquanto orava por seus perseguidores (século I)" (Martirológio Romano).
27 de dezembro - São João Evangelista
"Festa de São João, Apóstolo e Evangelista, filho de Zebedeu, que, juntamente com seu irmão Tiago e com Pedro, foi testemunha da transfiguração e da paixão do Senhor, de quem recebeu, junto à cruz, Maria como mãe. No seu Evangelho e em outros escritos mostra-se como teólogo, que, tendo contemplado a glória do Verbo encarnado, anunciou o que viu com os próprios olhos. (S. I) (Martirológio Romano).
28 de dezembro - Festa da Sagrada Família
Com a Festa da Sagrada Família, a Igreja nos convida a contemplar José, Maria e o Menino Jesus como modelos para a vida cotidiana. Foi na casa de Nazaré que o Verbo Encarnado habitou, preparando-se para sua missão salvífica. A casa de Maria e José tornou-se, assim, a maior escola da humanidade. A Festa da Sagrada Família é celebrada no primeiro domingo da Oitava do Natal.
Para considerar:
No caminho de preparação para a celebração do nascimento de Cristo, a Igreja considera cada um dos domingos do Advento como um momento privilegiado de reflexão que convida à conversão do coração. Cada um desses domingos é uma oportunidade para nos prepararmos melhor, interiormente, para a chegada do Salvador da humanidade.
28 de dezembro - Santos Inocentes
“Festa dos Santos Inocentes mártires, os meninos que foram mortos em Belém de Judá pelo ímpio rei Herodes, para que perecesse com eles o Menino Jesus que os Magos tinham adorado. Foram honrados como mártires desde os primeiros séculos da Igreja e primícias de todos os que derramariam o sangue por Deus e o Cordeiro” (Martirológio Romano). Este ano (2025), a Festa dos Santos Inocentes coincide com o dia 28 de dezembro, domingo da Sagrada Família, razão pela qual perde importância e não é celebrada como de costume.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2025
terça-feira, 2 de dezembro de 2025
Vatican Media Live (Missa)
HOMILIA DO SANTO PADRE
"Beirut Waterfront" (Beirute)
Terça-feira, 2 de dezembro de 2025
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Queridos irmãos e irmãs,
No final destes dias intensos, que com alegria partilhámos, celebremos a nossa ação de graças ao Senhor por tantos dons da sua bondade, pela forma como se faz presente entre nós, pela Palavra que nos oferece em abundância e por tudo o que nos possibilitou viver juntos.
Como acabámos de ouvir no Evangelho, também Jesus tem palavras de gratidão para o Pai e, ao dirigir-se a Ele, reza dizendo: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra» (Lc 10, 21).
Porém, a dimensão do louvor nem sempre encontra lugar dentro de nós. Às vezes, sobrecarregados pelas dificuldades da vida, preocupados com os inúmeros problemas que nos cercam, paralisados pela impotência diante do mal e oprimidos por tantas situações difíceis, inclinamo-nos mais à resignação e à lamentação do que ao deslumbramento do coração e à gratidão.
É precisamente a vós, querido povo libanês, que dirijo o convite a cultivar sempre atitudes de louvor e gratidão. A vós que sois destinatários de uma rara beleza com a qual o Senhor enriqueceu a vossa terra e que, simultaneamente, sois espectadores e vítimas do modo como o mal, de múltiplas formas, pode ofuscar esta magnificência.
Desde esta esplanada com vista para o mar, também eu posso contemplar a beleza do Líbano cantada pelas Escrituras. O Senhor plantou aqui os seus altos cedros, alimentando-os e saciando-os (cf. Sl 104, 16), perfumou as vestes da noiva do Cântico dos Cânticos com o aroma desta terra (cf. Ct 4, 11) e, em Jerusalém, cidade santa revestida de luz pela vinda do Messias, Ele anuncia: «A glória do Líbano virá sobre ti, com o cipreste, o abeto e o pinheiro, para adornar o lugar do meu santuário, e mostrar a glória do trono em que me sento» (Is 60, 13).
Ao mesmo tempo, todavia, essa beleza é obscurecida pela pobreza e pelo sofrimento, pelas feridas que marcaram a vossa história – acabei de rezar no local da explosão, no porto – e por tantos problemas que vos afligem; também por um contexto político frágil e muitas vezes instável, pela dramática crise económica que vos oprime, pela violência e pelos conflitos que despertaram antigos medos.
Num cenário como este, a gratidão facilmente dá lugar ao desencanto, o canto de louvor não encontra espaço na desolação do coração, a fonte da esperança seca devido à incerteza e à desorientação.
No entanto, a Palavra do Senhor convida-nos a encontrar pequenas luzes brilhantes no coração da noite, tanto para nos abrir à gratidão como para nos impelir ao compromisso comum em favor desta terra.
Como ouvimos, o motivo do agradecimento de Jesus ao Pai não é por ações extraordinárias, mas por Ele revelar a sua grandeza justamente aos pequenos e aos humildes, àqueles que não chamam a atenção, que parecem contar pouco ou nada e que não têm voz. Com efeito, o Reino que Jesus vem inaugurar tem exatamente esta característica de que nos falou o profeta Isaías: é um rebento, um renovo que surge num tronco (cf. Is 11, 1), uma pequena esperança que promete o renascimento quando tudo parece morrer. Assim é anunciado o Messias e, vindo na pequenez de um rebento, só pode ser reconhecido pelos pequenos, por aqueles que, sem grandes pretensões, sabem identificar os pormenores escondidos, os traços de Deus numa história aparentemente perdida.
É também uma indicação para nós, a fim de que tenhamos olhos capazes de reconhecer a pequenez do rebento que brota e cresce mesmo dentro de uma história dolorosa. Pequenas luzes que brilham na noite, pequenos rebentos que brotam, pequenas sementes plantadas no jardim árido deste tempo histórico, podemos vê-los também nós, também aqui, também hoje. Penso na vossa fé simples e genuína, enraizada nas vossas famílias e alimentada pelas escolas cristãs; penso no trabalho constante das paróquias, das congregações e dos movimentos para irem ao encontro das exigências e das necessidades das pessoas; penso em tantos sacerdotes e religiosos que se doam na sua missão, no meio de múltiplas dificuldades; penso nos leigos empenhados no campo da caridade e na promoção do Evangelho na sociedade. Por estas luzes que se esforçam por iluminar a escuridão da noite, por estes pequenos e invisíveis rebentos que, no entanto, abrem a esperança no futuro, hoje devemos dizer como Jesus: “Nós vos bendizemos, ó Pai!”. Nós vos agradecemos porque estais conosco e não nos deixais vacilar.
Ao mesmo tempo, essa gratidão não deve permanecer uma consolação intimista e ilusória. Deve levar-nos à transformação do coração, à conversão da vida, a considerar que é precisamente à luz da fé, sob promessa da esperança e na alegria da caridade que Deus concebeu a nossa vida. Por isso, todos nós somos chamados a cultivar estes rebentos, sem desanimar, sem ceder à lógica da violência e à idolatria do dinheiro e sem nos resignarmos perante o mal que alastra.
Cada um deve fazer a sua parte e todos devemos unir esforços para que esta terra possa voltar ao seu esplendor. E temos apenas uma maneira de o fazer: desarmemos os nossos corações, derrubemos as armaduras dos nossos fechamentos étnicos e políticos, abramos as nossas confissões religiosas ao encontro recíproco, despertemos no nosso íntimo o sonho de um Líbano unido, onde triunfem a paz e a justiça, onde todos possam reconhecer-se irmãos e irmãs e onde, finalmente, se possa realizar o que nos descreve o profeta Isaías: «o lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito; o novilho e o leão comerão juntos» (Is 11, 6).
Este é o sonho que vos foi confiado, é o quanto que o Deus da paz coloca nas vossas mãos: Líbano, levanta-te! Sê casa de justiça e de fraternidade! Sê profecia de paz para todo o Levante!
Irmãos e irmãs, também eu gostaria de repetir as palavras de Jesus: “Bendigo-te, ó Pai”. Elevo ao Senhor a minha gratidão por ter partilhado estes dias convosco, enquanto levo no coração os vossos sofrimentos e esperanças. Rezo por vós, para que esta terra do Levante seja sempre iluminada pela fé em Jesus Cristo, Sol de justiça, e para que, graças a Ele, conserve a esperança que não tem ocaso.
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Apelo ao final da Santa Missa em Beirute
Queridos irmãos e irmãs,
Nestes dias da minha primeira Viagem Apostólica, realizada durante o Ano Jubilar, desejei tornar-me peregrino de esperança no Médio Oriente, implorando a Deus o dom da paz para esta amada terra, marcada pela instabilidade, guerras e sofrimento.
Caros cristãos do Levante, quando os resultados dos vossos esforços pela paz tardarem em chegar, convido-vos a erguer o olhar para o Senhor que vem! Olhemos para Ele com esperança e coragem, convidando todos a trilhar o caminho da convivência, da fraternidade e da paz. Sede construtores da paz, anunciadores da paz, testemunhas da paz!
O Médio Oriente precisa de novas atitudes para rejeitar a lógica da vingança e da violência; para superar as divisões políticas, sociais e religiosas; e para abrir novos capítulos sob o sinal da reconciliação e da paz. O caminho da hostilidade mútua e da destruição no horror da guerra foi percorrido por tempo demais, com resultados deploráveis que estão à vista de todos. É preciso mudar de rumo, é preciso educar o coração para a paz.
Desde esta praça, rezo pelo Médio Oriente e por todos os povos que sofrem por causa da guerra. Também rezo com esperança por uma solução pacífica para as controvérsias políticas na Guiné-Bissau. E não esqueço as vítimas do incêndio em Hong Kong e os seus familiares.
Rezo especialmente pelo amado Líbano! Peço novamente à comunidade internacional que não poupe esforços na promoção de processos de diálogo e reconciliação. Dirijo um sincero apelo a todos aqueles que detêm autoridade política e social, aqui e em todos os países marcados pela guerra e violência: ouvi o grito dos vossos povos que clamam por paz! Coloquemo-nos todos ao serviço da vida, do bem comum, do desenvolvimento integral das pessoas.
Finalmente, dirijo-me aos cristãos do Levante, cidadãos de pleno direito destas terras. A vós, eu repito: coragem! Toda a Igreja olha para vós com carinho e admiração. Que a Bem-aventurada Virgem Maria, Nossa Senhora do Líbano, vos proteja sempre.
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segunda-feira, 1 de dezembro de 2025
Plena comunhão entre os cristãos não implica absorção ou domínio, diz Leão XIV
30 de nov de 2025 às 11:43
O quarto dia da viagem internacional do papa Leão XIV à Turquia começou com uma visita à Catedral Apostólica Armênia, onde ele disse que a comunhão entre as igrejas “não implica absorção ou dominação”.
O Patriarcado Armênio de Constantinopla é uma sede autônoma da Igreja Apostólica Armênia, reconhece a primazia do Catholicós de todos os armênios e sua igreja fica no bairro de Kumkapı.

O corajoso testemunho cristão do povo armênio
Depois de um momento de oração e das boas-vindas do patriarca Karekin II, o papa proferiu um breve discurso no qual falou do “corajoso testemunho cristão do povo Armênio ao longo da história, muitas vezes em circunstâncias trágicas”.
Ele também agradeceu o “diálogo de caridade” e os “laços fraternos cada vez mais estreitos” que unem a Igreja Apostólica Armênia e a Igreja Católica.
Leão XIV fez um apelo “para recuperar a unidade entre a Igreja de Roma e as antigas Igrejas Orientais que existia nos primeiros séculos”.
“Devemos também inspirar-nos na experiência da Igreja primitiva para restaurar a plena comunhão, que não implica absorção ou domínio, mas uma troca dos dons do Espírito Santo”, disse.
O papa Leão XIV citou Nersés IV Shnorhali, um santo da tradição armênia que “trabalhou incansavelmente para reconciliar as Igrejas”. O papa disse que espera que seu exemplo “nos inspire e a sua oração nos fortaleça no caminho para a plena comunhão!”.
Finalmente, dirigindo-se ao Cathólicos de todos os Armênios, manifestou-lhe sua “total dedicação à sagrada causa da unidade dos Cristãos”.

Divina Liturgia na Igreja Patriarcal de São Jorge
Depois de uma troca de presentes, Leão XIV foi para a Igreja Patriarcal de São Jorge, onde participou da Divina Liturgia, celebrada por Bartolomeu I. Esta igreja fica ao lado do patriarcado e foi construída em 1720.
O templo não tem cúpula, segundo a norma estabelecida pelos otomanos depois da conquista da cidade, já que as cúpulas eram consideradas privilégio exclusivo de mesquitas e edifícios ligados à tradição islâmica. De notável valor artístico é o Trono do Patriarca Ecumênico, incrustado com marfim e atribuível ao final do período bizantino.
A Igreja Patriarcal abriga as relíquias de alguns dos santos mais venerados da antiga Constantinopla, como santa Eufêmia de Calcedônia. A igreja também abriga as relíquias de são Gregório, o Teólogo, e são João Crisóstomo, entregues em 27 de novembro de 2004 ao patriarca Bartolomeu I.

Neste templo, no qual reinou um ambiente de profunda e solene oração por cerca de duas horas, o papa Leão XIV concluiu sua peregrinação aos locais onde foi celebrado o primeiro concílio ecumênico da história da Igreja.
Por ocasião da festa de santo André, padroeiro da Turquia, celebrada em 30 de novembro, o papa destacou que “a sua é a nossa fé: aquela mesma definida pelos Concílios ecuménicos e professada hoje pela Igreja”.
Ao recordar o caminho rumo à plena comunhão entre os cristãos, o papa disse que houve “muitos mal-entendidos e mesmo conflitos entre cristãos de diferentes Igrejas e Comunidades eclesiais no passado, e ainda existem obstáculos que nos impedem de estar em plena comunhão”.
Contudo, afirmou que “não devemos recuar no compromisso com a unidade e não podemos deixar de nos considerar irmãos e irmãs em Cristo e amar-nos como tais”.
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Ele destacou o gesto do papa Paulo VI e do patriarca Atenágoras, que declararam que as excomunhões mútuas de 1054, resultantes do Grande Cisma, deveriam “ser apagadas da memória da Igreja”.
O papa Leão XIV disse que a comunhão entre os cristãos “é uma das prioridades da Igreja Católica, em particular do meu ministério de Bispo de Roma, cujo papel específico a nível da Igreja universal consiste em estar ao serviço de todos para construir e preservar a comunhão e a unidade”.
“Neste tempo de violência e conflitos sangrentos em lugares próximos e distantes, os Católicos e os Ortodoxos são chamados a ser construtores de paz”, disse. “Trata-se certamente de agir, fazer escolhas e realizar gestos que edifiquem a paz, sem esquecer que ela não é apenas fruto do empenho humano, mas é um dom de Deus”.
Ele também falou da “ameaçadora crise ecológica” que, segundo o papa, “exige uma conversão espiritual, pessoal e comunitária, para mudar de direção e salvaguardar a criação”.
O papa mencionou o uso de novas tecnologias, especialmente no campo da comunicação, e incentivou a promoção do seu uso responsável, a serviço do desenvolvimento integral das pessoas, bem como da acessibilidade universal.
Em sua homilia, o Patriarca Bartolomeu I celebrou a visita do papa ao Patriarcado Ecumênico como um sinal concreto do compromisso compartilhado com a unidade cristã e destacou que, em um mundo marcado por guerras, violência, injustiça e devastação ecológica, os cristãos são chamados a oferecer um testemunho unido de paz, dignidade humana e cuidado com a criação.
Em seguida, o papa Leão XIV foi à sacada do patriarcado para celebrar a missa ao lado do patriarca. Bartolomeu I concedeu uma bênção ecumênica. Depois, eles almoçaram juntos de forma privada.
Uma tradição que destaca a fraternidade entre a Igreja de Roma e a Igreja de Constantinopla
Hoje (30), dia de santo André, padroeiro da Turquia, celebra-se uma tradição que destaca a fraternidade e a comunhão entre a Igreja de Roma e a Igreja de Constantinopla.
Trata-se da troca de delegações por ocasião das respectivas festas de seus santos padroeiros. Neste dia 30 de novembro, uma delegação da Santa Sé chega a Istambul para participar das celebrações de santo André apóstolo, padroeiro da Igreja de Constantinopla.
Na memória litúrgica de são Pedro e são Paulo, representantes do patriarcado ecumênico vão a Roma.
Esse costume teve início depois do encontro entre o papa Paulo VI e o patriarca Atenágoras I em Jerusalém, em 6 de janeiro de 1964.
Papa exorta o Líbano à tenacidade, esperança e reconciliação
Por Elias Turk
30 de nov de 2025 às 16:14
O papa Leão XIV exortou os líderes do Líbano à tenacidade, ao diálogo e a um compromisso renovado com o bem comum no discurso que fez no Palácio Presidencial em Baabda hoje (30), continuando sua viagem apostólica de uma semana à Turquia e ao Líbano.
A viagem, com foco na unidade cristã, na estabilidade regional e na missão da Igreja no Oriente Médio, levou o papa Leão XIV de encontros históricos em Istambul a uma nação ainda em recuperação da crise política e da guerra de 2023-2024.
“Felizes os pacificadores”, começou o papa, acrescentando que a paz “exige tenacidade” e “perseverança para cuidar e fazer a vida crescer”. Suas palavras foram ditas em um momento em que o Líbano busca estabilidade depois de anos de paralisia política, colapso econômico e o trauma persistente do conflito regional.
O Palácio Presidencial, com vista para Beirute e construído em 1956, recebeu seu primeiro discurso papal desde que o Parlamento elegeu Joseph Aoun em 9 de janeiro como o 14º presidente do Líbano, depois de mais de dois anos sem um chefe de Estado. Cristão maronita e oficial de carreira do exército, nascido em Beirute em 1964, Aoun recebeu o papa Leão para uma cerimônia que incluiu uma dança tradicional dabke e o plantio de um “cedro da amizade” nos jardins do palácio, ao lado de líderes da Santa Sé e da Igreja Maronita.
O papa Leão reconheceu a dificuldade de governar “em circunstâncias muito complexas, conflituosas e incertas”, mas elogiou a resiliência do povo libanês. “Sois um povo que não sucumbe e que, diante das provações, sabe sempre renascer com coragem”.
Ele descreveu o Líbano como “uma comunidade de comunidades, mas unida por uma língua comum: a esperança”, em um momento em que muitas partes do mundo enfrentam um pessimismo crescente, instabilidade e decisões tomadas “em detrimento do bem comum”.
Apesar do peso da crise e do que ele chamou de “uma economia que mata”, ele disse que o Líbano tem demonstrado repetidamente sua capacidade de “recomeçar”.
O papa exortou os líderes do país a permanecerem próximos de seu povo, enfatizarem o papel da juventude e da sociedade civil e a resistirem à redução da vida nacional a interesses conflitantes. “O bem comum é mais do que a soma de muitos interesses”, disse ele.
A reconciliação é indispensável, acrescentou o papa Leão. “Existem feridas pessoais e coletivas que para poderem cicatrizar exigem longos anos, às vezes gerações inteiras”, disse ele, alertando que, sem esse processo, “permaneceríamos parados, prisioneiros cada um de sua própria dor”. “É o confronto recíproco, mesmo nas incompreensões, o caminho que leva à reconciliação”, disse ele.
O papa Leão falou da tristeza causada pela emigração e da coragem necessária para ficar ou retornar. Ele destacou as contribuições das mulheres, que ele disse que “têm uma capacidade específica de promover a paz, porque sabem conservar e desenvolver laços profundos com a vida, com as pessoas e com os lugares”.
Ao concluir seu discurso, o papa lembrou ao Líbano que a paz não é apenas uma conquista humana, mas também um dom que molda o coração e ensina as pessoas a “harmonizarem nossos passos com os dos outros”. A paz, disse ele, “é um desejo e uma vocação, é um dom e um canteiro sempre aberto”.
Depois da cerimônia em Baabda, o papa Leão foi para Harissa, onde se hospeda na Nunciatura Apostólica. Amanhã (1º), ele começará o dia com uma visita de oração ao túmulo de são Charbel Makhlouf, no mosteiro de São Maroun, em Annaya.
(acidigital)
Leão XIV confia o Líbano à intercessão de são Charbel e reza em seu túmulo
Por Elias Turk
1 de dez de 2025 às 07:57
O papa Leão XIV começou o seu segundo dia no Líbano hoje (1º) com uma peregrinação profundamente simbólica ao túmulo de são Charbel Makhlouf, confiando o país e o Oriente Médio à intercessão do santo, a quem muitos libaneses, cristãos e muçulmanos, invocam como o “médico celestial”.
O papa percorreu cerca de 40 quilômetros de carro da Nunciatura Apostólica em Harissa até o mosteiro de são Maron, no alto de uma colina em Annaya, onde milhares de peregrinos chegam todos os anos em busca de cura e consolo. Os arquivos do mosteiro registram quase 30 mil milagres atribuídos à intercessão de são Charbel, incluindo muitos relatados por muçulmanos, um sinal, disse o papa, do lugar singular de Charbel no cenário espiritual do Líbano.
O papa Leão XIII rezou em silêncio no túmulo do santo antes de ser recebido pelo abade Hady Mahfouz, superior-geral da Ordem Maronita Libanesa. Em seguida, ofereceu uma reflexão sobre a mensagem perene de São Charbel.
“O que São Charbel ensina-nos hoje?”, perguntou o papa Leão XIII. Apesar de não ter deixado escritos, disse ele, o eremita de Annaya continua a falar com uma força surpreendente. “O Espírito Santo moldou-o para que ensinasse a oração aos que vivem sem Deus, o silêncio aos que vivem no barulho, a modéstia aos que vivem para aparecer, a pobreza aos que buscam riquezas”.
Esta mensagem, acrescentou, dirige-se a todos os cristãos e “recorda particularmente para nós, bispos e ministros ordenados, as exigências evangélicas da nossa vocação”.
O papa descreveu a intercessão do santo como “um rio de misericórdia”, recordando em particular a peregrinação mensal realizada a cada dia 22 em memória de um milagre concedido a uma mulher chamada Nouhad El Chami, uma devoção que ainda atrai milhares de pessoas.
O papa Leão XIV rezou pela unidade da Igreja e pela paz no Líbano e no Levante. “Não há paz sem conversão dos corações”, advertiu.
“Como símbolo da luz que Deus acendeu aqui por meio de São Charbel, trouxe uma lâmpada como oferta. Ao oferecê-la, confio o Líbano e o seu povo à proteção de São Charbel, para que sempre caminhe na luz de Cristo”, disse.
O papa concluiu rezando uma oração em francês, pedindo a Deus, através do exemplo de são Charbel, que conceda ao povo libanês fé, silêncio interior, cura do corpo e da alma e renovada força nas provações.
Nascido Yousef Antoun Makhlouf em 1828 na remota aldeia de Bkaakafra, São Charbel é um dos santos mais venerados da Igreja Maronita. Conhecido desde a infância por sua devoção e simplicidade, entrou para a Ordem Maronita Libanesa em 1851, foi ordenado sacerdote em 1859 e, depois, abraçou uma vida de estrita solidão no Eremitério de São Pedro e São Paulo, perto de Annaya.
Durante 23 anos, ele viveu em silêncio, jejum e oração contínua. Depois de sua morte na véspera de Natal de 1898, relatos de sinais extraordinários ao redor de seu túmulo, incluindo o estado incorrupto de seu corpo, atraíram a atenção mundial. Ele foi beatificado em 1965 e canonizado em 1977 pelo papa Paulo VI. Hoje, é venerado em todo o mundo como um modelo de humildade e um poderoso intercessor pelos enfermos.
O túmulo de são Charbel fica no Mosteiro de São Maron, situado a 1,2 mil metros acima do nível do mar. Fundado pela Ordem Maronita Libanesa, o local cresceu significativamente depois da beatificação de Charbel para acomodar o número crescente de peregrinos. Uma igreja maior, dedicada ao santo, foi inaugurada em 1974. Os monges continuam acolhendo os visitantes e mantendo o local, sustentando-se através do trabalho agrícola, um equilíbrio entre trabalho e oração inspirado pelo santo que guardam.
A visita do papa Leão XIII a Annaya, a primeira de um papa, reforçou a mensagem central da sua peregrinação ao Líbano: um apelo à conversão, à esperança e à unidade, enraizado na herança espiritual de um país que anseia pela paz — e na intercessão de um dos seus santos mais amados.
(acidigital)