3 de dez de 2025 às 15:00
Desde sua fundação, há 35 anos, o Instituto de Cristo Rei Sumo Sacerdote inspira homens e mulheres a abraçarem uma vocação tradicional dedicada a honrar a Deus e à santificação dos sacerdotes a serviço da Igreja e das almas.
Animado por um profundo espírito missionário, o instituto busca difundir o Reino de Nosso Senhor Jesus Cristo em todas as esferas da vida humana.
Hoje, o Instituto de Cristo Rei conta com 147 cônegos e 108 seminaristas atuando em 13 países ao redor do mundo, fazendo seu trabalho apostólico nas igrejas que lhes foram confiadas, em escolas e missões na África e por meio de retiros, catequese e acompanhamento espiritual.
Embora muitos conheçam os sacerdotes, poucos conhecem o ramo feminino do instituto, fundado em 2001, dedicado à oração pela santificação dos sacerdotes, especialmente os do instituto: as Irmãs Adoradoras do Coração Real de Jesus Cristo Sumo Sacerdote, sob o patrocínio de Maria Imaculada.
Atualmente, são 71 irmãs, com nove conventos em sete países. Em outubro deste ano, quatro novas irmãs de diferentes partes do mundo receberam o hábito e fizeram seus votos temporários. A idade média delas é de 25 anos.
Originárias de todos os cantos do mundo
A irmã Jean-Marie François, de 25 anos, cresceu em Gothenburg, na Suécia, em uma família católica devota. Embora seus pais, convertidos do protestantismo, tenham dado a ela e a seus irmãos fortes exemplos de fé, a irmã Jean-Marie François do Coração Traspassado de Cristo Rei, contou ao Register que “o ambiente entre amigos, e especialmente na escola, não era muito cristão”.
O ponto de virada aconteceu no final da adolescência, disse ela, quando “descobriu a missa tradicional em latim por meio de alguns amigos”.
“A missa tradicional me inspirou a dar mais espaço a Deus”, disse a irmã Jean-Marie François. “Comecei a ir à missa com mais frequência durante a semana e foi um dia, depois da ação de graças, que tive uma forte convicção de que queria me entregar a Deus e ser uma religiosa”.
A Irmã Jean-Marie François disse que as Irmãs Adoradoras estavam entre as poucas comunidades religiosas cuja vida diária incluía a missa em latim. “Mesmo sem saber quase nada sobre a vida delas, entrei em contato com as irmãs naquele mesmo dia”.
A irmã Benedicta-Marie de Jesus Crucificado, de 24 anos, de origem galesa e mexicana, contou ao Register que, já aos 17 anos, era movida por “um grande desejo de conhecer a Deus”.
“Ao ler os Evangelhos, compreendi que, para encontrá-lo neste mundo e salvar minha alma, Ele me pedia que deixasse tudo e O seguisse na vocação da vida religiosa”, disse a irmã Benedicta. “Deus também me deu o desejo de ajudá-lO para que muitas outras almas pudessem conhecê-lO e serem salvas”.
Naquele mesmo ano, sua família se mudou do México para o País de Gales, onde a Irmã Benedicta-Marie passou algum tempo procurando comunidades ligadas à missa tradicional em latim. A Providência, disse ela, a ajudou a descobrir as Irmãs Adoradoras na Inglaterra.
“Vi a beleza de sua liturgia, sua vida de silêncio e oração, a caridade que demonstravam umas pelas outras e pelo próximo, e sua vocação particular de rezar pela santificação dos sacerdotes”, contou. “Achei que era para lá que Deus me chamava, porque realizava o meu desejo: um sacerdote santo pode salvar inúmeras almas, e é ele quem nos ensina quem é Deus e como amá-lo”.
A irmã Véronique-Marie de Jesus e da Igreja, 26 anos, de Madri, conheceu as Irmãs Adoradoras por meio do apostolado do Instituto de Cristo Rei em Madri.
Vinda de uma família católica, a irmã Véronique-Marie contou ao Register que “a vocação religiosa surgiu muito cedo como uma opção” para ela. “Eu ‘sentia’ que Nosso Senhor me chamava para estar somente com Ele, mas não sabia onde”.
“Diversas circunstâncias providenciais me levaram à igreja do instituto em Madri. Lá, conheci a liturgia tradicional, e ficou claro para mim que Deus me queria neste instituto. Vim a Nápoles para conhecer as irmãs; e de ambos os lados parecia haver, pelo menos, uma possível vocação, então entrei para continuar discernindo”.
Deixando tudo para trás por Deus
O dia 16 de outubro foi muito aguardado, repleto de emoção para as novas irmãs — alegria, gratidão e nervosismo — mas, por trás de tudo isso, havia uma certeza firme no chamado que escolheram seguir.
A irmã Gabriella-Marie, 28 anos, do País Basco espanhol, disse que “sentiu grande alegria e muita paz”: “Eu queria levantar a minha voz para que o mundo inteiro pudesse ouvir tudo o que o Senhor fez por mim”.
“Estava um pouco nervosa para a cerimônia, mas acima de tudo, senti uma profunda paz e felicidade, sabendo que estava fazendo a vontade de Deus”, disse a Irmã Véronique-Marie. “Senti uma grande confiança em Deus, que não me abandonará neste caminho que iniciei por sua inspiração e um imenso desejo de ajudar as almas”.
A profissão era muito desejada, disse a irmã Jean-Marie François: “Eu me senti calma e sem medo algum, como se fosse muito pequena e estivesse sendo completamente cuidada pelo próprio Deus.”
Refletindo sobre os muitos sacrifícios que a vida religiosa exige, a irmã Jean-Marie François disse que antes “era muito apegada ao mundo”, enfatizando: “Acho que Deus me deu tanta alegria e me fez sentir tão amada para tornar possível a separação”.
Ecoando sentimentos semelhantes, a irmã Benedicta-Marie admitiu: “O dia da minha profissão foi um dos dias mais difíceis da minha vida porque eu sabia que estava renunciando a tudo neste mundo: minha família, minha própria vontade, o uso livre dos bens materiais. Eu estava deixando para trás todas as consolações naturais para me entregar a Deus, para me abandonar nas mãos da Divina Providência".
Ao mesmo tempo, ela enfatizou que sua alma estava "feliz e em paz" porque sabia que estava "escolhendo a Deus e a Sua santa vontade": "Eu estava fazendo a coisa mais bela que uma criatura pode fazer por seu Criador: devolvendo a Ele tudo o que recebemos d’Ele."
"Quando pronunciei meus votos, eu sabia que tinha feito a melhor coisa que uma filha de Deus poderia fazer para provar seu amor e em troca, Deus me concedeu a graça de me tornar esposa de Cristo."
Transformadas interiormente
Como será a vida delas a partir de agora?
“Gostaria de crescer a cada dia nas virtudes religiosas e no amor a Deus, ser fiel aos meus votos e, como o grão de trigo, cair na terra para nutrir os sacerdotes e todas as almas”, disse a irmã Gabriella-Marie.
Embora o ritmo da rotina diária permaneça praticamente o mesmo, disseram elas, algo interior se transformou.
“O que será diferente”, disse a irmã Véronique-Marie, “será o interior: todos os meus atos podem ser influenciados pelos votos e, assim, tornarem-se atos de virtude religiosa e muito agradáveis a Deus”.
“Anseio por me entregar a Deus nesta comunidade, cumprindo os pequenos deveres de cada dia”, continuou ela. “Quero agradar a Deus e fazer a Sua vontade, mas sei que isso é impossível sem a Sua graça.”
“Minha união com Cristo agora tem outro significado, pois sou sua esposa”, disse a irmã Benedicta-Marie. “Espero que, com a sua graça, eu possa cumprir meu dever de vida com maior amor e fidelidade, como prova do meu amor por Ele, e também para obter muitas graças para a santificação dos sacerdotes e, em particular, para os seminaristas do meu instituto”.
Além de oferecer orações e sacrifícios diários, especialmente pelos sacerdotes do instituto e pelas almas a eles confiadas, as Irmãs Adoradoras também atendem aos pedidos dos cônegos do instituto em todo o mundo, acompanhando-os em peregrinações, auxiliando na catequese de crianças, servindo em retiros e apoiando outras iniciativas apostólicas.
À medida que a comunidade fundada para “manifestar a adoração a Deus” continua a crescer, espera-se que novas casas sejam estabelecidas perto dos apostolados do Instituto de Cristo Rei, onde as irmãs poderão auxiliar os sacerdotes em seus ministérios e trabalho apostólico.
“Alegro-me em entregar-me à Divina Providência e em confiar que Ele me guiará para o céu”, disse a irmã Benedicta-Marie, “e fará uso dos meus pequenos sacrifícios e de toda a minha vida consagrada para o bem da Santa Igreja Católica e a salvação de muitas almas”.
A Irmã Jean-Marie François disse: “Não tenho dúvida de que minha vida religiosa terá sacrifícios e alegrias, mas é um consolo pensar que Deus nunca me deixará sozinha ou sem sua ajuda”.
Ela continuou: “Ele é o Esposo mais fiel e amoroso que se poderia desejar”.
Silêncio e separação do mundo
Apesar da dimensão apostólica do seu serviço aos sacerdotes, a adoração contemplativa do Coração de Cristo permanece o cerne da sua vocação e, em última análise, é o que atrai as mulheres à comunidade.
“Penso que aqueles que desejam uma união mais profunda com Deus são atraídos pela vida religiosa tradicional”, explicou a irmã Benedicta-Marie, “porque o silêncio e a separação do mundo proporcionam um caminho perfeito para encontrar Deus, que geralmente está oculto e que fala a uma alma tranquila”.
“É natural que o homem busque a Deus na oração, no silêncio, separado do mundo ruidoso”, disse a irmã Véronique-Marie

Ela acrescentou: “Ele fala ao coração de uma maneira tranquila, e acho que Ele mesmo nos faz amar o silêncio e a separação do mundo para podermos ouvir as suas inspirações. Eu acho e espero que, em nossos dias, esta vida de silêncio seja um testemunho da existência de Deus e de sua transcendência”.
“O silêncio e a separação do mundo podem parecer algo assustador, mas Jesus também pode preencher esse silêncio, essa solidão ou esse vazio com a sua presença; é algo que a vida religiosa nos ajuda a experimentar”, concluiu a irmã Jean-Marie François.
(acidigital)
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