sexta-feira, 21 de junho de 2024

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(31/5/2024) Pope emphasizes to Buddhist monks: “We can only be saved tog...

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Semana do Papa, Dia Mundial do Refugiado

21.06.2024 Santa Messa dalla Santa Casa di Loreto

Palavra de Deus | Qual é a verdadeira riqueza? (Mt 6,19-23) Ir. Maria Ra...

Hoje é a festa de são Luís Gonzaga, padroeiro da juventude cristã


São Luís Gonzaga São Luís Gonzaga

Hoje (21), é celebrada a festa de são Luís Gonzaga, padroeiro da juventude cristã e protetor dos jovens estudantes. Ele passou por muitas incompreensões e sofrimentos na “vida de luxo” que teve que experimentar, até que ouviu um “chamado especial”.

São Luís Gonzaga nasceu em 1568 na Itália, em uma família nobre. Sua mãe, preocupada pelas questões de fé, consagrou-o à Virgem e batizou-o, enquanto ao seu pai só interessava o futuro mundano do filho e que fosse soldado como ele.

São Luís frequentava muito os quartéis e aprendeu a importância de ser corajoso, mas também adquiriu um vocabulário rude. Seu tutor o fez ver que essa linguagem era grosseira, vulgar e blasfema. Então, o menino nunca mais voltou a falar desse modo.

Aos poucos foi crescendo na fé e, aos nove anos, fez um voto de virgindade. Quando tinha treze anos, conheceu o bispo são Carlos Borromeu, que ficou impressionado com a sabedoria e a inocência de Luís e deu-lhe a Primeira Comunhão.

Alguns historiadores afirmam que o ambiente em que se vivia na nobreza e sociedade daquela época estava repleto de fraude, vício, crime e luxúria. Por isso, são Luís se submeteu a uma ordem rigorosa e práticas de piedade constantes, sem descurar de suas responsabilidades na corte.

Por assuntos de seu pai, teve que viajar para a Espanha e, na igreja dos jesuítas em Madri, ouviu uma voz que lhe dizia: “Luís, ingressa na Companhia de Jesus”. Sua mãe recebeu com alegria os projetos de Luís, mas o pai ficou furioso e não aceitou facilmente a inquietude vocacional do filho.

Mais tarde, depois de tê-lo enviado a várias viagens e lhe dado cargos importantes, o pai teve que ceder e escreveu ao superior dos jesuítas dizendo: “Envio o que mais amo no mundo, um filho no qual toda a família tinha colocado suas esperanças”.

São Luís entrou para o noviciado da Companhia de Jesus. Continuou com suas penitências e mortificações que já tinham afetado a sua saúde. Com o tempo, tornou-se um noviço modelo, manteve-se fiel às regras e sempre buscava exercer as tarefas mais humildes. Em algumas ocasiões, durante o intervalo ou no refeitório, caia em êxtase.

Naquela época, a população de Roma foi afetada por uma epidemia de febre, os jesuítas abriram um hospital onde os membros da ordem atendiam. Luís começou a mendigar mantimentos para os doentes e conseguiu cuidar dos enfermos até que contraiu a doença.

Recuperou-se desse mal, mas ficou afetado por uma febre intermitente que em poucos meses levou-o a um estado de grande debilidade. Acompanhado por seu confessor são Roberto Belarmino, foi se preparando para a morte.

Em uma ocasião, caiu em êxtase e lhe foi revelado que morreria na oitava de Corpus Christi. Com o olhar posto no crucifixo e o nome de Jesus em seus lábios, partiu para a Casa do Pai por volta da meia noite, entre os dias 20 e 21 de junho, com apenas 23 anos.

 

Laudes da Memória de São Luís Gonzaga

quinta-feira, 20 de junho de 2024

INKA GOLD - UNCHAINED MELODY Pan flute and guitar

Missa desde a Basílica da Santíssima Trindade do Santuário de Fátima 20...

CAFARNAUM, A CIDADE DE JESUS

A tu luz, Señor, vemos la luz 2023

O FUTURO DA IGREJA ESTÁ NAS MÃOS DE DEUS | DOM JOSÉ FALCÃO

Homilia Diária | A oração que contém um mistério insondável (Quinta-feir...

Hoje é a festa de são João de Matera, monge eremita


São João Matera São João Matera

São João de Matera foi um monge italiano que fundou a congregação beneditina de Pulsano e viveu como eremita nas montanhas do sul da Itália.

Sua congregação fazia parte da grande família beneditina, mas há muito desapareceu.

O santo nasceu na cidade de Matera (que na época pertencia ao reinado de Nápoles), na Itália, por volta de 1070.

Quando ainda era criança, sonhava em viver como um eremita. Por isso, deixou a casa dos pais e viajou para uma ilha, em frente a Taranto, onde existia um mosteiro, no qual ingressou como pastor dos rebanhos dos monges.

Em Ginosa começou a pregar e a promover a restauração da igreja, que se tornou o núcleo de um convento. Um dia foi acusado de se apropriar de propriedade de uma igreja e foi preso depois de ser acusado diante do governador da província.

Pouco depois de estar na prisão, escapou de uma forma que ninguém conseguia explicar, por isso, dizia-se que tinha sido libertado por um anjo. Chegou a Cápua e teve que seguir viagem, pois os moradores não permitiram que ficasse.

Em Bari, foi acusado de herege pela austeridade que pregava, mas foi libertado após se defender brilhantemente nos tribunais.

Em 1130, no antigo mosteiro de são Gregório de Pulsano, que reconstruiu, fundou uma congregação monástica na qual conferiu a regra de são Bento e foi abade por 10 anos.

Em pouco tempo, a comunidade já contava com 50 monges e se tornou muito conhecida. Morreu em 20 de junho de 1139, em Foggia (Pulla), onde tinha ido para difundir a congregação.

 

Laudes de Quinta-feira da 11ª Semana do Tempo Comum

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Carmelo de Lisieux: Antes e depois

Pfizer court case, Kansas

Missa desde a Basílica da Santíssima Trindade do Santuário de Fátima 19...

Audiencia General 19 de junio de 2024 Papa Francisco

PAPA FRANCISCO

AUDIÊNCIA GERAL

Praça São Pedro
Quarta-feira, 19 de junho de 2024


Ciclo de Catequese. O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo conduz o povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança. 4. O Espírito ensina a Noiva a orar. Os Salmos, sinfonia de oração na Bíblia

Locutor:

Os Salmos são uma sinfonia da oração, cujo compositor é o Espírito Santo. Assim como nas sinfonias há vários movimentos, podemos também falar de diversos géneros de oração, seja ela pessoal ou comunitária de louvor ou de súplica. Consideremos que como os Salmos foram a base da oração de Jesus, de Maria, dos Apóstolos e de todos os que nos precederam. Com efeito, toda a vida de Jesus é marcada pelos Salmos, conforme nos narram a Carta aos Hebreus, referindo-se à Encarnação, e os Evangelhos, nos relatos da Paixão. Devemos meditar os Salmos, pois inspirados por Deus, são sempre eficazes: ajudam-nos a ter uma oração menos centrada em nós mesmos, incentivando-nos a louvar, bendizer e agradecer.

Santo Padre:

Saluto cordialmente i pellegrini di lingua portoghese. Vi incoraggio a mantenere viva la vostra fede e a impegnarvi nel diffondere l'amore di Cristo nelle vostre comunità, con l’entusiasmo e la creatività del Vangelo. Che il Signore vi benedica e vi protegga sempre.

Locutor:

Saúdo cordialmente os peregrinos de língua portuguesa. Encorajo-vos a manter viva a vossa fé e a empenhar-vos em difundir o amor de Cristo nas vossas comunidades, com o entusiasmo e a criatividade do Evangelho. Que o Senhor vos abençoe e vos proteja sempre.



Copyright © Dicastero per la Comunicazione - Libreria Editrice Vaticana

Homilia Diária | A miséria das nossas obras (Quarta-feira da 11.ª Sem. d...

Hoje é celebrado são Romualdo, rejeitado por outros monges, mas acolhido por Jesus


São Romualdo São Romualdo

“Amado Jesus Cristo, tu és o maior consolo que existe para os teus amigos”, costumava dizer o abade são Romualdo, fundador dos “Camaldulenses”, que começaram a usar vestes brancas por uma visão que o santo teve.

São Romualdo nasceu em Ravena (Itália) em meados do século X em uma família rica. Foi educado sem formação cristã, deixando-se levar pelas coisas do mundo. Entretanto, às vezes, sentia inquietudes e peso na consciência.

Depois de ver como seu pai matou um homem em um duelo, decidiu ir para um mosteiro beneditino. Pouco a pouco, foi tendo uma vida exemplar, o que irritou e incomodou outros monges e são Romualdo se afastou.

Começou a lidar mais com um monge áspero chamado Marino e assim foi progredindo rapidamente em sua vida de penitência.

Juntos, os dois conseguiram muitas conversões como a do chefe civil e militar de Veneza, o Doge de Veneza, que foi viver em oração e solidão e se tornou são Pedro Urseolo. O pai de são Romualdo também acabou se arrependendo das coisas que tinha feito e se retirou a um convento até a sua morte.

O santo teve que experimentar fortes tentações contra a pureza. O demônio buscava desanimá-lo, fazendo ver que a vida de oração, silêncio e penitência era algo inútil. Nas noites, o inimigo se apresentava a ele com imagens feias e espantosas.

São Romualdo redobrou suas práticas de piedade até que um dia, em meio aos mais terríveis ataques diabólicos, exclamou: “Jesus misericordioso, tenha compaixão de mim”. O demônio, ao ouvir isso, fugiu imediatamente e o santo recuperou a paz.

Depois de muitos sofrimentos e rejeições por parte dos outros monges, em 1012 fundou os “Camaldulenses”. Certo dia, são Romualdo teve uma visão de uma escada na qual seus discípulos subiam ao céu vestidos de branco e, desde então, mudou o hábito preto de seus religiosos por um claro.

O santo profetizou sua morte muitos anos antes e, ao final de sua vida, experimentou êxtases místicos. Morreu em 19 de junho de 1027.

Sobre os “Camaldulenses”, atualmente há duas congregações, a de Camaldoli, integrada à Confederação Beneditina, e a reformada de Monte Corona, fundada pelo beato Paulo Giustiniani, que restaurou a vida camaldulense em sua forma mais eremita e austera. Estes últimos têm mosteiros na Itália, na Polônia, na Espanha, nos Estados Unidos, na Colômbia e na Venezuela.

 

Laudes de Quarta-feira da 11ª Semana do Tempo Comum

terça-feira, 18 de junho de 2024

Missa desde a Basílica da Santíssima Trindade do Santuário de Fátima 18...

NÃO ACHAVAM QUE EU SERIA PADRE | PADRE GABRIEL VILA VERDE

À conversa sobre a crise sísmica na ilha Terceira com esclarecimentos e ...

Parolin: diálogo é o único caminho para uma paz justa na Ucrânia


Na conferência por uma solução para o país do Leste Europeu, concluída no domingo, 16 de junho, na Suíça, o cardeal secretário de Estado se pronunciou como observador. Nas suas palavras o apelo ao “diálogo entre as partes”, bem como ao “respeito pelo direito internacional” e “pela soberania de cada país”. Forte também o apelo do cardeal à proteção das crianças e dos prisioneiros “tanto civis como militares”.

Isabella Piro – Cidade do Vaticano

“O único meio capaz de alcançar uma paz verdadeira, estável e justa é o diálogo entre todas as partes envolvidas”: foi o que reiterou com veemência o cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, ao se pronunciar na qualidade de observador no domingo, 16 de junho, na cúpula de alto nível sobre a paz para a Ucrânia, iniciada no sábado em Bürgenstock, Suíça. Em nome do Papa Francisco, o cardeal confirmou a proximidade “ao martirizado povo ucraniano”, recordando o “constante esforço” do Pontífice “em favor da paz”.

Fornecer assistência e ajudar na mediação

Também central no discurso do secretário de Estado foi o encorajamento à comunidade internacional para "explorar formas para prestar assistência e ajudar na mediação, quer de natureza humanitária ou política", com os votos de que "o esforço diplomático promovido pela Ucrânia e apoiado por tantos países seja aperfeiçoado, de forma a alcançar os resultados que as vítimas merecem e que o mundo inteiro espera".

Parolin também sublinhou que a Santa Sé continua a empenhar-se “em manter contatos constantes com as autoridades ucranianas e russas”, pronta também a ajudar na implementação de “possíveis iniciativas de mediação” que sejam aceitáveis ​​“para ambas as partes” envolvidas e que beneficiam “as pessoas atingidas”.

Cardeal Parolin na cúpula de paz para a Ucrânia na Suíça
Cardeal Parolin na cúpula de paz para a Ucrânia na Suíça 
 

Nunca se resignar à guerra

O cardeal manifestou então o seu apreço pelo encontro de cúpula, definindo-o como “um evento de importância global”, preparado “com atenção” pela Ucrânia, um país que, por um lado, dedica “enormes esforços enormes para se defender contra a agressão”, mas, por outro lado, continua a trabalhar “na frente diplomática” por “uma paz justa e duradoura”. Isto porque, perante “a guerra e as suas trágicas consequências, é importante nunca desistir - destacou o secretário de Estado -, mas continuar a procurar formas de pôr fim ao conflito”, fazendo uso da “boa intenção , confiança e criatividade".

Respeito pelo direito internacional

Em outro ponto de seu discurso, o cardeal se concentrou, em particular, no “respeito pelo direito internacional”, reiterando “a validade do princípio fundamental do respeito pela soberania de cada país e pela integridade do seu território”.

Imperativa a repatriação de crianças

O pensamento do secretário de Estado voltou-se então para o tema do repatriamento de crianças, para o qual “foi criado um mecanismo ad hoc para resolver casos concretos”, após a visita do cardeal Matteo Zuppi, na qualidade de Enviado Especial do Papa a Kiev e Moscou.

Neste sentido, Parolin definiu como “imperativa” a necessidade de “fortalecer todos os canais disponíveis para facilitar este processo”, destacando que “deve ser uma prioridade absoluta”, também para evitar “qualquer instrumentalização” da situação dos menores.

Cardeal secretário de Estado Pietro Parolin participou do encontro como observador
Cardeal secretário de Estado Pietro Parolin participou do encontro como observador

Preocupação com prisioneiros civis e militares

Outra questão crucial destacada pelo cardeal, é a dos prisioneiros, “tanto civis como militares”, especialmente devido aos “relatórios periódicos sobre o descumprimento das Convenções de Genebra”, especialmente a Quarta Convenção, que diz respeito mais diretamente aos civis. O cardeal expressou detalhadamente a preocupação da Santa Sé pela dificuldade de criar, “juntamente com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, uma comissão médica mista que possa avaliar a situação dos prisioneiros de guerra que necessitam de cuidados médicos urgentes”.

A delegação da Santa Sé

Em Bürgenstock, o cardeal Parolin – convidado conjuntamente pelos presidentes da Suíça e da Ucrânia, Viola Amherd e Volodymyr Zelensky respectivamente – foi acompanhado pelo núncio apostólico na Suíça, dom Martin Krebs, e por monsenhor Paul Butnaru, funcionário da Seção para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais da Secretaria de Estado.

Na qualidade de observador e seguindo a prática de não assinar declarações conjuntas, a delegação da Santa Sé absteve-se de assinar o comunicado final dos trabalhos, ao mesmo tempo em que manifestou apoio às conclusões da cúpula, segundo declarado pelo próprio cardeal Parolin em seu pronunciamento.

 

(vaticannews)

Palavra de Deus | Não perca a sua recompensa (Mt 5,43-48) Ir. Maria Raqu...

São Gregório Barbarigo, servidor da Igreja


Órfão na infância

Gregorio Giovanni Gaspare Barbarigo nasceu em Veneza, em 16 de setembro de 1625, em uma família nobre. Gregório logo conhece o sofrimento quando perde a sua mãe para a peste aos dois anos de idade. Seu pai, senador da República de Veneza, enviou-o, em 1643, junto com o embaixador veneziano Alvise Contarini para Münster, na Alemanha, onde se preparava a paz de Vestfália, que colocaria fim à sangrenta Guerra dos Trinta Anos. 

O encontro com o Papa

Aqui tem lugar um encontro decisivo para a vida do jovem Gregório: aquele com o Cardeal Fabio Chigi, futuro Papa Alexandre VII. Depois de completar seus estudos em Pádua, Gregório tornou-se padre aos 30 anos. Alexandre VII enviou-o a Roma e, com a eclosão da peste, confiou-lhe a coordenação do socorro aos enfermos, que Gregório Barbarigo realizou com muito amor e dedicação. A confiança de Alexandre VII é então renovada ao colocá-lo à frente da diocese de Bérgamo em 1657. Anos depois, em 1664, ele será encarregado da diocese de Pádua. 

Estilo pastoral

Seu “estilo” será em ambos os casos inspirado em São Carlos Borromeo, um modelo para Gregório que, antes de tudo, vende todos os seus bens para dá-los aos pobres. Visita por toda a parte as paróquias das dioceses que lhe são confiadas, assiste os moribundos, divulga a imprensa católica entre o povo, aloja-se nas casas dos pobres. Durante o dia, ensina catecismo às crianças; à noite, reza. No seu centro está também a formação dos sacerdotes, pela qual está profundamente empenhado no Seminário de Pádua, que chega a ser considerado um dos melhores da Europa.

Relacionamento com a Igreja Oriental

Outro momento importante do compromisso de São Gregório Barbarigo é o da reunificação com as Igrejas Orientais. Depois de ter sido bispo de Bérgamo e antes de exercer o ministério em Pádua, passou mais um período em Roma. Em 1658, Alexandre VII fez dele um cardeal. Estes são os anos em que participa em vários conclaves. Inocêncio XI o escolhe como seu conselheiro e Gregório trabalha pela reunificação com as Igrejas Orientais. Estimado pelos Papas e amado pelo povo, Barbarigo morreu em Pádua em 1697.

A minha oração

“Querido santo, precisamos estar atentos aos mais necessitados, recordando que eles escondem Jesus em suas misérias. Ajudai-nos a viver sem perder nenhuma oportunidade de amar. Amém!”  

São Gregório Barbarigo , rogai por nós!


Fontes:

  • vatican.va e vaticannews.va
  • Martirológio Romano – liturgia.pt
  • Liturgia das Horas
  • Livro “Relação dos Santos e Beatos da Igreja” – Prof Felipe Aquino [Cléofas 2007]

– Pesquisa e redação: Rafael Vitto – Comunidade Canção Nova

– Produção e edição: Catarina Xavier – Comunidade Canção Nova


 

Laudes de Terça-feira da 11ª Semana do Tempo Comum

segunda-feira, 17 de junho de 2024

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Dia Nacional da Liberdade Religiosa e do Diálogo Inter-religioso (22 de ...

Canto Camino Neocatecumenal: Jerusalén reconstruida

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Hoje é celebrado santo Alberto Chmielowski, que inspirou a vocação de são João Paulo II


Santo Alberto Chmielowski Santo Alberto Chmielowski

Santo Alberto Chmielowski foi um pintor de profissão e religioso polonês que inspirou a vocação do papa são João Paulo II. Também fundou os “irmãos” e “irmãs” da Ordem Terceira de São Francisco, Servos dos Pobres.

O santo nasceu em uma pequena cidade do reino da Polônia (parte do império russo), em 20 de agosto de 1845. Sua família era nobre. Cresceu em um clima de ideais patrióticos e amor pelos pobres.

“Aos 17 anos (1863), ainda estudante na escola agrícola, participou na luta insurrecional para libertar a sua pátria do jugo estrangeiro e nessa luta sofreu a mutilação da perna. Buscou o significado de sua vocação através da atividade artística, deixando obras que ainda hoje impressionam por uma particular capacidade expressiva”, disse São João Paulo II durante a missa de canonização deste santo.

Em 1874, sendo já um artista maduro, decidiu dedicar "a arte, o talento e suas aspirações à glória de Deus". Assim, os temas religiosos passaram a predominar em suas atividades artísticas.

Uma de suas melhores pinturas, "Ecce Homo", foi o resultado de uma profunda experiência do amor misericordioso de Cristo pelo homem, experiência que conduziu Chmielowski à sua transformação espiritual.

Anos depois, decidiu renunciar à arte e dedicar sua vida ao serviço dos marginalizados. Em 1888, pronunciou os votos religiosos na congregação dos Irmãos da Ordem Terceira de São Francisco.

Alberto organizou asilos para os pobres, casas para os mutilados e incuráveis, enviou as irmãs de sua congregação para trabalhar em hospitais militares, fundou refeitórios públicos para os pobres e orfanatos para crianças e jovens desabrigados.

Graças ao seu espírito empreendedor, quando morreu, deixou fundadas 21 casas religiosas nas quais prestavam seus trabalhos 40 irmãos e 120 religiosos.

O santo morreu de câncer no estômago em 1916, em Cracóvia, no asilo por ele fundado. Foi beatificado em Cracóvia, em 22 de junho de 1983, pelo papa João Paulo II, que também o canonizou em 12 de novembro de 1989, em Roma.

 

Laudes de Segunda-feira da 11ª Semana do Tempo Comum

sábado, 15 de junho de 2024

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO

PAPA FRANCISCO PARTICIPA DA SESSÃO DO G7 SOBRE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
[13-15 de junho de 2024] 

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO

Borgo Egnazia (Itália)
Sexta-feira, 14 de junho de 2024


Um instrumento fascinante e tremendo

Prezadas Senhoras, Ilustres Senhores!

Dirijo-me hoje a vós, Líderes do Fórum Intergovernamental do G7, com uma reflexão sobre os efeitos da inteligência artificial no futuro da humanidade.

«A Sagrada Escritura atesta que Deus deu aos homens o seu Espírito a fim de terem “sabedoria, inteligência e capacidade para toda a espécie de trabalho” ( Ex 35, 31)» [1]. A ciência e a tecnologia são, por conseguinte, produtos extraordinários do nosso potencial criativo, como seres humanos [2].

Pois bem, a inteligência artificial emerge precisamente do uso deste potencial criativo que Deus nos deu.

Como é sabido, trata-se de um instrumento extremamente poderoso, utilizado em muitos domínios da atividade humana: da medicina ao mundo do trabalho, da cultura à comunicação, da educação à política. E é já legítimo supor que o seu uso influenciará cada vez mais a nossa forma de viver, as nossas relações sociais e, no futuro, até mesmo a maneira como concebemos a nossa identidade enquanto seres humanos [3].

No entanto, o tema da inteligência artificial é frequentemente percebido como ambivalente: por um lado, entusiasma pelas possibilidades que oferece; por outro, gera temor pelas consequências que deixa antever. A este respeito, pode dizer-se que todos nós somos, embora em graus diferentes, atravessados por duas emoções: ficamos entusiasmados quando imaginamos os progressos que podem advir da inteligência artificial, mas ao mesmo tempo amedrontados quando constatamos os perigos inerentes ao seu uso [4].

Além disso, não podemos duvidar que o advento da inteligência artificial represente uma verdadeira revolução cognitivo-industrial que contribuirá para a criação de um novo sistema social caracterizado por complexas transformações epocais. Por exemplo, a inteligência artificial poderia permitir uma democratização do acesso ao conhecimento, o progresso exponencial da investigação científica, a possibilidade de delegar às máquinas os trabalhos exaustivos; mas ao mesmo tempo, ela poderia trazer consigo uma maior injustiça entre nações desenvolvidas e nações em vias de desenvolvimento, entre classes sociais dominantes e classes sociais oprimidas, colocando em perigo a possibilidade de uma “cultura do encontro” em favor de uma “cultura do descarte”.

O alcance dessas complexas transformações está obviamente ligado ao rápido desenvolvimento tecnológico da própria inteligência artificial.

Este vigoroso avanço tecnológico torna a inteligência artificial, simultaneamente, um instrumento fascinante e tremendo, e exige uma reflexão à altura da situação.

Nesse sentido, talvez se possa partir da constatação de que a inteligência artificial é, antes de tudo, um instrumento. E é natural afirmar que os benefícios ou danos que trará dependerão do modo como é utilizado.

Isso é certamente verdade, pois foi assim para cada ferramenta construída pelo ser humano desde o início dos tempos.

Essa nossa capacidade de construir utensílios numa quantidade e complexidade sem paralelo entre os seres vivos, faz-nos falar de uma condição tecno-humana: o ser humano sempre manteve uma relação com o ambiente mediada pelas ferramentas que ia produzindo. Não é possível separar a história do homem e da civilização da história desses instrumentos. Houve quem quisesse ler em tudo isto uma espécie de insuficiência, um deficit do ser humano, como se, por causa dessa carência, fosse obrigado a dar vida à tecnologia [5]. Na verdade, um olhar atento e objetivo mostra-nos o contrário. Vivemos uma condição de ulterioridade em relação ao nosso ser biológico; somos seres inclinados para fora-de-nós-mesmos, ou melhor, somos radicalmente abertos ao além. Aqui tem início a nossa abertura aos outros e a Deus; daqui nasce o potencial criativo da nossa inteligência em termos de cultura e beleza; e por fim, daqui se origina a nossa capacidade técnica. A tecnologia é, assim, uma marca desta nossa ulterioridade.

No entanto, o uso das nossas ferramentas nem sempre está orientado exclusivamente para o bem. Mesmo que o ser humano sinta interiormente uma vocação para além de si mesmo e para o conhecimento, vivido como instrumento de bem ao serviço dos irmãos, das irmãs e da casa comum (cf. Gaudium et spes, 16), isso nem sempre acontece. Ao contrário, não poucas vezes, precisamente graças à sua liberdade radical, a humanidade perverteu os fins do seu ser, transformando-se em inimiga de si mesma e do planeta [6]. O mesmo pode acontecer com os instrumentos tecnológicos. Somente se for garantida a sua vocação ao serviço do homem, os instrumentos tecnológicos revelarão não apenas a grandeza e a dignidade única do ser humano, mas também o mandato que este recebeu de “cultivar e guardar” (cfr. Gn 2,15) o planeta e todos os seus habitantes. Falar de tecnologia é falar sobre o que significa ser humano e, portanto, sobre aquela nossa condição única entre liberdade e responsabilidade, ou seja, é falar de ética.

Na verdade, quando os nossos antepassados afiavam pedras de sílex para fazer facas, usavam-nas tanto para cortar a pele dos vestuários quanto para se matarem uns aos outros. O mesmo se pode dizer de outras tecnologias muito mais avançadas, como a energia produzida pela fusão de átomos, como ocorre no Sol, que certamente poderia ser utilizada para produzir energia limpa e renovável, mas também para reduzir o nosso planeta a um monte de cinzas.

A inteligência artificial, no entanto, é um instrumento ainda mais complexo. Quase diria que se trata de um instrumento sui generis. Assim, enquanto o uso de uma ferramenta simples (como a faca) está sob o controlo do ser humano que a utiliza e o seu bom uso depende somente deste, a inteligência artificial, ao contrário, pode adaptar-se autonomamente à tarefa que lhe é atribuída e, se for projetada dessa forma, fazer escolhas independentes do ser humano para alcançar o objetivo estabelecido [7].

Convém sempre recordar que a máquina pode, sob algumas formas e com estes novos meios, produzir escolhas algorítmicas. O que a máquina faz é uma escolha técnica entre várias possibilidades e baseia-se ou em critérios bem definidos ou em inferências estatísticas. Pelo contrário, o ser humano não só escolhe como, no seu coração, é capaz de decidir. A decisão é um elemento que poderíamos definir como o mais estratégico de uma escolha e requer uma avaliação prática. Frequentemente, na difícil tarefa de governar, somos chamados a tomar decisões com consequências para muitas pessoas. A esse respeito, a reflexão humana sempre falou de sabedoria, a phronesis da filosofia grega e, pelo menos em parte, a sabedoria da Sagrada Escritura. Diante dos prodígios das máquinas, que parecem saber escolher de forma independente, devemos ter bem claro que a decisão deve ser sempre deixada ao ser humano, mesmo sob os tons dramáticos e urgentes com que, às vezes, se apresenta na nossa vida. Condenaríamos a humanidade a um futuro sem esperança se retirássemos às pessoas a capacidade de decidir sobre si mesmas e sobre as suas vidas, obrigando-as a depender das escolhas das máquinas. Precisamos de garantir e proteger um espaço de controle significativo do ser humano sobre o processo de escolha dos programas de inteligência artificial: está em jogo a própria dignidade humana.

Permitam-me insistir precisamente sobre este tema: num drama como o dos conflitos armados, é urgente repensar o desenvolvimento e o uso de dispositivos como as chamadas “armas autónomas letais”, a fim de banir a sua utilização, começando desde já pelo compromisso efetivo e concreto de introduzir um controlo humano cada vez mais significativo. Nenhuma máquina, em caso algum, deveria ter a possibilidade de optar por tirar a vida a um ser humano.

Acresce que o bom uso, pelo menos das formas avançadas de inteligência artificial, não estará totalmente sob o controlo nem dos utilizadores nem dos programadores que, no momento da conceção, definiram os seus objetivos originais. E isso é tanto mais verdadeiro quanto é altamente provável que, num futuro não distante, os programas de inteligência artificial possam comunicar diretamente entre si para melhorar o seu desempenho. E se, no passado, os seres humanos que moldaram ferramentas simples viram a sua existência moldada por elas – a faca permitiu-lhes sobreviver ao frio, mas também desenvolver a arte da guerra – agora que moldaram um instrumento complexo, verão este último moldar ainda mais a sua existência [8].

O mecanismo básico da inteligência artificial

Gostaria agora de me deter brevemente sobre a complexidade da inteligência artificial. Na sua essência, a inteligência artificial é uma ferramenta projetada para a resolução de um problema e funciona através de um encadeamento lógico de operações algébricas, realizadas sobre categorias de dados, que são comparados para descobrir correlações, melhorando o seu valor estatístico, graças a um processo de autoaprendizagem, baseado na busca de novos dados e na auto-modificação dos seus procedimentos de cálculo.

A inteligência artificial está assim projetada para resolver problemas específicos, mas, para quem a utiliza, é frequentemente irresistível a tentação de tirar deduções gerais, mesmo antropológicas, a partir das soluções específicas que propõe.

Um bom exemplo é o uso de programas projetados para ajudar os magistrados nas decisões relativas à concessão de prisão domiciliária a reclusos que cumprem pena num estabelecimento prisional. Neste caso, pede-se à inteligência artificial que preveja a probabilidade de reincidência no crime cometido por um condenado a partir de categorias preestabelecidas (tipo de crime, comportamento na prisão, avaliação psicológica, etc.), permitindo que a inteligência artificial tenha acesso a categorias de dados relativos à vida privada do preso (origem étnica, nível de instrução, linha de crédito, etc.). O uso de tal metodologia – que por vezes corre o risco de delegar de facto numa máquina a última palavra sobre o destino de uma pessoa – pode implicitamente trazer consigo a referência aos preconceitos inerentes às categorias de dados utilizados pela inteligência artificial.

Estar classificado num determinado grupo étnico ou, mais prosaicamente, ter cometido anos antes uma infração menor (por exemplo, não ter pago uma multa de estacionamento) influenciará a decisão sobre a concessão da prisão domiciliária. Porém, o ser humano está sempre em evolução e é capaz de surpreender com as suas ações, algo que uma máquina não pode ter em consideração.

Deve-se ainda observar que aplicações semelhantes à mencionada sofrerão uma aceleração pelo facto dos programas de inteligência artificial estarem cada vez mais dotados com a capacidade de interagir diretamente com os seres humanos (chatbots), mantendo conversas com eles e estabelecendo relações de proximidade, frequentemente, muito agradáveis e reconfortantes, uma vez que esses programas de inteligência artificial serão projetados para aprender a responder, de forma personalizada, às necessidades físicas e psicológicas dos seres humanos.

Esquecer que a inteligência artificial não é outro ser humano e que não pode propor princípios gerais, é muitas vezes um erro grave que decorre ou da profunda necessidade de os seres humanos encontrarem uma forma estável de companhia ou dum pressuposto subconsciente, isto é, do pressuposto de que as observações conseguidas mediante um mecanismo de cálculo sejam dotadas de qualidades de certeza indiscutível e de universalidade inquestionável.

No entanto, este pressuposto é arriscado, como demonstra o exame dos limites intrínsecos do próprio cálculo. A inteligência artificial usa operações algébricas a realizar segundo uma sequência lógica (por exemplo, se o valor de X for superior ao de Y, multiplica X por Y; caso contrário, divide X por Y). Este método de cálculo – o chamado “algoritmo” – não tem nem objetividade nem neutralidade [9]. Sendo baseado na álgebra, só pode examinar realidades formalizadas em termos numéricos [10].

Além disso, não se deve esquecer que os algoritmos projetados para resolver problemas muito complexos são tão sofisticados que é difícil, para os próprios programadores, compreenderem exatamente como conseguem alcançar os seus resultados. Esta tendência para a sofisticação corre o risco de se acelerar consideravelmente com a introdução de computadores quânticos que não funcionarão de acordo com circuitos binários (semicondutores ou microchips) mas segundo as leis, bastante complexas, da física quântica. Por outro lado, a introdução contínua de microchips, cada vez mais eficientes, já se tornou uma das causas da dominância do uso da inteligência artificial por parte das poucas nações que com ela estão equipadas.

Sofisticadas ou não, a qualidade das respostas que os programas de inteligência artificial fornecem depende, em última análise, dos dados que usam e da forma como são estruturados.

Por fim, gostaria de assinalar um último campo, no qual emerge claramente a complexidade do mecanismo da chamada inteligência artificial generativa (Generative Artificial Intelligence). Ninguém duvida que existem hoje magníficos instrumentos de acesso ao conhecimento, permitindo até o self-learning e o self-tutoring numa infinidade de áreas. Muitos de nós ficámos impressionados com as aplicações, facilmente disponíveis online, para redigir um texto ou produzir uma imagem sobre qualquer tema ou assunto. Particularmente fascinados por esta perspetiva são os estudantes, que as utilizam de forma desproporcionada quando precisam de preparar trabalhos escolares.

No entanto, estes alunos, frequentemente muito mais preparados e habituados ao uso da inteligência artificial do que os seus professores, esquecem que a chamada inteligência artificial generativa, em sentido estrito, não é propriamente “generativa”. Na verdade, busca nos big data informações, elaborando-as segundo o estilo que lhe foi solicitado. Nem desenvolve conceitos nem análises novas. Repete as que encontra, dando-lhes uma forma apelativa. E quanto mais uma noção ou uma hipótese se repete, mais a considera legítima e válida. Em vez de “generativa”, ela é “reforçadora”, no sentido de que reorganiza os conteúdos existentes, contribuindo para consolidá-los, muitas vezes sem verificar se contêm erros ou preconceitos.

Deste modo, não só se corre o risco de legitimar fake news e de reforçar a vantagem de uma cultura dominante, mas igualmente de minar o processo educativo in nuce. A educação, que deveria fornecer aos estudantes a possibilidade de uma reflexão autêntica, corre o risco de se reduzir a uma repetição de noções que, cada vez mais, serão consideradas incontestáveis, simplesmente por causa da sua contínua repetição [11].

Colocar novamente a dignidade da pessoa no centro em vista de uma proposta ética comum

Uma observação mais geral deve-se agora acrescentar ao que já foi dito. A era de inovação tecnológica, que estamos atravessando, é acompanhada por uma conjuntura social particular e sem precedentes: sobre os grandes temas da vida social, torna-se cada vez mais difícil encontrar consensos. Mesmo em comunidades caracterizadas por uma certa continuidade cultural, surgem frequentemente debates acesos e confrontos que dificultam a produção de reflexões e soluções políticas comuns orientadas para a procura do que é bom e justo. Além da complexidade de visões legítimas que caracterizam a família humana, surge um fator que parece unir essas diferentes instâncias. Regista-se como que uma perda ou, pelo menos, um eclipse do sentido do humano e uma aparente insignificância do conceito de dignidade humana [12]. Parece que se está a perder o valor e o significado profundo de uma das categorias fundamentais do Ocidente: a categoria de pessoa humana. E assim, nesta era em que os programas de inteligência artificial questionam o ser humano e as suas ações, é precisamente a fraqueza do ethos ligado à perceção do valor e da dignidade da pessoa humana que corre o risco de ser o maior vulnus na implementação e no desenvolvimento destes sistemas. Efetivamente, não devemos esquecer que nenhuma inovação é neutra. A tecnologia nasce com um propósito e, com o seu impacto na sociedade humana, representa sempre uma forma de ordem nas relações sociais e uma disposição de poder, permitindo a uns realizar determinadas ações, enquanto a outros impede de concretizar outras. Esta dimensão constitutiva de poder da tecnologia inclui sempre, de uma maneira mais ou menos explícita, a visão do mundo de quem a criou e desenvolveu.

O mesmo se aplica aos programas de inteligência artificial. Para que estes sejam instrumentos de construção do bem e de um amanhã melhor, devem estar sempre orientados ao bem de cada ser humano. Devem ter uma inspiração ética.

Com efeito, a decisão ética é aquela que tem em conta não apenas os resultados de uma ação, mas também os valores em jogo e os deveres que deles derivam. Por isso, congratulei-me com a assinatura da Rome Call for AI Ethics [13], na cidade de Roma em 2020, e com o seu apoio a essa forma de moderação ética dos algoritmos e programas de inteligência artificial, que designei de “algor-ética” [14]. Num contexto plural e global, em que se apresentam também sensibilidades diferentes e hierarquias plurais nas escalas de valores, poderia parecer difícil encontrar uma única hierarquia de valores. Mas na análise ética, também podemos recorrer a outros tipos de instrumentos: se tivermos dificuldade em definir um único conjunto de valores globais, podemos encontrar alguns princípios comuns com os quais enfrentar e resolver eventuais dilemas ou conflitos da vida.

Foi por esta razão que nasceu a Rome Call: no termo “algor-ética” condensam-se uma série de princípios que se revelam uma plataforma global e plural capaz de encontrar o apoio de culturas, religiões, organizações internacionais e grandes empresas, que são protagonistas deste desenvolvimento.

A política de que precisamos

Porque é inerente ao seu mecanismo fundamental, não podemos esconder o risco concreto de que a inteligência artificial limita a visão do mundo a realidades expressáveis em números e encerradas em categorias pré-concebidas, excluindo o contributo de outras formas de verdade e impondo modelos antropológicos, socioeconómicos e culturais uniformes. O paradigma tecnológico incarnado pela inteligência artificial corre, pois, o risco de dar lugar a um paradigma muito mais perigoso, que identifiquei como “paradigma tecnocrático” [15]. Não podemos permitir que um instrumento tão poderoso e indispensável como a inteligência artificial reforce tal paradigma; pelo contrário, devemos fazer da inteligência artificial precisamente um baluarte contra a sua expansão.

E é exatamente aqui que a ação política é urgente, como lembra a Encíclica Fratelli tutti. É certo que «muitos possuem uma má noção da política, e não se pode ignorar que frequentemente, por trás deste facto, estão os erros, a corrupção e a ineficiência de alguns políticos. A isto vêm juntar-se as estratégias que visam enfraquecê-la, substituí-la pela economia ou dominá-la por alguma ideologia. E contudo poderá o mundo funcionar sem política? Poderá encontrar um caminho eficaz para a fraternidade universal e a paz social sem uma boa política?» [16].

A nossa resposta a estas últimas perguntas é: não! A política é necessária! Quero repetir nesta ocasião que «perante tantas formas de política mesquinhas e fixadas no interesse imediato [...], a grandeza política mostra-se quando, em momentos difíceis, se trabalha com base em grandes princípios e pensando no bem comum a longo prazo. O poder político tem muita dificuldade em assumir este dever num projeto de naçãoe, mais ainda, num projeto comum para a humanidade presente e futura» [17].

Prezadas Senhoras, Ilustres Senhores!

Esta minha reflexão sobre os efeitos da inteligência artificial no futuro da humanidade leva-nos assim a considerar a importância duma “política sã” para olharmos o nosso futuro com esperança e confiança. Como já disse noutros lugares, «a sociedade mundial tem graves carências estruturais que não se resolvem com remendos ou soluções rápidas meramente ocasionais. Há coisas que devem ser mudadas com reajustamentos profundos e transformações importantes. E só uma política sã poderia conduzir o processo, envolvendo os mais diversos setores e os conhecimentos mais variados. Desta forma, uma economia integrada num projeto político, social, cultural e popular que vise o bem comum pode “abrir caminho a oportunidades diferentes, que não implica frenar a criatividade humana nem o seu sonho de progresso, mas orientar esta energia por novos canais” ( Laudato si’,191)» [18].

É precisamente este o caso da inteligência artificial. Cabe a todos nós fazer um bom uso dela, e cabe à política criar as condições para que essa boa utilização seja possível e frutuosa.

Obrigado.


[1] Francisco, Mensagem para a LVII Jornada Mundial da Paz (1/I/2024), 1.

[2] Cf. ibid.

[3] Cf. ibid., 2.

[4] Esta ambivalência foi já percebida pelo Papa São Paulo VI no seu Discurso aos funcionários do “Aloysianum de Gallarate” (19/VI/1964).

[5] Cf. A. Gehlen, L’uomo. La sua natura e il suo posto nel mondo, Milano 1983, 43.

[6] Cf. Francisco, Carta enc. Laudato si’ (24/V/2015), 102-114.

[7] Cf. Francisco, Mensagem para a LVII Jornada Mundial da Paz (1/I/2024), 3.

[8] As intuições de Marshall McLuhan e de John M. Culkin são particularmente pertinentes para as consequências do uso da inteligência artificial.

[9] Cf. Francisco, Discurso aos participantes da Plenária da Pontifícia Academia para a Vida (28/II/2020).

[10] Cf. Francisco, Mensagem para a LVII Jornada Mundial da Paz (1/I/2024), 4.

[11] Cf. Francisco, Mensagem para a LVII Jornada Mundial da Paz (1/I/2024), 3 e 7.

[12] Cf. Dicastério para a Doutrina da Fé, Declaração Dignitas infinita sobre a dignidade humana (2/IV/2024).

[13] Cf. Francisco, Discurso aos participantes da Plenária da Pontifícia Academia para a Vida (28/II/2020).

[14] Cf. Francisco, Discurso aos participantes no Congresso sobre a dignidade dos menores no mundo digital (14/XI/2019); Cf. Discurso aos participantes da Plenária da Pontifícia Academia para a Vida (28/II/2020).

[15] Para uma exposição mais ampla, remeto para a minha Carta Encíclica Laudato si’ sobre o cuidado da casa comum de 24 de maio de 2015.

[16] Carta Enc. Fratelli tutti sobre a fraternidade e a amizade social (3/X/2020), 176

[17] Ibid., 178.

[18] Ibid., 179.



Copyright © Dicastero per la Comunicazione - Libreria Editrice Vaticana

 

Discours du pape François au sommet du G7 || 14 juin 2024

ORDENACIONES SACERDOTALES.

Palavra de Deus | Uma mentira que pode te destruir (Mt 5,33-37) Ir. Mari...

Hoje é celebrada santa Maria Micaela, que resgatou muitas mulheres da prostituição


Santa Maria Micaela do Santíssimo Sacramento Santa Maria Micaela do Santíssimo Sacramento

A Igreja celebra hoje (15) santa Maria Micaela do Santíssimo Sacramento, religiosa espanhola, fundadora da Congregação feminina “Adoradoras Escravas do Santíssimo Sacramento e da Caridade”.

"Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem" (Sl 126)

Santa Maria Micaela tinha um lema de vida que pediu para colocar em cada uma das casas da Congregação: "Minha Providência e sua fé manterão a casa de pé". Com isso, a madre queria que as suas filhas sempre fossem conscientes da necessária colaboração entre a graça de Deus e o esforço humano, para que as pequenas e grandes batalhas da vida fossem travadas de maneira cristã.

Santa Maria Micaela conhecia muito bem essas lutas espirituais, já que dedicou a sua vida, com abnegado espírito apostólico, a resgatar as mulheres das garras da prostituição.

Missão: a dignidade da mulher

Santa Maria Micaela nasceu em Madri, Espanha, em 1809, no seio de uma família aristocrática. Seu nome completo, muito longo, por sinal, era María de la Soledad Micaela Agustina Antonia Bibiana Desmaissières y López de Dicastillo, Viscondessa de Jorbalán.

Apesar de sua condição social, desde pequena teve que enfrentar grandes dificuldades e dores: seus pais morreram inesperadamente, sua irmãzinha enlouqueceu e sua outra irmã foi exilada da Espanha por motivos políticos.

Por alguns anos, Maria Micaela teve que acompanhar seu irmão mais velho enquanto ele servia como embaixador em Paris e depois em Bruxelas. Ela costumava levantar cedo todos os dias para não deixar de cumprir suas práticas de piedade, ir à missa e depois ter tempo suficiente para obras de caridade entre os pobres e doentes.

A partir do meio-dia, Maria Micaela mudava completamente de atividade e se comportava como deveria ser a irmã de um embaixador. Costumava frequentar banquetes diplomáticos e outras atividades protocolares. Nelas exibia o mesmo sorriso e gentileza com que começava o dia, pois para ela tudo tinha que ser feito com caridade.

Ao voltar a Madri, Maria Micaela visitou o hospital São João de Deus acompanhada por Maria Ignacia Rico. No hospital, ela se deparou com uma dura realidade: o hospital estava cheio de prostitutas que sofriam de varíola e outras doenças terríveis.

Maria Micaela ficou impressionada com aquela condição horrível e cruel que essas mulheres sofriam. Não só estavam abandonadas, violadas em sua dignidade e rejeitadas socialmente, mas também eram vítimas da doença.

“Todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25,40)

Ela e Inácia conseguiram uma casinha para abrigar aquelas mulheres, a maioria delas muito jovens, e assim passaram a protegê-las, salvá-las do meretrício e resgatá-las em sua dignidade humana e cristã. Tal tipo de ajuda - impensável para muitos - gerou fofocas e mal-entendidos por parte da alta sociedade espanhola e, embora possa parecer absurdo, também por parte do clero.

A condenação social de Maria Micaela traduziu-se numa rejeição aberta, mesmo por parte dos seus amigos mais próximos. A santa, então, decidiu deixar a casa da família, que ficava num bairro elegante, e ir morar ao lado daqueles a quem havia decidido servir como Cristo aos homens.

"Minha Providência e sua fé manterão a casa de pé" (Santa Maria Micaela)

Santa Maria Micaela era uma mulher de profunda oração, sensível aos movimentos do Espírito Santo e muito obediente. Nenhuma dessas coisas foi fácil para ela, mas seu desejo de “manter a casa de pé” era grande. Teve diferentes e bons diretores espirituais, embora, provavelmente, quem melhor soube acompanhá-la em seu caminho espiritual tenha sido santo Antônio Maria Claret.

Muitas histórias falam do zelo que a impulsionava no cuidado das almas. Um dia, por exemplo, ela foi a um bordel decidida a resgatar uma garota que estava lá obrigada. Maria Micaela foi insultada e espancada, atiraram-lhe pedras e agrediram-na com gestos obscenos.

Nada conseguiu fazê-la mudar de ideia. Maria Micaela tirou a menina, abrindo caminho entre os atacantes.

Fundação

Em outra ocasião, a rainha da Espanha a procurou para pedir conselhos. A santa veio solícita para oferecer sua ajuda. Algum tempo depois, em agradecimento, a rainha a apoiou em seu projeto mais ambicioso: a fundação da comunidade das Irmãs Adoradoras do Santíssimo Sacramento - uma congregação cujos membros se dedicam à adoração de Jesus na Eucaristia e à assistência a mulheres em risco ou vítimas de abuso.

Ao encontro do Senhor

Madre Maria Micaela ajudou pessoas doentes durante anos sem ser infectada, mesmo quando a peste do tifo negro assolou Madri. Infelizmente, em 1865, durante uma viagem para ajudar os pacientes de cóler em Valência, ela contraiu a doença mortal.

Ela morreu em 24 de agosto daquele ano e foi canonizada em 1934.

 

Laudes de Sábado da 10ª Semana do Tempo Comum

sexta-feira, 14 de junho de 2024

Missa desde a Basílica da Santíssima Trindade do Santuário de Fátima 14...

Procissão de Santo António 2024

Confirmation of fears

"Abençoados e felizes". Humoristas portugueses encontram-se com o Papa

 


O encontro é organizado pelo Dicastério para a Cultura e a Educação, presidido pelo cardeal português José Tolentino Mendonça, e pelo Dicastério da Comunicação da Santa Sé.

O Papa encontrou-se esta sexta-feira, no Vaticano, com 105 humoristas de todo o mundo, incluindo os portugueses Ricardo Araújo Pereira, Joana Marques e Maria Rueff, para "estabelecer um diálogo entre a Igreja Católica" e aquele setor da Cultura.

O encontro foi organizado pelo Dicastério para a Cultura e a Educação, presidido pelo cardeal português José Tolentino Mendonça, e pelo Dicastério da Comunicação da Santa Sé. 

Um a um, os humoristas apresentaram-se perante o Papa, tendo alguns demorado escassos segundos no cumprimento e outros conseguido uma troca de palavras ou até uma fotografia com o chefe da Igreja Católica.

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Maria Rueff levou um presente
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O momento de Joana Marques com o Papa


“Vocês unem as pessoas, porque o riso é contagiante”, afirmou o Papa, acrescentando que reza há 40 anos por um bom sentido de humor, deixando um apelo em tom de brincadeira: “rezem por ele, não contra ele.”

“Vocês conseguem fazer as pessoas sorrir mesmo que lidem com problemas e acontecimentos, grandes e pequenos. Vocês denunciam abusos de poder; vocês dão voz a situações esquecidas; vocês destacam abusos; vocês apontam comportamentos inadequados”, acrescentou o pontíficie. 

O Papa disse que o humor pode superar “barreiras sociais” e ajudar a criar “conexões entre as pessoas”. “Embora a comunicação crie muitos conflitos atualmente, vocês sabem como reunir realidades diversas e às vezes contrárias. Quanto precisamos aprender com vocês!”, afirmou o líder da Igreja Católica.

"Abençoados e felizes", escreveu Maria Rueff no Instragram, numa foto com Joana Marques e Ricardo Araújo Pereira, após o encontro.

Joana Marques também partilhou vários momentos do encontro.

 

 

DN

DN/Lusa

Encontro com o mundo do humorismo, 14 de junho de 2024, Papa Francisco

Palavra de Deus | Deus abençoe e proteja o seu relacionamento (Mt 5,27-3...

Hoje é celebrada a bem-aventurada Nhá Chica, a “Santinha de Baependi”


Bem-aventurada Nhá Chica Bem-aventurada Nhá Chica

“É porque eu rezo com fé”, costumava dizer a bem-aventurada Francisca de Paula de Jesus àqueles que recorriam a ela. Negra, analfabeta e filha de escravos, Nhá Chica, como ficou conhecida, dedicou sua vida humilde à caridade e é celebrada hoje (14).

Francisca de Paula de Jesus nasceu em 1808 em São João del-Rei (MG) e mudou-se com a mãe e o irmão para Baependi, no mesmo estado. Ficou órfão aos dez anos, seu irmão tinha 12 anos, e os dois ficaram sob os cuidados de Nossa Senhora, a quem Francisca logo passou a chamar de “Minha Sinhá”.

Foi de sua mãe que ela recebeu uma grande devoção a Nossa Senhora da Conceição, que carregou ao longo de toda a sua vida. Soube administrar bem tal herança espiritual e ficou conhecida como “mãe dos pobres”.

Nunca se casou, porque decidiu dedicar-se totalmente ao Senhor. Sendo analfabeta, gostava quando alguém lia para ela as Sagradas Escrituras. Não pertenceu a uma organização religiosa e era respeitada por todos que a conheciam, desde o mais humilde dos homens aos mais poderosos de seu tempo.

Sempre atendeu com especial atenção cada pessoa que a procurava, muitos em busca de conselhos, palavras de conforto e oração.

Uma das coisas que se destaca em sua vida é a novena que compôs à Nossa Senhora da Conceição. Do mesmo modo, em honra a Ela, construiu ao lado de sua casa uma pequena igreja, onde venerava uma imagem desta devoção mariana e diante da qual rezava piedosamente por todas as pessoas que se recomendavam a ela.

Em 1954, esta igreja foi confiada à Congregação das Irmãs Franciscanas do Senhor e, atualmente, é o santuário de Nossa Senhora da Conceição. Ao lado do templo é realizado um trabalho de assistência a crianças carentes que é mantido por devotos de Nhá Chica.

Finalmente, depois de uma vida dedicada à oração e ao serviço aos necessitados, a Santinha de Baependi morreu em 14 de junho de 1895.

Em maio de 2013, em uma histórica cerimônia para a Igreja no Brasil, foi beatificada, após o reconhecido da cura milagrosa de um problema de nascença no coração da professora Ana Lucia Meirelles Leite, o qual, no momento em que ela ia ser operada, foi constatado pelos médicos que havia desaparecido.

 

Laudes de Sexta-feira da 10ª Semana do Tempo Comum

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Transmissão em directo da Igreja de Santo António de Lisboa

La Tumba de San Antonio de Padua y su Lengua Incorrupta

Programa Ecclesia de 13 de Junho de 2024

Poema para um menino

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O VIII DIA MUNDIAL DOS POBRES

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA O VIII DIA MUNDIAL DOS POBRES

XXXIII Domingo do Tempo Comum
17 de novembro de 2024

A oração do pobre eleva-se até Deus (cf. Sir 21, 5)

Caros irmãos e irmãs!

1. A oração do pobre eleva-se até Deus (cf. Sir 21, 5). No ano dedicado à oração, em vista do Jubileu Ordinário de 2025, esta expressão da sabedoria bíblica é ainda mais oportuna a fim de nos preparar para o VIII Dia Mundial dos Pobres, que acontecerá no próximo 17 de novembro. A esperança cristã inclui também a certeza de que a nossa oração chega à presença de Deus; não uma oração qualquer, mas a oração do pobre. Reflitamos sobre esta Palavra e “leiamo-la” nos rostos e nas histórias dos pobres que encontramos no nosso dia-a-dia, para que a oração se torne um modo de comunhão com eles e de partilha do seu sofrimento.

2. O livro de Ben-Sirá, ao qual nos referimos, não é muito conhecido e merece ser descoberto pela riqueza dos temas que aborda, sobretudo quando se refere à relação do homem com Deus e com o mundo. O seu autor, Ben-Sirá, é um mestre, um escriba de Jerusalém que, provavelmente, escreve no século II a.C. Radicado na tradição de Israel, é um homem sábio, que ensina sobre vários domínios da vida humana: desde o trabalho à família, desde a vida em sociedade à educação dos jovens; presta atenção às questões relacionadas com a fé em Deus e a observância da Lei. Aborda os problemas nada fáceis da liberdade, do mal e da justiça divina, que hoje são de grande atualidade também para nós. Inspirado pelo Espírito Santo, Ben-Sirá pretende transmitir a todos o caminho a seguir para uma vida sábia e digna de ser vivida diante de Deus e dos irmãos.

3. Um dos temas a que este autor sagrado dedica mais espaço é a oração, e fá-lo com grande ardor, porque dá voz à sua própria experiência pessoal. Efetivamente, nenhum texto sobre a oração poderia ser eficaz e fecundo se não partisse de quem se encontra diariamente na presença de Deus e escuta a sua Palavra. Ben-Sirá declara que, desde a sua juventude, procurou a sabedoria: «Quando eu era ainda jovem, antes de ter viajado, busquei abertamente a sabedoria na oração» (Sir 51, 13).

4. No seu caminho, descobre uma das realidades fundamentais da revelação, ou seja, o facto de os pobres terem um lugar privilegiado no coração de Deus, a tal ponto que, perante o seu sofrimento, Deus se “impacienta” enquanto não lhes faz justiça: «A oração do humilde penetrará as nuvens, e não se consolará, enquanto ela não chegar até Deus. Ele não se afastará, enquanto o Altíssimo não olhar, não fizer justiça aos justos e restabelecer a equidade. O Senhor não tardará nem terá paciência com os opressores» (Sir 35, 17-19). Deus, porque é um Pai atento e carinhoso para com todos, conhece os sofrimentos dos seus filhos. Como Pai, preocupa-se com aqueles que mais precisam dele: os pobres, os marginalizados, os que sofrem, os esquecidos... Ninguém está excluído do seu coração, uma vez que, diante d’Ele, todos somos pobres e necessitados. Somos todos mendigos, pois sem Deus não seríamos nada. Nem sequer teríamos vida se Deus não no-la tivesse dado. E, no entanto, quantas vezes vivemos como se fôssemos os donos da vida ou como se tivéssemos de a conquistar! A mentalidade mundana pede que sejamos alguém, que nos tornemos famosos independentemente de tudo e de todos, quebrando as regras sociais para alcançar a riqueza. Que triste ilusão! A felicidade não se adquire espezinhando os direitos e a dignidade dos outros.

A violência causada pelas guerras mostra claramente quanta arrogância move aqueles que se consideram poderosos aos olhos dos homens, enquanto aos olhos de Deus são miseráveis. Quantos novos pobres produz esta má política das armas, quantas vítimas inocentes! Contudo, não podemos recuar. Os discípulos do Senhor sabem que cada um destes “pequeninos” traz gravado em si o rosto do Filho de Deus, e que a nossa solidariedade e o sinal da caridade cristã devem chegar até eles. «Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 187).

5. Neste ano dedicado à oração, precisamos de fazer nossa a oração dos pobres e rezar com eles. É um desafio que temos de aceitar e uma ação pastoral que precisa de ser alimentada. Com efeito, «a pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual. A imensa maioria dos pobres possui uma especial abertura à fé; tem necessidade de Deus e não podemos deixar de lhe oferecer a sua amizade, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a proposta dum caminho de crescimento e amadurecimento na fé. A opção preferencial pelos pobres deve traduzir-se, principalmente, numa solicitude religiosa privilegiada e prioritária» (ibid., 200).

Tudo isto requer um coração humilde, que tenha a coragem de se tornar mendigo. Um coração pronto a reconhecer-se pobre e necessitado. Existe, efetivamente, uma correspondência entre pobreza, humildade e confiança. O verdadeiro pobre é o humilde, como afirmava o santo bispo Agostinho: «O pobre não tem de que se orgulhar, o rico tem o orgulho para combater. Portanto, escuta-me: sê um verdadeiro pobre, sê virtuoso, sê humilde» (Discursos, 14, 4). O homem humilde não tem nada de que se vangloriar nem nada a reclamar, sabe que não pode contar consigo próprio, mas acredita firmemente que pode recorrer ao amor misericordioso de Deus, diante do qual se encontra como o filho pródigo que regressa a casa arrependido para receber o abraço do pai (cf. Lc 15, 11-24). O pobre, sem nada em que se apoiar, recebe a força de Deus e coloca n’Ele toda a sua confiança. Com efeito, a humildade gera a confiança de que Deus nunca nos abandonará e não nos deixará sem resposta.

6. Aos pobres que habitam as nossas cidades e fazem parte das nossas comunidades, recomendo que não percam esta certeza: Deus está atento a cada um de vós e está perto de vós. Ele não se esquece de vós, nem nunca o poderia fazer. Todos nós fazemos orações que parecem não ter resposta. Por vezes, pedimos para sermos libertados de uma miséria que nos faz sofrer e nos humilha, e Deus parece não ouvir a nossa invocação. Mas o silêncio de Deus não significa distração face ao nosso sofrimento; pelo contrário, contém uma palavra que pede para ser acolhida com confiança, abandonando-nos a Ele e à sua vontade. É ainda Ben-Sirá que o testemunha: “O juízo de Deus será em favor dos pobres” (cf. 21, 5). Da pobreza, portanto, pode brotar o canto da mais genuína esperança. Lembremo-nos de que «quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem. […] Esta não é a vida no Espírito que jorra do coração de Cristo ressuscitado» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 2).

7. O Dia Mundial dos Pobres tornou-se um compromisso na agenda de cada comunidade eclesial. É uma oportunidade pastoral que não deve ser subestimada, porque desafia cada fiel a escutar a oração dos pobres, tomando consciência da sua presença e das suas necessidades. É uma ocasião propícia para realizar iniciativas que ajudem concretamente os pobres, e também para reconhecer e apoiar os numerosos voluntários que se dedicam com paixão aos mais necessitados. Devemos agradecer ao Senhor pelas pessoas que se disponibilizam para escutar e apoiar os mais pobres: sacerdotes, pessoas consagradas e leigos que, com o seu testemunho, são a voz da resposta de Deus às orações daqueles que a Ele recorrem. Portanto, o silêncio quebra-se sempre que se acolhe e abraça um irmão necessitado. Os pobres têm ainda muito para ensinar, porque numa cultura que colocou a riqueza em primeiro lugar e que sacrifica muitas vezes a dignidade das pessoas no altar dos bens materiais, eles remam contra a corrente, tornando claro que o essencial da vida é outra coisa.

A oração, por conseguinte, encontra o certificado da sua autenticidade na caridade que se transforma em encontro e proximidade. Se a oração não se traduz em ações concretas, é vã; efetivamente, «a fé sem obras está morta» (Tg 2, 26). Contudo, a caridade sem oração corre o risco de se tornar uma filantropia que rapidamente se esgota. «Sem a oração quotidiana, vivida com fidelidade, o nosso fazer esvazia-se, perde a alma profunda, reduz-se a um simples ativismo» (BENTO XVI, Catequese, 25 de abril de 2012). Devemos evitar esta tentação e estar sempre vigilantes com a força e a perseverança que nos vem do Espírito Santo, que é dador de vida.

8. Neste contexto, é bom recordar o testemunho que nos deixou Madre Teresa de Calcutá, uma mulher que deu a vida pelos pobres. Esta santa repetia continuamente que a oração era o lugar donde tirava força e fé para a sua missão de serviço aos últimos. Quando falou na Assembleia Geral da ONU, a 26 de outubro de 1985, mostrando a todos as contas do terço que trazia sempre na mão, disse: «Sou apenas uma pobre freira que reza. Ao rezar, Jesus põe o seu amor no meu coração e eu vou dá-lo a todos os pobres que encontro no meu caminho. Rezai vós também! Rezai, e sereis capazes de ver os pobres que tendes ao vosso lado. Talvez no mesmo andar da vossa casa. Talvez até nas vossas próprias casas há quem espera pelo vosso amor. Rezai, e abrir-se-ão os vossos olhos e encher-se-á de amor o vosso coração».

E como não recordar aqui, na cidade de Roma, São Bento José Labre (1748-1783), cujo corpo jaz e é venerado na igreja paroquial de Santa Maria ai Monti. Peregrino desde França até Roma, rejeitado em muitos mosteiros, viveu os seus últimos anos pobre entre os pobres, passando horas e horas em oração diante do Santíssimo Sacramento, com o terço, recitando o breviário, lendo o Novo Testamento e a Imitação de Cristo. Não tendo sequer um pequeno quarto para se alojar, dormia habitualmente num canto das ruínas do Coliseu, como “vagabundo de Deus”, fazendo da sua existência uma oração incessante que subia até Ele.

9. No caminho para o Ano Santo, exorto todos a fazerem-se peregrinos da esperança, dando sinais concretos de um futuro melhor. Não nos esqueçamos de guardar «os pequenos detalhes do amor» (Exort. ap. Gaudete et Exsultate, 145): parar, aproximar-se, dar um pouco de atenção, um sorriso, uma carícia, uma palavra de conforto... Estes gestos não podem ser improvisados; antes, exigem uma fidelidade quotidiana, muitas vezes escondida e silenciosa, mas fortalecida pela oração. Neste momento, em que o canto da esperança parece dar lugar ao ruído das armas, ao grito de tantos inocentes feridos e ao silêncio das inúmeras vítimas das guerras, dirijamos a Deus a nossa invocação de paz. Somos pobres de paz e, para a acolher como um dom precioso, estendemos as mãos, ao mesmo tempo que nos esforçamos por costurá-la no dia-a-dia.

10. Em todas as circunstâncias, somos chamados a ser amigos dos pobres, seguindo os passos de Jesus, que foi o primeiro a solidarizar-se com os últimos. Que a Santa Mãe de Deus, Maria Santíssima, nos sustente neste caminho; ela que, aparecendo em Banneux, nos deixou uma mensagem a não esquecer: «Eu sou a Virgem dos pobres». A ela, a quem Deus olhou pela sua humilde pobreza e em quem realizou grandes coisas com a sua obediência, confiemos a nossa oração, convictos de que subirá até ao céu e será ouvida.

Roma – São João de Latrão, na Memória de Santo António, Patrono dos pobres, 13 de junho de 2024.

FRANCISCO



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