sexta-feira, 28 de junho de 2024

Papa Francisco fala das “Igrejas mártires” do Oriente


Papa Francisco na Audiência Geral de 26 de junho. ??
Papa Francisco na Audiência Geral de 26 de junho. | Crédito: Vatican Media.

O papa Francisco recebeu na manhã de hoje (27) no Palácio Apostólico do Vaticano os participantes da Assembleia “Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais” (ROACO), que termina hoje em Roma. Ele falou do sofrimento dos cristãos orientais por causa dos conflitos armados que devastam as suas terras.

As Igrejas mártires do Oriente

Para o papa Francisco, as Igrejas do Oriente são “Igrejas que devem ser amadas”, porque “preservam tradições espirituais e de sabedoria únicas e têm muito para nos dizer sobre a vida cristã, a sinodalidade e a liturgia”.

No entanto, Francisco lamentou que a sua “beleza esteja ferida”, porque “foram esmagadas por uma pesada cruz e tornaram-se ‘Igrejas mártires’: trazem dentro de si os estigmas de Cristo”.

“Sim, assim como a carne do Senhor foi trespassada pelos pregos e pela lança, tantas comunidades orientais estão feridas e sangrando devido aos conflitos e às violências que sofrem”, disse.

O papa recordou o objetivo da assembleia da ROACO que é “encontrar a melhor maneira de nos unir e aliviar o sofrimento de nossos irmãos e irmãs orientais” e disse que “não podemos ficar indiferentes”.

Ele os exortou a continuar apoiando as Igrejas Orientais Católicas “nestes tempos dramáticos”, para que possam “estar firmemente enraizadas no Evangelho”.

“Sejam um incentivo para que o clero e os religiosos ouçam sempre o clamor do seu povo, admirável pela fé, colocando o Evangelho à frente das divergências ou dos interesses pessoais”, acrescentou.

Também pediu que sejam “semeadores de esperança, testemunhas chamadas, no estilo do Evangelho, a trabalhar com mansidão e sem clamor, cujo trabalho ‘não se destaca aos olhos do mundo, mas agrada aos de Deus’”.

“Obrigado por responder a quem destrói, reconstruindo; aos que se privam da dignidade, restaurando a esperança; às lágrimas das crianças, com o sorriso de quem ama; à lógica maligna do poder, com a lógica cristã do serviço”, continuou ele.

“As sementes que vocês plantam em solos poluídos pelo ódio e pela guerra brotarão, estou certo disso”, continuou o papa.

Basta! A violência nunca trará paz

O papa falou da guerra na Terra Santa, “onde tudo começou, onde os Apóstolos receberam o mandato de ir ao mundo para anunciar o Evangelho”, e disse que “os fiéis de todo o mundo estão chamados a demonstrar a sua proximidade e a encorajar os cristãos, ali e em todo o Médio Oriente, a serem mais fortes do que a tentação de abandonar as suas terras devastadas pelo conflito”.

“Quanta dor causa a guerra, ainda mais estridente e absurda nos lugares onde o Evangelho da paz foi promulgado! Aos que alimentam a espiral de conflitos e dela obtêm lucros e vantagens, repito: parem! Parem, porque a violência nunca trará paz”, disse.

Para o papa, é “urgente cessar fogo, reunir-se e dialogar para permitir a coexistência de diferentes povos, único caminho possível para um futuro estável”.

“Sendo a guerra, porém, uma aventura sem sentido e inconclusiva, ninguém sairá vitorioso: todos serão derrotados”, continuou.

“Ouçamos também o grito dos jovens, das pessoas comuns e dos povos, que estão cansados ​​da retórica belicosa, de refrões estéreis que culpam sempre os outros, dividindo o mundo entre bons e maus, de líderes que lutam para se sentar à volta de uma mesa para encontrar mediação e encorajar soluções”, disse o papa.

“Que se abram raios de paz para aquela querida população, que os prisioneiros de guerra sejam libertados e as crianças repatriadas. Promover a paz e libertar os presos são sinais distintivos da fé cristã”, disse ele.

O papa Francisco também citou os cristãos deslocados na região de Karabakh e disse que hoje, talvez mais do que nunca, “os cristãos orientais fogem de conflitos ou migram em busca de trabalho e de melhores condições de vida, ou seja, vivem na diáspora".

“Quem já teve que sair da sua terra corre o risco de também ser privado da sua identidade religiosa; e com o passar das gerações perde-se a herança espiritual do Oriente, uma riqueza incontornável para toda a Igreja Católica”, lamentou.

 

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