Foi divulgada esta quinta-feira (13/06) a mensagem do Papa
Francisco para o III Dia Mundial dos Pobres, que será celebrado em 17 de
novembro. O Santo Padre recorda que a promoção dos pobres, mesmo social, não é
um compromisso extrínseco ao anúncio do Evangelho.
Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano
«A esperança dos pobres
jamais se frustrará» (Sal 9, 19): as palavras do salmista são o tema escolhido
pelo Papa Francisco para o III Dia Mundial dos Pobres, que será celebrado
em 17 de novembro.
Esta celebração
instituída pelo Pontífice é fruto do Jubileu Extraordinário da Misericórdia e
se realiza no domingo anterior ao da festa de Cristo Rei.
Não aprendemos com a história
Em sua mensagem para a
edição deste ano, Francisco faz uma comparação entre a situação do pobre no
tempo do salmista e a situação atual e constata que pouco mudou.
“ Passam os séculos, mas
permanece imutável a condição de ricos e pobres, como se a experiência da
história não ensinasse nada. Assim, as palavras do salmo não dizem respeito ao
passado, mas ao nosso presente submetido ao juízo de Deus. ”
Francisco cita as “muitas
formas de novas escravidões”, como famílias obrigadas a deixar a sua terra;
órfãos que perderam os pais; jovens em busca duma realização profissional;
vítimas de tantas formas de violência, da prostituição à droga; sem esquecer os
milhões de migrantes instrumentalizados para uso político.
Lixeira humana
O Papa fala também das
periferias de nossas cidades, repletas de pessoas que vagueiam pelas ruas, em
busca de alimento. “Tendo-se tornado eles próprios parte duma lixeira humana,
são tratados como lixo, sem que isto provoque qualquer sentido de culpa em
quantos são cúmplices deste escândalo.”
Não obstante a descrição
de injustiça e sofrimento no salmo, há uma definição do pobre: é aquele que
«confia no Senhor» (cf. 9, 11), pois tem a certeza de que nunca será
abandonado.
“Na Escritura, o pobre é
o homem da confiança!”, escreve o Pontífice.
“É precisamente esta
confiança no Senhor, esta certeza de não ser abandonado, que convida o pobre à
esperança. Sabe que Deus não o pode abandonar.”
Compromisso intrínseco ao Evangelho
Jesus, por sua vez, não
teve medo de Se identificar com cada um deles. Francisco então adverte:
esquivar-se desta identificação equivale a ludibriar o Evangelho e diluir a
revelação.
Sobretudo num período
como o nosso, prossegue o Papa, é preciso reanimar a esperança e restabelecer a
confiança. “É um programa que a comunidade cristã não pode subestimar. Disso
depende a credibilidade do nosso anúncio e do testemunho dos cristãos.”
Francisco recorda que a
promoção dos pobres, mesmo social, não é um compromisso extrínseco ao anúncio
do Evangelho; pelo contrário, manifesta o realismo da fé cristã e a sua
validade histórica. Como exemplo, o Santo Padre cita Jean Vanier, que faleceu
recentemente, e o define como um “grande apóstolo dos pobres”.
Mudança de mentalidade
Por ocasião deste Dia
Mundial, Francisco não pede somente iniciativas de assistência, mas faz votos
de que aumente em cada um aquela atenção plena, que é devida a toda a pessoa
que se encontra em dificuldade.
“Não é fácil ser
testemunha da esperança cristã no contexto cultural do consumismo e do
descarte, sempre propenso a aumentar um bem-estar superficial e efêmero.
Requer-se uma mudança de mentalidade para redescobrir o essencial, para
encarnar e tornar incisivo o anúncio do Reino de Deus.”
Em sua mensagem, o
Pontífice não deixa de enaltecer o trabalho de inúmeros voluntários pelo mundo,
mas recorda que os pobres não precisam somente de uma “sopa quente ou de um
sanduíche”. “Precisam das nossas mãos para se reerguer, dos nossos corações
para sentir de novo o calor do afeto, da nossa presença para superar a solidão.
Precisam simplesmente de amor...”
Eis então a exortação final do Papa:
“ A todas as comunidades
cristãs e a quantos sentem a exigência de levar esperança e conforto aos
pobres, peço que se empenhem para que este Dia Mundial possa reforçar em muitos
a vontade de colaborar concretamente para que ninguém se sinta privado da
proximidade e da solidariedade. ”
(vaticannews)
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