segunda-feira, 30 de junho de 2025
Hoje a Igreja celebra os santos protomártires de Roma, vítimas da mentira de Nero
Santos protomártires de Roma, vítimas da mentira de NeroPor Redação central
30 de jun de 2025 às 00:01
“A esses homens que levaram uma vida santa, veio juntar-se uma grande multidão de eleitos que, por causa dos ciúmes, sofreram todo o tipo de maus tratos e suplícios e deram um magnífico exemplo entre nós”, dizia em uma carta aos Coríntios o papa são Clemente I.
Com o anúncio da Boa Nova dos Apóstolos, o número de fiéis foi crescendo cada vez mais. No entanto, o Senado romano rejeitou esta nova religião, que era contrária às tradições de Roma, e a declarou ilegal até o ano 35 d.C.
Mais tarde, para escapar da acusação de ter incendiado Roma, Nero culpou os cristãos, acusando-os de ser uma religião maléfica, que praticava o canibalismo, ao não entender o sentido da Eucaristia, e difamando-os como incestuosos, pelo costume que tinham de chamar-se irmãos e dar o beijo da paz.
Foi assim que desencadeou uma série de perseguições na qual milhares de cristãos deram suas vidas para proclamar e crer no verdadeiro amor de Deus que Jesus Cristo ensinou.
O Martirológio Jeronimiano é o primeiro a comemorar o martírio de mais de 900 pessoas nos tempos de Nero, com data de 29 de junho, o mesmo dia de são Pedro e são Paulo.
Atribui-se a são Pio V a primeira menção no Martirológio Romano desses protomártires com data de 24 de junho. Atualmente, a Igreja os celebra em 30 de junho.
domingo, 29 de junho de 2025
Angelus 29 de junho de 2025 - Papa Leão XIV
SOLENIDADE DOS SANTOS APÓSTOLOS PEDRO E PAULO
PAPA LEÃO XIV
ANGELUS
Praça de Sāo Pedro
Domingo, 29 de junho de 2025
Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
Hoje é a grande festa da Igreja de Roma, gerada pelo testemunho dos Apóstolos Pedro e Paulo e fecundada pelo seu sangue e pelo de muitos outros mártires. Também nos nossos dias, em todo o mundo, há cristãos que o Evangelho torna generosos e audazes, também à risco da própria vida. Existe, portanto, um ecumenismo de sangue, uma unidade invisível e profunda entre as Igrejas cristãs, mesmo que não vivam ainda uma comunhão plena e visível entre si. Por isso, nesta solene festa, quero confirmar que o meu serviço episcopal é um serviço à unidade e que a Igreja de Roma está empenhada, pelo sangue dos Santos Pedro e Paulo, em servir com amor a comunhão entre todas as Igrejas.
A pedra, da qual Pedro recebe até mesmo o próprio nome, é Cristo. Uma pedra rejeitada pelos homens e que Deus transformou em pedra angular. Esta praça e as basílicas papais de São Pedro e São Paulo dizem-nos como este paradoxo continua sempre. Encontram-se no limite da antiga cidade, “fora dos muros”, como dizemos ainda hoje. O que hoje nos parece grande e glorioso foi primeiro descartado e expulso porque estava em contradição com a mentalidade mundana. Quem segue Jesus encontra-se a percorrer o caminho das bem-aventuranças, onde a pobreza de espírito, a mansidão, a misericórdia, a fome e sede de justiça, e o trabalho pela paz encontram oposição e até perseguição. No entanto, a glória de Deus brilha nos seus amigos e os vai moldando, ao longo do caminho, de conversão em conversão.
Queridos irmãos e irmãs, nos túmulos dos Apóstolos, destino de peregrinação desde há milhares de anos, descobrimos que também nós podemos viver de conversão em conversão. O Novo Testamento não esconde os erros, as contradições, os pecados daqueles que veneramos como os maiores entre os Apóstolos. Na verdade, a sua grandeza foi moldada pelo perdão. O Ressuscitado foi buscá-los, mais do que uma vez, para os colocar de novo no seu caminho. Jesus nunca chama apenas uma vez. É por isso que todos nós podemos sempre ter esperança, como também nos recorda o Jubileu.
Irmãs e irmãos, a unidade na Igreja e entre as Igrejas alimenta-se do perdão e da confiança mútua. A começar pelas nossas famílias e comunidades. Porque se Jesus confia em nós, também nós podemos confiar uns nos outros, em seu Nome. Que os Apóstolos Pedro e Paulo, junto à Virgem Maria, intercedam por nós, para que neste mundo dilacerado a Igreja seja casa e escola de comunhão.
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Depois do Angelus
Queridos irmãos e irmãs,
Asseguro as minhas orações pela comunidade da Escola "Barthélémy Boganda" de Bangui, na República Centro-Africana, em luto pelo trágico acidente que causou numerosos mortos e feridos entre os estudantes. Que o Senhor conforte as famílias e toda a comunidade!
Dirijo a minha saudação a todos vós, e hoje, de modo especial, aos fiéis de Roma, na festa dos Santos Padroeiros! Quero dirigir um pensamento cheio de afeto aos párocos e a todos os sacerdotes que trabalham nas paróquias de Roma, com gratidão e encorajamento pelo seu serviço.
Nesta festa, celebramos também o dia do Óbolo de São Pedro, sinal de comunhão com o Papa e de participação no seu ministério apostólico. Agradeço vivamente a todos aqueles que, com a sua oferta, apoiam os meus primeiros passos como Sucessor de Pedro.
Abençoo todos aqueles que, a partir dos locais romanos das memórias dos Santos Pedro e Paulo, participam no evento Quo Vadis? Agradeço a quantos organizaram com empenho esta iniciativa que ajuda a conhecer e a honrar os Santos Padroeiros de Roma.
Saúdo os fiéis de vários países que vieram acompanhar os seus Arcebispos Metropolitanos que hoje receberam o Pálio. Saúdo os peregrinos da Ucrânia – rezo sempre pelo vosso povo –, do México, da Croácia, da Polónia, dos Estados Unidos da América, da Venezuela, do Brasil, o Coro Santos Pedro e Paulo da Indonésia, assim como muitos fiéis da Eritreia que vivem na Europa; os grupos de Martina Franca, Pontedera, San Vendemiano e Corbetta; os acólitos de Santa Giustina in Colle e os jovens de Sommariva del Bosco.
Agradeço à Pro Loco di Roma Capitale e aos artistas que realizaram os tapetes florais na Via della Conciliazione e na Piazza Pio XII. Obrigado!
Saúdo os Cooperadores Guanelianos do Centro-Sul da Itália, a Associação de voluntariado de Chiari, os ciclistas de Fermo e de Varese, o grupo desportivo Aniene 80 e os peregrinos do "Spiritual Connection".
Irmãs e irmãos, continuemos a rezar para que, em toda a parte, sejam silenciadas as armas e se trabalhe pela paz através do diálogo.
Bom domingo para todos!
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Santa Missa na Solenidade dos Santos Pedro e Paulo Apóstolos 29 de junho...
CAPELA PAPAL
HOMILIA DO PAPA LEÃO XIV
Basílica de São Pedro
Sábado, 29 de junho de 2025
Queridos irmãos e irmãs:
Hoje celebramos dois irmãos na fé, Pedro e Paulo, que reconhecemos como colunas da Igreja e veneramos como patronos da diocese e da cidade de Roma.
A história destes dois Apóstolos interpela-nos de perto também a nós, Comunidade peregrina dos discípulos do Senhor no nosso tempo. Em particular, olhando para o seu testemunho, gostaria de sublinhar dois aspectos: a comunhão eclesial e a vitalidade da fé.
Em primeiro lugar, a comunhão eclesial. A liturgia desta solenidade mostra-nos como Pedro e Paulo foram chamados a viver um único destino, o do martírio, que os associou definitivamente a Cristo. Na primeira leitura, encontramos Pedro que, na prisão, aguarda a execução da sentença (cf. Act 12, 1-11); na segunda leitura, o apóstolo Paulo afirma, numa espécie de testamento e estando também ele preso, que o seu sangue está prestes a ser derramado e oferecido a Deus (cf. 2 Tim 4, 6-8.17-18). Assim, tanto Pedro como Paulo dão a vida pela causa do Evangelho.
No entanto, esta comunhão na única confissão de fé não é uma conquista pacífica. Os dois Apóstolos alcançam-na como uma meta a que chegam depois de um longo caminho, no qual cada um abraçou a fé e viveu o apostolado de forma diferente. A sua fraternidade no Espírito não apaga as diferenças de onde partiram: Simão era um pescador da Galileia, Saulo um intelectual rigoroso pertencente ao grupo dos fariseus; o primeiro deixa imediatamente tudo para seguir o Senhor; o segundo persegue os cristãos até ser transformado por Cristo Ressuscitado; Pedro prega sobretudo aos judeus; Paulo é impelido a levar a Boa Nova aos gentios.
Como sabemos, não faltaram conflitos entre os dois no que diz respeito à relação com os pagãos, a ponto de Paulo afirmar: «quando Cefas veio para Antioquia, opus-me frontalmente a ele, porque estava a comportar-se de modo condenável» (Gl 2, 11). E esta questão, conhecemo-lo bem, será tratada no Concílio de Jerusalém, no qual os dois Apóstolos voltarão a confrontar-se.
Caríssimos, a história de Pedro e Paulo ensina-nos que a comunhão a que o Senhor nos chama é uma harmonia de vozes e rostos, e não apaga a liberdade de cada um. Os nossos Padroeiros percorreram caminhos diferentes, tiveram ideias diferentes, por vezes confrontaram-se e discordaram com franqueza evangélica. Mas isso não os impediu de viver a concordia apostolorum, ou seja, uma viva comunhão no Espírito, uma sintonia fecunda na diversidade. Como afirma Santo Agostinho, «temos um só dia para as Paixões dos dois Apóstolos. Eles eram dois e formavam um só ser. Embora tivessem sofrido em dias diferentes, eles formavam um só ser» (Sermão 295, 7.7).
Tudo isto nos interroga sobre o caminho da comunhão eclesial. Ela nasce do impulso do Espírito, une a diversidade e constrói pontes de unidade na variedade de carismas, dons e ministérios. É importante aprender desta forma a viver a comunhão, como unidade na diversidade, para que a variedade dos dons, ligados na confissão da única fé, contribua para o anúncio do Evangelho. Por este caminho somos chamados a caminhar, olhando precisamente para Pedro e Paulo, porque todos temos necessidade desta fraternidade. A Igreja precisa dela, as relações entre os leigos e os presbíteros, entre os presbíteros e os Bispos, entre os Bispos e o Papa precisam dela; assim como precisam dela a vida pastoral, o diálogo ecuménico e a relação de amizade que a Igreja quer manter com o mundo. Empenhemo-nos em fazer da nossa diversidade um laboratório de unidade e comunhão, de fraternidade e reconciliação, para que cada pessoa na Igreja, com a sua história pessoal, aprenda a caminhar junto dos outros.
Os santos Pedro e Paulo interpelam-nos também sobre a vitalidade da nossa fé. Com efeito, na experiência do discipulado há sempre o risco de cair no hábito, no ritualismo, em padrões pastorais que se repetem sem renovação e sem captar os desafios do presente. Na história dos dois Apóstolos, pelo contrário, inspiramo-nos na sua disponibilidade para se abrirem à mudança, para se deixarem interpelar pelos acontecimentos, pelos encontros e pelas situações concretas das comunidades, para procurarem novos caminhos de evangelização a partir dos problemas e das questões colocadas pelos seus irmãos e irmãs na fé.
E, no centro do Evangelho que escutámos, está a pergunta que Jesus faz aos seus discípulos, e que hoje dirige também a nós, para que possamos discernir se o caminho da nossa fé conserva ainda o dinamismo e a vitalidade, se a chama da nossa relação com o Senhor continua acesa: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» (Mt 16, 15)
Todos os dias, em cada hora da história, devemos estar sempre atentos a esta pergunta. Se não quisermos que o nosso ser cristão se reduza a uma herança do passado, como tantas vezes nos alertou o Papa Francisco, é importante sair do risco de uma fé cansada e estática, para nos perguntarmos: quem é Jesus Cristo para nós hoje? Que lugar ocupa ele na nossa vida e na ação da Igreja? Como podemos testemunhar esta esperança na vida quotidiana e anunciá-la àqueles que encontramos?
Irmãos e irmãs, o exercício do discernimento, que nasce destas perguntas, permite que a nossa fé e a Igreja continuamente se renovem e experimentem novos caminhos e novas práticas no anúncio do Evangelho. Isto, juntamente com a comunhão, deve ser o nosso primeiro desejo. Hoje, de modo particular, gostaria de me dirigir à Igreja que está em Roma, porque, mais do que qualquer outra, é chamada a tornar-se sinal de unidade e comunhão, uma Igreja que arde com uma fé viva, uma Comunidade de discípulos que testemunham a alegria e a consolação do Evangelho em todas as situações humanas.
Na alegria desta comunhão, que o caminho dos Santos Pedro e Paulo nos convida a cultivar, saúdo os meus irmãos Arcebispos que hoje recebem o Pálio. Caríssimos, este sinal, ao mesmo tempo que recorda a tarefa pastoral que vos está confiada, exprime a vossa comunhão com o Bispo de Roma, para que, na unidade da fé católica, cada um de vós a alimente nas Igrejas locais que vos foram confiadas.
Em seguida, gostaria de saudar os membros do Sínodo da Igreja Greco-Católica Ucraniana: obrigado pela vossa presença aqui e pelo vosso zelo pastoral. Que o Senhor conceda a paz ao vosso povo!
E com sincera gratidão saúdo a Delegação do Patriarcado Ecuménico, aqui enviada pelo nosso querido irmão Sua Santidade Bartolomeu.
Queridos irmãos e irmãs, edificados pelo testemunho dos santos Apóstolos Pedro e Paulo, caminhemos juntos na fé e na comunhão e invoquemos a sua intercessão para todos nós, para a cidade de Roma, para a Igreja e para o mundo inteiro.
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sábado, 28 de junho de 2025
Hoje a Igreja celebra o Imaculado Coração de Maria
Imaculado Coração de MariaPor Redação central
28 de jun de 2025 às 00:01
No dia depois da solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a Igreja celebra a festa do Imaculado Coração de Maria, a fim de mostrar que estes dois corações são inseparáveis e que Maria sempre leva a Jesus.
Esta celebração foi criada pelo papa Pio XII, em 1944, para que, por intercessão de Maria se obtenha “a paz entre as nações, liberdade para a Igreja, a conversão dos pecadores, amor à pureza e a prática da virtude”.
São João Paulo II declarou que esta festividade em honra à Mãe de Deus é obrigatória e não opcional. Ou seja, deve ser realizada em todo o mundo católico.
Nas aparições aos três pastorinhos em 1917, Nossa Senhora de Fátima disse a Lúcia: “Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração”.
“A quem a abraçar, prometo a salvação; e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o Seu Trono”.
Em outra ocasião, disse-lhes: “Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: ‘Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores, e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria’”.
Muitos anos depois, quando Lúcia era uma postulante no Convento de Santa Doroteia, em Pontevedra, Espanha, a Virgem lhe apareceu com o menino Jesus e, mostrando-lhe o seu coração rodeado por espinhos, disse: “Olha, minha filha, o meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos me cravam com blasfêmias e ingratidões”.
“Tu, ao menos, vê de me consolar e diz que, todos aqueles que durante cinco meses no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um terço e me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 mistérios do rosário com o fim de me desagravar, eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas’”.
Hoje é celebrado santo Irineu, bispo de Lyon e padre da Igreja
Santo IrineuPor Redação central
28 de jun de 2025 às 00:00
Santo Irineu foi bispo da cidade francesa de Lyon, padre da Igreja e é recordado por ter escrito muitas obras que forjaram as bases da teologia cristã e que confrontaram erros e heresias provenientes do gnosticismo do século II.
Irineu foi discípulo de são Policarpo, bispo daquela cidade, o qual, por sua vez, foi discípulo do apóstolo são João.
Sua principal obra é chamada “Contra as Heresias”, um escrito que consta de 5 volumes que refutam os ensinamentos de vários grupos gnósticos dos primeiros séculos da era cristã.
O gnosticismo é uma heresia muito antiga que defende que só se alcança a salvação da alma com um conhecimento quase intuitivo dos mistérios do universo e em umas fórmulas mágicas que esse conhecimento indica, o que hoje faria parte do new age.
Santo Irineu nasceu na Ásia Menor na primeira metade do século II; sua data de nascimento é desconhecida, mas diz-se que poderia ser por volta do ano 125.
Recebeu uma boa educação, pois tinha profundos conhecimentos das Sagradas Escrituras, da literatura e da filosofia. Além disso, em várias ocasiões viu e escutou o bispo são Policarpo em Esmirna.
Durante a perseguição de Marco Aurélio, Irineu era sacerdote da Igreja de Lyon. Tempos mais tarde, sucedeu o mártir são Policarpo como bispo da mesma cidade.
Durante a paz religiosa após a perseguição de Marco Aurélio, o novo bispo dividiu suas atividades entre os deveres de um pastor, missionário, e seus escritos, os quais quase todos eram dirigidos contra o gnosticismo, a heresia que se propagava entre os gauleses e outros lugares.
O ano de sua morte é desconhecido. Segundo uma tradição posterior, afirma-se que foi martirizado. Sua festa é celebrada em 28 de junho.
sexta-feira, 27 de junho de 2025
MENSAGEM DO PAPA LEÃO XIV
MENSAGEM DO PAPA LEÃO XIV
POR OCASIÃO DO DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO
PELA SANTIFICAÇÃO DOS SACERDOTES
[27 de junho de 2025 - Solenidade do Sagrado Coração de Jesus]
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Queridos irmãos no sacerdócio!
Neste dia mundial de oração pela santificação dos sacerdotes, que se celebra na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, dirijo-me a cada um de vós com sentimentos de gratidão e de grande confiança.
O Coração de Cristo, trespassado por amor, é a carne viva e vivificante que acolhe cada um de nós, transformando-nos à imagem do Bom Pastor. É ali que se compreende a verdadeira identidade do nosso ministério: ardentes da misericórdia de Deus, somos testemunhas alegres do seu amor que cura, acompanha e redime.
Por isso, a festa de hoje renova nos nossos corações o chamamento ao dom total de nós mesmos no serviço do povo santo de Deus. Esta missão começa com a oração e continua na união com o Senhor, que continuamente reaviva em nós o seu dom: a santa vocação ao sacerdócio.
Fazer memória desta graça, como afirma Santo Agostinho, significa entrar num «santuário amplo e sem limites» (Confissões, X, 8.15), que não se limita a conservar algo do passado, mas torna sempre novo e atual o que aí está guardado. Só fazendo memória é que vivemos e fazemos reviver o que o Senhor nos entregou, pedindo-nos que, por nossa vez, o transmitíssemos em seu nome. A memória unifica o nosso coração no Coração de Cristo e a nossa vida na vida de Cristo, para que nos tornemos capazes de levar a Palavra e os Sacramentos da salvação ao povo santo de Deus, a fim de termos um mundo reconciliado no amor. Só no Coração de Jesus encontramos a nossa verdadeira humanidade de filhos de Deus e de irmãos entre nós. Por estas razões, gostaria de vos dirigir hoje um convite urgente: sede construtores de unidade e de paz!
Num mundo marcado por crescentes tensões, mesmo no seio das famílias e das comunidades eclesiais, o sacerdote é chamado a promover a reconciliação e a gerar comunhão. Ser construtores de unidade e de paz significa ser pastores capazes de discernimento, hábeis na arte de compor os fragmentos de vida que nos são confiados, para ajudar as pessoas a encontrar a luz do Evangelho no meio das tribulações da existência; significa ser leitores sábios da realidade, indo para além das emoções do momento, dos medos e das modas; significa oferecer propostas pastorais que geram e regeneram a fé, construindo boas relações, laços de solidariedade, comunidades onde brilha o estilo da fraternidade. Ser construtores de unidade e de paz não significa impor-se, mas servir. Em particular, a fraternidade sacerdotal torna-se um sinal crível da presença do Senhor Ressuscitado entre nós quando caracteriza o caminho comum dos nossos presbitérios.
Convido-vos, por isso, a renovar hoje, diante do Coração de Cristo, o vosso “sim” a Deus e ao seu povo santo. Deixai-vos plasmar pela graça, acalentai o fogo do Espírito recebido na Ordenação, para que, unidos a Ele, sejais sacramento do amor de Jesus no mundo. Não tenhais medo da vossa fragilidade: o Senhor não procura sacerdotes perfeitos, mas corações humildes, abertos à conversão e prontos a amar como Ele mesmo nos amou.
Queridos irmãos sacerdotes, o Papa Francisco propôs-nos de novo a devoção ao Sagrado Coração como espaço de encontro pessoal com o Senhor (cf. Carta Encíclica Dilexit nos, 103), ou seja, como lugar onde podemos levar e resolver os nossos conflitos interiores e os que dilaceram o mundo contemporâneo, pois «n’Ele tornamo-nos capazes de nos relacionarmos uns com os outros de forma saudável e feliz, e de construir neste mundo o Reino de amor e de justiça. O nosso coração unido ao de Cristo é capaz deste milagre social» (ibid., 28).
Ao longo deste Ano Santo, que nos convida a ser peregrinos de esperança, o nosso ministério será tanto mais fecundo quanto mais enraizado estiver na oração, no perdão, na proximidade aos pobres, às famílias e aos jovens em busca da verdade. Não esqueçais: um sacerdote santo faz florescer, à sua volta, a santidade.
Confio-vos a Maria, Rainha dos Apóstolos e Mãe dos Sacerdotes, e a todos abençoo de coração.
Vaticano, 27 de junho de 2025
LEÃO PP. XIV
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SANTA MISSA E ORDENAÇÕES SACERDOTAIS - Vatican Media Live
HOMILIA DO SANTO PADRE LEÃO XIV
Basilica Vaticana, Altar da Confissão
Sexta-feira, 27 de junho de 2025
Hoje, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, Dia mundial de oração pela santificação sacerdotal, celebramos com alegria esta Eucaristia no Jubileu dos Sacerdotes.
Dirijo-me, portanto, em primeiro lugar a todos vós, queridos irmãos sacerdotes, que viestes ao túmulo do apóstolo Pedro para atravessar a Porta Santa e para mergulhar de novo as vossas vestes batismais e sacerdotais no Coração do Salvador. Para alguns dos presentes, este gesto realiza-se num dia único da sua vida: o da Ordenação.
Falar do Coração de Cristo neste contexto é falar de todo o mistério da encarnação, morte e ressurreição do Senhor, confiado a nós de modo especial para que o tornemos presente no mundo. Por isso, à luz das leituras que escutámos, meditemos juntos sobre o modo como podemos contribuir para esta obra de salvação.
Na primeira, o profeta Ezequiel fala-nos de Deus como um pastor que passa pelo meio do seu rebanho, contando as suas ovelhas uma a uma: vai à procura das perdidas, cura as feridas, ampara as fracas e doentes (cf. Ez 34, 11-16). Assim nos recorda, num tempo de grandes e terríveis conflitos, que o amor do Senhor, pelo qual somos chamados a deixar-nos abraçar e plasmar, é universal, e que, aos seus olhos – e consequentemente também aos nossos –, não há lugar para divisões e ódios de qualquer género.
Depois, na segunda leitura (cf. Rm 5, 5-11), recordando-nos que Deus nos reconciliou «quando ainda éramos fracos» (v. 6) e «pecadores» (v. 8), São Paulo convida a abandonar-nos à ação transformadora do Espírito que habita em nós, num caminho quotidiano de conversão. A nossa esperança baseia-se na certeza de que o Senhor não nos abandona, mas acompanha-nos sempre. Somos chamados, porém, a colaborar com Ele, primeiramente colocando a Eucaristia no centro da nossa existência, «fonte e centro de toda a vida cristã» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 11); depois, «pela frutuosa recepção dos sacramentos, especialmente pela frequente recepção do sacramento da penitência» (Id, Decr. Presbiterorum ordinis, 18); e, finalmente, através da oração, da meditação da Palavra e do exercício da caridade, conformando cada vez mais o nosso coração com o do «Pai das misericórdias» (ibid.).
E isto leva-nos ao Evangelho que ouvimos (cf. Lc 15, 3-7), que fala da alegria de Deus – e de todo o pastor que ama segundo o seu Coração – pelo regresso ao redil de uma só das suas ovelhas. É um convite a viver a caridade pastoral com a mesma magnanimidade do Pai, cultivando em nós o Seu desejo: que ninguém se perca (cf. Jo 6, 39), mas que todos, também através de nós, cheguem ao conhecimento de Cristo e n’Ele tenham a vida eterna (cf. Jo 6, 40). É um convite a tornar-nos intimamente unidos a Jesus (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbiterorum Ordinis, 14), semente de concórdia no meio dos irmãos, carregando sobre os nossos ombros quem se perdeu, perdoando quem errou, indo à procura de quem se afastou ou ficou excluído, cuidando de quem sofre no corpo e no espírito, numa grande troca de amor que, brotando do lado trespassado do Crucificado, envolve todos os homens e preenche o mundo. O Papa Francisco escreveu a este propósito: «Da ferida do lado de Cristo continua a correr aquele rio que nunca se esgota, que não passa, que se oferece sempre de novo a quem quer amar. Só o seu amor tornará possível uma nova humanidade» (Carta Enc. Dilexit nos, 219).
O ministério sacerdotal é um ministério de santificação e de reconciliação para a unidade do Corpo de Cristo (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 7). Por isso, o Concílio Vaticano II pede aos presbíteros que se esforcem por «levar todos à unidade [...] com caridade» (Id, Decr. Presbiterorum Ordinis, 9), harmonizando as diferenças para «que ninguém se sinta estranho» (ibid.). E recomenda-lhes a união com o bispo e no presbitério (cf. ibid., 7-8). Com efeito, quanto mais houver unidade entre nós, tanto mais saberemos também conduzir os outros ao redil do Bom Pastor, para viver como irmãos na única casa do Pai.
Santo Agostinho, a este respeito, num sermão proferido por ocasião do aniversário da sua ordenação, falou de um feliz fruto de comunhão que une os fiéis, os presbíteros e os bispos, e que tem a sua raiz no sentirmo-nos todos redimidos e salvos pela mesma graça e misericórdia. Foi precisamente neste contexto que pronunciou a célebre frase: «Para vós sou bispo, convosco sou cristão» (Sermão 340, 1).
Na Missa solene do início do meu pontificado, expressei diante do Povo de Deus um grande desejo: «Uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado» (Homilia, 18 de maio de 2025). Volto, hoje, a partilhá-lo com todos vós: reconciliados, unidos e transformados pelo amor que jorra copiosamente do Coração de Cristo, caminhemos juntos nas suas pegadas, humildes e decididos, firmes na fé e abertos a todos na caridade, levemos ao mundo a paz do Ressuscitado, com aquela liberdade que nasce da consciência de nos sabermos amados, escolhidos e enviados pelo Pai.
E agora, antes de terminar, dirijo-me a vós, queridos Ordinandos, que em breve, pela imposição das mãos do Bispo e com uma renovada efusão do Espírito Santo, vos tornareis sacerdotes. Digo-vos algumas coisas simples, mas que considero importantes para o vosso futuro e o das almas que vos serão confiadas. Amai a Deus e aos vossos irmãos, sede generosos, fervorosos na celebração dos Sacramentos, na oração, especialmente na Adoração, e no ministério; sede próximos do vosso rebanho, doai o vosso tempo e as vossas energias por todos, sem vos poupardes, sem fazer distinções, como nos ensinam o lado trespassado do Crucificado e o exemplo dos santos. E, a este propósito, lembrai-vos que a Igreja, na sua história milenar, teve – e as tem ainda hoje – figuras maravilhosas de santidade sacerdotal: a partir das comunidades das origens, ela gerou e conheceu, entre os seus sacerdotes, mártires, apóstolos incansáveis, missionários e campeões da caridade. Fazei desta riqueza um tesouro: interessai-vos pelas suas histórias, estudai as suas vidas e as suas obras, imitai as suas virtudes, deixai-vos inflamar pelo seu zelo, invocai a sua intercessão muitas vezes, com insistência! O nosso mundo frequentemente propõe modelos de sucesso e de prestígio duvidosos e inconsistentes. Não vos deixeis fascinar por eles! Em vez disso, olhai para o exemplo sólido e os frutos do apostolado, muitas vezes escondido e humilde, daqueles que na sua vida serviram ao Senhor e aos irmãos com fé e dedicação, e continuai a sua memória com a vossa fidelidade.
Por fim, confiemo-nos todos à proteção materna da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe dos sacerdotes e Mãe da esperança: que Ela acompanhe e sustente os nossos passos, para que cada dia configuremos mais o nosso coração com o de Cristo, supremo e eterno Pastor.
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Dez conselhos de santa Margarida Maria de Alacoque para amar o Coração de Jesus
Sagrado coração de Jesus. | AM113 - ShutterstockPor Abel Camasca
27 de jun de 2025 às 03:00
A solenidade do Sagrado Coração de Jesus é celebrada hoje, 27 de junho. Santa Margarida Maria de Alacoque, vidente do Coração de Nosso Senhor, deu conselhos para crescer no Divino Amor.
Segundo o site de santos corazones.org, administrado pelas Servas dos Corações Transpassados de Jesus e Maria, essas citações foram extraídas dos escritos da religiosa francesa (1647-1690) pertencente à Ordem da Visitação, fundada por são Francisco de Sales
1. "O adorável Coração de Jesus (...) promete grandes recompensas aos que de bom grado se dedicarem a isso de todo coração, segundo a capacidade e as luzes que lhes der".
2. “Este Divino Coração lhe retribuirá, não só na sua própria pessoa, mas também na dos seus familiares e de todos aqueles por quem você se interessar, a quem Ele olhará com olhos propícios e misericordiosos, para os socorrer e proteger em tudo, desde que venham a Ele com confiança, porque terá uma memória eterna do que fazem para sua glória.”
3. “Ele me prometeu, se não me engano, que aqueles que tenham se dedicado e consagrado a Ele jamais perecerão; que por ser Ele a fonte de todas as bênçãos, Ele as distribuirá com abundância em todos os lugares onde a imagem de Seu Divino Coração for colocada e venerada; que Ele unirá as famílias divididas e protegerá e socorrerá aqueles que estão em necessidade e que se dirigem a Ele com confiança”.
4. "Se veem em vocês um excesso de impaciência e de cólera, lancem-nas na forja da mansidão do amável Coração de Jesus, para que Ele os torne mansos e humildes.
5. "Se estiverem nadando num mar de distrações, mergulhe-as no fundo da tranquilidade do Sagrado Coração, que lhe trará uma vitória infalível".
6. “Não podem fazer nada na oração? Contentem-se em oferecer o que este divino Salvador faz por nós no Sacramento do altar, oferecendo seus afetos em reparação de sua tibieza, e diga em cada ação: 'Meu Deus, eu quero fazer ou sofrer isso no Sagrado Coração de seu Filho, e segundo as suas santas intenções, que lhe ofereço para compensar as misérias e imperfeições das minhas”.
7. “Acima de tudo, procurem preservar a paz do coração, que vale mais do que todos os tesouros do mundo. A maneira de conservá-la é negar sua vontade e colocar em seu lugar a vontade deste adorável Coração, para que Ele queira por nós o que seja mais para a Sua glória, contentando-nos em submeter-nos e abandonar-nos a Ele. Em uma palavra, este Divino Coração suprirá tudo o que faltar; Ele amará a Deus por você, e você o amará n’Ele e por Ele”.
8. “Que não lhe assustem os muitos contratempos que serão oferecidos no estabelecimento do reinado deste amável Coração; as contrariedades são provas seguras de ser coisa de Deus, já que suas obras são feitas, geralmente, entre contradições e trabalhos”.
9. "Lembre-se de que a perfeição consiste em conformar totalmente a vida e as ações às virtudes sagradas do Coração de Jesus, especialmente sua paciência, mansidão, humildade e caridade. Como resultado, nossa vida interior e exterior se torna uma imagem viva d’Ele".
10. "Este divino Coração é pura doçura, humildade e paciência, portanto, devemos esperar... Ele sabe quando agir."
(acidigital)
Hoje a Igreja celebra o Sagrado Coração de Jesus
Por Redação central
27 de jun de 2025 às 00:01
A Igreja universal celebra hoje (27) a solenidade do Sagrado Coração de Jesus, por pedido explícito do próprio Cristo a santa Margarida Maria Alacoque. São João Paulo II disse que “esta festa lembra o mistério do amor que Deus tem pelos homens de todos os tempos”.
“Peço que na primeira sexta-feira depois da oitava de Corpus Christi, se celebre uma Festa especial para honrar meu Coração, e que se comungue nesse dia para pedir perdão e reparar os ultrajes por ele recebidos durante o tempo que permaneceu exposto nos altares”, disse o Senhor a santa Margarida, em junho 1675.
“Prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino Amor sobre os que tributem esta divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada”, acrescentou.
Mais tarde, santa Margarita com o jesuíta são Cláudio La Colombière, seu diretor espiritual, propagariam as mensagens do Sagrado Coração de Jesus.
Posteriormente, o beato Pio IX, em 1856, estendeu oficialmente a festa do Sagrado Coração de Jesus a toda a Igreja. Em 1899, o papa Leão XIII publicou a encíclica ‘Annum Sacrum’ sobre a consagração da humanidade ao Sagrado Coração de Jesus, que se realizou no mesmo ano.
Do mesmo modo, Pio XI, em 1928, escreveu a ‘Miserentissimus Redemptor’, encíclica que trata da reparação que todos devemos ao Sagrado Coração. E o papa Pio XII, em 1956, publicou a encíclica ‘Haurietis Aquas’, em referência ao culto ao Sagrado Coração.
São João Paulo II em seu pontificado estabeleceu que na solenidade do Sagrado Coração de Jesus se realize o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes.
Muitos grupos, movimentos, ordens e congregações religiosas, desde os tempos antigos, foram colocados sob a proteção do Sagrado Coração de Jesus. Em Roma, encontra-se a basílica do ‘Sacro Cuore’ (Sagrado Coração) construída por são João Bosco, encomendada pelo papa Leão XIII e com doações de fiéis e devotos de vários países.
(acidigital)
quinta-feira, 26 de junho de 2025
quarta-feira, 25 de junho de 2025
Audiência Geral 25 de junho de 2025 - Papa Leão XIV
LEÃO XIV
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 25 de junho de 2025
Ciclo de Catequese – Jubileu 2025. Jesus Cristo Nossa Esperança. II. A vida de Jesus. As curas 11. A mulher que sofria de hemorragias e a filha de Jairo. "Não tenhas medo! Acredita apenas" (Mc 5,36)
Prezados irmãos e irmãs!
Também hoje meditamos sobre as curas de Jesus como sinal de esperança. N’Ele há uma força que inclusive nós podemos experimentar quando entramos em relação com a sua Pessoa.
Uma doença muito difundida no nosso tempo é o cansaço de viver: a realidade parece-nos demasiado complexa, pesada, difícil de enfrentar. Então, abatemo-nos, adormecemos na ilusão de que quando acordarmos as coisas serão diferentes. Mas a realidade deve ser enfrentada e, com Jesus, podemos fazê-lo bem. Às vezes, sentimo-nos bloqueados pelo julgamento de quem pretende atribuir rótulos aos outros.
Parece-me que estas situações podem encontrar correspondência numa passagem do Evangelho de Marcos, onde se entrelaçam duas histórias: a de uma menina de doze anos, doente na cama e prestes a morrer; e a de uma mulher, que sangra há exatamente doze anos e procura Jesus para poder ser curada (cf. Mc 5, 21-43).
Entre estas duas figuras femininas, o Evangelista coloca a figura do pai da menina: ele não permanece em casa a queixar-se devido à doença da filha, mas sai e pede ajuda. Embora seja o chefe da sinagoga, não faz reivindicações em virtude da sua posição social. Quando é preciso esperar, não perde a paciência e aguarda. E quando lhe vêm dizer que a filha está morta, que é inútil incomodar o Mestre, ele continua a ter fé e a esperar.
A conversa deste pai com Jesus é interrompida pela mulher hemorroíssa, que consegue aproximar-se de Jesus e tocar no seu manto (v. 27). Com grande coragem, esta mulher tomou a decisão que muda a sua vida: todos continuavam a dizer-lhe que se mantivesse à distância, que não se mostrasse. Tinham-na condenado a permanecer escondida e isolada. Às vezes, também nós podemos ser vítimas do julgamento dos outros, que pretendem vestir-nos com uma roupa que não é nossa. E então sentimo-nos mal e não conseguimos superar a situação.
Aquela mulher toma o caminho da salvação quando nela germina a fé de que Jesus pode curá-la: então encontra a força para sair e ir à sua procura. Quer, pelo menos, tocar na sua veste.
Havia uma grande multidão ao redor de Jesus, e por isso muitas pessoas tocam n’Ele, mas nada lhes acontece. Pelo contrário, quando esta mulher toca em Jesus, fica curada. Onde está a diferença? Comentando este ponto do texto, Santo Agostinho diz, em nome de Jesus: «A multidão aglomera-se à minha volta, mas a fé toca-me» (Sermão 243, 2, 2). É assim: cada vez que praticamos um ato de fé destinado a Jesus, estabelece-se um contacto com Ele e imediatamente brota d’Ele a sua graça. Às vezes não nos damos conta, mas de modo secreto e real a graça chega até nós e, dentro, transforma lentamente a vida.
Talvez ainda hoje muitas pessoas se aproximem de Jesus de maneira superficial, sem acreditar verdadeiramente no seu poder. Pisamos a superfície das nossas igrejas, mas talvez o coração esteja noutro lugar! Esta mulher, silenciosa e anónima, derrota os seus receios, tocando o coração de Jesus com as suas mãos consideradas impuras por causa da doença. Eis que, imediatamente, se sente curada. Jesus diz-lhe: «Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz!» (Mc 5, 34).
Entretanto, levam ao pai a notícia de que a sua filha morreu. Jesus diz-lhe: «Não temas, tem fé» (v. 36). Depois vai a casa e, vendo que todos choram e gritam, diz: «A menina não morreu, mas dorme» (v. 39). Então, entra no quarto onde a menina estava deitada, pega na sua mão e diz: «Talita kum», “Menina, levanta-te!”. A menina levanta-se e põe-se a caminhar (cf. vv. 41-42). Este gesto de Jesus mostra-nos que Ele não só cura de todas as doenças, mas também desperta da morte. Para Deus, que é Vida eterna, a morte do corpo é como o sono. A verdadeira morte é a da alma: devemos ter medo dela!
Um último detalhe: depois de ter ressuscitado a menina, Jesus diz aos pais que lhe deem de comer (cf. v. 43). Eis outro sinal muito concreto da proximidade de Jesus à nossa humanidade. Mas podemos entendê-lo também em sentido mais profundo, perguntando-nos: quando os nossos filhos estão em crise e precisam de alimento espiritual, sabemos dá-lo? E como o podemos fazer, se nós próprios não nos nutrimos do Evangelho?
Estimados irmãos e irmãs, na vida há momentos de desilusão e desânimo, e há também a experiência da morte. Aprendamos com aquela mulher, com aquele pai: vamos ao encontro de Jesus: Ele pode curar-nos, pode fazer-nos renascer. Jesus é a nossa esperança!
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Saudações:
Queridos fiéis de língua portuguesa, bem-vindos! Saúdo especialmente os sacerdotes vindos de Braga e Viana do Castelo em Portugal, e de Teresina, Castanhal, Nazaré e Santo Amaro no Brasil. Ao aproximarmo-nos do final do mês de junho, voltemos mais intensamente o nosso olhar para o Coração de Jesus. A partir d’Ele, demos de novo a este nosso mundo um coração que sabe amar, perdoar e cuidar dos outros. Deus vos abençoe!
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Apelo
No domingo passado, um vil ataque terrorista foi perpetrado contra a comunidade greco-ortodoxa na igreja de Mar Elias, em Damasco. Confiemos as vítimas à misericórdia de Deus e elevemos as nossas orações pelos feridos e pelos seus familiares. Aos cristãos do Médio Oriente digo: estou próximo de vós! Toda a Igreja está próxima de vós!
Este trágico acontecimento recorda a profunda fragilidade que ainda marca a Síria após anos de conflito e instabilidade. Por isso, é fundamental que a comunidade internacional não desvie o olhar deste país, mas continue a oferecer-lhe apoio através de gestos de solidariedade e com um renovado compromisso a favor da paz e da reconciliação.
Continuamos a acompanhar com atenção e esperança a evolução da situação no Irão, em Israel e na Palestina. As palavras do profeta Isaías ressoam com mais urgência do que nunca: «Uma nação não levantará a espada contra outra nação, e não se adestrarão mais para a guerra» (2, 4). Que esta voz, que vem do Altíssimo, seja ouvida! Que sejam curadas as feridas causadas pelas ações sangrentas dos últimos dias. Rejeite-se toda a lógica da arrogância e da vingança e seja escolhida com determinação a via do diálogo, da diplomacia e da paz.
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Resumo da catequese do Santo Padre:
Ao meditarmos sobre as curas de Jesus como sinais de esperança, concentremo-nos hoje nas histórias da filha de Jairo e da hemorroíssa. Esta, enquanto Jesus se dirigia para a casa de Jairo, aproximou-se d’Ele e tocou-O, não de um modo superficial, mas movida pela fé, acreditando firmemente que Ele a podia curar. E graças à fé, ela viu-se livre da doença. Entretanto, da casa de Jairo trouxeram a notícia de que a sua filha tinha morrido. Porém, Jesus tranquiliza aquele pai e encoraja-o a manter a fé: «Não tenhas receio; crê somente». Também hoje é a fé que nos permite ir ao encontro de Jesus e tocá-lo ou ser tocados por Ele, o Senhor que nos salva do mal e nos dá esperança.
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terça-feira, 24 de junho de 2025
Aos seminaristas, Papa indica oração e discernimento contra o narcisismo
Bianca Fraccalvieri - Vatican News
Não só peregrinos, mas testemunhas de esperança: o Papa se reuniu com milhares de seminaristas na Basílica de São Pedro presentes em Roma para o seu Jubileu, juntamente com seus formadores.
A eles, Leão XIV fez uma meditação, na qual agradeceu por terem dito seu "sim", com humildade e coragem, a essa aventura fascinante da vocação sacerdotal num tempo não fácil: "Obrigado, porque com essa energia vocês alimentam a chama da esperança na vida da Igreja!".
Jesus, afirmou, chama os seminaristas a viverem uma experiência de amizade com Ele, uma experiência destinada a crescer de modo permanente mesmo depois da ordenação, de modo que se tornem pessoas e sacerdotes felizes, pontes e não obstáculos para os outros ao encontro com Cristo. Nesta caminhada, é importante dirigir toda a atenção para o centro, isto é, o coração.
“O seminário deve ser uma escola dos afetos. Hoje de modo especial, num contexto social e cultural marcado pelo conflito e pelo narcisismo, precisamos aprender a amar e fazê-lo como Jesus. Assim como Cristo amou com coração de homem, vocês são chamados a amar com o Coração de Cristo!”
Que os seminaristas tenham "perfume de Evangelho"
Para isso, acrescentou o Pontífice, é preciso trabalhar a própria interioridade, onde Deus faz ouvir a sua voz e de onde saem as decisões mais profundas. É um local de tensões e lutas, que devem ser convertidas para que toda a humanidade dos candidatos ao sacerdócio "perfume de Evangelho". Cuidando das feridas do próprio coração, os seminaristas aprenderão a estar ao lado de quem sofre. "Sem a vida interior não é possível nem mesmo a vida espiritual, porque Deus nos fala exatamente ali, no coração."
Aprendendo a conhecer o próprio coração, acrescentou, não será necessário usar máscaras, bastará seguir o caminho da oração, que conduz à interioridade. "Num período onde estamos hiperconectados, se torna sempre mais difícil fazer a experiência do silêncio e da solidão. Sem o encontro com Ele, não conseguimos nem mesmo conhecer verdadeiramente a nós mesmos."
O convite de Leão XIV é invocar com frequência o Espírito Santo, para que plasme um coração dócil, capaz de colher a presença de Deus ouvindo também as vozes da natureza, da arte e da cultura e, com elas, os desafios do tempo atual, como a inteligência artificial e as redes sociais. De modo especial, como fazia Jesus, saber ouvir o clamor dos pobres e oprimidos e dos jovens que buscam um sentido para a própria vida.
Gratidão e generosidade para combater a sede de poder
Além de cuidar do coração, os seminaristas devem aprender também a arte do discernimento. E o Papa pediu que não sejam superficiais, questionando: o que estou vivendo me ensina? Para onde o Senhor está me guiando?
"Caríssimos, tenham um coração manso e humilde como o de Jesus. A exemplo do apóstolo Paulo, vocês possam assumir os sentimentos de Cristo, para progredir na maturidade humana, sobretudo afetiva e relacional. É importante, ou melhor, necessário, desde o seminário, investir no amadurecimento humano, rejeitando todo disfarce e hipocrisia. Mantendo o olhar fixo em Jesus, é preciso aprender a dar nome e voz também à tristeza, ao medo, à angústia, à indignação, levando tudo para a relação com Deus. As crises, os limites, as fragilidades não devem ser escondidos, são antes ocasiões de graça e de experiência pascal."
Em um mundo onde muitas vezes há ingratidão e sede de poder, disse ainda o Papa, onde por vezes parece prevalecer a lógica do desperdício, os seminaristas são chamados a testemunhar a gratidão e a generosidade de Cristo, a exultância e a alegria, a ternura e a misericórdia do seu Coração; a praticar o estilo de acolhida e proximidade, de serviço generoso e desinteressado.
Leão XIV concluiu fazendo votos de que os seminaristas percorram esse caminho sem especulações, sem nunca se acomodar sendo apenas receptores passivos, mas que se apaixonem pela vida sacerdotal, vivendo o presente e olhando para o futuro com um coração profético. Pediu ainda que o próprio coração se assemelhe sempre mais aos sentimentos do Coração de Cristo: "Aquele Coração que pulsa de amor por vocês e pela humanidade. Bom caminho!"
(vaticannews)
Inteligência artificial deve servir aos seres humanos, não substituí-los, diz Leão XIV
Por Francis X. Rocca
23 de jun de 2025 às 12:16
O papa Leão XIV pediu no último sábado (21) a líderes políticos do mundo todo que promovam o bem comum, falando especialmente sobre a ameaça à dignidade humana representada pela inteligência artificial (IA).
A IA “certamente será uma ajuda válida para a sociedade, na medida em que, no entanto, a sua utilização não leve a pôr em causa a identidade e a dignidade da pessoa humana e as suas liberdades fundamentais”, disse o papa no último sábado a legisladores de 68 países reunidos no Vaticano para o Jubileu dos Governantes.
“Não se deve esquecer que a inteligência artificial tem a função de ser um instrumento para o bem do ser humano, não para o diminuir nem para definir a sua derrota”, disse Leão XIV, falando em inglês para o público internacional.
O papa rapidamente fez do desafio da inteligência artificial uma questão central de seu pontificado, destacando-o numa reunião com o Colégio dos Cardeais dois dias depois de sua eleição no mês passado.
Em seu discurso aos líderes políticos no sábado, Leão XIV também os incentivou a promover o bem comum de outras maneiras, entre elas "inaceitável desproporção entre uma riqueza possuída por poucos e uma pobreza sem limites (cf. Leão XIII, Carta Encíclica Rerum novarum, 15 de maio de 1891, 1)". O papa condenou essa desigualdade, dizendo que é uma das principais causas da guerra.
Leão XIV enfatizou a importância da liberdade religiosa e encorajou líderes políticos a seguirem o exemplo de são Tomás More, do século XVI, como "um mártir da liberdade e do primado da consciência". More foi executado por se recusar a reconhecer o rei Henrique VIII chefe da Igreja na Inglaterra, em vez do papa.
O papa também recomendou a tradição ética da lei natural, cujas raízes na antiguidade clássica são anteriores ao cristianismo, como “um ponto de referência unitário na ação política” e “um elemento que une a todos”, independentemente da crença religiosa.
Argumentos da lei natural desempenharam um papel de destaque em vários debates jurídicos e políticos recentes sobre questões como aborto, eutanásia, liberdade religiosa, ideologia de gênero.
O papa disse aos líderes políticos que “a lei natural, universalmente válida, além e acima de outras convicções de cunho mais discutível, constitui a bússola pela qual se deve orientar a legislação e a ação, em particular no que diz respeito a questões éticas delicadas que hoje se apresentam de forma muito mais evidente do que no passado, tocando a esfera da intimidade pessoal”.
(acidigital)
Leão XIV escolhe padre mexicano para coordenar suas viagens
Por David Ramos
23 de jun de 2025 às 15:57
O papa Leão XIV nomeou o sacerdote mexicano José Nahúm Jairo Salas Castañeda coordenador das viagens apostólicas, informou a secretaria de Estado da Santa Sé em publicação na rede social X. O padre é funcionário da seção de assuntos gerais da secretaria de Estado.
O antecessor do bispo Salas Castañeda no cargo, o cardeal indiano George Koovakad, era o responsável pela coordenação das viagens papais desde 2021, nomeado pelo papa Francisco, que o criou cardeal em 7 de dezembro do ano passado.
Francisco nomeou o cardeal Koovakad como prefeito do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso em janeiro.
Segundo um resumo biográfico publicado pelo Vatican News, serviço oficial de informações da Santa Sé, Nahúm Jairo Salas Castañeda nasceu em 11 de julho de 1978, em Santa Clara, Durango, no norte do México. Ele é o caçula de 10 irmãos, segundo o blog (link em espanhol) da paróquia de Santa Clara, em sua cidade natal.
Ele foi ordenado sacerdote da arquidiocese de Durango em 4 de dezembro de 2008.
Castañeda formou-se em direito canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, e ingressou no serviço diplomático da Santa Sé em 1º de julho de 2013.
Ele fez parte das representações papais no Burundi, na África Oriental, no Iraque e na Hungria.
Segundo o Vatican News, Salas Castañeda participou da organização das viagens do papa Francisco à Hungria em 2021 e 2023.
Entre suas responsabilidades recentes no Escritório Central de Estatísticas da Igreja, o padre mexicano é responsável pelo anuário pontifício, publicação que compila anualmente informações importantes sobre a Santa Sé e a Igreja em todo o mundo, que, segundo o site de informações da Santa Sé, será digitalizado em breve.
Motivo de alegria
Em sua página na rede social Facebook, a arquidiocese de Durango disse que a nomeação é "uma grande alegria" e pediu aos fiéis que "rezem por sua grande missão".
A Conferência Episcopal Mexicana (CEM) publicou um comunicado (link em espanhol) dizendo que "essa nomeação é motivo de gratidão a Deus e alegria para toda a Igreja no México, ao ver reconhecida a dedicação, a preparação e o testemunho de um filho de nossa terra, formado na fé e servindo à Igreja universal por meio da diplomacia do Vaticano".
"Rezamos para que o Senhor o acompanhe nesta nova etapa do seu ministério e que, através da sua dedicação, as viagens do Santo Padre continuem a ser pontes de comunhão, paz e esperança para o mundo", disse também a CEM.
(acidigital)
segunda-feira, 23 de junho de 2025
João Paulo I e sua catequese sobre a Esperança – Parte II
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
"Entre as sete "lâmpadas da santificação", a segunda era, para o Papa João, a esperança. Falo-vos hoje desta virtude, que é obrigatória para cada cristão. Dante, no seu Paraíso (Cantos 24, 25 e 26), imaginou apresentar-se a um exame sobre o cristianismo. Funcionava uma comissão categorizada. "Tens fé?", pergunta-lhe, primeiro, São Pedro. "Tens esperança?", continua São Tiago. "Tens caridade?", termina São João. "Sim — responde Dante — tenho fé, tenho esperança, tenho caridade". Demonstra-o e fica aprovado por unanimidade".
Assim começa a catequese do Papa João Paulo I, em 1978, dedicada à esperança, a "segunda lâmpada" da santificação, pois a esperança é inseparável da vida cristã e Cristo, é a nossa esperança.
Dando sequência a sua série de reflexões no contexto deste ano jubilar sobre os "Papas e a Esperança", Pe. Gerson Schmidt* nos propõe hoje "João Paulo I e sua catequese sobre a Esperança – Parte II":
"O Papa Albino Luciani, que escolheu o nome de João Paulo, conseguiu apenas realizar 4 catequeses de quartas-feiras antes de morrer inesperadamente, depois de tão somente 33 dias de Pontificado. Numa dessas catequeses, falou sobre a Virtude da Esperança, que nesse ano Jubilar estamos aprofundando e tomando como lema “Peregrinos de Esperança”. Por isso, nosso aprofundamento sobre essa rica catequese, da Audiência Geral, de 20 de setembro de 1978, intitulada “A virtude da esperança”, que já damos inicio na semana anterior.
O Papa João Paulo I dizia assim em sua audiência catequética: “Têm surgido de vez em quando no decurso dos séculos afirmações e tendências de cristãos demasiado pessimistas quanto ao homem. Mas tais afirmações foram desaprovadas pela Igreja e esquecidas graças a uma falange de santos alegres e ativos, graças ao humanismo cristão, aos mestres de ascética que Saint-Beuve chamou "les doux" e graças ainda a uma teologia compreensiva. São Tomás de Aquino, por exemplo, coloca entre as virtudes a ‘iucunditas’, ou seja, a capacidade de converter num sorriso alegre - na medida e no modo conveniente - as coisas ouvidas e vistas (Cf. 2.2ae, q. 168, a. 2). Jucundo explicava assim aos meus alunos de um pedreiro irlandês, que caiu do andaime e quebrou as pernas. Levado ao hospital, vieram o médico e a Irmã enfermeira. "Pobrezinho, disse a irmã, feriu-se muito caindo". Replicou o ferido: "Madre, não foi precisamente caindo, mas chegando ao chão é que me feri". Declarando ser virtude gracejar e fazer sorrir, São Tomás encontrava-se de acordo com a "alegre nova" pregada por Cristo, com a hilaritas recomendada por Santo Agostinho. Vencia o pessimismo, revestia de alegria a vida cristã, convidava-nos a tomar "animo também com os gozos sãos e puros que se nos deparam no caminho”. Esse modo hilárico e sereno aqui expresso pelo Papa sorriso diante dos problemas e desafios o tornaram o Papa simpático e esperançoso.
Conclui assim o Papa João Paulo I sua catequese: “Para terminar, desejava aludir a uma esperança, por alguns chamada cristã, mas que só é cristã até certo ponto. Explico-me: no Concílio também eu votei a "Mensagem ao Mundo" dos Padres Conciliares. Dizíamos nela: o cargo principal de divinizar não exime a Igreja do cargo de humanizar. Votei a Gaudium et Spes; comovi-me e entusiasmei-me quando saiu a Populorum Progressio. Julgo que o Magistério da Igreja nunca insistirá demais em apresentar e recomendar a solução dos grandes problemas da liberdade, da justiça, da paz e do desenvolvimento; e os leigos católicos nunca se baterão suficientemente para resolver estes problemas. É, porém, erro afirmar que a libertação política, económica e social coincide com a salvação em Jesus Cristo, afirmar que o Regnum Dei se identifica com o Regnum hominis, que Ubi Lenin ibi Jerusalem. Em Friburgo, no 85° Katholikentag foi tratado, nestes últimos dias, o tema "o futuro da esperança". Falava-se do "mundo" que é preciso melhorar, e a palavra "futuro" vinha a propósito. Mas se dá esperança para o "mundo" se passa à esperança para cada alma, então é necessário falar também de "eternidade". Em Ostia, à beira-mar, numa famosa conversa, Agostinho e Mônica, "esquecidos do passado e voltados para o futuro, perguntavam-se que viria a ser a vida eterna" (Confissões IX, n. 10.). Tal é a esperança cristã; a esta se referia o Papa João XIII e a esta nos referimos nós, quando, com o catecismo, oramos: "Meu Deus, espero da vossa bondade... a vida eterna e as graças necessárias para a merecer com as boas obras, que eu devo e quero fazer. Meu Deus, não fique eu confundido eternamente".
Vejam que, segundo o Papa Luciani, “o cargo principal de divinizar não exime a Igreja do cargo de humanizar”. Ele diz que votou na aprovação da Constituição Pastoral Gaudium et Spes que retrata a Missão da Igreja no Mundo. Comoveu-se e entusiasmou-se quando saiu a Populorum Progressio - CARTA ENCÍCLICA DE SUA SANTIDADE O PAPA PAULO VI SOBRE O DESENVOLVIMENTO DOS POVOS. “Julgo que o Magistério da Igreja nunca insistirá demais em apresentar e recomendar a solução dos grandes problemas da liberdade, da justiça, da paz e do desenvolvimento; e os leigos católicos nunca se baterão suficientemente para resolver estes problemas”, afirmou ele.
Pois, estamos vivendo o rico tempo Pascal. É do mistério pascal que emerge e aflora o sentido supremo da esperança cristã que não nos fixa simplesmente para o futuro, mas a dar sentido ao tempo presente. É também ao mesmo tempo um compromisso histórico e abertura ao porvir escatológico como dom do poder de Deus, não simplesmente uma obra humana. É o poder da Vitória de Cristo a dar um novo sentido aos desafios concretos de nossa história."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
De onde vem a devoção ao Sagrado Coração de Jesus
Sagrado Coração de Jesus | Wikimedia CommonsPor Redação central
23 de jun de 2025 às 02:00
Faltam poucos dias para a festa do Sagrado Coração de Jesus e muitos fiéis se perguntam como e onde se originou esta tradição.
História da devoção ao Sagrado Coração de Jesus
A devoção ao coração ferido de Jesus se origina no século XI, quando cristãos piedosos meditavam sobre as cinco feridas de Jesus na cruz.
Naquela época, as orações ao Sagrado Coração, à ferida no ombro de Jesus, entre outras devoções privadas, cresciam entre os fiéis. Todas elas ajudaram os cristãos a meditar sobre a paixão, aumentando assim o amor ao Senhor Jesus.
Foi somente em 1670 que o padre francês Jean Eudes celebrou a primeira festa do Sagrado Coração de Jesus.
Na mesma época, uma religiosa conhecida por sua piedade, Irmã Margarita Maria Alacoque, começou a relatar suas visões de Jesus, que lhe apareceu com frequência. Em dezembro de 1673, o Senhor permitiu-lhe, como já havia permitido a Santa Gertrudes, descansar sua cabeça sobre o seu coração.
Enquanto ela experimentava o conforto da sua presença, Jesus falou-lhe do seu grande amor e lhe explicou que a tinha escolhido para fazer conhecer o seu amor e a sua bondade à humanidade.
No ano seguinte, em junho ou julho de 1674, Margarida Maria relatou que Jesus queria ser homenageado com a imagem de Seu coração de carne. Ele pediu aos fiéis que O recebessem com frequência na Eucaristia, especialmente na primeira sexta-feira de cada mês, e que praticassem uma hora sagrada de devoção.
Em 1675, durante a oitava de Corpus Christi, Margarita Maria teve uma visão que, mais tarde, ficou conhecida como a “grande aparição”.
Nela, o Senhor Jesus pediu que a festa do Sagrado Coração fosse celebrada todos os anos na sexta-feira seguinte ao Corpus Christi, em reparação pela ingratidão dos homens para com o Seu sacrifício redentor na cruz.
A devoção tornou-se popular após a morte de Santa Margarida Maria, em 1690. No entanto, como a Igreja sempre tem o cuidado de aprovar uma aparição ou devoção particular, o feriado só foi estabelecido oficialmente na França em 1765.
Em 8 de maio de 1873, a devoção ao Sagrado Coração foi formalmente aprovada pelo papa Pio IX.
26 anos depois, em 21 de julho de 1899, o papa Leão XIII recomendou, com urgência, que todos os bispos do mundo celebrassem a festa em suas dioceses.
O papa Leão aprovou as seguintes indulgências para a devoção:
• Pelo cumprimento da devoção pública ou privada, sete anos e sete quarentenas (a remissão da pena temporária equivalente ao que seria concedido por quarenta dias de penitência) a cada dia.
• Se a devoção for praticada diariamente em privado, ou se uma pessoa comparecer a uma função pública pelo menos dez vezes, uma indulgência plenária (remissão de todas as penas temporárias pelos pecados) em qualquer dia de junho ou entre 1 e 8 de julho (de acordo com o decreto Urbis et Orbis, de 30 de maio de 1992).
• A indulgência 'toties quoties' (para as almas do purgatório) pode ser conquistada no dia 30 de junho ou no último domingo de junho nas igrejas onde se celebra o mês de junho solenemente.
• Aos sacerdotes que pregam os sermões nas solenes celebrações do mês de junho em homenagem ao Sagrado Coração, e aos reitores das igrejas onde se realizam estas cerimônias, o privilégio do Altar Gregoriano no dia 30 de junho.
• Uma indulgência plenária para cada comunhão do mês de junho e para aqueles que promovem a celebração solene do mês de junho.
(acidigital)