domingo, 8 de junho de 2025

"Onde há amor, não há espaço para preconceitos", diz papa Leão XIV no Domingo de Pentecostes


Leão XIV completa hoje (8), Domingo de Pentecostes, um mês como papa Leão XIV completa hoje (8), Domingo de Pentecostes, um mês como papa | Daniel Ibañez/EWT

O papa Leão XIV, ao celebrar hoje (8), o domingo de Pentecostes a vinda pública e definitiva do Espírito Santo, pediu uma Igreja que abra “fronteiras” entre os povos e rompa “barreiras", onde “não podem haver esquecidos nem desprezados”, exortando à unidade e à fraternidade.

“Só somos verdadeiramente a Igreja do Ressuscitado e discípulos de Pentecostes se entre nós não houver fronteiras nem divisões, se na Igreja soubermos dialogar e acolher-nos mutuamente, integrando as nossas diversidades, e se, como Igreja, nos tornarmos um espaço acolhedor e hospitaleiro para todos”, disse Leão XIV na missa que celebrou na Praça de São Pedro, também por ocasião do Jubileu dos Movimentos, Associações e Novas Comunidades.

E acrescentou: “As diferenças, quando o Sopro divino une os nossos corações e faz-nos ver no outro o rosto de um irmão, não se tornam ocasião de divisão e conflito, mas um tesouro comum, do qual todos podemos tirar proveito e que nos coloca em caminho, todos juntos, na fraternidade”.

Aos milhares de peregrinos que se deslocaram a Roma para participar deste grande evento - convocado no âmbito do Ano Santo 2025 - disse que “onde há amor, não há espaço para preconceitos, para distâncias de segurança que nos afastam do próximo, para a lógica da exclusão que vemos emergir, infelizmente, também nos nacionalismos políticos”.

"A Igreja deve tornar-se sempre de novo aquilo que ela já é:  deve abrir as fronteiras entre os povos e romper as barreiras entre as classes e as raças. Nela não podem haver esquecidos nem desprezados", declarou.

Leão XIV, que celebra hoje o seu primeiro mês de pontificado, refletiu sobre o que aconteceu no Cenáculo, quando o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos e lhes deu “um olhar novo e uma inteligência do coração que os ajuda a interpretar o que havia acontecido e a fazer a experiência íntima da presença do Ressuscitado”.

Realizando no dia de Pentecostes “algo extraordinário na vida dos Apóstolos”: “O Espírito Santo vence o medo, quebra as correntes interiores, alivia as feridas, unge-os de força e lhes dá a coragem de sair ao encontro de todos para anunciar as obras de Deus”.

O Espírito desfaz “o narcisismo que faz-nos rodar apenas em torno de nós mesmos”

Em sua homilia, o papa disse que "o Espírito abre as fronteiras principalmente dentro de nós", porque “é o Dom que desvela a nossa vida para o amor”, onde a "presença do Senhor desfaz a nossa dureza, o nosso fechamento, o egoísmo, os medos que nos bloqueiam e o narcisismo que faz-nos rodar apenas em torno de nós mesmos".

“O Espírito Santo vem para desafiar, em nós, o risco de uma vida que se atrofia, sugada pelo individualismo”, observou.

E acrescentou que o Espírito de Deus, "abre-nos ao encontro com nós mesmos, para além das máscaras que usamos; conduz-nos ao encontro com o Senhor, educando-nos a experimentar a sua alegria; convence-nos – segundo as próprias palavras de Jesus há pouco proclamadas – que só se permanecermos no amor, é que receberemos também a força para observar a sua Palavra e, assim, sermos transformados por ela".

“Viajantes perdidos e solitários”

O papa também observou com tristeza como, "num mundo onde se multiplicam as oportunidades de socialização, corremos o risco de ser paradoxalmente mais solitários, sempre conectados, mas incapazes de “fazer redes”, sempre imersos na multidão, mas permanecendo viajantes perdidos e solitários".

Com isto, destacou que, "quando o amor de Deus habita em nós, tornamo-nos capazes de abrirmo-nos aos irmãos, de vencer a nossa rigidez, de superar o medo em relação ao que é diferente, de educar as paixões que se agitam dentro de nós”.

"O Espírito Santo, ao contrário, faz amadurecer em nós os frutos que nos ajudam a viver relações verdadeiras e boas: "amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio"", ressaltou.

Os numerosos e recentes casos de feminicídio

Além disso, Leão XIV deixou claro que "o Espírito transforma também os perigos mais ocultos que envenenam as nossas relações, como os mal-entendidos, os preconceitos, as instrumentalizações". E acrescentou com um tom mais sério: “Penso também – com muita dor – em quando uma relação é infestada pela vontade de dominar o outro, uma atitude que frequentemente desemboca na violência, como infelizmente demonstram os numerosos e recentes casos de feminicídio”.

Leão XIV continuou sua fala citando a homilia proferida por seu antecessor, o papa Francisco, em 28 de maio de 2023, celebrando o Pentecostes, quando observou que hoje no mundo "há tanta discórdia, tanta divisão!”.

“Estamos conectados e, contudo, vivemos desligados uns dos outros, anestesiados pela indiferença e oprimidos pela solidão", destacou Leão XIV citando o discurso de Francisco.

Ele ainda lamentou que “as guerras que agitam o nosso planeta são um sinal trágico de tudo isso”.

Por último, invocou "o Espírito do amor e da paz, a fim de que abra as fronteiras, derrube os muros, dissolva o ódio e nos ajude a viver como filhos do único Pai que está nos céus”.

"Irmãos e irmãs: Pentecostes renova a Igreja e o mundo! Que o vento vigoroso do Espírito desça sobre nós e em nós abra as fronteiras do coração, dê-nos a graça do encontro com Deus, amplie os horizontes do amor e sustente os nossos esforços pela construção de um mundo onde reine a paz", concluiu o papa pedindo que "Maria Santíssima, Mulher do Pentecostes, Virgem visitada pelo Espírito, Mãe cheia de graça, nos acompanhe e interceda por nós".

 

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