terça-feira, 31 de maio de 2022
Hoje a Igreja celebra a Visitação da Virgem Maria
REDAÇÃO CENTRAL, 31 mai. 22 / 05:00 am (ACI).- Hoje, 31 de maio, o calendário litúrgico recorda a celebração da festa da Visitação da Virgem Maria, oficialmente instituída pelo papa Urbano VI em 1389. Durante esta visita, Maria recitou o cântico de louvor conhecido como o Magnificat.
A Santíssima Virgem Maria, depois de ouvir do anjo Gabriel que sua prima Isabel estava esperando um filho, foi para ajudá-la e assim levar-lhe as graças e bênçãos do Filho de Deus que havia se encarnado Nela.
Além disso, Maria não foi como rainha ou senhora, mas como serva humilde e fraterna, sempre disposta a atender a todos que necessitavam.
São João Paulo II, em sua catequese de 2 de outubro de 1996, assinalou que “a direção da viagem da Virgem Santíssima é particularmente significativa: será da Galileia à Judeia, como o caminho missionário de Jesus”. Ele mencionou que “Isabel, com sua exclamação cheia de admiração, nos convida a apreciar tudo o que a presença da Virgem traz como um dom para a vida de cada crente”.
O papa emérito Bento XVI, em suas palavras de 31 de maio de 2011, disse que “ao meditar hoje a Visitação de Maria, refletimos precisamente sobre essa coragem da fé. Aquela a quem Isabel acolhe em casa é a Virgem que ‘acreditou’ no anúncio do anjo e respondeu com fé, aceitando com coragem o projeto de Deus para sua vida e acolhendo desta forma em si mesma a Palavra eterna do Altíssimo”.
O papa Francisco, na sua reflexão de 31 de maio de 2013, disse que Maria “enfrenta o caminho de sua vida, com grande realismo, humanidade, concretude” e sublinhou que “três palavras resumem a atitude de Maria: escuta, decisão, ação; palavras que indicam um caminho também para nós frente ao que o Senhor nos pede na vida”.
(acidigital)
segunda-feira, 30 de maio de 2022
Missão eclesial para a Comissão Católica para as Migrações
Ao renovar a nova estrutura a Comissão Internacional Católica para as Migrações, recebeu uma mensagem do Papa Francisco destacando a sua natureza e missão eclesial
Vatican News
O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes ao Conselho Plenário da Comissão Internacional Católica para as Migrações. A ocasião é para a eleição da nova estrutura de gestão da Comissão, para aprovar os novos estatutos e determinar as linhas operacionais para os próximos anos.
Sublinhando a sua natureza e missão eclesial que distingue de outras organizações que operam na sociedade civil e na Igreja, o Papa explica que “a Comissão é uma expressão colegial da ação pastoral, no campo da migração, dos bispos que, em comunhão com o Papa, participam de sua "solicitude pela Igreja Universal em um vínculo de paz, amor e unidade". E recorda que na Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, a Comissão é mencionada e colocada entre as competências do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral (cf. Art. 174 § 2), para que sua natureza e missão sejam salvaguardadas de acordo com os princípios originais.
As duas direções da Comissão
“A missão eclesial da Comissão – continua Francisco - é realizada em duas direções: ad intra e ad extra. Antes de tudo, é chamada a oferecer assistência qualificada às Conferências Episcopais e dioceses que têm que responder aos muitos e complexos desafios migratórios de nosso tempo. Portanto, está empenhada em promover o desenvolvimento e a implementação de projetos pastorais migratórios e a formação especializada de agentes pastorais no campo da migração, sempre a serviço das Igrejas particulares e de acordo com suas próprias competências.
Ao falar sobre as competências “ad extra” o Pontífice escreveu: “a Comissão é chamada a responder aos desafios globais e emergências migratórias com programas direcionados, sempre em comunhão com as igrejas locais. Também lhe são confiadas atividades de advocacy como uma organização da sociedade civil no âmbito internacional. A Comissão envolve a Igreja e trabalha para uma maior consciência internacional das questões migratórias, a fim de promover o respeito aos direitos humanos e a promoção da dignidade humana, de acordo com as diretrizes da doutrina social da Igreja.
Depois de esclarecer as competências da Comissão Francisco fez os agradecimentos pelo trabalho dos presentes destacando a ação determinante do grupo. E concluiu: “Agradeço, em particular, seus esforços para ajudar as Igrejas a responder aos desafios do deslocamento maciço causado pelo conflito na Ucrânia. Este é o maior movimento de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”.
(vaticannews)
Hoje é celebrada santa Joana D’Arc, heroína mártir que salvou a França
EDAÇÃO CENTRAL, 30 mai. 22 / 05:00 am (ACI).- “Eu não fiz nada que não me tenha sido ordenado por Deus ou por seus anjos”, disse santa Joana D’Arc, jovem camponesa analfabeta que se tornou padroeira da França com o poder da oração e o amor pela Igreja, mesmo quando foi condenada à morte.
Santa Joana D’Arc nasceu em 1412, em Domrémy (atual França). Nunca aprendeu a ler e escrever, mas recebia com frequência os sacramentos, ajudava os doentes e era bondosa com os peregrinos. No povoado, todos gostavam dela.
Nessa época, a Inglaterra invadiu a França. As cidades caíram uma após a outra e Carlos VII considerava que tudo estava perdido.
Santa Joana, aos quatorze anos, começou a ter experiências místicas e são Miguel Arcanjo, santa Catarina e santa Margarida apareceram a ela. Pediram a ela que salvasse a França e a jovem foi enviada a falar com Carlos VII.
Após uma série de obstáculos, conseguiu uma audiência. Carlos VII se disfarçou para confundir a santa, mas ela o localizou rapidamente. Mais tarde, Santa Joana partiu com uma expedição para salvar a cidade de Orleans, carregando uma bandeira com os nomes de Jesus e Maria e uma imagem do Pai Eterno.
Depois de árduos enfrentamentos, a cidade foi recuperada e posteriormente realizou-se a coroação de Carlos VII. Assim, Santa Joana terminou o que lhe havia sido confiado e a sua carreira de triunfos militares.
Mais tarde, ela seguiu lutando, mas sem vitórias, teve problemas na realeza e foi presa em um campo de batalha pelos borgonheses, que a venderam para os ingleses. Foi acusada de bruxaria e da heresia e, depois de um julgamento no qual não teve defesa, foi determinado que suas revelações tinham sido diabólicas. A Universidade de Paris a acusou em termos violentos.
Santa Joana D'Arc foi entregue ao âmbito secular como herege renegada e levada à praça do mercado de Rouen, onde foi queimada viva, enquanto gritava o nome de Jesus e olhava para uma cruz. Partiu para a Casa do Pai em 30 de maio de 1431, aos 19 anos.
O papa Calisto III nomeou uma comissão para examinar de novo o caso e “reabilitou” plenamente Joana D’Arc. Em 1920, ela foi canonizada pelo papa Bento XV.
Santa Joana era uma figura extraordinária, sua espada jamais foi manchada de sangue, nunca matou ninguém e durante as batalhas manteve-se em oração, sustentando a sua bandeira. Sempre se sentiu orgulhosa de sua virgindade.
Sua perseverança na fé e na Igreja fez com que a Universidade de Paris, que se rogava ao direito de controle sobre os assuntos pontifícios e cujos membros apoiaram o último antipapa Félix V, ficou desacreditada por sua participação no processo contra a santa.
Além disso, a separação dos reinos da França e da Inglaterra preservou a França do cisma de Henrique VIII, com a sua igreja anglicana, que ocorreu mais tarde.
(acidigital)
domingo, 29 de maio de 2022
O Papa: não "eternizar" os cargos nos movimentos, ninguém é indispensável
Francisco recebeu os membros do Movimento de Cursilhos da Cristandade na Itália que participam da VII Ultreya em Roma, encontro nacional de testemunho e oração. O convite à comunhão: “Não se isolar. Seus grupos não estão 'ao lado' da Igreja, mas fazem parte da Igreja que vive naquele território. Vocês são chamados a se identificar plenamente com os sentimentos e ações da Igreja"
Salvatore Cernuzio - Cidade do Vaticano
Ouça e compartilhe!
Nunca se isolar, nunca se fechar, nunca "eternizar" os cargos e, sobretudo, fazer comunidade buscando a harmonia e a unidade, quer internamente no movimento como externamente nos locais em que se está inserido.
O Papa Francisco insiste no conceito de "comunhão" e "serviço" em seu discurso aos membros do Movimento dos Cursilhos da Cristandade da Itália, recebidos na Sala Paulo VI no final da manhã deste sábado por ocasião da VII Ultreya nacional em Roma. Trata-se de um encontro que para os cerca de 2.400 participantes representa um momento de encontro, testemunho e oração, que - como o próprio nome sugere, tirado da antiga saudação dos peregrinos de Santiago de Compostela - os exorta a ir "mais além", a "ir além".
Não se trata de reuniões de organização, não é o ‘conselho administrativo’ de uma empresa, mas encontros fraternos para redescobrir as motivações e o impulso de fé que todos vocês experimentaram desde o primeiro cursilho em que participaram e que deu uma virada em suas vidas.
Não "eternizar" os cargos
Precisamente refletindo sobre "ir além", o Papa, deixando de lado o discurso escrito, pede aos membros dos Cursilhos que estejam sempre em movimento: "Movimento pela unidade interna e movimento para evangelizar". Estar em movimento concretamente significa “viver o serviço do anúncio e do testemunho cristão". Uma tarefa que diz respeito também aos encarregados ou responsáveis de cada país ou de todo o movimento.
Francisco, sempre de improviso, adverte contra uma "coisa ruim" que é "eternizar os cargos”, ou seja, que é sempre o mesmo ou a mesma.” “Por favor, não!”, diz ele.
Todos são bons, mas nem todos são indispensáveis. Não somos indispensáveis. Eu termino essa tarefa de coordenador ou coordenadora, não sei como se chama entre vocês, quer do grupo, quer dos países ou geral, vou para casa, ou seja, entro em grupos como qualquer um, qualquer um. 'Não, mas eu fiz isso, agora comporta...'. Não comporta nada, cabe a ti ires para casa!
Renovação, trabalho para continuar a viver
Esta "renovação contra as ambições pessoais" que "o diabo faz mover", adverte o Papa. "É um trabalho para continuar a viver. Porque tantos movimentos morreram nas mãos de um ou de um único líder. Temos experiência disso na Igreja. Assim, renovar o serviço da autoridade, por assim dizer, renovando-o: ninguém é eterno na autoridade". “Sempre em caminho, nunca estáticos, em caminho, sempre prontos a 'irem além', para a comunhão e para a missão, e sempre a serviço, não galgadores de posições”, recomenda o Papa.
Para além de uma visão horizontal e materialista da vida
O convite é superar "uma visão meramente horizontal, terrena e materialista da vida, para redescobrir cada vez o novo olhar que a fé em Cristo nos deu sobre tudo: sobre nós mesmos, sobre o mundo, sobre o sentido da existência".
De fato, é fácil - por preguiça, inércia, timidez - perder o olhar da fé e conformar-se à mentalidade do mundo, que extingue todo zelo e todo desejo de permanecer fiel ao Senhor e levá-lo aos outros .
Comunhão
O Pontífice oferece aos membros do movimento, iniciado na Espanha, as orientações a seguir em seu caminho: comunhão e missão. “Ir em direção à comunhão”, exorta. “Trata-se de ir além de si mesmo e do próprio grupo para formar comunidade e crescer na Igreja, que é sempre um corpo e nunca desligados, separados”.
Nunca se isolar e nunca se fechar! Sempre preservar e aumentar os vínculos vitais com os lugares de comunhão em que estamos inseridos.
A unidade não se baseia no carisma de um indivíduo
O Papa fala de três níveis. O primeiro é "fazer comunidade com outros grupos, em nível regional e nacional", para enriquecer-se com experiências e perspectivas e para "compreender melhor a situação eclesial e social em que estão imersos".
O segundo nível, diz o Pontífice, é "formar comunidade com todo o movimento dos Cursilhos", preservando - e esse é um "grande desafio" - um espírito de "caridade e unidade", na consciência "de que o carisma fundador do vosso movimento é o que vos foi transmitido pelos iniciadores e pela primeira geração e pelo qual todos vós sois igualmente responsáveis”.
A unidade não se baseia no carisma de um único indivíduo ou na "linha" espiritual de alguma "corrente". Não, a unidade se funda na herança espiritual aceita por todos, vivida e compartilhada por todos, compreendida por todos e confiada a todos.
Harmonia
O Papa Francisco olha para o encontro da Organização Mundial dos Cursilhos de Cristandade, que contará com a participação de líderes de todos os continentes. Os votos é que o encontro "seja vivido como um evento sinodal de escuta e discernimento comum entre os responsáveis, que dê espaço a todos, que acolha as diferentes sensibilidades e visões, para criar harmonia espiritual em seu interior".
Harmonia de identidade, de apostolado, de governo, para que possais ser e mostrar-vos aos outros como irmãos que atuam em unidade.
Fazer comunidade com a Igreja
Por fim, o terceiro nível "ainda mais amplo" indicado pelo Papa é o de "formar comunidade com a Igreja". Em termos concretos, significa "proximidade e escuta dos pastores" e "participação nas iniciativas pastorais das Igrejas locais em que viveis". "Seus grupos e todo o seu Movimento, de fato, não estão 'ao lado' da Igreja, mas também fazem parte da Igreja que vive naquele território. Portanto, sois chamados a identificar-vos plenamente com os sentimentos e as ações da Igreja”, especifica o Papa.
Discípulos missionários
Quanto à missão, segunda direção fundamental de toda ultreya, Francisco fala de um desafio que é o de "formar comunidades de discípulos missionários que vão ao encontro dos que estão longe, superando o critério de que 'sempre se fez assim' que não é um critério cristão".
"Vós - diz aos Cursilhistas - tendes um carisma particular, que vos levou a redescobrir e a saber anunciar de forma simples e direta o essencial da experiência cristã, ou seja, o amor de Deus por cada homem e mulher. E sabeis transmitir este anúncio dentro dos laços de amizade e proximidade que estabeleceis, sem forçar, com as muitas pessoas que encontrais, mesmo aquelas com personalidades mais fortes e que parecem quase indiferentes ou mesmo hostis à fé”. O encorajamento é, portanto, deixar-se "animar por este carisma" para experimentar "a doce alegria de evangelizar em todos os âmbitos da vida, privada e pública".
(vaticannews)
sábado, 28 de maio de 2022
Papa aos budistas da Mongólia: com o diálogo, promover a cultura da paz
Em um mundo devastado por conflitos em que muitas vezes se abusa da religião para justificar atos de violência, o forte apelo de Francisco na audiência com representantes do país asiático: temos o dever de promover uma cultura diferente baseada no perdão e na não violência, como os mestres das respectivas fés, Jesus e Buda, ensinaram. A paz é o anseio da humanidade.
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
O Santo Padre recebeu na manhã deste sábado, 18, no Vaticano, uma delegação de líderes budistas da Mongólia, acompanhada por Dom Giorgio Marengo, prefeito apostólico de Ulaanbaatar, por ocasião do 30º aniversário da Prefeitura Apostólica no país e para consolidar as relações diplomáticas entre a Santa Sé e a Mongólia.
Em sua saudação aos ilustres visitantes, o Pontífice expressou sua sentida gratidão por esta primeira visita ao Vaticano de representantes oficiais do budismo mongol. Tal visita, disse ele, tem o objetivo de aprofundar as relações de amizade com a Igreja Católica, promover a compreensão mútua e a colaboração para a construção de uma sociedade pacífica. Neste sentido afirmou:
“A paz representa, hoje, o ardente desejo da humanidade. Por meio do diálogo, em todos os níveis, é urgente promover uma cultura da paz e da não violência. O diálogo deve levar todos a rejeitar a violência, em todas as suas formas, inclusive a violência contra o meio ambiente. Infelizmente, ainda há pessoas que continuam a abusar e utilizar a religião para justificar atos de violência e de ódio”.
Jesus e Buda, afirmou Francisco, eram construtores de paz e promotores da não violência. Jesus também viveu em tempos de violência. Não obstante, ensinava que o verdadeiro campo de batalha, em que a violência e a paz se defrontam, é o coração humano. Ele pregou, sem cessar, o amor incondicional de Deus, que acolhe e perdoa, e ensinou os discípulos a amar seus inimigos.
Por isso, recordou, "ser verdadeiros discípulos de Jesus, hoje, significa aderir à sua proposta de não violência". E acrescentou:
“A mensagem central de Buda era a não violência e paz. Ele ensinou que ‘a vitória deixa um rastro de ódio, porque o derrotado sofre. Deixem, pois, de lado todos os pensamentos de vitória e derrota e vivam em paz e na alegria’. Buda ressaltou ainda que a conquista de si é bem maior que a dos outros: ‘É melhor vencer a si mesmo do que mil batalhas contra milhares de homens".
Neste sentido, falando de um mundo, devastado por conflitos e guerras, Francisco frisou: “Como líderes religiosos, profundamente arraigados em nossas respectivas doutrinas religiosas, temos o dever de despertar na humanidade o desejo de renunciar à violência e construir uma cultura de paz”.
Embora a presença de comunidades mais formais de fiéis católicos em seu país seja bastante recente, com um número exíguo, mas significativo, a Igreja está plenamente comprometida em promover a cultura do encontro, sob o exemplo do seu Mestre e Fundador, Jesus Cristo, que disse:
"Amai-vos uns aos outros como vos amei". E o Papa exortou:
“Fortaleçamos a nossa amizade para o bem de todos. A Mongólia tem uma longa tradição de coexistência pacífica entre as diferentes religiões. Faço votos de que esta antiga história de unidade na diversidade possa continuar, hoje, com uma efetiva implementação da liberdade religiosa e a promoção de iniciativas conjuntas para o bem comum”.
O Papa concluiu seu pronunciamento à delegação de budistas da Mongólia, dizendo que a sua presença no Vaticano constitui um sinal de esperança. Por isso, convidou os presentes a continuar o diálogo fraterno e as boas relações com a Igreja Católica em seu país, em prol da paz e da concórdia. Desejo a todos os mosteiros budistas da Mongólia, que vocês representam, muita paz e prosperidade.
(vaticannews)
Rumo a Pentecostes: Hoje começa a novena ao Espírito Santo
REDAÇÃO CENTRAL, 27 mai. 22 / 09:13 am (ACI).- No próximo domingo, 5 de junho, a Igreja celebra o Espírito Santo e, por isso, durante nove dias, os fiéis se preparam para Pentecostes, a grande Solenidade em honra à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
Orações iniciais para todos os dias
Deus meu, Deus de amor e de verdade. Senhor Jesus, Autor da santificação de nossas almas, eu, prostrado humildemente ante Vossa soberana Majestade, detesto, na amargura do meu coração, todos os meus pecados cometidos em ofensa a Vós, que é digno de ser amado sobre todas as coisas.
Oh, Bondade infinita, que jamais eu vos tivera ofendido!
Perdoai-me, Senhor, Deus de graça e de misericórdia, perdoai minhas contínuas infidelidades. Perdoai-me, ó Deus, por não ter tido valor para executar coisa boa alguma, depois de, tantas vezes, Vossa misericórdia e graça ter solicitado a mim, repreendido-me e inspirado-me amorosamente.
Pesa sobre mim o arrependimento da ingrata correspondência e indigna cegueira com que tenho resistido incessantemente a Vossos doces e divinos chamados. Mas proponho, firmemente, com Vosso auxílio, não ser rebelde a Vós e seguir, daqui em adiante, Vossas ternas inspirações com suma docilidade. Para este fim, iluminai-me!
Oh, Fonte de luz, fortalecei minha vontade, purificai meu coração, arrancai todos os meus pensamentos, desejos e afetos, e concedei-me ser digno de obter os frutos bem-aventurados que Vossos dons produzem nas almas que os possuem.
Concedei-me as graças que Vos peço, nesta novena, a fim de que, para maior glória Vossa, eu Vos veja, ame e adore sem fim. Amém.
Primeiro dia
Oh, Espírito Santo, Fonte Viva de divinas águas, que, na criação do mundo, santificastes as imensas águas que rodeavam o mundo e as águas do Jordão! No batismo de Jesus Cristo, Senhor nosso, eu Vos suplico que sejais, em meu Espírito, tão árido e seco, a Sagrada Fonte de água viva, que jamais se esgota e brota até a vida eterna.
A graça que Vos peço, nesta novena, é para maior glória Vossa e bem de minha alma. Amém!
Rezar 1 Pai-Nosso e 1 Ave-Maria em honra à Santíssima Trindade
Segundo dia
Oh, Espírito Santo, fazendo sombra, com Vossa virtude altíssima, à puríssima Virgem Maria e, ao mesmo tempo, a transbordando de graça, fizeste, de um modo inefável e Onipotente, a obra infinita da Encarnação do Verbo Eterno no seio virginal de Vossa celestial Esposa.
Peço-Vos, nesta novena, fazei sombra à minha alma e concedei-me a graça necessária para que eu seja digno de receber o mesmo Verbo Divino feito Homem. Amém.
E a graça que Vos peço, nesta novena, é para maior glória Vossa e bem de minha alma. Amém!
Rezar 1 Pai-Nosso e 1 Ave-Maria em honra à Santíssima Trindade
Terceiro dia
Oh, Espírito Santo, Celestial Pomba que, abrindo de par em par os céus, descestes sobre Jesus já batizado, no Jordão, simbolizando que, desde esse momento em que tomou a natureza humana, habitava n’Ele a plenitude da divindade.
Vinde sobre a mim, Espírito de Deus, que sou pobre e miserável, e enchei-me do dom de sabedoria, de conselho, entendimento e fortaleza, do dom de ciência, piedade e de temor a Deus. E que a graça que Vos peço, nesta novena, seja para maior glória Vossa e bem de minha alma. Amém.
Rezar 1 Pai-Nosso e 1 Ave-Maria em honra à Santíssima Trindade
Quarto dia
Oh, Espírito Santo, que fazendo, no Tabor, sombra a Jesus transfigurado e glorioso, ilustrastes aquele santo monte e amparastes, em Seu excessivo temor aos apóstolos, comunicando-lhes, depois da Ascensão de Seu Divino Mestre, muita luz, fervor e graça; ilustrai, protegei e fecundai minha alma para que eu seja um discípulo digno de Jesus.
E a graça que Vos peço, nesta novena, seja para maior glória Vossa e bem de minha alma. Amém.
Rezar 1 Pai-Nosso e 1 Ave-Maria em honra à Santíssima Trindade
Quinto dia
Oh, Espírito Santo, Suave Vento que teve o Cenáculo e deu força e valor aos corações de quantos Vos esperavam, orando fervorosamente unidos com alma e coração! Oh, Espírito de vida e amor, enchei de graça toda a casa de meu pequeno espírito, minha memória, entendimento e vontade.
E a graça que Vos peço, nesta novena, seja para maior glória Vossa e bem de minha alma. Amém.
Rezar 1 Pai-Nosso e 1 Ave-Maria em honra à Santíssima Trindade
Sexto dia
Oh, Espírito Santo, Luz claríssima que ilustrou o entendimento dos santos apóstolos, comunicando-lhes, como Sol divino, toda a luz que necessitavam para sua perfeição e para a conversão do mundo! Oh, Luz beatíssima, iluminai todos os lugares tenebrosos de meu interior para que Vos conheça e dê a conhecer a todo o mundo.
E a graça que Vos peço, nesta novena, seja para maior glória Vossa e bem de minha alma. Amém.
Rezar 1 Pai-Nosso e 1 Ave-Maria em honra à Santíssima Trindade
Sétimo dia
Oh, Espírito Santo, Sagrado Fogo, que aparecendo visível aos apóstolos, no dia de Pentecostes, inflamastes divinamente o coração deles para que, abrasados em Vosso amor, incendiassem todo o mundo nas mesmas sagradas chamas. Acendei, em Vosso Santíssimo ardor, meu coração gelado, para que, abrasado meu espírito neles, acenda em Vosso divino amor a quantos pessoas eu conheça.
E a graça que Vos peço, nesta novena, seja para maior glória Vossa e bem de minha alma. Amém.
Rezar 1 Pai-Nosso e 1 Ave-Maria em honra à Santíssima Trindade
Oitavo dia
Oh, Espírito Santo, caridade essencial, que difundiu Vossos divinos dons nos corações humanos, comunicando-lhes todas as divinas graças, que se incluem em nossos sete dons, e compreendem tudo o quanto necessita a vida espiritual, própria de cada um, e a qual desejais que se comunique a todos os homens:
Oh, Caridade Santíssima, infundi em meu coração tão pobre de Vossos sete dons e com eles publique Vossas grandezas.
Oh, Deus misericordioso, Vós que, antigamente, enchestes, neste dia, os peitos apostólicos de vossa graça, dai-nos Vossos divinos carismas, concedei-nos tempos tranquilos, confirmai as graças que Vos temos pedido nesta novena.
E a graça que Vos peço, nesta novena, seja para maior glória vossa e bem de minha alma. Amém.
Rezar 1 Pai-Nosso e 1 Ave-Maria em honra à Santíssima Trindade
Nono dia
Hoje, completaram-se os dias de Pentecostes. Aleluia! Hoje, reproduzem-se as felizes alegrias quando o Espírito Consolador baixou sobre Seus apóstolos. Aleluia!
Raiou, hoje, o resplendor do divino fogo, repousou o Espírito Santo em forma de línguas sobre eles. Aleluia! Hoje, concedeu-lhes palavras edificadoras, inflamou-os com Seu amor e os encheu de Seus inumeráveis carismas. Aleluia! Aleluia! Foram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em várias línguas. Aleluia!
Oh, Deus, que haveis instruído, neste dia, o coração dos fiéis com a ilustração do Espírito Santo, dai-me a graça de sentir retamente, com este mesmo Espírito, e aproveitar sempre de Sua consolação.
Por Jesus Cristo Senhor Nosso, Seu Filho, que vive contigo e reina na unidade do mesmo Espírito Santo, Amém.
Oração final
Vem, oh, Criador Espírito!
Nossas almas visitai, nosso peito, que Vós criastes, enchei de graça celestial, pois sois Paráclito Espírito, dom do Pai celestial, fonte viva, sacrofogo, unção santa.
Em Seus dons setiformes, tal promessa paternal, dedo eterno de Deus Pai, nossas línguas inflamai. Ilustrai nossos sentidos, o coração inflamai, nossos corpos, que são fracos, com vossa virtude armai.
Apartai os inimigos, dai-nos a divina paz e sendo Vos nosso guia livrai-nos de toda maldade.
Por Vos ao Pai e ao Filho, nesta vida mortal convocamos, e cremos sempre em tua Divindade.
A Deus Pai seja glória, ao filho glória imortal e ao Espírito Paráclito por toda a eternidade. Amém.
Oração ao Espírito Santo
Diviníssimo consolador de minha alma, fogo, luz e celestial ardor dos corações humanos, se é para glória de vossa Majestade que eu consiga o que eu desejo e peço neste dia, digna-Vos conceder-me benignamente;
E senão dirigi meu pedido, dando-me as graças que tem de ser para vossa maior glória e bem da salvação de minha alma. Amém.
(Cada um se recolherá interiormente e pedirá a graça que mais necessite. Será concluido todos os dias com a antífona, verso, resposta e oração seguintes)
Antífona
Vos desejarei, aleluia;
Voe e venho a nós, aleluia;
E se alegrará nosso coração, aleluia, aleluia.
Enviai, Senhor, vosso Santo Espírito, e serão criados.
E renovareis a face da terra.
Oh! Deus que haveis instruído os corações dos fiéis com a ilustração do Espírito Santo; dai-nos o sentir retamente com este mesmo Espírito, e aproveitar sempre de sua consolação.
Por Jesus Cristo Senhor nosso, teu filho, que vive contigo e Reina na unidade do mesmo Espírito Santo, Deus por todos os séculos dos séculos. Amém.
(acidigital)
Hoje Bento XVI completa 45 anos como bispo
REDAÇÃO CENTRAL, 28 mai. 22 / 05:00 am (ACI).- Em 28 de maio de 1977, o então pe. Joseph Ratzinger foi ordenado bispo na Catedral de Munique (Alemanha) e hoje completa 45 anos deste momento especial na vida do papa emérito Bento XVI.
Entre os principais consagrantes do novo prelado estavam o bispo de Wuzburg, dom Josef Stangl, o bispo de Regensburg, dom Rudolf Graber, e o bispo auxiliar de Munique, dom Ernst Tewes.
Naquele então, depois de 80 anos, a cátedra episcopal foi confiada novamente a um sacerdote da grande diocese bávara. No consistório do dia 27 de junho do mesmo ano, o futuro papa Bento XVI foi criado cardeal por Paulo VI.
Joseph Ratzinger nasceu em Marktl am Inn, na diocese de Passau (Alemanha), em 16 de abril de 1927.
Entre as importantes missões que desempenhou a serviço da Igreja, destaca-se que, em 1962, participou do Concílio Vaticano II como consultor teológico do então arcebispo de Colônia (Alemanha), cardeal Joseph Frings.
Além disso, serviu durante muitos anos como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Pontifícia Comissão Teológica Internacional, assim como decano do Colégio Cardinalício.
Em 11 de fevereiro de 2013, anunciou sua renúncia ao pontificado, que entrou em vigor no dia 28 do mesmo mês. Atualmente, Joseph Ratzinger vive no mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano, onde se dedica à leitura e à oração.
O papa emérito apareceu várias vezes em público desde a sua renúncia em 2013.
Entre outros eventos, participou de dois consistórios para a criação de cardeais: em fevereiro 2014 e 2015. Além disso, concelebrou a missa de canonização de são João XXIII e são João Paulo II em abril do mesmo ano e a beatificação do papa Paulo VI em 19 de outubro de 2015.
Em fevereiro de 2019, Bento XVI enviou uma carta ao editor do jornal italiano “Il Corriere della Sera”, na qual manifestou: “Eu me comovi que tantos leitores de seu jornal desejam saber como estou transcorrendo este último período de minha vida. A esse respeito, posso dizer que, no lento declínio das forças físicas, interiormente estou em peregrinação para Casa”.
(acidigital)
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Francisco: a compaixão transforma a vida das pessoas e das comunidades
Publicamos o posfácio do Papa Francisco ao livro "La tessitura del mondo", um diálogo multifacetado sobre a narração como caminho para a salvação, publicado pelas editoras Lev e Salani. Organizado por Andrea Monda, o livro está à venda a partir de hoje (26/05) e reúne as vozes de grandes protagonistas da cultura. O texto inédito do Papa será publicado na íntegra pelos jornais Avvenire e Domani, assim como pela mídia do Vaticano
PAPA FRANCISCO
«As histórias que contamos, recontamos e transmitimos uns aos outros são tendas sob as quais nos reunimos, estandartes a seguir em batalha, cordas indestrutíveis para ligar os vivos e os mortos, e a trama destas vastas teias ao longo dos séculos e culturas ligam-nos fortemente uns aos outros e à história, guiando-nos através das gerações». Assim escreve Donna Tartt depois de ter lido este volume que reúne as reflexões de 44 entre escritores, artistas, teólogos e jornalistas sobre o tema da narração. A romancista norte-americana compreende perfeitamente um dos pontos em que muitos dos autores deste livro convergem: o conto como um “tecido”, feito de “cordas indestrutíveis” que conecta tudo e todos, presente e passado, e permite que nos abramos ao futuro com sentimentos de confiança e esperança.
Este aspeto do textum (em latim para indicar tecido, em italiano testo [em português texto]) estava no centro da minha Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais para o ano de 2020, que foi como a centelha que gerou todas as outras reflexões aqui reunidas. Com efeito, de fevereiro a outubro de 2020 estes textos “provocados” pela leitura daquela minha Mensagem foram publicados nas páginas de L’Osservatore Romano. Foi-me então pedido para acrescentar uma conclusão no final desta rica e bela série que já tinha lido com grande prazer à medida que se desenrolava ao longo dos meses. Então aceitei com prazer, contanto que não seja considerado “final”, em parte porque, como diz Frodo, o protagonista de O Senhor dos Anéis de Tolkien, «os contos nunca acabam», e também porque um aspeto muito bonito deste livro é precisamente o sentido de abertura, de circularidade e de diálogo.
Antes de voltar ao tema do “conteúdo”, gostaria de me deter brevemente no “método” deste volume: no início há uma mensagem que é lançada; esta mensagem é partilhada e oferecida à atenção de várias pessoas que se deixam interpelar e enriquecem aquela mensagem com a própria contribuição; o autor da mensagem lê todas estas contribuições e relança uma nova reflexão mais rica do que a inicial, graças à contribuição de todos; por fim, o leitor deste livro entrará dentro deste diálogo e prossegui-lo-á na sua vida quotidiana. Eis as “tendas sob as quais se reunir” de que Donna Tartt fala, eis o entrelaçamento que “nos une fortemente uns aos outros” também através das gerações.
Tudo isto diz muito. E diz em particular que nas histórias o que importa é obviamente o dizer, mas talvez ainda mais o ouvir. Este livro é o relato de um diálogo que não termina na última página e, enquanto diálogo, tem o seu coração na escuta. Também silenciosa. Nestas páginas sobre a narração, a presença do silêncio é sentida fortemente. Deste ponto de vista, é importante que haja também um ensaio, refiro-me ao texto “Tu parli anche quando taci” [Tu falas também quando ficas em silêncio] de Massimo Grilli, dedicado diretamente ao silêncio. Quase um contraponto, um contracanto, tão essencial como o tema principal interpretado pelo resto da orquestra. Palavra e silêncio, juntos.
E aqui quero voltar aos aspetos de conteúdo para evidenciar, entre os muitos possíveis (a coletânea é bela precisamente devido à liberdade e à variedade de abordagens e pontos de vista), três temas que me parecem ser os mais recorrentes: o primeiro já sublinhei, a narração de histórias como “tecer”; o segundo está escondido dentro da menção do silêncio, e é o tema do “mistério”; o terceiro é o tema da “compaixão”.
No primeiro, como já disse, o tecer, é talvez o aspeto em que a maioria dos autores se concentra, alguns salientando o papel das mulheres, como Marcelo Figueroa, outros destacando a “maleabilidade” da tecelagem das histórias «capaz de concentrar em si situações sempre novas e novos destinatários» (J. P. Sonnet), outros como Antonella Lumini refletiram sobre a consistência “magmática” das histórias que contudo “subsistem”, possuem uma “propriedade” e uma tendência, «como as águas na nascente de um rio que depois correm para o mar».
O tema do mistério, declinado como sentido do limite, mas também como “magia” que intervém no momento da inspiração poética, está presente desde o primeiro texto, o do arquiteto Renzo Piano, para quem «nós, seres humanos, estamos todos unidos por esta consciência de um mistério que nos sobrevoa, nos supera. Isto também tem a ver com poesia». «Aquilo que não sei, sei cantá-lo» diz uma canção do cantor-compositor romano Francesco De Gregori entrevistado na coletânea, e os artistas, acrescenta Judith Thurman, com profunda intuição, «devem escrever não tanto sobre o que sabem, quanto sobre o que não sabiam que sabem até quando não o resgataram da obscuridade».
O sentido do mistério abre ao transcendente, a uma dimensão inconfundivelmente espiritual, religiosa. Donna Tartt observa que «talvez mais propriamente, as histórias são lonas para velas que içamos a fim de capturar um respiro do divino. Os pensamentos de outras pessoas adquirem uma vida estranha em nós, razão pela qual a literatura é a arte mais espiritual de todas e certamente a mais transformadora. Como nenhuma outra forma de comunicar, uma história pode mudar a nossa maneira de pensar, no bem ou no mal [...] as culturas antigas e modernas sempre consideraram as histórias mágicas – e perigosas – por uma razão: porque se pode ouvir uma história e, no seu final, ser uma pessoa totalmente diferente».
E isto leva ao terceiro aspeto, a compaixão, também presente em vários textos recolhidos no volume. Em particular, a escritora Marylinne Robinson, recordando as histórias e canções que a sua mãe costumava ler-lhe, reflete sobre a compaixão, que no seu sentido mais amplo segundo ela é «na vida da alma, equivalente humano da graça divina» e acrescenta mais adiante: «a história mostra como as narrações são importantes para as comunidades». Assim a literatura está ligada à compaixão e isto leva à transformação que ocorre em cada experiência de escrita e leitura, e acontece de forma ambígua, ambivalente e, portanto, arriscada: contar histórias também pode desencadear uma força negativa, manipuladora e destrutiva.
A compaixão, como frequentemente repito nos meus discursos, é uma das três caraterísticas do estilo de Deus, juntamente com a proximidade e a ternura. É uma força poderosa, e não pode ser reduzida apenas a um aspeto interior, íntimo, porque tem também uma dimensão evidentemente pública, social, motivo pelo qual a história se revela como uma força de memória, por conseguinte, guardiã do passado, mas também, precisamente por esta razão, um fermento de transformação para o futuro. A compaixão encontra o seu ícone mais representativo na figura do Bom Samaritano narrada no capítulo 10 do Evangelho de Lucas. Aquele homem tem compaixão pelo ferido e oferece-lhe não só cuidados e cura, mas com eles outro relato da sua vida que com o seu gesto “redimiu das trevas”. A compaixão transforma a vida dos dois protagonistas, e isto aplica-se a cada pessoa e a cada comunidade.
Esta dimensão, podemos dizer “política” da narrativa está também muito presente nos 44 textos do livro. Estou a pensar na reflexão de Alessandro Zaccuri que fala de Jesus como um “Messias narrador”, aparentemente desarmado, mas na realidade dotado da poderosa arma da narração. Assim o romancista irlandês Collum McCann vê a narração como «um dos meios mais poderosos que temos para mudar o nosso mundo. [...] A narração é a nossa grande democracia. É aquilo a que todos nós temos acesso. Contamos as nossas histórias porque precisamos de ser ouvidos. E nós ouvimos histórias porque precisamos de pertencer. A narração transcende as fronteiras. Supera os confins. Despedaça estereótipos. E dá-nos acesso à floração total do coração humano». Aquilo ao que McCann alude é a conclusão a que Daniel Mendelsohn chega quando afirma que «a palavra é uma ponte [...] através da narração de histórias podemos reduzir a distância que nos separa e penso que isto hoje é necessário como nunca». Mendelsohn refere-se à época em que estes textos foram escritos, a sua contribuição é de abril de 2020, e aponta para uma referência literária exata: Decameron de Boccaccio, ambientado numa época de peste. Também este livro, com os seus 44 textos, foi composto numa época de pandemia, e sente-se a importância, a urgência de regressar à atividade mais antiga e humana: a arte de contar histórias, ou seja, de construir pontes que possam «interligar os vivos e os mortos» para nos guiar, através dos séculos e das gerações, rumo a um futuro a construir, a tecer, juntos.
Cidade do Vaticano, 20 de março de 2021
(vaticannews)
Hoje é celebrado santo Agostinho de Cantuária, o apóstolo da Inglaterra
REDAÇÃO CENTRAL, 27 mai. 22 / 05:00 am (ACI).- Santo Agostinho de Cantuária foi um monge da Ordem de São Bento, o primeiro arcebispo de Cantuária na Inglaterra, um dos padres da igreja latina e um dos maiores evangelizadores europeus junto com são Patrício, na Irlanda, e são Bonifácio, na Alemanha.
A data de seu nascimento é desconhecida, mas se sabe que faleceu em 26 de maio de 604. O início de sua vida apostólica e missionária foi em 597, quando saiu de Roma por ordem do papa são Gregório Magno para evangelizar a Grã Bretanha acompanhado de 39 monges.
A Grã Bretanha havia sido evangelizada desde a época apostólica, entretanto, esta pátria recaiu no paganismo após a invasão nos séculos V e VI.
Apesar dessa situação, o rei Etelberto de Kent (sudestes da Inglaterra medieval) – que posteriormente se converteria ao catolicismo e chegaria a ser santo – permitiu a chegada e a evangelização dos missionários beneditinos, apesar de ser pagão. Sem dúvidas, o fato de sua esposa ser uma princesa cristã influenciou.
Antes que os missionários chegassem ao povoado de Thanet, em Kent, onde foram imediatamente recebidos por Etelberto, o papa são Gregório Magno já havia nomeado Agostinho abade e o designado como bispo.
Depois do encontro, o rei lhes concedeu permissão para pregar em todo o povoado e lhes entregou a igreja de São Martinho para que pudessem celebrar a missa e outras liturgias. A partir desse momento, as conversões começaram a se multiplicar e logo o rei e sua corte foram batizados em Pentecostes do ano 597.
A evidente sinceridade dos missionários, sua simplicidade de intenção, sua força diante de todas as provações e, sobretudo, o caráter desinteressado do próprio Agostinho acompanhado de sua doutrina causaram uma profunda impressão na mente do rei.
Agostinho enviou dois de seus melhores monges a Roma para contar ao Sumo Pontífice o acontecido. Em resposta, o papa o nomeou arcebispo de Cantuária e, ao mesmo tempo, o admoestou paternalmente para que não se orgulhasse pelos êxitos alcançados nem pela honra do alto cargo que lhe conferia.
Seguindo as indicações do papa para a divisão em territórios eclesiásticos, Agostinho erigiu outras sedes episcopais, a de Londres e a de Rochester, consagrando bispos Melito e Justo.
Depois de ter trabalhado por vários anos com todas as suas forças para converter ao cristianismo o maior número possível de ingleses, santo Agostinho de Cantuária morreu em 26 de maio de 604.
(acidigital)
quinta-feira, 26 de maio de 2022
FESTAS LITÚRGICAS: ASCENSÃO DE JESUS AO CÉU
Ascensão é uma solenidade litúrgica, comum em todas as Igrejas cristãs, que se celebra no quadragésimo dia após a Páscoa da Ressurreição. São João Crisóstomo e Santo Agostinho já se referiam a esta solenidade. Mas, uma influência incisiva na sua difusão deve-se, provavelmente, a São Gregório Nazianzeno. Visto que este dia cai em uma quinta-feira, sua solenidade foi transferida, em muitos países, para o domingo seguinte. Com a Ascensão ao Céu, conclui-se a vida de "Cristo histórico" e se inicia o tempo da Igreja. Igrejas cristãs, que se celebra no este dia cai em uma quinta-feira, sua solenidade foi transferida, em muitos países,
“Os onze discípulos foram para a Galileia, ao monte que Jesus lhes havia indicado. Quando o viram, se ajoelharam. No entanto, alguns ainda duvidavam. Mas Jesus, aproximou-se deles e lhes disse: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 16-20).
Os Onze discípulos
A Comunidade de discípulos, que acolhe o "testemunho" da proclamação do Evangelho, é uma Comunidade ferida, por causa da ausência de um companheiro, Judas. Embora imperfeita, é a esta Comunidade, concreta e real, que Jesus confiou a missão de dar testemunho do seu Evangelho, da sua proposta de amor.
Galileia
Uma missão, explica o texto, que remete os discípulos ao início da sua experiência com Jesus: "Homens da Galileia, por que estais olhando para o céu?" (At 1,11 - primeira leitura do dia). Logo, a Galileia foi o lugar onde tudo começou para eles: lugar de escuta, de origem da primeira Comunidade e de início da vida de cada dia.
Um novo modo de ser
O texto dos Atos dos Apóstolos oferece-nos algumas orientações teológico-espirituais para compreender o mistério que celebramos. Jesus “foi elevado” - diz o texto dos Atos 1:11, colocando em evidência uma ação divina: “A nuvem o ocultou aos seus olhos" (v. 9). – recorda a nuvem que cobriu o monte Sinai (Ex 24,15), que se pôs à entrada da tenda da Aliança (Ex 33,9), e até a nuvem sobre o monte da Transfiguração (Mc 9,7). A Assunção de Jesus ao Céu não é, portanto, uma "separação", mas um modo novo de ser: eis a explicação dos discípulos voltarem com "grande júbilo" (Lc 24,52). Com a morte, ressurreição e ascensão de Jesus, abrem-se as portas do céu e da vida eterna. A "nuvem da fé" que, hoje, envolve a nossa vida não representa um obstáculo, mas um caminho com o qual podemos fazer uma experiência mais viva e verdadeira de Jesus, animados pela certeza de que se Ele ressuscitou e subiu ao céu. Também nós somos chamados a este mesmo destino, porque Ele foi a primícia (cf. 1 Cor 15, 20).
Igreja em saída
A espera do último dia não deve ser vivida na ociosidade, tampouco fechados dentro de casa, mas, como disse Jesus, no compromisso da missão, até aos confins da terra: “O Espírito Santo vos dará força e sereis minhas testemunhas... até aos confins do mundo” (Atos 1,8), fortalecidos pela promessa de Jesus: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20), pois Jesus é nosso Deus, Emanuel, Deus conosco (Ex 3,12; Mt 1,23; Is 7,14).
Embora a fidelidade do discípulo possa falhar, muitas vezes, a fidelidade de Deus, para com ele, jamais faltará. Por isso, o caminho da comunidade e de cada discípulo de Jesus ressuscitado, estará sempre aberto a novas perspectivas e possibilidades, porque para Deus nada é impossível.
Oração:
«Senhor, vossa ascensão ao céu me enche de alegria, porque o tempo de estar a vigiar o que vós fazeis por mim acabou e começa o tempo do meu compromisso. O que me confiastes, rompe meu individualismo e estática, fazendo-me sentir, pessoalmente, responsável pela salvação do mundo.
Senhor, vós me confiastes o vosso Evangelho, para anunciá-lo em todos os cantos do mundo. Dai-me a força da fé, como destes aos seus primeiros apóstolos, para que o medo não me vença, as dificuldades não me impeçam, a incompreensão não me desanime, mas que eu seja, sempre e em toda parte, a vossa boa nova, reveladora do vosso amor, como foram os mártires e santos na história de todos os povos do mundo».
(Padres Dominicanos, Província Romana de Santa Catarina de Sena)
Oração:
«Senhor Jesus, que com vossa ascensão enchestes os Onze de alegria, fazei que sejamos dignos desta alegria, em virtude da vossa oração e misericórdia.
Senhor Jesus, Vós que com a vossa ascensão levastes a nossa frágil humanidade para o céu e nos abristes o caminho do Céu, infundi em nós a alegria da serenidade e da paz.
Senhor Jesus, Vós que ao subir ao Céu, nos vestistes com o dom do Espírito Santo, fazei de nós vossas testemunhas na vida de cada dia, para que possamos transmitir sempre a alegria da vossa Misericórdia.
(Padre André Vena)
Hoje é celebrado são Felipe Neri, padroeiro dos educadores e dos comediantes
REDAÇÃO CENTRAL, 26 mai. 22 / 05:00 am (ACI).- “Quem quiser outra coisa que não seja Cristo, não sabe aquilo que quer; quem pede outra coisa que não seja Cristo, não sabe aquilo que faz”, dizia são Felipe Neri, padroeiro dos educadores, dos comediantes, bem como fundador do Oratório em Roma.
São Felipe Neri nasceu em Florença (Itália), em 1515. Ficou órfão de mãe quando ainda era muito novo, mas a segunda esposa de seu pai foi para ele e seus irmãos uma verdadeira mãe.
Aos 17 anos, foi enviado para San Germano para aprender sobre negócios e teve uma experiência mística que chamaria de sua “conversão”. Foi para Roma sem dinheiro e sem projeto algum, confiando na Divina Providência.
Conseguiu um emprego para educar os filhos de um aduaneiro florentino, os quais se comportavam muito bem sob a orientação de Felipe. Em seus momentos livre, dedicava-se à oração. Mais tarde, estudou filosofia e teologia, mas quando uma carreira brilhante lhe era aberta, abandonou os estudos e se entregou ao apostolado.
Na véspera de Pentecostes de 1544, pedia em oração os dons do Espírito Santo, quando desceu do céu um globo de fogo que se dilatou em seu peito. São Felipe caiu no chão pedindo ao Senhor para parar, mas quando recuperou plenamente a consciência, tinha um caroço no peito do tamanho de um punho, que jamais lhe causou dor.
Mais tarde, fundou a Irmandade da Santíssima Trindade, conhecida como a irmandade dos pobres. Foi ordenado sacerdote e exerceu o apostolado do confessionário várias horas por dia. Frequentemente, entrava em êxtase na Missa e alguns chegaram a vê-lo levitando.
Organizou as conversas espirituais que costumava terminar com a visita ao Santíssimo. O povo os chamava de “oratorianos”, porque tocava-se o sino para chamar os fiéis para rezar em seu oratório. Como queria ser missionário na Índia, são João Evangelista apareceu a ele e disse-lhe que sua missão estava em Roma.
Posteriormente, deu início à Congregação do Oratório. A Virgem apareceu para ele e o curou de uma doença da vesícula. Além disso, o santo tinha o dom da cura, de ler pensamentos e da profecia.
No final de sua vida, em 25 de maio de 1595, no dia de Corpus Christi, são Felipe Neri estava transbordando de alegria e não havia sido visto tão bem assim nos últimos anos. Atendeu confissões durante o dia todo e recebeu visitantes. Por volta de meia-noite, sofreu um ataque agudo e partiu para a casa do Pai.
São Felipe dizia: “Ó meu Deus tão amável, por que não me destes um coração capaz de amar-vos condignamente?”. Depois da autópsia, foi revelado que o santo teve duas costelas quebradas e foram arqueadas para deixar mais espaço para o coração. Seus restos mortais descansam na igreja de Santa Maria em Vallicela.
(acidigital)
quarta-feira, 25 de maio de 2022
AUDIÊNCIA GERAL (Texto)
PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça São Pedro
Quarta-feira, 25 de maio de 2022
Catequese sobre a Velhice 11. Qohélet: a noite incerta do sentido e das coisas da vida
Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Na nossa reflexão sobre a velhice – continuamos a refletir sobre a velhice – hoje confrontamo-nos com o Livro do Eclesiastes, outra joia encastoada na Bíblia. Numa primeira leitura, este pequeno livro surpreende e desorienta pelo seu célebre refrão: «Tudo é vaidade», tudo é vaidade: o refrão que vai e vem; tudo é vaidade, tudo é “neblina”, tudo é “fumaça”, tudo é “vazio”. É surpreendente encontrar estas expressões, que questionam o significado da existência, dentro da Sagrada Escritura. Na realidade, a oscilação contínua do Eclesiastes entre o sentido e o não-sentido é a representação irónica de um conhecimento da vida que se desprende da paixão pela justiça, da qual é garante o juízo de Deus. E a conclusão do Livro indica a saída da provação: «Teme a Deus e observa os seus preceitos, porque este é o dever de todo o homem» (12, 13). Este é o conselho para resolver este problema.
Face a uma realidade que, em certos momentos, parece que acomoda todos os opostos, reservando para eles o mesmo destino, que é acabar no nada, o caminho da indiferença pode parecer-nos também o único remédio para uma desilusão dolorosa. Surgem em nós perguntas como estas: Porventura os nossos esforços mudaram o mundo? Porventura alguém será capaz de impor a diferença entre o justo e o injusto? Parece que tudo isto é inútil: por que fazer tantos esforços?
É uma espécie de intuição negativa que pode surgir em qualquer época da vida, mas não há dúvida de que a velhice torna este encontro com o desencanto quase inevitável. Na velhice o desencanto vem. E assim a resistência da velhice aos efeitos desmoralizantes deste desencanto é decisiva: se os idosos, que já viram tudo, conservam intacta a sua paixão pela justiça, então há esperança para o amor, e também para a fé. E para o mundo contemporâneo, tornou-se crucial a passagem através desta crise, crise saudável, porquê? Porque uma cultura que presume medir tudo e manipular tudo também acaba por produzir uma desmoralização coletiva do sentido, uma desmoralização do amor, uma desmoralização até do bem.
Esta desmoralização tira-nos a vontade de fazer. Uma suposta “verdade”, que se limita a registar o mundo, também regista a sua indiferença para com os opostos e remete-os, sem redenção, para o fluxo do tempo e para o destino do nada. Nesta sua forma – camuflada em cientificidade, mas também muito insensível e muito amoral – a moderna busca da verdade tem sido tentada a abandonar por completo a sua paixão pela justiça. Já não acredita no seu destino, na sua promessa, na sua redenção.
Para a nossa cultura moderna, que gostaria de entregar praticamente tudo ao conhecimento exato das coisas, o aparecimento desta nova razão cínica – que soma conhecimento e irresponsabilidade – é uma reação duríssima. De facto, o conhecimento que nos isenta da moralidade parece, no início, uma fonte de liberdade, de energia, mas depressa se transforma numa paralisia da alma.
Eclesiastes, com a sua ironia, já desmascara esta tentação fatal de uma omnipotência de conhecimento – um “delírio de omnisciência” – que gera uma impotência da vontade. Os monges da mais antiga tradição cristã identificaram com exatidão esta doença da alma, que improvisamente descobre a vaidade do conhecimento sem fé e sem moral, a ilusão da verdade sem justiça. Chamavam-na “acedia”. E esta é uma das tentações de todos, também dos idosos, de todos. Não é simplesmente preguiça: não, é mais do que isso. Não se trata apenas de depressão: não. Pelo contrário, a acedia é a rendição ao conhecimento do mundo, sem mais paixão pela justiça e pela consequente ação.
O vazio de sentido e força aberto por este saber, que rejeita toda a responsabilidade ética e todo o afeto pelo bem real, não é inócuo. Não se limita a retirar as forças da vontade do bem: por reação, abre a porta à agressividade das forças do mal. São as forças de uma razão enlouquecida, tornada cínica por um excesso de ideologia. Na verdade, com todo o nosso progresso, e com todo o nosso bem-estar, tornámo-nos deveras uma “sociedade do cansaço”. Pensai nisto: somos a sociedade do cansaço! Devíamos produzir uma prosperidade generalizada e toleramos um mercado cientificamente seletivo da saúde. Devíamos colocar um limite intransponível à paz, e vemos uma série de guerras cada vez mais impiedosas contra pessoas indefesas. A ciência avança, naturalmente, e é um bem. Mas a sabedoria da vida é outra coisa completamente diferente, e parece estar num impasse.
Por fim, esta razão inafetiva e irresponsável tira sentido e energias também ao conhecimento da verdade. Não é por acaso que a nossa é a época das fake news, das superstições coletivas e das verdades pseudocientíficas. É curioso: nesta cultura do saber, do conhecimento de todas as coisas, inclusive da exatidão do saber, difundiram-se muitas feitiçarias, mas feitiçarias cultas. É bruxaria com uma certa cultura, que nos leva a uma vida de superstição: por um lado, para ir em frente com inteligência no conhecimento das coisas até às raízes; por outro lado, a alma que precisa de algo mais e empreende o caminho das superstições e acaba em bruxarias. A velhice pode aprender com a sabedoria irónica do Eclesiastes a arte de trazer à luz o engano escondido no delírio de uma verdade da mente desprovida de afeto pela justiça. Os idosos ricos de sabedoria e de humorismo fazem tanto bem aos jovens! Salvam-nos da tentação de um conhecimento do mundo triste e sem sabedoria da vida. E também, estes anciãos trazem os jovens de volta à promessa de Jesus: «Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados» (Mt 5, 6). Serão eles que semeiam fome e sede de justiça nos jovens. Coragem, todos nós, idosos: coragem e avante! Temos uma missão muito grande no mundo. Mas, por favor, não devemos procurar refúgio neste idealismo um pouco não concreto, não real, sem raízes – digamo-lo claramente: nas bruxarias da vida.
Saudações:
Queridos fiéis de língua portuguesa, saúdo-vos a todos e de modo particular aos paroquianos de São Camilo de Lélis, cidade de Natal, e aos membros da associação Regina fidei de São Paulo. Quando o Filho de Deus veio entre nós, encontrou disponível o coração da Virgem Imaculada. Ela vivia como todas as mulheres do seu tempo, mas, na vida simples de cada dia, estava à disposição do Senhor. Peçamos ao Espírito Santo o dom da docilidade à vontade de Deus. Sobre todos desça a bênção do Senhor!
Apelo
Tenho o coração consternado por causa do massacre na escola básica do Texas. Rezo pelas crianças, pelos adultos assassinados e pelas suas famílias. É tempo de pôr fim ao tráfico indiscriminado de armas. Comprometamo-nos todos para que tais tragédias nunca mais possam acontecer.
Resumo da catequese do Santo Padre:
Diante duma realidade que às vezes parece abrigar todos os opostos, reservando-lhes o mesmo destino, ou seja, cada um deles resulta em nada, o ser humano experimenta o desencanto, sentindo-se tentado a viver na indiferença: tudo vale o mesmo! Ao princípio, o conhecimento que nos isenta da moralidade parece fonte de liberdade, de energia, mas não tarda a transformar-se em paralisia da alma. Qohélet, com a sua ironia, desmascara este delírio de omnisciência que gera uma impotência da vontade, fazendo-lhe perder a paixão pela justiça e consequente luta pelo seu triunfo. A contínua oscilação entre o sentido e a falta do mesmo na existência é a representação irónica dum conhecimento da vida que se desligou da paixão pela justiça e caiu na indiferença, chegando ao desencanto de Qohélet: «Vaidade das vaidades, tudo é vaidade»! Tudo é nevoeiro, fumaça, vazio... No mundo atual, a passagem por esta crise – uma crise saudável – tornou-se crucial, pois uma cultura que pretenda ser a medida de tudo e manipular tudo, acaba produzindo uma desmoralização coletiva na busca do sentido da vida. O livro de Qohélet oferece-nos uma espécie de intuição negativa, que pode surgir em qualquer época da vida, mas não há dúvida de que a velhice torna quase inevitável o encontro com este desencanto. É, pois, decisiva a resistência dos idosos aos efeitos desmoralizadores deste desencanto: se os idosos, que já viram tudo, mantêm intacta a sua paixão pela justiça, então há esperança de amor e também de fé. Idosos cheios de sabedoria e humor fazem muito bem aos jovens. Salvam-nos dum conhecimento triste e sem sabedoria e reconduzem-nos à promessa de Jesus: «Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados».
Copyright © Dicastero per la Comunicazione - Libreria Editrice Vaticana
Hoje é celebrado são Beda, cujas homilias inspiraram o lema do papa Francisco
REDAÇÃO CENTRAL, 25 mai. 22 / 05:00 am (ACI).- “O tempo da minha partida chegou e meu coração deseja ver a beleza de Cristo, meu Rei”, disse antes de morrer o doutor da Igreja e padroeiro dos historiadores, são Beda, cujas homilias inspiraram o lema pontifício do papa Francisco.
Por ser também linguista e tradutor, seus trabalhos com os escritos latinos e gregos dos primeiros Padres da Igreja contribuíram de maneira significativa com o cristianismo inglês.
Em suas homilias, são Beda fez uma reflexão do episódio evangélico do chamado de Jesus a são Mateus e escreveu: “Vidit ergo Iesus publicanum et quia miserando atque eligendo vidit, ait illi Sequere me (Viu Jesus um publicado e, como o olhou com sentimento de amor e o escolheu, disse-lhe: Segue-me)”.
Dessas palavras, o papa Francisco retirou a frase “miserando atque eligendo”, que aparece em seu brasão papal, já que é uma homenagem à misericórdia divina que o papa experimentou em sua juventude, depois de uma confissão.
São Beda nasceu entre 672 ou 673, em Wearside ou em Tyneside (Reino Unido), muito perto do mosteiro de São Pedro em Wearmouth, onde ingressou com apenas sete anos. Seu formador foi são Bento Biscop.
Anos depois, são Beda foi para o mosteiro de Jarrow e teve como novo mestre são Celofrith. Diz-se que foi ordenado diácono com 19 anos e, depois, com 30 anos, foi ordenado sacerdote por são João de Beverley. Escreveu muitos livros, sendo sua obra mestra “History of the English Church and People”.
São Beda, conhecido como o Venerável, partiu para a Casa do Pai em 25 de maio de 735. Em 1899, o papa Leão XIII o nomeou doutor da Igreja por sua importante contribuição teológica.
(acidigital)
terça-feira, 24 de maio de 2022
O bem não faz barulho, mas constrói o mundo, diz papa Francisco
Vaticano, 23 mai. 22 / 01:00 pm (ACI).- Na manhã de hoje (23), o papa Francisco recebeu em audiência os voluntários italianos do Sistema Nacional de Defesa Civil, no Vaticano. Durante o encontro, Francisco agradeceu aos presentes pelo trabalho de acolhimento aos refugiados que chegam da Ucrânia fugindo “da guerra absurda”, pelo trabalho que fizeram durante a pandemia, pelo serviço aos doentes, famílias e pessoas vulneráveis e pelo apoio à campanha de vacinação contra a covid. “Obrigado pelo que fizeram e continuem fazendo em silêncio”, disse Francisco.
Francisco destacou três tipos de proteção:
Proteção do isolamento social
O papa disse que “a primeira proteção de que precisamos é aquela que nos preserva do isolamento social; é uma forma muito importante de dar voz à esperança”.
Destacou também que “ninguém se salva sozinho” e que devemos entender e ver “que a nossa vida depende da dos outros e que a bondade é contagiante”.
“Estar perto de nossos irmãos e irmãs nos torna melhores, mais úteis e solidários. E, ao mesmo tempo, nossa sociedade se torna um pouco mais habitável. Na medida em que essas atitudes crescem e se conectam em um estilo de cidadania solidária, elas constroem verdadeiramente a proteção civil”, disse.
"As emergências desses anos, ligadas ao acolhimento de refugiados que fogem de guerras ou mudanças climáticas, recordam como é importante encontrar alguém que estenda a mão, que ofereça um sorriso, que gaste tempo gratuitamente, que faz sentir em casa”, continuou Francisco.
Segundo Francisco, “toda guerra marca uma rendição à capacidade humana de proteger. Uma negação do que está escrito nos compromissos solenes das Nações Unidas”.
“Portanto, são Paulo VI, falando na ONU, proclamou: ‘Nunca mais a guerra!’. Repitamos isso hoje diante do que está acontecendo na Ucrânia, e protejamos o sonho de paz das pessoas, o direito sagrado dos povos à paz”, pediu o papa.
Contra os desastres ambientais
O papa Francisco disse então que “as mudanças climáticas do nosso tempo multiplicaram os eventos atmosféricos extremos, com consequências dramáticas para as populações civis”.
“O impacto é catastrófico para as pessoas que perdem suas casas por conta das enchentes de cursos de água, tornados, alterações hidrogeológicas. A terra grita! Quando forçamos a mão, a natureza mostra seu rosto cruel e o homem é esmagado, obrigado a gritar seu medo”, disse o papa.
Francisco continuou dizendo que “a proteção é um sinal de cuidado com o território que habitam: estão ali para salvar vidas e promover comunidades. Somos chamados a proteger o mundo e não a depredá-lo", disse.
Prevenção
Como terceiro ponto, o papa destacou que “é preciso formar as consciências para que os bens comuns não sejam abandonados ou sejam usados apenas em benefício de poucos. E vigiar para que eventos adversos não provoquem desastres irreparáveis na população”.
Da mesma forma, incentivou a “educar para a beleza, valorizando histórias de vida e tradições, culturas e experiências sociais. Ao fazer isso, vocês se tornam artesãos da esperança”, disse.
“Proteger é, portanto, cuidar. Deus é Pai, cuida de nós e não nos deixa faltar o seu amor. Ele nunca nos abandona, sempre nos pega pela mão e nos acompanha, nos protege e nos ampara”, concluiu Francisco.
(acidigital)
Hoje é celebrada a memória de Nossa Senhora Auxiliadora
REDAÇÃO CENTRAL, 24 mai. 22 / 05:00 am (ACI).- “No céu, ficaremos gratamente surpreendidos ao conhecer tudo o que Maria Auxiliadora fez por nós na terra”, disse são João Bosco, grande propagador do amor a esta devoção mariana que se faz presente na Igreja e nas famílias cristãs nos momentos difíceis desde os tempos antigos.
Os cristãos dos primeiros séculos chamavam Virgem Maria com o nome de Auxiliadora. Tanto que os dois títulos lidos nos monumentos antigos do oriente são: Mãe de Deus (Theotokos) e Auxiliadora (Boeteia).
Santos como são João Crisóstomo, são Sabas e são Sofrônio a nomeavam também com esta advocação, sendo São João Damasceno o primeiro a propagar a jaculatória: “Maria Auxiliadora, rogai por nós”.
“Ó Maria, és poderosa Auxiliadora dos pobres, valente Auxiliadora contra os inimigos da fé. Auxiliadora dos exércitos para que defendam a pátria. Auxiliadora dos governantes para que nos alcancem o bem-estar. Auxiliadora do povo humilde que necessita de tua ajuda”, proclamou tempos depois são Germano.
No século XVI, o papa são Pio V, grande devoto da Mãe de Deus, após a vitória do exército cristão sobre os muçulmanos na batalha de Lepanto, ordenou que fosse invocada Maria Auxiliadora nas ladainhas.
Na época de Napoleão, o papa Pio VII estava preso por este imperador e o papa prometeu que, se ficasse livre, decretaria uma nova festa mariana na Igreja. Napoleão caiu, o papa retornou triunfalmente a sua sede pontifícia em 24 de maio de 1814 e decretou que todos os dias 24 desse mês seria realizada em Roma a festa de Maria Auxiliadora.
No ano seguinte, nasceu São João Bosco, a quem a Virgem apareceu em sonhos pedindo que lhe construísse um templo com o título de Auxiliadora. Foi assim que o santo iniciou dois monumentos: o físico que é a basílica de Maria Auxiliadora de Turin e o “vivo” formado pelas Filhas de Maria Auxiliadora.
São João Bosco assegurava a seis jovens que ele e muitos fiéis obtinham grandes favores do céu com a novena de Nossa Senhora Auxiliadora e a jaculatória dada por são João Damasceno.
“Confiai tudo a Jesus eucarístico e a Maria Auxiliadora e vereis o que são milagres”, afirmava são João Bosco.
Oração à Nossa Senhora Auxiliadora
Ó Maria, Virgem poderosa,
Tu, grande e ilustre defensora da Igreja,
Tu, auxílio maravilhoso dos cristãos,
Tu, terrível como exército ordenado em batalha,
Tu, que só destruíste toda heresia em todo o mundo:
nas nossas angústias, nas nossas lutas, nas nossas aflições, defende-nos do inimigo;
e na hora da morte, acolhe a nossa alma no paraíso.
Amém.
(acidigital)
segunda-feira, 23 de maio de 2022
Gallagher: encontrei um povo ferido e corajoso, é necessário diálogo para a paz
Entrevista com o arcebispo secretário para as Relações com os Estados na conclusão de sua missão na Ucrânia: "o Papa poderia continuar a desempenhar um papel muito significativo neste conflito e na sua resolução. Existem espaços. Atenção para não iniciar uma nova corrida armamentista na Europa e no mundo".
Stefano Leszczynski - Enviado a Kiev
"O povo ucraniano é verdadeiramente um povo ferido e ao mesmo tempo muito corajoso, muito determinado: não podemos ignorar o grande sofrimento deste grande povo... Devemos renovar o compromisso para resolver o conflito através do diálogo diplomático e político". O arcebispo Paul Richard Gallagher, na conclusão de sua missão na Ucrânia, faz um balanço da viagem com o Vatican News.
Conclui-se neste domingo a sua missão na Ucrânia, após três dias de encontros muito intensos. Quais são suas primeiras impressões e conclusões sobre o resultado desta missão?
Gostaria de começar com uma palavra de agradecimento, especialmente a Deus que nos permitiu levar a cabo esta missão. Tudo correu muito bem. Depois, é claro, uma palavra de agradecimento a todos aqueles que facilitaram esta viagem: as autoridades eclesiásticas e civis da Polônia, que nos acompanharam desde Cracóvia até a fronteira com a Ucrânia; a Igreja aqui na Ucrânia - a Igreja greco-Católica, a Igreja Latina - e também as autoridades que nos ajudaram de tantas maneiras. Naturalmente, um agradecimento especial ao Núncio Apostólico, dom Visvaldas Kulbokas, e seus colaboradores em Kiev, que nos receberam e nos ajudaram de muitas maneiras. Desta forma, pudemos viajar com segurança, ver a situação e conhecer as pessoas. Estou muito feliz que a missão tenha sido bem sucedida neste nível. Penso que nos foi permitido apresentar a atenção, a preocupação do Santo Padre, da Santa Sé em geral, e poder tocar a realidade, ver as autoridades, que também estão sob pressão da guerra, e depois a Igreja com todas as suas preocupações. Vimos e também ouvimos das autoridades um grande reconhecimento por todo o trabalho que a Igreja realizou aqui na Ucrânia durante esta emergência: o trabalho humanitário e o apoio espiritual oferecido ao povo. E isto é muito, muito importante. Eu sei que o Santo Padre ficará muito feliz em receber notícias a este respeito.
O senhor teve a oportunidade de atravessar o país de Lviv a Kiev. Tantas pessoas encontradas, tantos testemunhos de heroísmo devido a coisas simples, também feitos de gestos simples, mas também tantos sofrimentos que o senhor pode tocar com suas próprias mãos …
Sim. Para nós que vivemos geralmente confortavelmente em nossos países, é difícil imaginar estes meses de conflito, os sofrimentos, as pessoas que tiveram que fugir em poucos minutos deixando tudo para trás, as pessoas que vivem a angústia de não conhecer o destino de seus entes queridos... Também em nível psicológico vimos no mosteiro beneditino aqui em Lviv, famílias claramente traumatizadas, crianças sofrendo, ainda com muito medo. Por isso, tocamos o sofrimento deste povo. E isto eu acho que é o mesmo para o Oriente e para o Ocidente: é algo sem precedentes, que ninguém esperava. O choque é muito grande neste povo. E também olhando para o futuro, a insegurança, as dúvidas, a tentativa de ser corajoso, de ter a força para continuar e depois a responsabilidade que todos sentem para encorajar os outros e não mostrar - talvez - até mesmo seus próprios sentimentos, às vezes. Este é realmente um povo ferido, um povo ao mesmo tempo muito corajoso, muito determinado: não podemos ignorar o grande sofrimento deste grande povo ucraniano neste momento.
O povo ucraniano representa uma grande variedade e riqueza de culturas, o que também se reflete em sua variedade e riqueza religiosa. Quanto é importante o espírito ecumênico na reconstrução da paz da futura Ucrânia?
Creio que isto é essencial, porque em um momento como este, em qualquer país, embora esteja unido - e existe esta unidade, nós a sentimos - existe também o perigo de começar a ter rivalidades, ressentimentos uns com os outros. Portanto, é indispensável que todos permaneçam firmemente determinados a trabalhar pela unidade do país, do corpo político do país, pela unidade dos cristãos, pela unidade da Igreja Católica, pela unidade com outras religiões, para poder tirar proveito dos recursos espirituais, da graça que Deus concede nestes momentos, e não dissipar estas coisas em dificuldades, em brigas. Isto é indispensável. Esta é também uma oportunidade quando surgem alguns mal-entendidos ou dificuldades históricas, mas que podem ser superados neste momento.
O senhor teve a oportunidade de falar com a liderança institucional da Ucrânia. Uma das grandes questões diz respeito aos espaços para abrir um caminho para o diálogo a fim de alcançar um futuro de paz. Quais espaços o senhor foi capaz de detectar nessas conversas?
A primeira coisa que notei: o fato de ter vindo aqui com os meus colaboradores por alguns dias foi muito apreciado. Mantemos nossa promessa ao ministro das Relações Exteriores de vir. Em seguida, todos expressaram seu apreço pelas palavras do Papa nas audiências, no Angelus, nas entrevistas. Eles sentiram que o Papa "tem o pulso" deste povo em seus sofrimentos. Portanto, acho que eles sentiram que a Santa Sé, o próprio Santo Padre, ainda poderia continuar a desempenhar um papel muito significativo neste conflito e em sua resolução. Existem espaços. O presidente Zelensky disse que, diante de uma guerra que continua, deve ser a diplomacia a resolver as coisas; as partes em conflito devem vir à mesa para negociar. Eles já fizeram uma tentativa - e isto merece reconhecimento - mas este esforço deve ser renovado, para resolver o conflito através do diálogo diplomático e político.
Excelência, o diálogo diplomático e político ocorre em um nível muito alto. Depois há a dimensão humana. O senhor experimentou isso na carga emocional de algumas das pessoas que encontrou. Estou pensando, por exemplo, no religioso da Igreja Ortodoxa Ucraniana, que relatou sua experiência durante os dias mais duros do cerco, assim como as palavras do núncio, quando lhe contou sua experiência pessoal durante os dias do bombardeio e lhe mostrou objetos que foram encontrados em casas em ruínas. Ele fez isso com muita emoção. Como esta dimensão humana pode ser despertada na população para garantir um caminho de redenção após o conflito?
Estas pessoas passaram e estão passando por dias terríveis, como você está contando novamente. Fiquei impressionado com a coragem do padre ortodoxo que encontramos em Bucha, que conta aqueles dias terríveis, quando havia cadáveres por toda parte e ele pediu que eles fossem enterrados. Sim, você pode ver que no final, talvez em alguns lugares as coisas estejam um pouco melhores hoje em dia, mas as feridas permanecem e mesmo nós, no nosso pequeno caminho, viemos, tentamos conversar com eles, mostrar empatia com seu sofrimento, um gesto de apoio, um gesto de encorajamento. Isto, no entanto, em minha opinião, não é algo que nós humanos possamos fazer sozinhos. Verdadeiramente quando temos necessidade, sentimos absolutamente a necessidade do encontro com Cristo que cura nossas feridas. Em certo sentido, a Ucrânia deve caminhar um pouco como Maria Madalena no jardim para encontrar o Cristo ressuscitado. Somente isto pode secar as lágrimas deste povo. Estou convencido de que quando você vê estas pessoas há uma grande solidariedade humana, mas também há uma grande fé. Estou convencido de que o povo, através do aprofundamento de sua fé, independentemente de suas tradições - católica, ortodoxa, protestante, judaica e outras religiões - pode chegar à ressurreição, mesmo nesta época de Páscoa.
Mais uma consideração sobre quais são as expectativas da Ucrânia em relação ao resto do mundo. Houve uma grande gratidão que lhe foi manifestada pela atenção da Europa para com o povo ucraniano. Mas também houve um pequeno declínio na atenção, um declínio - talvez - na quantidade de ajuda que chega ao país. O que pode ser feito concretamente para ajudar o povo ucraniano? O que o senhor poderia sugerir?
Uma certa dificuldade no envio de qualquer tipo de ajuda é natural; já vimos isso em muitos lugares do mundo. É difícil manter o interesse, a simpatia, a solidariedade por muito tempo; isto acontece em todos os lugares. O que eu acho que deve ser feito agora é buscar - já existe, mas precisamos intensificá-lo - contatos com as autoridades, com a sociedade civil, com as Igrejas, para tentar entender o que elas realmente precisam. Uma coisa que me impressionou muito quando falei com o ministro das Relações Exteriores, o secretário da Presidência e o primeiro-ministro, foi que todos eles continuavam dizendo: 'vamos manter contato'. Vamos manter contato frequentemente". O mundo, a Europa, tem sido muito generoso com a Ucrânia; ouvimos muitos testemunhos de gratidão para com a Polônia, a Igreja Católica na Polônia, juntamente com um sentimento de solidão diante dos grandes desafios do momento. E assim, acredito que a comunidade internacional em todos os níveis deve se reunir em torno da Ucrânia neste momento.
Às vezes se tem a sensação de que no Ocidente o debate sobre a guerra na Ucrânia muitas vezes se resolve em uma polêmica sobre o envio de armamentos ou outros tipos de apoio. Na sua opinião, existe uma percepção correta da situação de conflito e da real necessidade dos povos, ucraniano e russo, de alcançar uma reconciliação, um fim ao conflito?
Parece-me muito claro que infelizmente é muito cedo para falar primeiro de paz e depois de reconciliação. Muitos nos disseram que compreendem o assunto, entendem que estes são valores profundamente humanos e cristãos, mas infelizmente o povo tem sofrido tanto nestes meses. É muito cedo. A Ucrânia deve se defender e para isso deve receber ajuda, incluindo ajuda militar. Sempre insistimos que deve haver uma certa proporcionalidade, porque recomeçar uma corrida armamentista, na Europa, no mundo, não é conveniente. Como eu disse antes, a Ucrânia deve ser incluída em todas as iniciativas a favor da paz neste país.
(vaticannews)