sexta-feira, 29 de junho de 2018

Papa Francisco e os 14 novos cardeais visitam Bento XVI





Vaticano, 28 Jun. 18 / 02:42 pm (ACI).- Os 14 novos cardeais criados nesta quinta-feira, 28 de junho, pelo Papa Francisco no Consistório celebrado na Basílica de São Pedro, no Vaticano, visitaram o Papa Emérito Bento XVIao término da cerimônia.
Acompanhados pelo Santo Padre, os 14 novos cardeais foram em um ônibus até o interior dos Jardins Vaticanos, onde se encontra o mosteiro Mater Ecclesiae, residência do Papa Emérito.
Na capela do mosteiro, rezaram juntos a Ave Maria. Após a oração, o Papa Bento saudou de forma pessoal todos os novos cardeais e lhes deu sua bênção.
Em declarações ao Grupo ACI, o novo cardeal peruano Pedro Ricardo Barreto Jimeno, comentou sobre esta visita de cortesia ao Papa Emérito. “Pudemos experimentar a beleza da ternura, de uma ternura que brota de um coração de pastor, de um coração que definitivamente nos embarga de emoção e de alegria”.
Desde a renúncia de Bento XVI como Pontífice, tornou-se tradição que os novos cardeais vão visitá-lo, juntamente com o Papa Francisco, em sua residência, onde trocam algumas breves palavras e recebem sua bênção.
(acidigital)

Solenidade de S. Pedro e S. Paulo


Papa Francisco: glória e cruz sejam inseparáveis
"Contemplar a vida de Pedro e a sua confissão significa reconhecer as tentações que acompanham a vida do discípulo. Como Pedro, seremos sempre tentados pelos 'sussurros' do maligno", disse o Pontífice na missa na Solenidade dos Santos apóstolos Pedro e Paulo.

Manoel Tavares - Cidade do Vaticano

O Santo Padre presidiu na manhã desta sexta-feira (29/6), na Praça de São Pedro, à solene celebração Eucarística por ocasião da Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo.
Durante a cerimônia, o Papa entregou os Pálios sagrados aos 30 Arcebispos Metropolitanos nomeados durante o último ano, entre os quais um brasileiro: Dom Airton José dos Santos, arcebispo de Mariana (MG).

Tu és o Messias
Em sua homilia, Francisco retomou a Tradição Apostólica, perene e sempre nova, que acende e revigora a alegria do Evangelho. E precisamente sobre o Evangelho de hoje, pôs em realce a pergunta que Jesus fez aos seus discípulos: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”. Tomando a palavra, Pedro respondeu: “Tu és o Messias”, o Ungido, o Consagrado de Deus. E o Papa disse:
“Muito me apraz saber que foi o Pai a inspirar esta resposta a Pedro, que via como Jesus “ungia” seu povo. Jesus, o Ungido que caminha, de aldeia em aldeia, com o único desejo de salvar e aliviar quem estava perdido: ungia os mortos, os enfermos, as feridas, o penitente. Unge a esperança! Assim, todo pecador, derrotado, doente, pagão se sentiam membros amados da família de Deus”.

Ir a todos os cantos
Como Pedro, disse o Papa, também nós podemos confessar, com os nossos lábios e o coração, não só o que ouvimos, mas também a nossa experiência concreta de termos sido ressuscitados, socorridos, renovados, cumulados de esperança pela unção do Santo. E acrescentou:
“O Ungido de Deus leva o amor e a misericórdia do Pai até às extremas consequências. Este amor misericordioso exige ir a todos os cantos da vida e chegar a todos, ainda que pudesse colocar em perigo o próprio “nome”, as comodidades, a posição, o martírio”.

Tentação à espreita
Perante este anúncio tão inesperado, Pedro reage a ponto de se tornar pedra de tropeço no caminho do Messias e até ser chamado “Satanás”. Contemplar a vida de Pedro e a sua confissão, afirmou o Papa, significa reconhecer as tentações que acompanham a vida do discípulo. Como Pedro, como Igreja, seremos sempre tentados pelos “sussurros” do maligno, que poderão ser pedra de tropeço para a nossa missão:
“Quantas vezes sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor! Jesus toca a miséria humana; convida-nos a estar com Ele e a tocar os sofrimentos dos outros. Confessar a fé, com a boca e o coração, exige identificar os “sussurros” do maligno; discernir e descobrir as “coberturas” pessoais e comunitárias, que nos mantêm à distância do drama humano real, impedindo-nos de entrar em contato com a sua existência concreta”.

Não separar a glória da cruz
Jesus, frisou Francisco, sem separar a cruz da glória, quer resgatar seus discípulos e a sua Igreja dos triunfalismos vazios de amor, de serviço, de compaixão e de povo. Contemplar e seguir a Cristo exige deixar o nosso coração abrir-se ao Pai e a todos com quem Ele se identificou: Ele jamais abandona o seu povo! O Papa concluiu sua homilia, com a exortação:
“Confessemos com os nossos lábios e com o nosso coração que Jesus Cristo é o Senhor! Este é o nosso canto, que somos convidados a entoar todos os dias. Com a simplicidade, a certeza e a alegria de saber que a Igreja não brilha com luz própria, mas com a de Cristo: 'Já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim'.”

(vaticannews)


quinta-feira, 28 de junho de 2018

Palavra de Vida – junho 2018




«Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5, 9).

O Evangelho de Mateus abre a narração da pregação de Jesus com o surpreendente anúncio das Bem-Aventuranças. Jesus proclama “bem-aventurados”, isto é, plenamente felizes e realizados, todos aqueles que, aos olhos do mundo, são considerados vencidos ou criaturas com pouca sorte: os humildes, os doentes, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os puros de coração, os que trabalham na construção da paz. A estes, Deus faz grandes promessas: serão por Ele saciados e consolados, serão herdeiros da Terra e do Seu Reino.
Trata-se de uma verdadeira revolução cultural. Muda radicalmente a nossa visão, muitas vezes fechada e míope, segundo a qual estas categorias de pessoas são uma parte marginal e insignificante, na luta pelo poder e pelo sucesso.
«Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus».

Na visão bíblica, a paz é o fruto da salvação que Deus realiza. Portanto, a paz é, antes de mais, uma dádiva de Deus. É uma caraterística do próprio Deus, que ama a humanidade e toda a Criação com um coração de Pai e tem para todos um projeto de concórdia e harmonia. Por isso, quem trabalha pela paz demonstra uma certa “semelhança” com Ele, como um Filho.

Escreve Chiara Lubich: «Pode ser portador de paz quem a possuir em si mesmo. Devemos ser portadores de paz, acima de tudo, com o nosso comportamento em cada momento, vivendo em harmonia com Deus e com a sua vontade. […] “… Serão chamados filhos de Deus”. Receber um nome significa tornar-se aquilo que o nome exprime. Paulo dizia que Deus é “o Deus da paz”. Por isso, ao saudar os cristãos, dizia-lhes: “O Deus da paz esteja com todos vós”. Os pacificadores manifestam o seu parentesco com Deus, agem como filhos de Deus, testemunham Deus, que […] imprimiu na sociedade humana aquela ordem cujo fruto é a paz» (1). Viver em paz não é simplesmente a ausência de conflitos. Nem sequer é vivermos tranquilos, com um certo compromisso sobre alguns valores, que permitem sermos aceites sempre e em todo o lado. É antes um estilo de vida, profundamente evangélico, que exige a coragem de fazer escolhas contra a corrente. Sermos “pacificadores” é, sobretudo, criar ocasiões de reconciliação na nossa vida e na dos outros, a todos os níveis: antes de mais, com Deus, depois com aqueles que estão connosco na família, no trabalho, na escola, na paróquia, nas associações, nas relações sociais e internacionais. Portanto, é uma atitude decisiva de amor ao próximo, uma grande obra de misericórdia, que restabelece todos os relacionamentos. Foi precisamente isso que o Jorge, um adolescente venezuelano, decidiu fazer na sua escola: «Um dia, no final das aulas, apercebi-me que os meus colegas estavam a organizar uma manifestação de protesto, durante a qual tinham a intenção de usar a violência, incendiando carros e atirando pedras. Imediatamente pensei que esse comportamento não estava em sintonia com o meu estilo de vida. Propus então aos meus colegas que escrevêssemos uma carta à Direção da escola: assim poderíamos apresentar as nossas exigências de outra maneira, sem recorrer à violência. Eu e alguns deles redigimos a carta e fomos entregá-la ao Diretor».

«Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus».

Nestes tempos, afigura-se particularmente urgente promover o diálogo e o encontro entre pessoas e grupos, diferentes entre si pela história, tradições culturais e pontos de vista, mostrando apreço e acolhimento por esta variedade e riqueza.
Como disse recentemente o Papa Francisco: «A paz constrói-se no coro das diferenças. (…) E a partir destas diferenças aprendemos com o outro, como irmãos. (…) O nosso Pai é Um só, nós somos irmãos. Amemo-nos como irmãos. E, se discutirmos entre nós, que seja como irmãos, que se reconciliam imediatamente, que voltam a ser sempre irmãos» (2).
Também nós podemos trabalhar para conhecer os rebentos de paz e fraternidade, que tornam já as nossas cidades mais abertas e humanas. Cuidemos bem deles e façamo-los crescer… Assim contribuiremos para a eliminação das divisões e dos conflitos que as atravessam.
Letizia Magri
(focolares)


1) Cf. C. Lubich, Diffondere pace, Città Nuova, 25, [1981], 2, pp. 42-43; 2) cf. Saudação do Santo Padre, Encontro com os líderes religiosos de Myanmar, 28 de novembro de 2017.


quarta-feira, 27 de junho de 2018

Os Mandamentos são um caminho de libertação


AUDIÊNCIA GERAL - CATEQUESE
"Colocar a lei antes da relação com Deus não ajuda o caminho de fé", disse o Papa ao comentar o texto inicial do Decálogo.

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Cerca de 15 mil fiéis enfrentaram o calor do verão romano para participar da Audiência Geral na Praça S. Pedro.
A primeira etapa da Audiência foi na Sala Paulo VI, onde os doentes foram acomodados justamente devido ao sol e ali puderam saudar o Pontífice. “O Senhor reserva um lugar especial no seu coração para quem apresenta qualquer tipo de deficiência e assim é para o Sucessor de São Pedro”, disse o Papa.
Já na Praça, Francisco deu continuidade ao ciclo sobre os Mandamentos, falando do texto inicial do Decálogo. Os Dez Mandamentos começam com a seguinte frase: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fiz sair do Egito, da casa da servidão” (Ex, 20,2).

Deus salva, depois pede
O Decálogo, explicou o Papa, começa com a generosidade de Deus. “Deus jamais pede sem dar antes. Primeiro salva, depois pede. Assim é o nosso Pai”, afirmou.
“Eu sou o Senhor teu Deus.” Há um possessivo, uma relação. Deus não é um estranho: é o teu Deus. Isso ilumina todo o Decálogo e revela também o segredo do agir cristão, porque é a mesma atitude de Jesus, que diz: “Assim como o Pai me amou, também eu vos amei” (Gv 15,9). Ele não parte de si, mas do Pai.

Quem parte de si mesmo….chega a si mesmo!
“Nossas obras podem ser uma falência quando partimos de nós mesmos e não da gratidão. E quem parte de si mesmo….chega a si mesmo! É incapaz de progredir, volta para si, é uma atitude egoísta.”
Antes de tudo, prosseguiu Francisco, a vida cristã é a resposta grata a um Pai generoso. Os cristãos que somente seguem “deveres” mostram que não têm uma experiência pessoal daquele Deus que é “nosso”. O fundamento deste dever é o amor de Deus Pai, que antes dá e depois manda. Colocar a lei antes da relação não ajuda o caminho de fé.

Caminho de libertação
“Como um jovem pode desejar ser cristão se o ponto de partida são obrigações, empenhos, coerência e não a libertação?”, questionou o Papa. Ser cristão é um caminho de libertação e os Mandamentos nos libertam do nosso egoísmo. A formação cristã não está baseada na força de vontade, mas no acolhimento da salvação. Primeiro salva no Mar Vermelho, depois liberta no Monte Sinai. A gratidão é um elemento característico do coração visitado pelo Espírito Santo, disse o Papa, propondo um “pequeno exercício em silêncio”.

“ Quantas coisas belas Deus fez por mim? Em silêncio, cada um responda. Essa é a libertação de Deus! ”

Clamar para ser socorrido
Todavia, pode acontecer que um cristão dentro de si encontre somente o sentido do dever, uma espiritualidade de servos e não de filhos. Neste caso, é preciso fazer como fez o povo eleito: devem clamar para que sejam socorridos.
A ação libertadora de Deus no início do Decálogo é a resposta a este clamor. Nós não nos salvamos sozinhos, mas de nós pode partir um pedido de ajuda. “Senhor, salve-me, indique-me o caminho, acaricie-me, dê-me um pouco de alegria.” Isso cabe a nós: pedir para sermos libertados.
O Papa então concluiu:

“Deus não nos chamou à vida para permanecer oprimidos, mas para ser livres e viver na gratidão, obedecendo com alegria Àquele que nos deu tanto, infinitamente mais daquilo que jamais poderemos dar a Ele. Isso é belo. Que Deus seja abençoado por tudo aquilo que fez, faz e fará em nós.”

(vaticannews)