sábado, 16 de junho de 2018

Por uma nova ética do trabalho




O Papa denunciou as desigualdades sociais

e invocou responsabilidade e transparência


«Renovar o trabalho em sentido ético significa renovar toda a sociedade, banindo a fraude e a mentira, que envenenam o mercado, a convivência civil e a própria vida das pessoas, sobretudo dos mais débeis», disse o Papa Francisco aos participantes no congresso nacional da Federação dos mestres do trabalho da Itália, recebidos em audiência na manhã de 15 de junho, na Sala Paulo VI.
Recordando que ainda hoje no mundo muitas pessoas «permanecem excluídas do progresso económico» e «sofrem pela carência de perspetivas positivas para o futuro», o Pontífice exortou a não sufocar nas pessoas, e em particular nos jovens, «o direito à esperança». que, explicou, «passa sempre pela própria atividade e iniciativa, portanto pelo próprio trabalho, e nunca apenas pelos meios materiais dos quais se dispõe».
Por esta razão, prosseguiu, «uma sociedade que não se baseia no trabalho, que não o promove concretamente, e que se interessa pouco por quem é excluído dele», está condenada «à atrofia e ao multiplicar-se das desigualdades». Pelo contrário, «uma sociedade que, em espírito subsidiário, procura frutificar as potencialidades de cada homem e mulher, de qualquer proveniência e idade, respirará deveras a plenos pulmões, e poderá superar os maiores obstáculos, haurindo de um capital humano quase inesgotável, e pondo cada um em condições de se tornar artífice do próprio destino». Em particular, Francisco exortou a prestar atenção primária à «questão moral», frisando a necessidade de que os valores da «correção, responsabilidade e transparência» sejam testemunhados e difundidos «em todo o contexto social, especialmente no do trabalho».
No cenário do vínculo entre ética e sociedade, também a homilia da missa celebrada pouco antes em Santa Marta tinha abordado um tema crucial como a exploração e a mercantilização da mulher. «Nos programas televisivos, nas revistas, nos jornais, mostram as mulheres como um objeto do desejo, de uso», denunciou o Papa, referindo-se também às mulheres obrigadas a prostituirem-se e às jovens que, «para ter um lugar de trabalho, devem vender-se como objeto descartável».

(osservatoreromano)
15 de Junho de 2018


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