segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Último Angelus de 2018




Família, um tesouro a ser protegido e defendido, diz Papa no Angelus
No último Angelus de 2018, o Papa pediu às pessoas a perguntarem-se se conseguem se "maravilhar" com o que uma pessoa tem de bom e também sentir angústia ao ficar longe de Jesus.

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

“Eis porque a família de Nazaré é santa: por estar centrada em Jesus”. Eram “unidos por um amor intenso e animados por uma grande confiança em Deus”. No último Angelus de 2018, o Papa Francisco dedicou sua reflexão à Sagrada Família, festejada pela Igreja neste domingo.

Mas o Papa recordou também das famílias com problemas, convidando-nos a aprender a nos maravilhar com as coisas boas que os outros têm, especialmente com quem nos é mais difícil.

Dirigindo-se aos milhares de peregrinos presentes na Praça São Pedro, o Pontífice chamou a atenção para dois elementos presentes na narrativa de São Lucas: estupor e angústia.

De fato, a família de Nazaré foi à Jerusalém para a Festa da Páscoa, mas na viagem de retorno, Maria e José percebem que o filho de doze anos não está na caravana, e depois “de três dias de busca e de medo, o encontram no templo, sentado entre os doutores, decidido a discutir com eles”. Maria e José ficam "admirados" com a cena e Maria diz a Jesus que José e ela ficaram angustiados a sua procura.

Estupor

Nunca faltou o estupor na família de Nazaré – explicou o Papa – que é “a capacidade de se maravilhar diante da gradual manifestação do Filho de Deus”. Também os doutores no templo ficaram admirados "por sua inteligência e suas respostas".

Maravilhar-se – observou Francisco - é o oposto de tomar tudo como certo, de interpretar a realidade que nos rodeia e os acontecimentos da história somente segundo os nossos critérios:

“Maravilhar-se é abrir-se aos outros, compreender as razões dos outros: essa atitude é importante para curar relacionamentos comprometidos entre as pessoas e é também indispensável para curar feridas abertas no âmbito familiar”.

Curar as feridas na família

O Papa recordou então, que quando existem problemas nas famílias, nós sempre achamos que temos razão e fechamos as portas aos outros, mas deveríamos, pelo contrário, pensar o que a outra pessoa tem de bom e se maravilhar por este "bom". E explicou:

"Isto ajuda a unidade da família. Se vocês têm problemas na família, pensem nas coisas boas que tem a pessoa da família com a qual vocês têm problemas, e se maravilhem disto. E isto ajudará a curar as feridas familiares".

Angústia

O Papa fala então da angústia que José e Maria sentiram com a perda do filho, o que “manifesta a centralidade de Jesus na Sagrada Família”:

A Virgem e seu esposo haviam acolhido aquele Filho, eles o protegiam e o viam crescer em idade, sabedoria e graça em meio a eles, mas acima de tudo ele crescia dentro de seus corações; e, pouco a pouco, aumentava seu afeto e sua compreensão em relação a ele”.

“ Eis porque a família de Nazaré é santa: por estar centrada em Jesus, todas as atenções e solicitudes de Maria e José eram dirigidas a ele ”

Esta mesma angústia de Maria e José, disse Francisco, deveria ser experimentada também por nós, “quando estamos distantes dele”:

Deveríamos ficar angustiados quando por mais de três dias nos esquecemos de Jesus, sem rezar, sem ler o Evangelho, sem sentir a necessidade de sua presença e de sua amizade consoladora”. E tantas vezes passam os dias sem que eu me recorde de Jesus. Mas isso é feio, isto é muito feio. Deveríamos nos angustiar quando estas coisas acontecem."

Encontrar Jesus na Casa de Deus

Assim como Maria e José o encontraram no templo ensinando - ressaltou o santo Padre -  também nós “podemos encontrar o divino Mestre e acolher a sua mensagem de salvação”, na Casa de Deus:

Na celebração eucarística, fazemos experiência viva de Cristo; Ele nos fala, nos oferece a sua Palavra, nos ilumina, nos ilumina o nosso caminho, nos dá o seu corpo na Eucaristia, da qual tiramos força para enfrentar as dificuldades de todos os dias”.

Rezar pelas famílias onde não há paz

Ao concluir, o Santo Padre convidou a todos para rezar “por todas as famílias do mundo, especialmente por aquelas em que, por várias razões, há falta de paz e harmonia. E as confiemos à proteção da Sagrada Família de Nazaré”.

Família, tesouro a ser protegido e defendido

Após rezar o Angelus, o Papa saudou os peregrinos, em especial as famílias presentes na Praça São Pedro:

"Hoje dirijo uma saudações especial às famílias aqui presentes. Um aplauso às famílias que estão aqui, todas; e também para aquelas que acompanham de casa pela televisão e pela rádio. A família é um tesouro: é preciso protegê-la sempre, defendê-la. Que a Sagrada Família de Nazaré sempre proteja e ilumine o seu caminho”.

Antes de despedir-se com o tradicional “bom almoço e até logo”, Francisco desejou a todos um “sereno final de ano. Acabar o ano com serenidade”, sugeriu. E agradeceu novamente pelas felicitações de Natal e pelas orações recebidas.

(vaticannews)

Palavra de Vida – dezembro 2018




«Alegrai-vos sempre no Senhor!» (Fl 4, 4).

O apóstolo Paulo escreve à comunidade de Filipos, numa altura em que ele próprio está em graves dificuldades, vítima de uma perseguição. Todavia, a estes seus caros amigos ele aconselha, ou melhor, quase ordena para que “estejam sempre alegres”.
Mas será possível dar uma ordem como esta?

Olhando ao nosso redor, não é fácil encontrar motivos de serenidade, e muito menos de alegria!Diante das preocupações da vida, das injustiças da sociedade, dos atritos entre os povos, é já um grande desafio não nos deixarmos desencorajar, derrotar, ou não nos fecharmos em nós mesmos.
Em todo o caso, Paulo faz-nos o convite:
«Alegrai-vos sempre no Senhor!».

Qual é o seu segredo?
«[…] há uma razão para que, apesar de todas as dificuldades, nós temos que estar sempre alegres. É a própria vida cristã, levada a sério, que permite isto. Por ela, Jesus vive em plenitude dentro de nós e, com Ele, não podemos deixar de estar na alegria. É Ele a fonte da verdadeira alegria, porque dá sentido à nossa vida, guia-nos com a sua luz, liberta-nos de todos os medos, tanto por aquilo que aconteceu no passado, como pelo que ainda nos espera. Dá-nos força para vencermos todas as dificuldades, tentações e as provações que possamos encontrar» (1).

A alegria do cristão não é um mero otimismo, nem a segurança do bem-estar material, nem sequer a alegria de quem é jovem e está de boa saúde. Acima de tudo, é fruto do encontro pessoal com Deus, no mais íntimo do coração.
«Alegrai-vos sempre no Senhor!».

Desta alegria – diz ainda Paulo – nasce a capacidade de conviver com os outros com cordialidade, bem como a disponibilidade de tempo para se dedicar àqueles que estão ao nosso redor (2).

Aliás, numa outra ocasião, Paulo refere vigorosamente as palavras de Jesus: «Há maior alegria em dar do que em receber» (3).
Se Jesus está connosco, sentimos também uma profunda paz. A única paz que, pela sua força desarmada, pode contagiar as pessoas que estão à nossa volta.
Recentemente, na Síria, apesar dos graves perigos e adversidades da guerra, um grupo numeroso de jovens reuniu-se para partilhar as suas experiências da vivência do Evangelho e experimentar a alegria do amor recíproco. Saíram dali com a decisão de testemunhar que a fraternidade é possível.

Assim escreve um dos participantes:
«Sucedem-se narrativas de histórias de dor lancinante e de esperança, de fé heróica no amor de Deus. Há quem tenha perdido todos os seus bens e agora vive com a sua família num campo de refugiados, há quem tenha visto morrer as pessoas mais queridas […]. Mas é muito forte o esforço destes jovens para gerar vida ao seu redor: organizam festivais na cidade, envolvendo milhares de pessoas; reconstroem uma escola e um jardim no centro de uma aldeia que, por causa da guerra, nunca tinham sido concluídos. Oferecem apoio a dezenas de famílias de refugiados […]. Nos seus corações ressoam as palavras de Chiara: “A alegria do cristão é como um raio de sol que brilha de uma lágrima, é como uma rosa que desabrocha sobre uma mancha de sangue, é essência de amor destilada da dor. […] Por isso, tem a força apostólica de um vislumbre de Paraíso”(4).

Nos nossos irmãos e irmãs da Síria encontramos a fortaleza dos primeiros cristãos.
Nesta guerra tremenda, eles testemunham a confiança e a esperança em Deus Amor, transmitindo-a aos seus companheiros de viagem. Obrigado, Síria, por esta lição de cristianismo vivido!».
Letizia Magri
(focolares)


domingo, 30 de dezembro de 2018

HOJE É O DIA DO SENHOR





FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA


Em pleno clima de Natal, a Liturgia apresenta
A FAMÍLIA DE NAZARÉ, como modelo da família cristã.

As leituras descrevem uma tríplice família:
a patriarcal, a de Nazaré e a cristã.
As Leituras apresentam também valores da família.

O próprio Filho de Deus, vindo ao mundo,
quis fazer parte de uma família simples e humilde,
igual a tantas outras do seu tempo.

A 1ª leitura mostra que a fidelidade aos ensinamentos de Deus
assegura a harmonia familiar. (Eclo 3,3-7.14-17)

"Honrar Pai e Mãe" significa reconhecer a sua importância
como instrumentos de Deus, fonte de vida.
Isso supõe uma vida íntegra e correta, ajuda nas necessidades,
amparo na velhice, sem os desprezar nem abandonar.
- Como recompensa desta atitude, terá o perdão dos pecados,
  a alegria, a vida longa e a atenção de Deus.
  * Demonstramos gratidão aos nossos pais, que aceitaram ser,
    em nosso favor, instrumentos de Deus criador?
    O quarto mandamento continua ainda hoje atual...

Na 2ª leitura, Paulo aponta o ideal da vida cristã
como caminho seguro para construir a harmonia familiar. (Cl 3,12-21)

   "Revesti-vos de misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência..."
   "Suportai-vos e perdoai-vos uns aos outros... sobretudo amai-vos..."
   "A Palavra de Deus habite em vós... Cantai a Deus hinos espirituais..."

Conclui aplicando isso à vida familiar, dando recomendações
aos maridos... às esposas... aos filhos... aos pais...

O Evangelho nos apresenta a Sagrada Família de Nazaré,
como modelo de todas famílias. (Lc 2,41-52)

- Fiel às práticas religiosas, vai em peregrinação a Jerusalém
  para celebrar a Páscoa com o filho que já completara 12 anos.
- Quando Jesus se desvia da comitiva,
   vai aflita à procura do filho perdido, por três dias:
  "Teu pai e eu, estávamos angustiados à tua procura..."
- E Jesus faz duas perguntas: "Por que me procuravam?
  Não sabiam que eu devo estar naquilo que é de meu Pai?"

 * São as primeiras palavras de Jesus, no Evangelho de Lucas.
    Elas têm um sentido mais profundo do que um simples relato:
    Deus é o verdadeiro PAI de Jesus e a sua prioridade fundamental
    é realizar a missão confiada pelo Pai.
- Os Pais não souberam responder: "Não compreenderam,
  mas guardavam todas essas coisas no coração."
  Jesus é obediente ao Pai, embora pareça desobediente a eles...
- E o texto conclui dizendo:
   "Jesus voltou a Nazaré com seus pais... e permaneceu obediente a eles...
   e crescia em sabedoria, em idade e em graça... diante de Deus e dos homens."

* OBEDECER significa acolher os ensinamentos e manter fidelidade a Deus.

+ A Família não é mais aquela:

Sobre o tema, o Pe. Virgílio escreveu um belo artigo, que apresento em parte:

Não adianta se iludir: a família cristã não é mais aquela.
E, talvez, nunca mais ela volte a ser a mesma de outrora.
À semelhança da liturgia e da catequese,
a família também percorre o caminho da renovação,
em busca de um novo modo de ser...

Firmes precisam permanecer os valores fundamentais,
como o amor, a fidelidade, a indissolubilidade,
enquanto outros serão fatalmente substituídos.

Assim a obediência dos filhos passará a ser "colaboração".
A autoridade paterna cederá o lugar ao "serviço".
Os filhos deixarão de ser propriedade da família,
para se tornarem membros da comunidade...
A profissão dos filhos não será imposta pelos pais,
de acordo com seus pontos de vista ou suas ambições.
Os filhos vão optar, de acordo com suas aspirações.
A formação e a orientação dos filhos não serão mais
à base de sermões, preceitos e imposições,
e sim de exemplos e do testemunho.
No caso em que o testemunho de vida vier a faltar,
os pais perderão toda a credibilidade e
os filhos acabarão tomando rumos traiçoeiros...

A coragem para se renovar, e assim sobreviver,
a família vai encontrá-la no exemplo da Família de Nazaré.
 Maria jamais considerou seu Filho como propriedade exclusiva
e nunca interferiu na perigosa missão que ele livremente assumiu.
Ainda que, por causa disso,
ela acabasse com o coração traspassado por uma espada de dor,
ao encontrá-lo lá onde nenhuma mãe gostaria de encontrar seu filho:
suspenso numa cruz...

Mas a vida cristã, do serviço e do amor, também é uma cruz.
E nós vamos abraçá-la, assim como Jesus e Maria!

 Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 30.12.2018
(buscandonovasaguas)