sábado, 30 de setembro de 2017

Palavra de Vida – setembro 2017



«Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo,
 tome a sua cruz e siga-me»(Mt 16, 24).


Jesus, no meio da sua vida pública, num momento alto do anúncio de que o Reino de Deus está próximo, prepara-se para subir a Jerusalém. Os seus discípulos, que tinham intuído a grandeza da sua missão – tendo reconhecido nele o Enviado de Deus, esperado pelo povo de Israel -, aguardam finalmente a libertação da dominação romana e o alvorecer de um mundo melhor, portador de paz e prosperidade.
Mas Jesus não quer alimentar essas ilusões e diz-lhes claramente que a sua viagem para Jerusalém não o levará ao triunfo, mas sim à rejeição, ao sofrimento e à morte. Revela-lhes também que, ao terceiro dia, ressuscitará. São palavras difíceis de compreender e aceitar, de tal maneira que Pedro reage, manifestando a sua recusa a um projeto tão absurdo, e chega até a querer dissuadir Jesus.
Então Jesus, depois de uma severa censura a Pedro, dirige-se a todos os discípulos, fazendo-lhes um convite desconcertante:
«Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me».

Afinal, com estas palavras, o que é que Jesus pede aos seus discípulos de ontem e de hoje? Quererá que nos desprezemos a nós mesmos? Quer que nos dediquemos todos a uma vida ascética? Pretende que procuremos o sofrimento para agradar a Deus?
Esta Palavra exorta-nos, antes de mais, a seguirmos os passos de Jesus, aceitando os valores e as exigências do Evangelho, para nos parecermos cada vez mais com Ele. E isto significa viver toda a vida em plenitude, como Ele fez, mesmo quando, no caminho, aparece a sombra da cruz.
«Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me».

Não podemos negar: cada um de nós tem a sua cruz. A dor, nas suas várias formas, faz parte da vida humana. Quase sempre, ela parece-nos incompreensível e contrária ao nosso desejo de felicidade. Todavia, é precisamente aí que Jesus nos ensina a descobrir uma luz inesperada. É o que acontece quando, ao entrar em certas igrejas, descobrimos que os vitrais – que de fora pareciam escuros e sem beleza –, afinal, são magníficos e luminosos.

Àqueles que O querem seguir, Jesus exige uma completa inversão de valores: tomar consciência de que não somos o centro do mundo e que não podemos olhar só para o nosso interesse pessoal. Propõe-nos que prestemos mais atenção às exigências dos outros, do que às nossas. Que gastemos as nossas energias a fazer felizes os outros, como fez Ele próprio, que não perdeu uma única ocasião para confortar e dar esperança a todos aqueles que encontrou. E, com este caminho de libertação do egoísmo, iniciar-se-á para nós o crescimento em humanidade e a conquista da liberdade, que realizam plenamente a nossa personalidade.
«Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me».

 Jesus convida-nos a sermos testemunhas do Evangelho, até mesmo quando esta fidelidade for posta à prova pelas pequenas ou grandes incompreensões do ambiente social onde vivemos. Jesus está connosco e quer-nos com Ele nesta aventura de dar a vida por um ideal mais ousado: a fraternidade universal, a civilização do amor.
Esta radicalidade em amar é uma exigência profunda do coração humano. Há testemunhos de personalidades de tradições religiosas não cristãs que também seguiram plenamente a voz da sua consciência. Gandhi escreveu: «Se alguém me matasse e, ao morrer, eu tivesse nos lábios uma oração pelo meu assassino, bem como a recordação de Deus e a certeza da sua viva presença no santuário do meu coração, só assim é que se poderia dizer que eu tinha a não-violência dos fortes» (1).

Chiara Lubich encontrou, no mistério de Jesus crucificado e abandonado, o remédio para sarar todas as feridas pessoais e qualquer falta de unidade entre pessoas, grupos e povos, e partilhou com muita gente esta descoberta. Em 2007, por ocasião de uma manifestação de Movimentos e Comunidades de diversas Igrejas, em Estocolmo, escreveu:

«Cada um de nós sofre, durante a vida, dores semelhantes às de Jesus, ao menos em parte. (…) Quando sentirmos (…) essas dores, lembremo-nos d’Ele que as tornou suas: elas são como que uma presença sua, uma nossa participação na sua dor. Façamos como Jesus, que não endureceu o coração, mas – ao acrescentar àquele seu grito as palavras: “Pai, nas tuas mãos, entrego o meu espírito” (Lc 23, 46) – abandonou-se nas mãos do Pai.

Como ele, também nós podemos ir para além da nossa dor e superar a prova, dizendo: “Nela amo-te a ti, Jesus Abandonado; amo-te e recordo-me de ti; ela é uma expressão tua, um rosto teu”. E se, no momento seguinte, nos pusermos a amar o irmão e a irmã, fazendo o que Deus quer, então experimentamos, na maioria das vezes, que a dor se transforma em alegria (…). Nos pequenos grupos em que vivemos (…) podem acontecer pequenas ou grandes divisões. Também nessa dor podemos ver o Seu rosto, ultrapassar aquela nossa dor e fazer de tudo para recompor a fraternidade com os outros. (…) A cultura da comunhão tem como caminho e modelo Jesus crucificado e abandonado» (2).

Letizia Magri

(focolares)


sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Arcanjos são companheiros de vida, diz o Papa



 Missa Santa Marta


Cidade do Vaticano (RV) – Nós e os anjos temos a mesma vocação: “cooperar juntos para o desígnio de salvação de Deus”. Foi o que disse o Papa na homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta, por ocasião da Festa dos três arcanjos Miguel, Rafael e Gabriel:

“Somos – por assim dizer – ‘irmãos’ na vocação. E eles estão diante do Senhor para servi-lo, louvá-lo e também para contemplar a glória do rosto do Senhor. Os anjos são os grandes contemplativos. Eles contemplam o Senhor; servem e contemplam. Mas também o Senhor os envia para nos acompanhar no caminho da vida."

Em especial, Miguel, Gabriel e Rafael, explicou Francisco, têm um “papel importante no nosso caminho rumo à salvação”. “O Grande Miguel é que declara guerra ao diabo”, ao “grande dragão”, à “velha serpente” que “perturba a nossa vida” , seduz “toda a terra habitada” assim como seduziu a nossa mãe Eva com argumentos convincentes e, depois, quando caímos, nos acusa diante de Deus:

“Mas coma o fruto! Lhe fará bem, lhe fará conhecer muitas coisas”… E começa, assim como a serpente, a seduzir, a seduzir … E depois, quando caímos nos acusa diante de Deus: “É um pecador, é meu!”. Ele é meu: é justamente a palavra do diabo. Nos vence com a seduação e, depois, nos acusa diante de Deus: “É meu. Eu o levo comigo”. E Miguel declara guerra. O Senhor lhe pediu que declarasse guerra. Para nós que estamos em caminho nesta vida rumo ao Céu, Miguel nos ajuda a declarar guerra ao diabo, a não nos deixar seduzir.

É um trabalho de defesa que Miguel faz pela “Igreja” e por “cada um de nós”, diferente do papel de Gabriel, “o outro arcanjo de hoje”, aquele que, recorda o Papa, “traz as boas notícias; aquele que levou a notícia a Maria, a Zacarias, a José”: a notícia da salvação. Também Gabriel está conosco, assegura ainda o Papa, e ajuda-nos no caminho, quando “esquecemos” o Evangelho de Deus, que “Jesus veio conosco” para nos salvar.

O terceiro arcanjo que celebramos hoje é Rafael, aquele que “caminha conosco” e que nos ajuda neste caminho: devemos pedir-lhe, é o convite do Papa, para nos proteger da “sedução de dar um passo errado”.
Eis, então os nossos companheiros ao serviço de Deus e da nossa vida que Francisco hoje nos ensina a rezar de maneira simples:

“Miguel, ajude-nos na luta; cada um sabe qual luta tem em sua vida hoje. Cada um de nós conhece a luta principal, que faz arriscar a salvação. Ajude-nos. Gabriel, traga-nos notícias, traga-nos a Boa Notícia da Salvação, que Jesus está conosco, que Jesus nos salvou e nos dê esperança. Rafael, segure a nossa mão e nos ajude no caminho para não errarmos a estrada, para não permanecermos parados. Sempre caminhando, mas ajudados por você”.



(radiovaticana)

S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael, Arcanjos – Festa




São Miguel Arcanjo

Neste dia a Igreja universal celebra a festa dos arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael.
“Miguel” que significa: “Quem como Deus?” é o defensor do Povo de Deus no tempo de angustia. É o padroeiro da Igreja universal e aquele que acompanha as almas dos mortos até ao céu.

São Gabriel


"Gabriel" - que significa "Deus é forte" ou "aquele que está na presença de Deus" - aparece no assim chamado evangelho da infância como mensageiro da Boa Nova do Reino de Deus, que já está presente na pessoa de Jesus de Nazaré, nascido de Maria.
É ele quem anuncia o nascimento de João Baptista e de Jesus. Anuncia, portanto, o surgimento de uma nova era, um tempo de esperança e de salvação para todos os homens. É ele quem, pela primeira vez, profere aquelas palavras que todas as gerações hão-de repetir para saudar e louvar a Virgem de Nazaré: "Ave, cheia de graça. O Senhor é convosco".

Arcanjo São Rafael


"Rafael"- que quer dizer "medicina dos deuses" ou "Deus cura" - foi o companheiro de viagem de Tobias. É o anjo benfazejo que acompanha o jovem Tobias desde Nínive até à Média; quem o defende dos perigos e patrocina o seu casamento com Sara. É ele quem tira da cegueira o velho Tobias. É aquele que cura, que expulsa os demónios. São Rafael é o companheiro de viagem do homem, seu guia e seu protector nas adversidades.

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Comentário do dia 

São João da Cruz (1542-1591), carmelita descalço, doutor da Igreja 
«Conselhos e máximas»

«Os seus anjos, no Céu, veem constantemente a face de meu Pai
que está no Céu» (Mt 18,10)
Os anjos são os nossos pastores; não só levam a Deus as nossas mensagens, como também trazem até nós as mensagens que Deus nos envia. Eles alimentam-nos a alma com doces inspirações e comunicações divinas; sendo bons pastores, protegem-nos e defendem-nos dos lobos, isto é, dos demónios.

Com as suas inspirações secretas, os anjos proporcionam à alma um conhecimento mais elevado de Deus; inflamando-a de uma chama mais viva de amor a Ele, chegam até a deixá-la ferida de amor [...].

A luz de Deus ilumina o anjo, penetrando-o com o seu esplendor e inflamando-o com o seu amor, porque o anjo é um espírito puro, completamente disponível para essa participação divina. Ao homem, porém, ilumina-o habitualmente de maneira obscura, dolorosa e penosa, porque o homem é impuro e fraco [...].

Mas quando o homem se torna verdadeiramente espiritual e se deixa transformar pelo amor divino que o purifica, recebe a união e a amorosa iluminação de Deus com uma suavidade semelhante à dos anjos [...].

Lembrai-vos de que é vão, perigoso e funesto exultarmos com algo que não seja um serviço a Deus, e considerai a infelicidade dos anjos que exultaram e se comprazeram com a sua própria beleza e seus próprios dons naturais; pois foi esse o motivo por que alguns deles caíram, privados de toda a beleza, no fundo dos abismos.




(Evangelhoquotidiano)

quinta-feira, 28 de setembro de 2017



ANGRA DO HEROÍSMO, PATRIMÓNIO MUNDIAL

Há 251 anos, desembarca na cidade de Angra o 1.º capitão-general governador dos Açores, D. Antão de Almada.

O decreto de 2 de agosto de 1766 havia criando a capitania e regedoria das justiças para as ilhas dos Açores, com amplos poderes governativos.
O primeiro capitão-general nomeado foi D. Antão de Almada, do conselho de el-rei, com o vencimento de 2.004$000 e seu secretário com o de 400$000.
No dia 28 de setembro fundeava na baía de Angra a armada conduzindo à cidade, sede do governo açoriano, o seu governador, com o estado maior, corregedor Alexandre de Proença, juiz de fora da cidade Valério José de Leão e o regimento chamado «do Porto», magistrados e forças que se destinavam para as comarcas da cidade e vilas.
Após salvas em terra e no mar, desembarcaram, dirigindo-se aos pontos indicados para residência, sendo o general muito visitado pelas pessoas grandes da terra.
Durante três dias se fizeram luminárias e os festejos públicos que era uso naqueles momentos de júbilo.
Ao terceiro dia foi cantado um solene «Te-Deum» na Sé Catedral; e, dada a posse do governo geral das ilhas, houve parada geral, descargas dos diversos corpos de artilharia e infantaria, passando o general a exercer o seu governo, tratando, em primeiro lugar, da pacificação das famílias, conseguindo erguer a capital açoriana à altura do seu papel na civilização.
Começou a cidade a viver uma vida de fausto e ostentação, a que a obrigava o seu capitão-general convidando os nobres ao seu palácio e frequentando as suas casas. Daí a distinção do trato.

In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 296, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.


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