Jovens, mantenham viva a alegria
Bogotá (RV) - O Papa Francisco saudou e
abençoou o povo colombiano da sacada do Palácio Cardinalício, em Bogotá, nesta
quinta-feira (07/07). “Com grande alegria, os saúdo e agradeço a calorosa
recepção”, disse o Papa aos cerca de vinte e dois mil jovens presentes na Praça
Bolívar.
Paz
Citando um trecho do Evangelho
de Lucas que diz: “A paz esteja nesta casa”, o Papa sublinhou:
“Hoje, entro nesta
casa que é a Colômbia, dizendo-lhes: «A paz esteja com vocês!» Essa era a forma
de saudação de todo judeu e também de Jesus. Com efeito, quis vir aqui como
peregrino de paz e esperança, e desejo viver esses momentos de encontro com
alegria, dando graças a Deus por todo o bem que realizou nesta nação e na vida
de cada pessoa.”
“Venho também para
aprender; sim, aprender com vocês, com a sua fé e fortaleza perante a
adversidade”, disse Francisco, ressaltando que os colombianos vivem momentos
difíceis, mas que o Senhor está sempre com eles. O Papa os encorajou a
continuar buscando e desejando a paz, aquela paz autêntica e duradoura.
Alegria
“Vejo aqui muitos
jovens que vieram de toda parte do país. Para mim é sempre motivo de alegria
encontrar-me com os jovens. Digo-lhes neste dia: mantenham viva a alegria,
sinal do coração jovem que encontrou o Senhor”, frisou o Papa.
Francisco convidou
os jovens a não terem medo do futuro e a sonharem alto. Disse que os jovens têm
“uma sensibilidade especial para reconhecer o sofrimento dos outros”.
Disponibilidade
“O voluntariado do
mundo inteiro nutre-se de milhares de jovens como vocês que são capazes de
disponibilizar o seu tempo, renunciar a comodidades, a projetos centrados em si
mesmos, para se deixarem comover pelas necessidades dos mais frágeis e
dedicar-se a eles. Mas também pode acontecer que tenham nascido em ambientes
onde a morte, o sofrimento e a divisão penetraram tão profundamente que lhes
deixaram nauseados e anestesiados: deixem-se ferir e mobilizar pelo sofrimento
de seus irmãos colombianos! E a nós, os mais velhos, ajudem-nos a não nos
acostumarmos ao sofrimento e ao abandono”.
Encontro
O Papa disse que os
jovens têm grande facilidade de se encontrar. Eles se encontram na música, na
arte, e “até uma final entre o Atlético Nacional e o América de Cali se torna
ocasião para estar juntos!”
“Vocês nos ensinam
que a cultura do encontro não significa pensar, viver ou reagir todos do mesmo
modo; mas saber que, independentemente de nossas diferenças, todos somos parte
de algo grande que nos une e transcende, somos parte desse país maravilhoso”, sublinhou
Francisco.
Perdão
O Papa destacou que
os jovens têm a capacidade duma coisa muito difícil na vida: perdoar. Pediu aos
jovens para que ensinem aos adultos a deixarem para trás as ofensas e olharem
para frente sem o obstáculo do ódio.
“Que as suas aspirações
e projetos oxigenem a Colômbia e a encham de utopias salutares”, disse o
Pontífice aos jovens. “Tenham a coragem de descobrir o país que se esconde por
detrás das montanhas: aquele país que transcende os títulos dos jornais e não
aparece nas preocupações diárias por estar tão longe; aquele país que não se
vê, mas faz parte desse corpo social que precisa de nós. A coragem de descobrir
a Colômbia profunda”, concluiu Francisco.
(MJ)
Segue, na íntegra, o discurso
do Papa Francisco.
Queridos irmãos e irmãs!
Com grande alegria,
vos saúdo e agradeço a calorosa recepção. «Em qualquer casa em que entrardes,
dizei primeiro: “A paz esteja nesta casa!” E, se lá houver um homem de paz,
sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós» (Lc 10, 5-6).
Hoje entro nesta
casa que é a Colômbia, dizendo-vos: «A paz esteja convosco!» Tal era a forma de
saudação de todo o judeu e também de Jesus. Com efeito, quis vir aqui como
peregrino de paz e de esperança e desejo viver estes momentos de encontro com
alegria, dando graças a Deus por todo o bem que realizou nesta nação, na vida
de cada pessoa.
Venho também para
aprender; sim, aprender convosco, com a vossa fé, com a vossa fortaleza perante
a adversidade. Vivestes momentos difíceis e obscuros, mas o Senhor está perto
de vós, no coração de cada filho e filha deste país. Ele não tem preferências,
não exclui ninguém, mas abraça a todos; e todos somos importantes e necessários
para Ele. Durante estes dias, queria partilhar convosco a verdade mais
importante: Deus ama-vos com amor de Pai e encoraja-vos a continuar a procurar
e desejar a paz, aquela paz que é autêntica e duradoura.
Vejo aqui muitos
jovens que vieram de toda a parte do país: originários de Bogotá (cachacos),
habitantes da costa (costeños), da região de Antioquia, Caldas, Risaralda e
Quindío (paisas), do Vale do Cauca (vallunos) e das planícies (llaneros). Para
mim é sempre motivo de alegria encontrar-me com os jovens. Eis o que vos digo
neste dia: mantende viva a alegria, sinal do coração jovem que encontrou o
Senhor. Ninguém vo-la poderá tirar (cf. Jo 16, 22). Não vo-la deixeis roubar,
cuidai dessa alegria que tudo unifica no facto de saber-se amado pelo Senhor. O
fogo do amor de Cristo faz transbordar esta alegria e é suficiente para
incendiar o mundo inteiro. Então que poderia impedir-vos de mudar esta
sociedade e realizar os vossos propósitos? Não temais o futuro! Ousai sonhar
grandes coisas! É a este sonhar em grande que hoje vos quero convidar.
Vós, os jovens,
tendes uma sensibilidade especial para reconhecer o sofrimento dos outros; o
voluntariado do mundo inteiro nutre-se de milhares de jovens como vós que sois
capazes de disponibilizar o vosso tempo, renunciar a comodidades, a projetos
centrados em vós mesmos, para vos deixardes comover pelas necessidades dos mais
frágeis e dedicar-vos a eles. Mas também pode acontecer que tenhais nascido em
ambientes onde a morte, o sofrimento, a divisão penetraram tão profundamente,
que vos tenham deixado quase nauseados e como que anestesiados: deixai-vos
ferir e mobilizar pelo sofrimento dos vossos irmãos colombianos! E a nós, os
mais velhos, ajudai-nos a não nos habituarmos ao sofrimento e ao abandono.
Também vós, moços e
moças que viveis em ambientes complexos, com diferentes realidades e situações
familiares tão variadas, vos habituastes a ver que nem tudo é branco ou preto,
mas que a vida diária se apresenta numa ampla gama de diferentes tonalidades de
cinzento e que isto pode expor-vos ao risco de cair numa atmosfera de
relativismo, deixando de lado esta potencialidade que têm os jovens de
compreender a dor daqueles que sofreram. Vós não tendes apenas a capacidade de
julgar, assinalar erros, mas também a capacidade bela e construtiva de
compreender. Compreender que, mesmo por detrás de um erro (porque o erro é erro,
e não se deve mascará-lo), há uma infinidade de razões, de atenuantes. Quanto
precisa de vós a Colômbia, para se colocar na pele daqueles que, há muitas
gerações, não puderam ou não souberam fazê-lo, ou não atinaram com o modo justo
para chegar a compreender!
Para vós, jovens, é
tão fácil encontrar-vos. É suficiente um bom café, uma bebida ou qualquer outra
coisa como pretexto para suscitar o encontro. Os jovens encontram-se na música,
na arte... Até uma final entre o Atlético Nacional e o América de Cali se torna
ocasião para estar juntos! Vós podeis ensinar-nos que a cultura do encontro não
significa pensar, viver ou reagir todos do mesmo modo; mas saber que,
independentemente das nossas diferenças, todos somos parte de algo de grande
que nos une e transcende, somos parte deste país maravilhoso.
A vossa juventude
também vos torna capazes duma coisa muito difícil na vida: perdoar. Perdoar a
quem nos feriu; é digno de nota ver como não vos deixais enredar por velhas
histórias, como olhais de modo estranho quando nós, adultos, repetimos
histórias de divisão simplesmente porque estamos presos a rancores. Ajudais-nos
neste intento de deixar para trás aquilo que nos ofendeu, ajudais-nos a olhar
para a frente sem o obstáculo do ódio, porque nos fazeis ver toda a realidade
que temos à nossa frente, toda a Colômbia que deseja crescer e continuar a
desenvolver-se; esta Colômbia que precisa de todos e que nós, os mais velhos,
devemos entregar a vós.
Por isso mesmo vós,
jovens, enfrentais o enorme desafio de nos ajudar a sanar o nosso coração, de
nos contagiar com a esperança juvenil que está sempre disposta a conceder aos
outros uma segunda oportunidade. Os ambientes de desespero e incredulidade
fazem adoecer a alma: são ambientes que não encontram saída para os problemas e
boicotam aqueles que procuram encontrá-la, danificam a esperança de que toda a
comunidade necessita para avançar. Que as vossas aspirações e projetos oxigenem
a Colômbia e a encham de salutares utopias!
Só assim
encontrareis a coragem de descobrir o país que se esconde por detrás das
montanhas: aquele país que transcende os títulos dos jornais e não aparece nas
preocupações diárias por estar tão longe; aquele país que não se vê mas que faz
parte deste corpo social que precisa de nós. A coragem de descobrir a Colômbia
profunda! Os corações dos jovens sentem-se estimulados perante os grandes
desafios. Quanta beleza natural para ser contemplada, sem necessidade de a
espoliar! Quantos jovens como vós precisam da vossa mão estendida, do vosso
ombro para vislumbrar um futuro melhor!
Hoje quis viver
estes momentos convosco. Tenho a certeza de que, em vós, existe o potencial
necessário para construir a nação que sempre sonhamos. Os jovens são a
esperança da Colômbia e da Igreja; no seu caminhar e nos seus passos,
vislumbramos os do Mensageiro da Paz, d’Aquele que traz boas notícias.
Queridos irmãos e
irmãs deste amado país! Dirijo-me agora a todos – crianças, jovens, adultos e
idosos – como quem deseja ser portador de esperança; que as dificuldades não
vos oprimam, que a violência não vos abata, que o mal não vos vença. Temos fé
que Jesus, com o seu amor e a sua misericórdia que permanecem para sempre,
venceu o mal, o pecado e a morte. Basta apenas ir ao encontro d’Ele.
Convido-vos ao compromisso – não ao resultado alcançado – na renovação da
sociedade, para que seja justa, estável, fecunda. Daqui vos encorajo a confiar
no Senhor, o único que nos sustenta e encoraja para podermos contribuir para a
reconciliação e a paz.
Abraço-vos a todos
e cada um: aos doentes, aos pobres, aos marginalizados, aos necessitados, aos
idosos, aos que estão em casa... a todos; todos estais no meu coração. E peço a
Deus que vos abençoe. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim.
(radiovaticana)
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