sábado, 31 de dezembro de 2022

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Homilia Diária | Em tudo dai graças ao Senhor! (7.º Dia na Oitava do Natal)

Bento XVI: o Papa que uniu fé e razão, esperança e caridade

 


Bento XVI, afirmou Papa Francisco, foi “um grande Papa” pelo “seu amor à Igreja e aos seres humanos”. Um amor que inspirou o Pontificado no qual o Pastor moderado e firme, por 8 anos, segurou – com coragem e sabedoria – o timão do Barco de Pedro, mesmo navegando em águas agitadas e com ventos contrários.

Vatican News

Na reportagem especial de Alessandro Gisotti, voltamos a reviver alguns dos momentos do Pontificado de Bento XVI, o Papa que, por amor à Igreja, renunciou ao Ministério Petrino.


27 de abril de 2014. Um milhão de olhares se dirige ao sagrado da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Em maior número são aqueles que assistem ao evento em cadeia internacional: Bento XVI, o Papa emérito, abraça Francisco, o Papa reinante.


O abraço fraterno acontece sob as tapeçarias dos dois Pontífices Santos, João XXIII e João Paulo II. O primeiro remete imediatamente ao Concílio Vaticano II, onde o jovem e brilhante teólogo Joseph Ratzinger participou como conselheiro do Cardeal Frings. O segundo refere-se, naturalmente, à especial amizade e à fecunda colaboração entre o Papa polonês e o cardeal alemão. Naquele momento, impensável até um ano antes, se encerra o sentido da vida e do ministério petrino de Papa Bento XVII.


O dia memorável dos “quatro Papas”


Dois Papas que celebram dois Papas santos: são as manchetes dos jornais em todo o mundo. Um evento quase inacreditável. Mas “inacreditável” já tinha sido o primeiro sentimento com o qual o mundo inteiro tinha escutado estas palavras, em 11 de fevereiro de 2013:


“Conscientia mea iterum atque iterum coram Deo explorata ad cognitionem certam perveni vires meas ingravescente aetate non iam aptas esse ad munus Petrinum aeque administrandum…” (11 de fevereiro de 2013)


A Renúncia pelo amor à Igreja


Um conhecido teólogo italiano afirma – com sinceridade – que “não estamos preparados para um Papa que se demite”. Reação que une crentes e não-crentes, e levanta um dilúvio de comentários e declarações quase como se se fosse obrigado a dizer alguma coisa para acalmar a inquietação gerada por um evento imprevisível. Ainda mais enunciado numa língua, o latim, que na era do hi tech parece um eco que soa da pré-história.


Quando, porém, se deposita o pó erguido pelo terremoto – que teve seu epicentro na Sala do Consistório do Palácio Apostólico – a figura do Pastor é que permanece em pé e que, para o bem do seu rebanho, não tem medo de escolher uma estrada nunca antes percorrida:


“Queridos irmãos e irmãs, como sabem, decidi… (aplausos)… Obrigado pela simpatia… (aplausos)… Decidi renunciar ao ministério que o Senhor me confiou em 19 de abril de 2005. Fiz isso em plena liberdade para o bem da Igreja, depois de ter rezado por muito tempo e de ter examinado diante de Deus a minha consciência, bem consciente da gravidade desse ato, mas também consciente de já não estar em condições de prosseguir no ministério petrino com aquela força ele exige.” (Audiência Geral de 13 de fevereiro de 2013)


São passadas 48 horas do clamoroso anúncio quando Bento XVI pronuncia essas palavras e abre a porta do seu coração aos fiéis, reunidos na Sala Paulo VI, de maneira que possam aproximar-se aos seus sentimentos. Então se começa a compreender que a Renúncia do Papa não é nenhum “abandono”, mas, ao contrário, um ato supremo de amor a Cristo, inspirado pelo Espírito Santo.


Não deixo a Cruz, servirei à Igreja em oração


Depois de poucas horas da conclusão do seu ministério, em 27 de fevereiro, na sua última Audiência Geral, Bento XVI reitera che não está deixando a Cruz, “mas à serviço da oração” permanece, “por assim dizer, no recinto de São Pedro”. Naquele mesmo dia, o Papa encontra os purpurados que se preparam ao Conclave. Entre eles, está inclusive o Cardeal Bergoglio. Para todos o Pontífice tem palavras de afeto e incentivo:


“Que o Senhor lhes mostre aquilo que é da vontade dEle. E, entre os senhores, no Colégio dos cardeais, está também o futuro Papa, ao qual prometo, já de hoje, a minha reverência incondicional e obediência.” (Encontro com os cardeais em 28 de fevereiro de 2013)


Um humilde trabalhador na Vinha do Senhor


A humildade de Bento XVI comove, mas não surpreende, porque é bem essa a virtude que sempre o caracterizou, como o mundo já pôde apreciar das primeiras palavras pronunciadas depois da eleição como Sucessor de Pedro:


“Queridos irmãos e irmãs, depois do grande Papa João Paulo II... (aplausos)... os senhores cardeais me elegeram, um simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me o fato de que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes. E, sobretudo, confio nas suas orações. Na alegria do Senhor ressuscitado, confiantes do seu apoio permanente, vamos em frente. O Senhor nos ajudará, e Maria, Sua Santíssima Mãe, está do nosso lado.” (19 de abril de 2005)


Um trabalhador humilde a quem a coragem não falta. “O pastor moderado e firme” enfrenta com excepcional determinação alguns escândalos que surgiram na Igreja, como a terrível ferida dos abusos sexuais em menores por parte de membros do clero. Bento XVI é o primeiro Pontífice que encontra as vítimas desse crime horrível: e faz sem clamor, longe dos refletores, em Malta, nos Estados Unidos, na Austrália e no Reino Unido.


Dispõe novas regras que assegurem uma “tolerância zero” àqueles que se mancham desse delito. E, no Ano Sacerdotal, há 150 anos da morte de Curato d’Ars, envoca uma nova transparência. As suas palavras têm a força de uma profecia:


“Devemos encontrar uma nova resolução na fé e no bem. Devemos ser capazes de penitência. Devemos nos esforçar para tentar tudo o que for possível, na preparação do sacerdócio, para que uma coisa semelhante não aconteça mais. Mas este também é o lugar para agradecer de coração todos aqueles que se comprometem em ajudar as vítimas e em dar, novamente a elas, a confiança na Igreja, na capacidade de acreditar na sua mensagem.” (20 de dezembro de 2010)


Pastor moderado e firme, comprometido com a transparência


Bento XVI expressa a mesma determinação no processo de renovação do Ior e da gestão das atividades econômicas no Vaticano. E isso, mesmo com os sofrimentos, inclusive pessoais, que deverá suportar por causa do escândalo “Vatileaks”. Mais uma vez, atinge a brandura do Papa que perdoa o assistente de quarto que lhe tinha roubado documentos privados. Um gesto que lembra o perdão de João Paulo II a Ali Agca.


Mesmo empenhado em reagir à crise e imprevistos, o Pontificado de Bento XVI será pró-ativo e inovativo em muitos aspectos, como demonstra também a instituição de um Ordinariado pessoal para os anglicanos que entram em plena comunhão com a Igreja Católica, depois da publicação da Constituição “Anglicanorum Coetibus”.


Nasce o “Pátio dos Gentios”, dialogar com os não-crentes


O Papa leva adiante o confronto com os não-crentes e acelera a nova evangelização para combater “a eclipse de Deus”. Convicto, como o seu amado Santo Agostinho que a opção cristã é “aquela mais racional”, Papa Bento lança a ideia de um “Pátio dos Gentios” (Cortile dei gentili), um espaço privilegiado de diálogo com os “distantes”:


“Ao diálogo com as religiões se deve acrescentar hoje, sobretudo, o diálogo com aqueles pelos quais a religião é uma coisa estranha, aos quais Deus não é conhecido e que, todavia, não gostariam de ficar simplesmente sem Deus, mas aproximá-lo ao menos como Desconhecido.” (21 de dezembro de 2009)


Peregrino no mundo, do Ground Zero à Mesquita Azul


O humilde trabalhador da vinha planta sementes inclusive no terreno do diálogo inter-religioso. Visita as sinagogas de Roma, Colônia e Nova Iorque, e convoca um novo Dia pela Paz em Assis, em outubro de 2011, aberta não somente aos homens de fé, mas também aos não-crentes.


Também com o mundo muçulmano, depois da incompreensão desencadeada por uma citação no discurso de Ratisbona, o diálogo se reforça graças inclusive à carta aberta de 38 “sábios muçulmanos” que se transformam em 138 e, depois, em 216, para encontrar um terreno comum de encontro. O que sintetiza esse diálogo renovado é a imagem de Bento XVI que, na Mesquita Azul, se recolhe em meditação ao lado do Imam de Istambul.


“Permanecendo alguns minutos em recolhimento naquele lugar de oração, me dirigi ao único Senhor do céu e da terra, Pai misericordioso da inteira humanidade. Possam todos os crentes se reconhecer como suas criaturas e dar testemunho de verdadeira fraternidade!” (Audiência Geral de 6 de dezembro de 2006)


O diálogo ecumênico merece um capítulo especial. Papa Bento recolhe frutos importantes: encontra várias vezes o Patriarca de Constantinopla Bartolomeu I e abre uma nova fase de relações com o Patriarcado Ortodoxo de Moscou. Altamente simbólica foi a visita a Erfurt, no convento agostiniano de Martinho Lutero, e o encontro em Londres com Rowan Williams, da Comunidade Anglicana.


Enfim, todas as 24 viagens internacionais de Bento XVI deixam um sinal: daquele comovente no Líbano, onde encontra os jovens sírios refugiados, àquele histórico em Nova Iorque, onde reza no Ground Zero e fala às Nações Unidas. De Camarões ao Brasil, da Austrália a Cuba, o Papa visita nos seus 8 anos de Pontificado todos os 5 “continentes geográficos”.


Em Auschwitz, como filho da Alemanha


Difícil escolher um momento em tantos, mas claramente a visita de um Papa, “filho da Alemanha” ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, tem um valor extraordinário:


“Papa João Paulo II veio aqui como filho do povo polonês. Eu estou aqui hoje como filho do povo alemão e, justamente por isso, devo e posso dizer como ele: não podia não vir aqui. Tinha que vir. Era e é um dever perante a verdade e ao direito de tantos que sofreram, um dever diante de Deus, de estar aqui como sucessor de João Paulo II e como filho do povo alemão.” (29 de maio de 2006)


“Colaborador da Verdade”, como diz o seu lema episcopal, Papa Bento é também testemunha de Caridade. Os cristãos perseguidos em tantos lugares do mundo encontram nele um baluarte seguro. É o primeiro Pontífice a falar de “cristianofobia” e a denunciar as violações da liberdade religiosa, como acontece no Paquistão com a lei da blasfêmia.


Através do Cor Unum está na linha de frente para ajudar as populações atingidas pelas guerras e desastres naturais. Emocionantes as suas visitas aos pobres, aos idosos, aos doentes na Itália e no exterior, em especial, aos pequenos pacientes do Hospital Bambino Gesù, de Roma, e ao Hospital Caritas Baby, de Belém.


No Brasil, vai encontrar os jovens toxicodependentes da Fazenda da Esperança. Na Jordânia, nos Estados Unidos e na Espanha visita os portadores de deficiência dos centros de assistência. Gestos que enaltecem como, aos olhos de Deus, cada pessoa seja única e preciosa.


Um magistério global, das Encíclicas ao Twitter


De outro lado, justamente ao amor cristão dedica a sua primeira Encíclica Deus Caritas est (2006). Seguem, então, Spe Salvi, sobre a esperança, e Caritas in Veritate (2009), sobre o desenvolvimento humano integral. Essa chegou a ser lida pelos operadores de Wall Street: em meio à crise econômica mundial que começou nos Estados Unidos, oferece a reflexão original da Igreja para colocar a pessoa no centro das dinâmicas econômicas:


“Não devemos esquecer… como lembravo na Encíclica Caritas in veritate, que também no campo da economia e das finanças há intenção, transparência e busca de bons resultados compatíveis e que nunca devem ser dissociados.” (10 de dezembro de 2011)


Além das três Encíclicas, o Papa publica também 4 Exortações Apostólicas pós-sinodais e 19 motu proprio, entre eles, o Summorum Pontificum, sobre a liturgia e a histórica carta dirigida aos católicos chineses, de 2007.


Inovador é o seu livro-entrevista “Luz do mundo”, em que oferece a sua visão a 360° sobre os desafios da Igreja, e a trilogia sobre Jesus de Nazaré – um best seller mundial, no qual Joseph Ratzinger oferece a sua pesquisa de crente sobre a figura histórica de Jesus.


Mas o surpreendente é, sobretudo, a convicção com a qual o teólogo Bento se encaminha pelas estradas da comunicação, inexploradas por um Papa. Em ocasião da JMJ, envia um sms ao jovens do mundo inteiro, se conecta via satélite com os austronautas de uma estação espacial e assina um editorial para o Financial Times.


Sobretuto encoraja a mídia católica e vaticana a evangelizar o “continente digital”. E dá o bom exemplo abrindo, em 2012, a conta no Twitter, @Pontifex:


“Hoje somos chamados a descobrir, também na cultura digital, símbolos e metáforas significativas para as pessoas que possam ser de ajuda ao falar do Reino de Deus ao homem contemporâneo.” (28 de fevereiro de 2011 – Discurso ao Pontifício Conselho das Comunicações Sociais)


A Igreja se comprometa com as famílias feridas, na esteira do Concílio


E, ao homem contemporâneo, Bento XVI não deixa de lembrar da sacralidade da vida, da beleza do matrimônio natural entre um homem e uma mulher, da urgência da liberdade educativa. Aqueles valores que não mudam com o tempo e, por isso, “não são negociáveis”.


A família é um dos temas que mais importa ao Papa que vê com particular atenção os casais feridos, de quem viveu o drama de uma separação. Significativas também, considerando o caminho sinodal sucessivo a pedido de Francisco, as palavras que Bento XVI pronuncia no Encontro Mundial das Famílias em Milão, em 2012:


“Parece-me uma grande tarefa de uma paróquia, de uma comunidade católica, a de fazer realmente o possível para que eles se sintam amados, aceitados, que não estão ‘fora’, mesmo se não podem receber a absolvição e a Eucaristia; devem saber que, assim mesmo, vivem plenamente na Igreja.” (3 de junho de 2012)


Uma igreja que Bento XVI serviu por toda a sua vida, desde jovem e brilhante teólogo até como Sucessor de Pedro, tendo sempre como “bússola” o Concílio Vaticano II que – e são palavras suas – “permite à Igreja de proceder em mar aberto”. (AG/AC)


(vaticannews)

Morre Bento XV

 o ‘humilde trabalhador’ e seu legado de esperança à Igreja Católica




Luke Coppen, AC Wimmer, Matthew Bunson

Vaticano, 31 Dez. 22 / 09:50 am (ACI).- O papa emérito Bento XVI morreu em hoje (31), com a idade de 95 anos, encerrando uma vida cheia de eventos de um clérigo que proclamou a ‘eterna alegria’ de Jesus Cristo e chamou a si mesmo de ‘humilde trabalhador’ na vinha do Senhor.

Sua morte foi anunciada em Roma hoje (31).

O cardeal Joseph Aloisius Ratzinger foi eleito papa em 19 de abril de 2005 e adotou o nome de Bento XVI. Oito anos depois, em 11 de fevereiro de 2013, aos 85 anos, ele chocou o mundo com o anúncio, feito em latim, de que renunciava ao papado. Foi a primeira renúncia de um papa em quase 600 anos. Bento XVI alegou a idade avançada e a falta de vigor como impróprios para o exercício do cargo.

O enorme legado de suas contribuições teologicamente profundas à Igreja e ao mundo continuarão sendo uma fonte de reflexão e estudo.

Antes mesmo de sua eleição como papa, Ratzinger exerceu influência duradoura na Igreja moderna, primeiro como jovem teólogo no concílio Vaticano II (1962-1965) e, depois, como prefeito da então Congregação para a Doutrina da Fé.

Defensor articulado da doutrina católica, ele cunhou o termo “ditadura do relativismo” para descrever a crescente intolerância religiosa do secularismo no século XXI.  

O pontificado de Bento XVI foi moldado por sua profunda compreensão desse desafio à Igreja e ao catolicismo diante da crescente agressão ideológica, de uma mentalidade ocidental cada vez mais secular, tanto dentro quanto fora da Igreja.

Bento XVI foi também um dos principais arquitetos da luta contra o abuso sexual na Igreja no início dos anos 2000. Ele supervisionou as extensas mudanças feitas no direito canônico e demitiu do estado clerical centenas de abusadores. Ele também iniciou uma investigação canônica dos Legionários de Cristo, depois de crescentes legações sobre graves abusos sexuais perpetrados por seu fundador, o padre mexicano Marcial Maciel Degollado. A investigação canônica levou a um longo processo de reforma sob a autoridade do cardeal Velasio de Paolis.

Milhões de pessoas no mundo todo leram os livros de Bento XVI, entre os quais o inovador Introdução ao Cristianismo, de 1968, e os três volumes de Jesus de Nazaré, publicados entre 2007 e 2012.

Ao se tornar o primeiro papa a renunciar ao cargo em quase 600 anos, Bento XVI viajou da cidade do Vaticano a Castel Gandolfo de helicóptero, em 28 de fevereiro de 2013, e, no mês de maio seguinte, assumiu uma vida de recolhimento no mosteiro Mater Ecclesiae, nos jardins do Vaticano.

“Sou simplesmente um peregrino que está iniciando o último estágio de sua peregrinação na terra”, disse em suas últimas palavras como papa. “Vamos em frente juntos com o Senhor pelo bem da Igreja e do mundo.”

O papa emérito era conhecido por seu amor à música — ele tocava Mozart e Beethoven ao piano. Também gostava de gatos, biscoitos de Natal e cerveja alemã.

Um chamado superior em tempos de guerra

Joseph Ratzinger nasceu em 16 de abril de 1927, um Sábado Santo, em Marktl am Inn, na Bavária, Alemanha, de pais católicos. Seu pai, Joseph, membro de uma família tradicional de fazendeiros bávaros, foi policial. Joseph pai, no entanto, era opositor dos nazistas e a família teve que se mudar para Traunstein, uma cidade pequena na fronteira com a Áustria.

Joseph e seus irmãos mais velhos, Georg e Maria, cresceram, pois, no período nazista da Alemanha, que ele iria chamar mais tarde de “regime sinistro” que “baniu Deus e assim tornou-se impermeável a qualquer coisa verdadeira e boa”. Ele foi convocado para o serviço militar auxiliar antiaéreo nos meses finais da Segunda Guerra Mundial, desertou e passou um breve período em um campo de prisioneiros de guerra americano.   

Depois da guerra, Ratzinger retomou os estudos para o sacerdócio e foi ordenado em 29 de junho de 1951, junto com seu irmão, monsenhor Georg Ratzinger. Os dois se mantiveram próximos ao longo de toda a vida. Pouco antes de Georg morrer em 2021, Bento viajou à Bavária para visitá-lo. Depois da morte, o papa emérito prestou tributo ao irmão.

Da esquerda para a direita: Joseph Ratzinger, filho; Mary e Joseph Ratzinger (pais); Maria (irmã de Bento XVI); e George Ratzinger. Vatican Media.

Enquanto Georg se tornou um maestro de coral notável, Joseph fez doutorado em teologia e por fim se tornou professor universitário, deão e vice-reitor da prestigiosa Universidade de Regensburg, na Bavária.

Ratzinger atuou no Concílio Vaticano II como perito para o arcebispo de Colônia, cardeal Joseph Frings. Em 1972, ele se juntou a teólogos importantes como os jesuítas Hans Urs von Balthasar, suíço, e Henri de Lubac, francês, na fundação da revista Communio para refletir fielmente sobre teologia no turbulento período posterior ao concílio e refutar as várias interpretações incorretas dos documentos conciliares que estavam sendo dadas.

O papa são Paulo VI o nomeou arcebispo de Munique e Freising no início de 1977 e o nomeou cardeal em junho do mesmo ano.

Em 1981, são João Paulo II nomeou Ratzinger prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, presidente da Pontifícia Comissão Bíblica, e presidente da Comissão Teológica Internacional.

Ele teve um papel determinante na preparação do Catecismo da Igreja Católica, publicado em 1992, e no esclarecimento e defesa da doutrina católica. Por seus esforços, ele foi hostilizado pela mídia secular e grupos progressistas católicos, especialmente quando cumpriu o papel de investigar trabalhos de alguns teólogos que propunham ensinamentos errados e até heréticos. No Brasil, foi especialmente vilipendiado depois da publicação, em 1984, da “Instrução sobre alguns Aspectos da Teologia da Libertação”, em que condenava a abordagem marxista da teologia, então muito em voga em toda a América Latina.

Em 1997, aos 70 anos, o então cardeal pediu a João Paulo II que o deixasse renunciar a seu cargo na cúria para que pudesse trabalhar na biblioteca do Vaticano. João Paulo II pediu-lhe para continuar no posto e ele continuou sendo uma das principais figuras do pontificado até a morte do papa em abril de 2005.

Depois da morte de João Paulo II, Ratzinger foi eleito para o papado em um dos conclaves mais curtos da história moderna.

Um chamado à renovação

O cardeal Ratzinger escolheu o nome Bento XVI porque, como explicou em uma audiência geral poucos dias depois da eleição, Bento XV, papa de 1914 a 1922, também foi o timoneiro da Igreja em um período de tormentas durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). “Nas suas pegadas desejo colocar o meu ministério ao serviço da reconciliação e da harmonia entre os homens e os povos, profundamente convencido de que o grande bem da paz é antes de tudo dom de Deus”, disse ele em 27 de abril de 2005.

“O nome Bento recorda também a extraordinária figura do grande ‘Patriarca do monaquismo ocidental’”, disse ele. O co-padroeiro da Europa foi “um ponto de referência fundamental para a unidade da Europa e uma forte chamada às irrenunciáveis raízes cristãs da sua cultura e da sua civilização”.


Bento XVI na sacadade bênçãos da basílica de São Pedro após o anúncio de sua eleição como papa, 19 de abril de 2005. Vatican Media.

O pontificado de Bento XVI foi marcado por esforços de renovação eclesial, intelectual e espiritual, o que incluiu fazer frente ao relativismo e ao secularismo, combater o flagelo do abuso sexual do clero, impulsionar uma reforma litúrgica e promover o avanço de uma interpretação autêntica do Concílio Vaticano II.

Na homilia que fez antes do conclave de 2005 que o elegeu, o futuro papa admoestou contra uma “ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades”.

Ele sublinhou que Jesus Cristo é “a medida do verdadeiro humanismo” e uma fé madura e amizade com Deus servem de “critério para discernir entre verdadeiro e falso, entre engano e verdade”.

Em seu discurso no salão de Westminster aos líderes da Sociedade Britânica durante sua visita ao Reino Unido em 2010, ele falou sobre os imensos perigos para a sociedade contemporânea quando a religião é tirada da esfera pública.

“Existem pessoas segundo as quais a voz da religião deveria ser silenciada”, disse ele, “ou, na melhor das hipóteses, relegada à esfera puramente particular. Outros ainda afirmam que a celebração pública de festividades como o Natal deveria ser desencorajada, segundo a questionável convicção de que ela poderia de alguma maneira ofender aqueles que pertencem a outras ou a nenhuma religião. E há outros ainda que — paradoxalmente com a finalidade de eliminar as discriminações — chegam a considerar que os cristãos que desempenham funções públicas deveriam, em determinados casos, agir contra a própria consciência. Trata-se de sinais preocupantes da incapacidade de ter na justa consideração não apenas os direitos dos crentes à liberdade de consciência e de religião, mas também o papel legítimo da religião na esfera pública”.

Envolver o Islã, encorajar a evangelização

Muito mais controvertido foi seu discurso na Universidade de Regensburg em 2006 a representantes do mundo da ciência. Ele criticou formas de pensamento secular que promovem “uma razão, que diante do divino é surda e repele a religião para o âmbito das subculturas”, condenando essa atitude como “incapaz de inserir-se no diálogo das culturas”. Ele também criticou escolas de pensamento cristãs e muçulmanas que exaltam erroneamente a “transcendência e a diversidade de Deus” a tal ponto que a razão humana e o entendimento do bem “deixam de ser um verdadeiro espelho de Deus”.

Parte da imprensa e vários políticos tiraram propositalmente o discurso de seu contexto, chamando atenção para uma única citação de um imperador bizantino. Essa distorção foi seguida de um surto de violência em parte do mundo muçulmano. Apesar dessas reações, a real contribuição de Bento XVI levou a esforços mais significativos de um diálogo cristão-muçulmano sincero. Um diálogo que não esconda as diferenças e convoque a reciprocidade no respeito aos direitos.

Tendo reconhecido a profunda crise existencial e espiritual que o mundo enfrenta, particularmente no Ocidente, Bento XVI recordou aos católicos de toda parte do chamado a evangelizar. Ele foi um importante apoiador da Nova Evangelização convocada pelo papa são João Paulo II, especialmente pregar e viver o Evangelho no que ele chamou de “continente digital”, o mundo das comunicações online e das redes sociais.

 “Não existe prioridade maior do que esta: reabrir ao homem atual o acesso a Deus, a Deus que fala e nos comunica o seu amor para que tenhamos vida em abundância”, disse ele em sua exortação apostólica pós-sinodal sobre a palavra de Deus de 2010, Verbum Domini.

Visões conflitantes sobre o Vaticano II

Bento XVI também viu a necessidade de a Igreja adotar um entendimento autêntico do Concilio Vaticano II, observando em um discurso fundamental feito 2005 dois modelos interpretativos (duas hermenêuticas) em competição que emergiram depois do concílio.

A primeira, uma hermenêutica de descontinuidade e ruptura, propõe que há uma quebra entre o concílio e o passado e que não os textos, mas um vago “espírito do concílio” deveria guiar sua interpretação e implementação. “Em síntese: seria necessário seguir não os textos do Concílio, mas o seu espírito. Deste modo, obviamente, permanece uma vasta margem para a pergunta sobre o modo como, então, se define este espírito e, por conseguinte, se concede espaço a toda a inconstância”, escreveu Bento.

Contra a hermenêutica da ruptura, Bento propôs a hermenêutica da continuidade que ele chamava de "hermenêutica da reforma", da “renovação na continuidade do único sujeito-Igreja, que o Senhor nos concedeu; é um sujeito que cresce no tempo e se desenvolve, permanecendo, porém, sempre o mesmo, único sujeito do Povo de Deus a caminho”.

Seus esforços para estabelecer uma interpretação correta do Concílio Vaticano II duraram até o fim de seu pontificado. Em 14 de fevereiro de 2013, apenas duas semanas antes de sua renúncia entrar em vigor, ele disse que o concílio tinha sido inicialmente interpretado “pelos olhos da imprensa”, que o retratou como uma “disputa política” entre diferentes correntes dentro da Igreja.

Esse “concílio da mídia” criou “muitas calamidades” e “assim, muito sofrimento”, com o resultado que seminários e conventos fecharam e a liturgia foi “banalizada”. Bento XVI disse que a verdadeira interpretação do Concílio Vaticano II está “emergindo com toda sua força espiritual”.

O chamado à continuidade e à reforma encontrou rica expressão na atenção do papa à liturgia, particularmente por meio de seu grande livro O Espírito da Liturgia e seus esforços para encorajar o retorno à reverência e beleza na liturgia. “Sim, a liturgia se torna pessoal, verdadeira e nova”, escreveu ele, “não através de palhaçada e experiências banais com as palavras, mas através de uma corajosa entrada na grande realidade que através do rito está sempre à frente de nós e nunca pode ser exatamente ultrapassada” (p. 169). Acima de tudo, sua visão para a liturgia pôs Deus novamente no centro: “A ‘ação’ real na liturgia em que se supõe que todos nós participemos é a ação do próprio Deus. Isso é o que é novo e distintivo acerca da liturgia cristã: o próprio Deus age e faz o que é essencial” (p. 173).

Pondo em prática sua preocupação, ele publicou a carta apostólica Summorum pontificum, de 2007, que estendeu significativamente a autorização aos padres de celebrar missa segundo o missal anterior às reformas de 1970. Ele escreveu na carta que acompanha Summorum pontificum: “Na história da Liturgia, há crescimento e progresso, mas nenhuma ruptura. Aquilo que para as gerações anteriores era sagrado, permanece sagrado e grande também para nós, e não pode ser de improviso totalmente proibido ou mesmo prejudicial. Faz-nos bem a todos conservar as riquezas que foram crescendo na fé e na oração da Igreja, dando-lhes o justo lugar”.

E, em resposta à pergunta se essa reautorização da missa tridentina era mais uma concessão à cismática Sociedade São Pio X, Bento XVI disse a Peter Seewald em Testamento Final (2016): “Isso é completamente falso! Era importante para mim que a Igreja é uma consigo mesma internamente, com seu próprio passado; o que era santo antes para ela não pode de algum modo ser errado agora”.

Seu esforço de reformar a Cúria Romana ficou incompleto com sua renúncia. A atenção da imprensa se concentrou especialmente no chamado escândalo Vati-leaks: o vazamento de documentos privados do papa e a prisão e julgamento do mordomo papal. Mesmo assim, ele deu passos importantes no rumo de uma genuína transparência financeira que foram continuados pelo papa Francisco.

Do mesmo modo, em seus anos como prefeito e depois papa, ele deitou um fundamento vital na resposta da Igreja à crise e ajudou a pavimentar o caminho para as reformas seguintes sob o papa Francisco.

Tomando posição firme sobre os casos de abuso

Muito antes de sua eleição como papa, o então cardeal Ratzinger tinha impulsionado esforços sérios no confronto do flagelo do abuso sexual por parte do clero. Em 2001, ele teve papel fundamental em pôr os casos de abuso sob a jurisdição da Congregação da Doutrina da Fé e ajudou os bispos dos EUA a receber a aprovação da Santa Sé para a Carta de Dallas e as Normas Essenciais que formaram então a base do imenso progresso em como lidar com o abuso do clero nos EUA.

Dias antes da morte de João Paulo II, em março de 2005, Ratzinger escreveu as meditações da Via Crucis na Sexta-Feira Santa em Roma. Em sua reflexão na Nona Estação, ele fez a ríspida condenação:

“Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele!”. O comentário prefigurava seu compromisso de lutar contra o abuso a partir do momento de sua eleição.

Centenas de padres que tinham cometido abuso sexual foram demovidos do estado clerical sob Bento XVI. Foi uma continuação de seu trabalho na Congregação para a Doutrina da Fé, mas passou a ser acompanhado de pedidos formais de desculpa às vítimas como aconteceu com a presença pessoal do papa nos EUA, na Austrália, no Canadá e na Irlanda. Em 2008, durante sua viagem aos EUA, ele se encontrou pessoalmente com vítimas, e em 2010 ele escreveu uma carta pastoral aos católicos da Irlanda pedindo perdão pelo enorme sofrimento causado pelo abuso. “Sofrestes tremendamente”, escreveu ele, “e por isto sinto profundo desgosto. Sei que nada pode cancelar o mal que suportastes. Foi traída a vossa confiança e violada a vossa dignidade. Muitos de vós experimentastes que, quando éreis suficientemente corajosos para falar de quanto tinha acontecido, ninguém vos ouvia”.

Um professor e teólogo de destaque

A despeito de sua idade avançada no momento de sua eleição, Bento XVI continuou o hábito de são João Paulo II de viajar ao redor do mundo. Suas 25 viagens apostólicas fora da Itália incluíram três idas a sua Alemanha natal e três Jornadas Mundiais da Juventude.

Sua visita à Turquia em 2006 se concentrou nas relações com o Islã e a cristandade ortodoxa, com sua presença na divina liturgia celebrada pelo patriarca de Constantinopla. Durante sua viagem aos EUA em 2008, ele visitou o local das torres destruídas do World Trade Center, uma sinagoga em Nova York e a Universidade Católica da América.

“Cristo é o caminho que conduz ao Pai, a verdade que dá significado à existência humana, e a fonte daquela vida que é alegria eterna com todos os Santos no Reino dos céus”, disse ele a 60 mil pessoas reunidas para a missa no Estádio dos Yankees em Nova York em abril de 2008.

Papa Bento XVI visita os Estados Unidos, de 15 a 20 de abril de 2008. Vatican Media

Embora não tenha batido o recorde de canonizações e beatificações, Bento XVI canonizou 45 novos santos, entre os quais Damien de Veuster, o padre leproso de Molokai (2008), o canadense André Bessette (2010) e Kateri Tekakwitha (2012), a primeira santa americana nativa. Ele teve a distinção única de autorizar o início da causa de canonização de seu predecessor João Paulo II, e teve o grande prazer de presidir sua beatificação em 2011. São João Paulo II seria canonizado em 2014 pelo papa Francisco.

Ele também nomeou dois doutores da Igreja em 2012, a abadessa e mística medieval alemã Hildegarda de Bingen, e o padre espanhol são João de Ávila.

Suas três encíclicas, Caritas in veritate, Spe salvi, e Deus caritas est, sublinharam as virtudes do amor e da esperança. O papa Francisco incorporou a encíclica inacabada de Bento sobre a fé em sua própria encíclica Lumen fidei, de 2013.

Cada uma das encíclicas trouxe reflexões profundas de Bento XVI, um dos grandes teólogos da Igreja. A mesma importância se pode atribuir a suas exortações pós-sinodais, frutos dos sínodos dos bispos realizados sob sua direção. A exortação Sacramentum caritatis, de 2007, sobre a Eucaristia como “fonte e ápice da vida e da missão da Igreja” antecipou à convocação a uma revivescência eucarística nos últimos anos.

“Sacramento da Caridade”, escreveu Bento, “a santíssima Eucaristia é a doação que Jesus Cristo faz de Si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por cada homem... Que maravilha deve suscitar, também no nosso coração, o mistério eucarístico!”.

A fama de Bento como teólogo e escritor estava bem estabelecida internacionalmente antes de sua eleição para o papado. Entre seus livros está Introdução ao Cristianismo, compilação de suas palestras universitárias sobre a fé no mundo moderno. Os livros de suas entrevistas, como Relatório sobre a Fé, de 1985 com Vittorio Messori, e Sal da Terra, de 1996, Deus e o Mundo, de 2000, e Luz do Mundo, de 2010, com o jornalista e escritor alemão Peter Seewald foram grandes best-sellers. Um dos livros populares escritos por ele foi a trilogia Jesus de Nazaré, um esforço de explicar Jesus Cristo para o mundo moderno.

Um papa emérito

Bento levou uma vida de oração e reflexão depois da eleição do papa Francisco, encontrando-se e conversando ocasionalmente com seu sucessor. No fim, seu período aposentado e em retiro foi mais longo do que o seu pontificado.

Ele esteve presente na canonização de João Paulo II e do papa João XXIII em São Pedro em 27 de abril de 2014. Ele também participou do lançamento do ano Santo da Misericórdia em 8 de dezembro de 2015.

Intervenções públicas ocasionais deflagraram reações e debate intensos. Em 2019, ele deu sua contribuição à discussão sobre a crise de abuso sexual com um ensaio que ia ao cerne da questão: a ditadura do relativismo sobre a qual ele havia avisado em 2005. “Hoje, a acusação contra Deus é, acima de tudo, desprezo de Sua Igreja como algo maligno em sua totalidade e, portanto, nos desencoraja dela. A ideia de uma Igreja melhor, feita por nós mesmos, é na verdade uma proposta do diabo, com a qual ele quer nos afastar do Deus vivo usando uma lógica enganosa em que podemos facilmente cair. Não, ainda hoje a Igreja não é feita apenas de peixes ruins e ervas daninhas. A Igreja de Deus também existe hoje e hoje é o mesmo instrumento pelo qual Deus nos salva”.


Papa Francisco visita Bento XVI em 27 de agosto de 2022. Vatican Media


Em julho de 2021, o papa emérito, então com 94 anos alertou sobre uma Igreja e uma doutrina sem fé: “Só a fé liberta o homem de suas amarras e da estreiteza de seu tempo”.

Em fevereiro de 2022, o papa emérito publicou uma carta em reação a um relatório sobre abuso na arquidiocese de Munique-Freising que o acusava pelo modo como lidou com casos de abuso durante seu período como arcebispo no final dos anos 1970. Na carta ele, mais uma vez, expressou a todas as vítimas de abuso sexual sua profunda vergonha, seu profundo sofrimento e seu sincero pedido de desculpas.

A carta também serviu, de muitas formas, como uma meditação final sobre sua vida retirada, mas também sobre a fé constante que caracterizou seus esforços em nome de Cristo e Sua Igreja.

“Muito em breve”, escreveu ele, “devo me encontrar diante do juiz final de minha vida. Ainda que, conforme olho para minha longa vida passada, posso ter grande motivo para temor e tremor, estou com bom ânimo, pois confio firmemente que o Senhor é não somente o justo juiz, mas também o amigo e irmão que já sofreu ele próprio pelas minhas falhas, e é, assim, também meu advogado, meu ‘Paráclito’. Na luz da hora do julgamento, a graça de ser um cristão se torna mais clara para mim. Ele me concede conhecimento e, de fato, amizade, com o juiz da minha vida, e assim me permite passar confiante pela hora escura da morte”.

O papa Francisco deve celebrar a missa funeral de Bento XVI.


(acidigital)

Laudes de 31 de Dezembro

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Missa a Nossa Senhora de Fátima desde a Capelinha das Aparições 30.12.2022

Homilia | A missão de São José na Sagrada Família (Festa da Sagrada Famí...

China, tens of millions infected

Uma família de sucesso (Mt 2,13-15.19-23) Palavra de Deus #498 | 30/12 |...

Igreja celebra hoje a festa da Sagrada Família

 


REDAÇÃO CENTRAL, 30 Dez. 22 / 05:00 am (ACI).- Hoje a Igreja celebra a festa da Sagrada Família e convida todos a olhar para Jesus, Maria e José, que desde o início tiveram que enfrentar os perigos do exílio no Egito, mas, sempre mostrando que o amor é mais forte do que a morte. Eles são um reflexo da Trindade e modelo de cada família.

A Sagrada Família é celebrada no domingo da oitava de Natal. Mas, quando o Natal cai em um domingo, esta solenidade é festejada no dia 30 de dezembro.

A solenidade da Sagrada Família, que é celebrada dentro da oitava de Natal, é uma festa que incentiva a aprofundar o amor familiar, examinar a situação do próprio lar e buscar soluções que ajudem o pai, a mãe e os filhos a serem cada vez mais como a Família de Nazaré.

Ao celebrar esta data em 2013, o papa Francisco ressaltou que o “nosso olhar hoje para a Sagrada Família se deixa atrair também pela simplicidade da vida que essa conduz em Nazaré. É um exemplo que faz tanto bem às nossas famílias, ajuda-as a se tornarem sempre mais comunidades de amor e de reconciliação, na qual se experimenta a ternura, a ajuda mútua, o perdão recíproco”.

A vida familiar não pode ser reduzida a problemas de relacionamento, deixando de lado os valores transcendentes, já que a família é o sinal do diálogo entre Deus e o homem. Pais e filhos devem estar abertos à Palavra e ouvir, sem esquecer a importância da oração familiar que une fortemente os membros da família.

São João Paulo II, que é conhecido como o papa das famílias, no Ângelus desta solenidade em 1996, destacou que “a mensagem que vem da Sagrada Família é, antes de tudo, uma mensagem de fé: a casa de Nazaré é aquela onde Deus está verdadeiramente no centro”.

“Para Maria e José esta opção de fé concretiza-se no serviço ao Filho de Deus que lhes foi confiado, mas exprime-se também no seu amor recíproco, rico de ternura espiritual e de fidelidade”, disse.

Em muitas ocasiões, João Paulo II reforçou a importância da vivência da fé em família, por meio da oração. “A família que reza unida, permanece unida”, dizia, sugerindo que juntos rezassem o terço.


(acidigital)

Laudes da Festa da Sagrada Família, Jesus, Maria e José

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Missa a Nossa Senhora de Fátima desde a Capelinha das Aparições 29.12.2022

Canto Camino Neocatecumenal: Ya viene mi Dios

Homilia Diária | A Luz que brota da eternidade (5.º Dia na Oitava do Natal)

Unidos em oração pelo Papa emérito Bento XVI

 


Atendendo o pedido do Papa Francisco, chegaram inúmeras manifestações de afeto, proximidade e orações pela saúde do Papa Emérito. Entre os comunicados destacamos o do Celam, da Igreja Católica Armênia e a Igreja Greco-Católica Ucraniana. O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, disse que Papa emérito conseguiu descansar bem ontem à noite.

Vatican News


Respondendo às perguntas dos jornalistas nesta quinta-feira, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, disse o seguinte:


"O Papa emérito conseguiu descansar bem ontem à noite, ele está absolutamente lúcido e alerta e hoje, embora seu estado continue grave, a situação no momento é estável. O Papa Francisco renova seu convite a rezar por ele e a acompanhá-lo nestas horas difíceis".


Na quarta-feira (28), no final da Audiência Geral o Papa Francisco confiou aos fiéis presentes na Sala Paulo VI uma intensão muito precisa: "Uma oração especial pelo Papa emérito Bento XVI, que no silêncio está sustentando a Igreja". "Recordamo-lo, ele está muito doente, pedindo ao Senhor que o console e o sustente neste testemunho de amor à Igreja até o fim". Palavras que comoveram o munto inteiro e que deram origem a várias manifestações de afeto e orações pelo Papa emérito Bento XVI.



Celam


O Celam uniu-se em oração pela saúde de Bento XVI com as seguintes palavras: “Acolhendo o pedido do Papa Francisco, o Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) se une em oração pela saúde do Papa Emérito Bento XVI", a breve mensagem foi divulgada pelo órgão episcopal e assinada pelo seu Presidente, D. Miguel Cabrejos Vidarte. Aos 95 anos de idade e com uma vida a serviço da Igreja Universal, o Celam recorda com gratidão "os grandes ensinamentos do Papa Emérito", evocando "de maneira particular" seu discurso inaugural na V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, realizada em Aparecida (Brasil) em maio de 2007, quando afirmou que "a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica no Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9). Nesta Oitava de Natal, pedimos à Virgem Maria que interceda pela saúde do Papa Emérito Bento XVI", conclui a mensagem.


Igreja Católica Armênia


Também se uniu em oração a Igreja Católica Armênia com um comunicado:

"Em resposta ao pedido do Santo Padre Francisco, durante a Audiência Geral de quarta-feira, 28 de dezembro de 2022, de rezar pelo Papa emérito Bento XVI, o Patriarca da Cilícia dos católicos armênios Sua Beatitude Rafael Bedros XXI convidou todas as igrejas e paróquias católicas armênias a se unirem em oração pedindo ao Deus Misericordioso para apoiar o Papa emérito Bento XVI, em seu sofrimento e testemunho exemplar de amor à Igreja.


Igreja Greco-Católica Ucraniana


Assim como Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk, Chefe da Igreja Greco-Católica Ucraniana que pediu aos Bispos do Sínodo e a todos os fiéis da Igreja Greco-Católica Ucraniana que se unissem às orações pelo Papa Emérito Bento XVI, conforme solicitado pelo Papa Francisco no final da audiência geral. Sua Beatitude Sviatoslav recordou em particular o encontro pessoal que teve com o Papa Emérito no mosteiro Mater Ecclesiae no dia 10 de novembro passado, durante sua visita a Roma. Naquela ocasião, Sua Beatitude relatou, o Papa Emérito tinha sido "incrivelmente lúcido, informado e solícito sobre a situação na Ucrânia, e tinha garantido suas orações pelo povo ucraniano". “Toda a Igreja Greco-Católica Ucraniana ", acrescentou Sua Beatitude, "quer reunir-se em oração em torno deste grande testemunho de nosso tempo, agradecendo-lhe por seu testemunho silencioso como Papa Emérito e, ao mesmo tempo, recordando e procurando colocar em prática seu trabalho pela unidade da Igreja, que foi uma característica extraordinária de seu pontificado".

Enquanto do Brasil chegam também manifestações de oração pelo Papa Bento XVI entre elas a da Arquidiocese do Rio de Janeiro que escreve: "A Arquidiocese do Rio de Janeiro acolhendo o pedido do Papa Francisco, se une à Igreja do mundo inteiro para rezar pelo Papa Emérito Bento XVI".


(vaticannews)

Hoje é celebrado são Tomás Becket, mártir inglês


 REDAÇÃO CENTRAL, 29 Dez. 22 / 05:00 am (ACI).- “Morro voluntariamente pelo nome de Jesus e pela defesa de sua Igreja”, disse são Tomás Becket de Canterbury antes de morrer como mártir e fiel à Igreja por se opor às intenções do rei da Inglaterra de controlar a Igreja local. Sua festa é celebrada hoje (29).


São Tomás nasceu em Londres, Inglaterra, em 1118, em uma família trabalhadora. Foi educado pelos monges da Abadia de Merton em Surrey e chegou a estudar na Universidade de Paris. Quando seu pai morreu, passou a ter dificuldades financeiras e tornou-se empregado da corte do Arcebispo Theobald de Canterbury. Ganhou a confiança do Bispo e chegou a viajar com ele pela França, Roma e outros lugares. Do mesmo modo, tornou-se amigo do rei.


Em 1154, foi ordenado diácono e serviu como negociador dos assuntos da Igreja com a coroa. Em seguida, por sugestão do arcebispo Theobald, tornou-se chanceler da Inglaterra e administrou a lei com sabedoria e imparcialidade. Posteriormente, foi ordenado sacerdote e, no dia seguinte, recebeu a consagração episcopal.


Como arcebispo, dedicou-se inteiramente ao serviço de Deus, desenvolvendo um profundo amor pela Eucaristia. Ao se recusar aos interesses de Henrique II, que queria que a Igreja na Inglaterra estivesse sujeita ao poder do rei, optou pelo exílio na França.


O rei da França persuadiu o rei inglês Henrique II a ir aonde Tomás estava para fazer as pazes. Depois de voltar à sua pátria, as discussões começaram novamente. O rei Henrique escutou que, da Normandia, o papa tinha excomungado os bispos recalcitrantes por usurpar os direitos do bispo de Canterbury e são Tomás se manteria firme até que os bispos prometessem obediência ao papa.


O rei ficou irado e disse: “Não há ninguém que me livre deste sacerdote turbulento?”. Quatro cavaleiros o escutaram e decidiram resolver o assunto com suas próprias mãos.


Em 29 de dezembro de 1170, os cavaleiros com uma tropa de soldados apareceram do lado de fora da catedral de Canterbury, exigindo ver o arcebispo. Os presbíteros tentaram proteger o santo e o forçaram a se refugiar na Igreja, mas Tomás os proibiu de fechar a porta, sob desobediência, dizendo que “uma igreja não deve se converter em um castelo”.


Na penumbra da Igreja, os cavaleiros acusavam o arcebispo de traidor. “Aqui estou eu”, Tomás. “Não traidor, mas um sacerdote de Deus. Surpreende-me que, com tal vestuário, entrem na igreja de Deus. O que querem comigo?”.


Um cavaleiro ergueu a espada para atacá-lo, mas um dos que andavam com são Tomás o protegeu com seu braço. Os quatro cavaleiros atacaram juntos e assassinaram o Arcebispo nos degraus do santuário.


De acordo com uma testemunha, suas últimas palavras foram: “Morro voluntariamente pelo nome de Jesus e pela defesa de sua Igreja”.


O crime causou indignação e o rei Henrique foi forçado a fazer penitência pública e construir o mosteiro em Witham, Somerset.


Passados 400 anos, quando o rei Henrique VIII rompeu a unidade da Igreja, são Tomás Becket foi removido do calendário de santos da Inglaterra, seu santuário foi destruído e as relíquias acabaram queimadas (alguns dizem que foram transferidas para Stoneyhurst).


Do mesmo modo, esse outro rei também chamado Henrique (VIII) mandou matar outro grande mártir inglês conhecido como são Thomas More.


(acidigital)

Laudes de 29 de Dezembro

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

AUDIÊNCIA GERAL: Texto

 PAPA FRANCISCO

AUDIÊNCIA GERAL

Sala Paulo VI

Quarta-feira, 28 de dezembro de 2022


O Natal com São Francisco de Sales

Estimados irmãos e irmãs, bom dia e de novo Feliz Natal!

Este tempo litúrgico convida-nos a fazer uma pausa e a refletir sobre o mistério do Natal. E dado que precisamente hoje se celebra o quarto centenário da morte de São Francisco de Sales, Bispo e Doutor da Igreja, podemos tirar sugestões de alguns dos seus pensamentos. Ele escreveu muito sobre o Natal. A este propósito, tenho o prazer de anunciar que hoje está a ser publicada a Carta Apostólica que comemora este aniversário. O título é Tudo pertence ao amor, retomando uma expressão caraterística de Francisco de Sales. De facto, assim escreveu no seu Trattato dell’amore di Dio [Tratado sobre o Amor de Deus], assim dizia: «Na santa Igreja tudo pertence ao amor, vive no amor, é feito por amor e vem do amor» (Ed. Paulinas, Milão 1989, p. 80). E pudéssemos todos nós percorrer este caminho do amor, tão bonito.

Procuremos agora aprofundar um pouco mais o mistério do nascimento de Jesus, “na companhia” de São Francisco de Sales, assim unimos as duas comemorações.

São Francisco de Sales, numa das suas muitas cartas dirigidas a Santa Joana Francisca de Chantal, escreve assim: «Parece-me ver Salomão no grande trono de marfim, dourado e esculpido, que não tinha igual em reino algum, como diz a Escritura ( 1 Rs 10, 18-20); ver, em suma, aquele rei que não tinha igual em glória e magnificência (cf. 1 Rs 10, 23). Mas prefiro cem vezes ver o querido pequeno Menino na manjedoura do que todos os reis nos seus tronos» [1]: é bonito o que dizia. Jesus, o Rei do Universo, nunca se sentou num trono, nunca: nasceu num estábulo – vemo-lo representado assim - , envolto em faixas e deitado numa manjedoura; e no final morreu numa cruz e, envolto num lençol, foi deposto no sepulcro. Com efeito, o evangelista Lucas, ao narrar o nascimento de Jesus, insiste muito no detalhe da manjedoura. Isto significa que é muito importante não apenas como detalhe logístico, mas como elemento simbólico para compreender o quê? Para compreender que tipo de Messias é Aquele que nasceu em Belém, que tipo de Rei: quem é Jesus. Olhando para a manjedoura, olhando para a cruz, olhando para a sua vida de simplicidade, podemos compreender quem é Jesus. Jesus é o Filho de Deus que nos salva, fazendo-se homem, como nós, despojando-se da sua glória e humilhando-se (cf. Fl 2, 7-8). Vemos este mistério concretamente no ponto focal do presépio, isto é, no Menino deitado numa manjedoura. Este é “o sinal” que Deus nos dá no Natal: foi assim para os pastores em Belém (cf. Lc 2, 12), é assim hoje e o será sempre. Quando os anjos anunciam o nascimento de Jesus: “Ide vê-lo”; e o sinal é: encontrareis um menino numa manjedoura. Aquele é o sinal. O trono de Jesus é a manjedoura ou a estrada, durante a sua vida quando pregava, ou a cruz no final da vida: este é o trono do Nosso Rei.

Este sinal mostra-nos o “estilo” de Deus. E qual é o estilo de Deus? Nunca vos esqueçais: o estilo de Deus é proximidade, compaixão e ternura. O nosso Deus está próximo, é compassivo e terno. Em Jesus vemos este estilo de Deus. Com este seu estilo, Deus atrai-nos a si. Ele não nos toma com a força, não nos impõe a sua verdade e justiça, não faz proselitismo connosco, não: quer atrair-nos com amor, com ternura, com a compaixão. Noutra carta, São Francisco de Sales escreveu: «O íman atrai o ferro e o âmbar atrai a palha e o feno. Pois bem, quer sejamos ferro devido à nossa dureza, quer sejamos palha devido à nossa fraqueza, devemos deixar-nos atrair por este pequeno Menino celestial» [2]. As nossas forças, as nossas fragilidades, são resolvidas apenas diante do presépio, diante de Jesus, ou diante da cruz: Jesus despojado, Jesus pobre; mas sempre com o seu estilo de proximidade, compaixão e ternura. Deus encontrou o meio para nos atrair como somos: com o amor. Não um amor possessivo e egoísta, como infelizmente é muitas vezes o amor humano. O seu amor é puro dom, pura graça, é tudo e apenas para nós, para o nosso bem. E assim atrai-nos, com este amor desarmado e também desarmante. Pois quando vemos esta simplicidade de Jesus, também nós deitamos fora as armas da soberba e vamos ali, humildes, pedir salvação, pedir perdão, pedir luz para a nossa vida, para poder ir em frente. Não vos esqueçais do trono de Jesus: a manjedoura e a cruz, eis o trono de Jesus.

Outro aspeto que se destaca no presépio é a pobreza – deveras há pobreza, ali - entendida como a renúncia a toda a vaidade mundana. Quando vemos o dinheiro que se gasta por vaidade: muito dinheiro para a vaidade mundana; tantos esforços, tantas pesquisas para a vaidade; mas Jesus mostra-nos a humildade. São Francisco de Sales escreve: «Meu Deus! Quantos afetos santos este nascimento suscita nos nossos corações! Acima de tudo, porém, ensina-nos a perfeita renúncia a todos os bens, a todas as pompas [...] deste mundo. Não sei, mas não encontro outro mistério no qual a ternura e a austeridade, o amor e a tristeza, a doçura e a dureza se misturam tão docemente» [3]: vemos tudo isto no presépio. Sim, tomemos cuidado para não cair na caricatura mundana do Natal. E isto é um problema, pois o Natal é assim. Mas hoje vemos que, embora seja “outro Natal”, entre aspas, é a caricatura mundana do Natal, que reduz o Natal a uma festa consumista e edulcorado. É necessário fazer festa, é preciso, mas que isto não seja Natal, o Natal é outra coisa. O amor de Deus não é meloso, a manjedoura de Jesus mostra-nos isto. O amor de Deus não é uma bonomia hipócrita que esconde a busca de prazeres e confortos. Os nossos idosos que conheceram a guerra e também a fome sabiam-no bem: o Natal é alegria e festa, certamente, mas na simplicidade e na austeridade.

E concluamos com um pensamento de São Francisco de Sales que também retomei na Carta Apostólica. Ele ditou-o às Irmãs Visitandinas - pensai! - dois dias antes de morrer. Dizia: «Vedes o Menino Jesus na manjedoura? Ele recebe todas as devastações do tempo, o frio e tudo o que o Pai permite que lhe aconteça. Não recusa as pequenas consolações que a sua mãe lhe dá, e não está escrito que alguma vez estenda as mãos para ter o seio da sua Mãe, mas deixa tudo aos cuidados e presciência dela; por isso nada devemos desejar nem recusar, suportando tudo o que Deus nos envia, o frio e as injustiças do tempo» [4]. E aqui, prezados irmãos e irmãs, está um grande ensinamento, que nos chega do Menino Jesus através da sabedoria de São Francisco de Sales: nada desejar nem rejeitar, aceitar tudo o que Deus nos envia. Mas atenção! Sempre e só por amor, pois Deus ama-nos e deseja sempre e apenas o nosso bem.

Olhemos para a manjedoura, que é o trono de Jesus, olhemos para Jesus nas estradas da Judeia, da Galileia, pregando a mensagem do Pai e olhemos para Jesus no outro trono, na cruz. É isto que Jesus nos oferece: a estrada, mas esta é a via da felicidade.

A todos vós e às vossas famílias, feliz tempo de Natal e bom início do ano novo!

_________________________________________

[1] Alla madre di Chantal, Annecy, 25 de dezembro de 1613, em Tutte le lettere, vol. II (1619-1622), por L. Rolfo, Paulinas, Roma 1967, 402-403, Œuvres de Saint François de Sales, édition complète, Annecy, Tomo XVI, 120-121.

[2] A una religiosa, Paris, 6 de janeiro de 1619, em Tutte le lettere, vol. iii (1619-1622), por L. Rolfo, Paulinas, Roma 1967, 10, Œuvres de Saint François de Sales, édition complète, Annecy, Tomo XVIII, 334-335.

[3] A una religiosa dell’abbazia di Santa Caterina, Annecy, 25 ou 26 de dezembro de 1621, em Tutte le lettere, vol. iii (1619-1622), por  L. Rolfo, Paulinas, Roma 1967, 615, Œuvres de Saint François de Sales, édition complète, Annecy, Tomo XX, 212.

[4] Trattenimenti spirituali, Paulinas, Milão 2000, 463 (F. De Sales, Entretiens spirituels, Euvres. Textes présentés et annotés par A. Ravier avec la collaboration de R. Devos, Bibliothèque de la Pléiade, Gallimard, Paris 1969, 1319.

 

Saudações:

Queridos fiéis e amigos de língua portuguesa, neste santo Natal, desejo-vos a plenitude das consolações e graças do Deus-Menino: resplandeça nos vossos corações, nas vossas famílias e comunidades a luz do Redentor, que nos revela o rosto terno e misericordioso do Pai celeste. E que a todos abençoe com um Ano Novo sereno e feliz.


 

Resumo da catequese do Santo Padre:

Estes dias convidam-nos a refletir sobre o mistério do nascimento de Jesus e queremos fazê-lo na companhia de São Francisco de Sales, porque, hoje mesmo, completam-se 400 anos da sua morte. O Papa São João Paulo II chama-lhe o «Doutor do amor divino»; e bem o comprova o livro estupendo que nos deixou: Tratado do Amor de Deus. Escreve ele no Prefácio: «Na santa Igreja, tudo pertence ao amor, vive no amor, faz-se por amor e vem do amor». Esta certeza do Santo nascia da contemplação da própria vida de Jesus. A 26 de dezembro – dois dias antes da sua morte – em colóquio com as Irmãs Visitandinas, dizia-lhes: «Vedes o Menino Jesus na manjedoura? Recebe todas as agruras do tempo, o frio e tudo aquilo que o Pai permite que Lhe aconteça. Não recusa as pequenas consolações que sua Mãe Lhe dá, mas também não está escrito que estendesse as mãozinhas para ter o peito da Mãe; deixara tudo ao cuidado e previsão d’Ela. De igual modo não devemos desejar nada nem recusar nada». Aqui temos, queridos irmãos e irmãs, um grande ensinamento que nos vem do Deus-Menino através da sabedoria de São Francisco de Sales: não devemos desejar nada nem recusar nada, mas aceitar tudo aquilo que Deus nos manda. Mas atenção! Sempre e só por amor, porque Deus nos ama e quer sempre e só o nosso bem.



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Audiência Geral 28 de dezembro de 2022 Papa Francisco

Missa desde a Basílica da Santíssima Trindade do Santuário de Fátima 28...

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Bate papo - 27/12/2022 - às 20h

O segredo para a realização pessoal (Mt 2,13-18) Palavra de Deus #496 | ...

Saúde do papa emérito Bento XVI piora nas últimas horas, informa a Santa Sé

 


Vaticano, 28 Dez. 22 / 09:58 am (ACI).- A Santa Sé disse que o estado de saúde do papa emérito Bento XVI piorou nas últimas horas, mas que "a situação no momento permanece sob controle, constantemente monitorada pelos médicos".

O papa Francisco visitou Bento XVI no mosteiro Mater Ecclesiae no final da Audiência Geral, informou hoje (28) o diretor da sala de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni.

“Quanto ao estado de saúde do papa emérito, para quem o papa Francisco pediu orações no final da Audiência Geral desta manhã, posso confirmar que nas últimas horas houve um agravamento devido à idade avançada. A situação no momento permanece sob controle, constantemente monitorada pelos médicos”, disse Bruni.

Por sua vez, o papa Francisco pediu orações pelo papa emérito Bento XVI porque “ele está muito doente” e no “silêncio está sustentando a Igreja”.

Diante de milhares de fiéis reunidos na aula Paulo VI do Vaticano para a tradicional Audiência Geral semanal, o papa Francisco pediu a “todos uma oração especial pelo papa emérito Bento XVI, que no silêncio está sustentando a Igreja” e exortou a pedir "que o Senhor o sustente neste testemunho de amor à Igreja até o fim".

O diretor da sala de imprensa da Santa Sé disse que “nos unimos” ao papa Francisco “na oração pelo papa emérito”.


(acidigital)

Hoje são celebrados os Santos Inocentes, crianças que morreram por Cristo

 


REDAÇÃO CENTRAL, 28 Dez. 22 / 05:00 am (ACI).- “Ainda não falam e já confessam a Cristo. Ainda não podem mover os seus membros para travar batalha e já alcançam a palma da vitória”, disse uma vez são Quodvultdeus (século V) ao exortar os fiéis sobre os Santos Inocentes, as crianças que morreram por Cristo e cuja festa se celebra hoje (28).

De acordo com o relato de são Mateus, o rei Herodes mandou matar em Belém e seus arredores os meninos menores de dois anos, ao sentir-se enganado pelos Reis Magos, os quais retornaram aos seus países por outro caminho para não lhe revelar onde estava o Messias.

A festa para venerar estes meninos que morreram como mártires foi instituída no século IV. A tradição oriental os recorda em 29 de dezembro, enquanto que a latina, no dia 28 deste mês.

Posteriormente, são Quodvultdeus, padre da Igreja do século V e bispo de Cartago (norte da África), deu um sermão sobre este lamentável feito.

“Que temes, Herodes, ao ouvir dizer que nasceu o Rei? Ele não veio para te destronar, mas para vencer o demónio. Tu, porém, não o compreendes; e por isso te perturbas e te enfureces, e, para que não escape aquele único Menino que buscas, te convertes em cruel assassino de tantas crianças”, disse.

O santo ainda acrescenta: “Nem as lágrimas das mães nem o lamento dos pais pela morte de seus filhos, nem os gritos e gemidos das crianças te comovem. Matas o corpo das crianças, porque o temor te matou o coração”.

“As crianças, sem o saberem, morrem por Cristo; os pais choram os mártires que morrem. Àqueles que ainda não podiam falar, Cristo os faz suas dignas testemunhas”, enfatizou são Quodvultdeus.


(acididgital

Laudes da Festa dos Santos Inocentes

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Missa a Nossa Senhora de Fátima desde a Capelinha das Aparições 27.12.2022

O Amor tudo suporta (Jo 20,2-8) Palavra de Deus #495 | 27/12 | Instituto...

JMJ 2023

 

 Cardeal Tolentino considera que as jornadas vão ser uma “explosão de esperança”



O cardeal português afirma que a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa vai ser “um gigante ponto de partida, que nos vai projetar em tantas dinâmicas criativas que vão inaugurar uma nova era”.

Rui Saraiva – Portugal

Neste final de ano 2022 ganha destaque na Jornada Mundial da Juventude de Lisboa uma entrevista de D. José Tolentino Mendonça a dois jovens promovida pela organização da JMJ Lisboa 2023.


O cardeal Tolentino responde às questões de Sara de Fátima Rahemane, do Comité Organizador Local (COL), e David Moura, do Comité Organizador Diocesano de Vila Real.

Num diálogo sobre o Tempo de Natal e a expectativa do encontro de jovens de todo o mundo com o Papa, em agosto de 2023, o Prefeito do Dicastério da Santa Sé para a Cultura e a Educação exorta os jovens cristãos a serem “rosto de Cristo junto dos outros jovens”, pois o a JMJ de Lisboa vai ser “um gigante ponto de partida” para “uma nova era”.

“Se neste interregno até às jornadas, nós descobrirmos que somos protagonistas da história, estamos implicados na história com 2000 anos que é a Igreja, que nós somos o rosto de Cristo junto dos outros jovens nas nossas sociedades… Se nós acreditarmos nisto, então o encontro com o Santo Padre, não vai ser apenas um ponto de chegada, mas vai ser um gigante ponto de partida, que nos vai projetar em tantas dinâmicas criativas que vão inaugurar uma nova era, uma nova época, na vida da Igreja, porque a Igreja vai receber o sangue novo da juventude”, afirmou.

O purpurado sublinha a importância da descoberta da pessoa de Cristo na preparação da JMJ de Lisboa.

“É tão importante que na preparação das jornadas, a nossa dimensão espiritual, a descoberta de Cristo e da sua Palavra, da sua pessoa, seja de facto o centro, aquilo que nos faz viver”, disse o cardeal lembrando que no centro do presépio está Jesus.

“A vida é um desperdício se vivermos a meio gás”, disse o cardeal frisando que um jovem que não vive “a 300% está a desperdiçar a sua energia.

“Um jovem que não vive eu não digo a 100%, digo a 300% está a desperdiçar a sua energia. A vida é um desperdício se vivemos a meio gás, se desperdiçamos a oportunidade, o instante, esta hora para vivermos um grande amor, para construir uma grande história, para dar o nosso contributo à sociedade, para abraçar verdadeiramente o mistério da Igreja”, declara o cardeal.

Para o cardeal Tolentino Mendonça a JMJ Lisboa 2023 será uma “explosão de esperança para o mundo”.

“E eu tenho a certeza que as Jornadas de Lisboa vão ser essa explosão de esperança que o mundo de hoje tanto precisa”, disse o cardeal.

Segundo informa a Agência Ecclesia, o diálogo com o cardeal Tolentino Mendonça foi promovido pela Fundação JMJ Lisboa 2023, com a indicação de que voltará a acontecer nos tempos fortes da liturgia até à realização da Jornada, de 1 a 6 de agosto de 2023.


Laudetur Iesus Christus


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Hoje a Igreja celebra santo Estêvão, diácono e primeiro mártir


REDAÇÃO CENTRAL, 26 Dez. 22 / 05:00 am (ACI).- Hoje (26) é celebrado o primeiro mártir de toda a Igreja Católica, santo Estêvão. O protomártir morreu apedrejado logo depois de ser arrastado para fora da cidade, após ser levado ante o Sinédrio por falsas acusações. Ele acusou os judeus por ter chegado ao ponto de não reconhecer o Salvador e também de tê-lo crucificado.

Santo Estêvão, enquanto recebia o golpe das pedras, pronunciou as seguintes palavras: “Senhor Jesus, recebe meu espírito”. Estando de joelhos antes de morrer, exclamou com força: “Senhor, não lhes tenha em conta pecado”.

Na celebração da festa deste santo em 2013, o papa Francisco assinalou que, “na verdade, na ótica da fé, a festa de Santo Estêvão está em plena sintonia com o significado profundo do Natal”.

“No martírio, de fato, a violência é vencida pelo amor, a morte pela vida. A Igreja vê no sacrifício dos mártires seu ‘nascimento ao céu’. Celebramos hoje, pois, o ‘nascimento’ de Estêvão, que em profundidade brota do Natal de Cristo. Jesus transforma a morte dos que o amam em aurora de vida nova”, acrescentou o Santo Padre.

Também o papa emérito Bento XVI, em 2012, ao falar do santo refletiu: “De onde o primeiro mártir cristão tirou a força para fazer frente a seus perseguidores e chegar até a entrega de si mesmo? A resposta é simples: de sua relação com Deus, de sua comunhão com Cristo, da meditação sobre a história da salvação, de ver a ação de Deus, que alcança seu ápice em Jesus Cristo”.


(acidigital)

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 MENSAGEM URBI ET ORBI

DO PAPA FRANCISCO

NATAL 2022

Domingo, 25 de dezembro de 2022


Queridos irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro, feliz Natal!

Que o Senhor Jesus, nascido da Virgem Maria, traga a todos vós o amor de Deus, fonte de confiança e esperança, juntamente com o dom da paz, que os anjos anunciaram aos pastores de Belém: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado» (Lc 2, 14).

Neste dia de festa, voltemos o olhar para Belém. O Senhor vem ao mundo numa gruta e é recostado numa manjedoura para os animais, porque os seus pais não conseguiram encontrar hospedagem, apesar de estar quase na hora de Maria dar à luz. Vem entre nós no silêncio e escuridão da noite, porque o Verbo de Deus não precisa de holofotes nem do clamor das vozes humanas. Ele mesmo é a Palavra que dá sentido à existência. Ele é a luz que ilumina o caminho. «O Verbo era a Luz verdadeira que, ao vir ao mundo – diz o Evangelho –, a todo o homem ilumina» (Jo 1, 9).

Jesus nasce no meio de nós, é Deus-connosco. Vem para acompanhar a nossa vida quotidiana, partilhar tudo connosco, alegrias e amarguras, esperanças e inquietações. Vem como menino indefeso. Nasce ao frio, pobre entre os pobres. Carecido de tudo, bate à porta do nosso coração para encontrar calor e abrigo.

Como os pastores de Belém, deixemo-nos envolver pela luz e saiamos para ver o sinal que Deus nos deu. Vençamos o torpor do sono espiritual e as falsas imagens da festa que fazem esquecer Quem é o Festejado. Saiamos do tumulto que anestesia o coração induzindo-nos mais a preparar ornamentações e prendas do que a contemplar o Evento: o Filho de Deus nascido para nós.

Irmãos, irmãs, voltemo-nos para Belém, onde ressoa o primeiro choro do Príncipe da paz. Sim, porque Ele mesmo – Jesus – é a nossa paz: aquela paz que o mundo não se pode dar a si mesmo e Deus Pai concedeu-a à humanidade enviando o seu Filho ao mundo. São Leão Magno tem uma frase que, na sua concisão latina, bem resume a mensagem deste dia: «Natalis Domini, Natalis est pacis – o Natal do Senhor é o Natal da paz» (Sermão 26, 5).

Jesus Cristo é também o caminho da paz. Com a sua encarnação, paixão, morte e ressurreição, abriu a passagem de um mundo fechado, oprimido pelas trevas da inimizade e da guerra, para um mundo aberto, livre para viver na fraternidade e na paz. Irmãos e irmãs, sigamos este caminho! Mas, para o podermos fazer, para sermos capazes de seguir os passos de Jesus, devemos despojar-nos dos pesos que nos enredam e bloqueiam.

E quais são esses pesos? Que vem a ser este entulho que nos sobrecarrega? Trata-se das mesmas paixões negativas que impediram o rei Herodes e a sua corte de reconhecer e acolher o nascimento de Jesus, isto é, o apego ao poder e ao dinheiro, o orgulho, a hipocrisia, a mentira. Estes pesos impedem de ir a Belém, excluem da graça do Natal e fecham o acesso ao caminho da paz. Na realidade, é com tristeza que devemos constatar como, enquanto nos é dado o Príncipe da paz, ventos de guerra continuam a soprar, gelados, sobre a humanidade.

Se queremos que seja Natal, o Natal de Jesus e da paz, voltemos o olhar para Belém e fixemo-lo no rosto do Menino que nasceu para nós! E, naquele rostinho inocente, reconheçamos o das crianças que, em todas as partes do mundo, anseiam pela paz.

O nosso olhar se encha com os rostos dos irmãos e irmãs ucranianos que vivem este Natal na escuridão, ao frio ou longe das suas casas, devido à destruição causada por dez meses de guerra. O Senhor nos torne disponíveis e prontos para gestos concretos de solidariedade a fim de ajudar todos os que sofrem, e ilumine as mentes de quantos têm o poder de fazer calar as armas e pôr termo imediato a esta guerra insensata! Infelizmente, prefere-se ouvir outras razões, ditadas pelas lógicas do mundo. Mas a voz do Menino, quem a escuta?

O nosso tempo vive uma grave carestia de paz também noutras regiões, noutros teatros desta terceira guerra mundial. Pensamos na Síria, ainda martirizada por um conflito que passou para segundo plano, mas não terminou; e pensamos na Terra Santa, onde nos últimos meses aumentaram as violências e os confrontos, com mortos e feridos. Supliquemos ao Senhor para que lá, na terra que O viu nascer, retomem o diálogo e a aposta na confiança mútua entre palestinenses e israelitas. Jesus Menino ampare as comunidades cristãs que vivem em todo o Médio Oriente, para que se possa viver, em cada um daqueles países, a beleza da convivência fraterna entre pessoas que pertencem a crenças diferentes. De modo particular ajude o Líbano para que possa, finalmente, erguer-se com o apoio da Comunidade Internacional e com a força da fraternidade e da solidariedade. A luz de Cristo ilumine a região do Sahel, onde a convivência pacífica entre povos e tradições é transtornada por confrontos e violências. Encaminhe para uma trégua duradoura no Iémen e para a reconciliação no Myanmar e no Irão, para que cesse completamente o derramamento de sangue. E, no continente americano, inspire as autoridades políticas e todas as pessoas de boa vontade a trabalharem para pacificar as tensões políticas e sociais que afetam vários países; penso de modo particularna população haitiana, que está a sofrer há tanto tempo.

Neste dia, em que sabe bem encontrar-se ao redor da mesa recheada, não desviemos o olhar de Belém – que significa «casa do pão» – e pensemos nas pessoas que padecem fome, sobretudo as crianças, enquanto diariamente se desperdiçam quantidades imensas de alimentos e se gastam tantos recursos em armas. A guerra na Ucrânia agravou ainda mais a situação, deixando populações inteiras em risco de carestia, especialmente no Afeganistão e nos países do Corno de África. Toda a guerra – bem o sabemos – provoca fome e serve-se do próprio alimento como arma, ao impedir a sua distribuição às populações já atribuladas. Neste dia, aprendendo com o Príncipe da paz, empenhemo-nos todos – a começar pelos que têm responsabilidades políticas – para que o alimento seja só instrumento de paz. Enquanto saboreamos a alegria de nos reunirmos com os nossos, pensemos nas famílias mais atribuladas pela vida e naquelas que, neste tempo de crise económica, atravessam dificuldades por causa do desemprego e carecem do necessário para viver.

Queridos irmãos e irmãs, hoje como há dois mil anos Jesus, a luz verdadeira, vem a um mundo achacado de indiferença – uma feia doença! – que não O acolhe (cf. Jo 1, 11); antes, rejeita-O como acontece a muitos estrangeiros, ou ignora-O como fazemos nós muitas vezes com os pobres. Hoje não nos esqueçamos dos numerosos deslocados e refugiados que batem à nossa porta à procura de conforto, calor e alimento. Não nos esqueçamos dos marginalizados, das pessoas sós, dos órfãos e dos idosos – a sabedoria dum povo – que correm o risco de acabar descartados, dos presos que olhamos apenas sob o prisma dos seus erros e não como seres humanos.

Irmãos e irmãs, Belém mostra-nos a simplicidade de Deus, que Se revela, não aos sábios e entendidos, mas aos pequeninos, a quantos têm o coração puro e aberto (cf. Mt 11, 25). Como os pastores, vamos também nós sem demora e deixemo-nos maravilhar pelo Evento incrível de Deus que Se faz homem para nossa salvação. Aquele que é fonte de todo o bem faz-Se pobre [1] e pede de esmola a nossa pobre humanidade. Deixemo-nos comover pelo amor de Deus e sigamos Jesus, que Se despojou da sua glória para nos tornar participantes da sua plenitude. [2]

Feliz Natal para todos!

____________________________________________________ 

 

[1] Cf. São Gregório Nazianzeno, Discurso 45.

[2] Cf. ibidem.



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Mensagem de Natal de frei Francesco Patton, Custódio da Terra Santa

 


Frei Patton: "No Natal celebramos o grande mistério da Encarnação do Filho de Deus: Deus se faz menino, se faz um de nós, se faz nosso irmão para dar início a uma humanidade nova, na qual existem apenas irmãos e irmãs".

Vatican News

Caríssima amiga, caríssimo amigo!

Estamos novamente juntos, também este ano, na gruta de Belém.



Este é o lugar onde nasceu o menino Jesus, o Filho de Deus feito menino.

Maria – narra o evangelista Lucas – lhe deu à luz, o envolveu em faixas e o colocou na manjedoura.


No Natal celebramos o grande mistério da Encarnação do Filho de Deus: Deus se faz menino, se faz um de nós, se faz nosso irmão para dar início a uma humanidade nova, na qual existem apenas irmãos e irmãs.


Aqui o Filho de Deus se encarnou na noite do mundo, na noite da nossa humana miséria, para nos devolver um rosto humano.


Aqui na gruta de Belém podemos imaginar a cena do nascimento de Jesus. Podemos imaginar Maria que lhe dá à luz. Está nu, indefeso e tem fome, como qualquer um de nós no momento do nascimento. Maria o lava, o envolve em faixas para protegê-lo do frio do inverno, depois o envolve em seus braços e o alimenta em seu seio, por fim o coloca novamente na manjedoura sob o olhar maravilhado de São José.

Gruta da Natividade


Diante desta cena é fácil sentir comoção, sentir a necessidade de dobrar os joelhos e a necessidade de adorar este menino.

Mas, sei que celebrar o Natal é muito mais que isso, porque é justamente este menino a recordar-me quão importante é – para celebrar verdadeiramente a sua vinda ao mundo – compadecer-me, dobrar os joelhos e acolhê-lo quando se apresenta a mim no mistério do pobre, no mistério do pequenino, na pessoa concreta daqueles que hoje não têm nem uma gruta onde se refugiar, nem um pouco de palha para deitar, nem o calor do carinho para se sentir em casa.

Caríssima amiga, caríssimo amigo! Idealmente nesta Noite Santa você também está aqui na Gruta diante da manjedoura e do menino Jesus.

Caríssima amiga, caríssimo amigo! Coloque-se você também a caminho, como os pastores e como os Reis Magos; faça-se peregrino, para vir adorar o menino Jesus!

Caríssima amiga, caríssimo amigo!

Neste  Natal, possa o menino de Belém, Jesus, restituir-nos um pouco de autêntica humanidade!

Feliz Natal,  da Gruta de Belém! 

Card. Krajewski: o Papa está com coração partido pela Ucrânia

 


Continua a viagem do Cardeal Krajewski à Ucrânia para levar a proximidade de Francisco: "O Santo Padre me enviou uma mensagem muito longa para me dar coragem e dizer que ele está próximo". Hoje a transferência para Kiev para levar geradores e camisetas térmicas: "É uma gota no oceano... O trabalho dos voluntários é maravilhoso"

Salvatore Cernuzio – Vatican News

Com uma troca de mensagens com o Papa se concluiu a etapa do cardeal Konrad Krajewski em Lviv, na Ucrânia, para levar geradores elétricos e camisetas térmicas. "Enviei ao Santo Padre", disse o cardeal polonês ao Vatican News, "uma mensagem áudio explicando o que faço, onde estou, o que tenho feito nestes dias. Ele imediatamente me respondeu com uma longa mensagem me dando coragem, para me dizer que seu coração está partido pela Ucrânia, que ele está próximo e que essa presença é muito importante...".


Presença cristã

"Estou cansado", diz o cardeal Krajewski ao telefone, pedindo desculpas por algumas frases ditas em polonês. É um cansaço dado por dias exigentes, divididos entre transporte e transferências, algumas vezes de até 25 km, de filas na fronteira e também, emocionalmente, do impacto com pessoas que vivem o drama do frio e da escuridão, devido à falta de eletricidade. "É uma presença cristã", diz o cardeal. Até mesmo o Papa, afirma, o lembrou disto: "É o que Jesus faria, que sempre se colocava no lugar das pessoas, que estavam doentes, que estavam sofrendo. A compaixão... Nós também devemos imitá-lo, esta mensagem dá coragem...".


No caminho para Kiev

Depois de dias em Lviv, o Cardeal partiu nesta manhã (23) para a capital Kiev. A viagem estava programada para ontem à noite. "Não foi possível, seria preciso uma hora e meia para sair da cidade". Às 5 da manhã, o cardeal embarcou na van com a qual viajou e percorrerá várias zonas de guerra, para levar as camisetas térmicas compradas graças à generosidade de tantas pessoas que, através da plataforma Eppela, tornaram possível coletar 111.000 euros para comprar as roupas.


Uma gota no mar

"Estou feliz", diz Krajewski, lembrando a missão dos últimos dias, "conseguimos trazer muitos geradores, muitas coisas nestes dias, para pessoas sem luz, sem energia, sem água. É uma gota, mas a gota vai para o rio e do rio para o mar. Devemos raciocinar de acordo com a lógica do Evangelho. Nós fazemos as pequenas obras, as grandes são do Senhor.


Tantos pecados, mas também tanta graça

O Cardeal também revela o impacto emocional deste novo itinerário na Ucrânia, que ele já visitou várias vezes desde a primeira semana após o início da guerra. "Esta viagem não é fácil, o povo está sofrendo muito", conta. Ao lado da dor, porém, há o consolo de ver tantas pessoas prontas para ajudar: "Eu encontro voluntários todos os dias: eles são extraordinários, maravilhosos. Ou encontro pessoas que me ajudam a distribuir logo que eu chego nos depósitos. E os bombeiros que vêm para fazer o carregamento do carro e não se importam se é a terceira, quarta vez por dia... Verdadeiramente, onde há pecado, há também muita graça".

(vaticannews)