quinta-feira, 30 de abril de 2020

João e Carla Marques - Semana de oração pelas Vocações 2020

A homilia transcrita pelo Vatican News



“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai”: Jesus recorda que também os profetas tinham preanunciado isto: “E todos serão instruídos por Deus”. É Deus quem atrai ao conhecimento do Filho. Sem isso, não se pode conhecer Jesus. Sim se pode estudar, inclusive estudar a Bíblia, também conhecer como nasceu, o que fez: isso sim. Mas conhecê-Lo interiormente, conhecer o mistério de Cristo é somente para aqueles que foram atraídos pelo Pai para isso.
Foi o que aconteceu a este ministro da economia da rainha da Etiópia. Vê-se que era um homem piedoso e que reservou um tempo, em meio aos muitos negócios que tinha a fazer, para ir adorar Deus. Um fiel. E voltava à pátria lendo o profeta Isaías. O Senhor pegou Filipe, enviou-o àquele lugar e depois lhe disse: “Aproxima-te desse carro”, e ouve o ministro que está lendo Isaías. (Ele) se aproxima e lhe faz uma pergunta: “Compreendes?” – “Como posso, se ninguém mo explica?”, e faz a pergunta: “De quem o profeta está dizendo isso?” Peço-te, suba no carro”, e durante a viagem – não sei quanto tempo, penso que ao menos duas horas – Filipe explicou: explicou Jesus (conf. versículos 26-35).
Aquela inquietude que este senhor tinha na leitura do profeta Isaías era propriamente do Pai, que atraia a Jesus: o tinha preparado, o tinha levado da Etiópia a Jerusalém para adorar Deus e depois, com essa leitura, tinha preparado o coração para revelar Jesus, a ponto que assim que viu a água disse: “Posso ser batizado”. E ele acreditou.
E isso – que ninguém pode conhecer Jesus sem que o Pai o atraia –, isso é válido para o nosso apostolado, para a nossa missão apostólica como cristãos. Penso também nas missões.
 “O que você vai fazer nas missões?” – “Eu, converter as pessoas” – “Pare, você não vai converter ninguém! Será o Pai a atrair aqueles corações para reconhecer Jesus”. Ir em missão é dar testemunho da própria fé; sem testemunho você não fará nada. Ir em missão – e são bons missionários! – não significa criar grandes estruturas, coisas... e parar por aí. Não: as estruturas devem ser testemunhos. Você pode fazer uma estrutura hospitalar, educacional de grande perfeição, de grande desenvolvimento, mas se uma estrutura é sem testemunho cristão, seu trabalho aí não será um trabalho de testemunha, um trabalho de verdadeira pregação de Jesus: será uma sociedade de beneficência, muito boa – muito boa! – mas nada mais.
Se eu quero ir em missão, e digo isso se eu quero ir em apostolado, devo ir com a disponibilidade que o Pai atraia as pessoas a Jesus, e isso é feito pelo testemunho. Jesus mesmo o disse a Pedro, quando confessa que Ele é o Messias: “Feliz és tu, Simão Pedro, porque quem te revelou isso foi o Pai”. É o Pai que atrai, e atrai com nosso testemunho. “Eu farei muitas obras, aqui, ali, acolá, de educação, disso, daquilo outro...”, mas sem testemunho são coisas boas, mas não são o anúncio do Evangelho, não são lugares que dão a possibilidade que o Pai atraia ao conhecimento de Jesus (conf. Jo 6,44). Trabalho e o testemunho.
“Mas como posso fazer para que o Pai se preocupe em atrair essas pessoas?” A oração. E essa é a oração pelas missões: rezar para que o Pai atraia as pessoas a Jesus. Testemunho e oração caminham juntos. Sem testemunho e oração não se pode fazer pregação apostólica, não se pode fazer anúncio. Você fará uma bonita pregação moral, fará muitas coisas boas, todas boas. Mas o Pai não terá a possibilidade de atrair as pessoas a Jesus. E esse é o centro: esse é o centro do nosso apostolado, que o Pai possa atrair as pessoas a Jesus. Nosso testemunho abre as portas às pessoas e nossa oração abre as portas ao coração do Pai para que atraia as pessoas. Testemunho e oração. E isso não é somente para as missões, é também para nosso trabalho como cristãos. Eu dou testemunho de vida cristã, realmente, com o meu estilo de vida? Eu rezo para que o Pai atraia as pessoas a Jesus?
Essa é a grande regra para nosso apostolado, em todos os lugares, e de modo especial para as missões. Ir em missão não é fazer proselitismo. Uma vez... uma senhora – uma boa pessoa, se via que era de boa vontade – se aproximou com dois jovens, um jovem e uma jovem, e me disse: “Este (jovem), Padre, era protestante e se converteu: eu o converti. E esta (jovem) era...” – não sei, animista, não sei o que me disse, “e eu a converti”. E a senhora era boa: boa. Mas errava. Perdi um pouco a paciência e disse: “Escute-me, a senhora não converteu ninguém: foi Deus quem tocou o coração das pessoas. E não se esqueça: testemunho, sim; proselitismo, não”.
Peçamos ao Senhor a graça de viver nosso trabalho com testemunho e com oração, para que Ele, o Pai, possa atrair as pessoas a Jesus.

O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual

A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!

(vaticannews)

Santa Marta, 30 abril 2020, Papa Francisco

terça-feira, 28 de abril de 2020

Vocações em Alfornelos e na Brandoa

Palavra de Vida – abril 2020



Felizes os que creem sem terem visto!” (Jo 20, 29).

O Evangelho de João descreve os encontros dos apóstolos, de Maria Madalena e de outros discípulos com Jesus Ressuscitado. Ele mostra-se por várias vezes, com os sinais da crucifixão, para abrir de novo os corações deles à alegria e à esperança. Numa destas vezes, o apóstolo Tomé estava ausente. Os outros, que se tinham encontrado com o Senhor, contam-lhe esta maravilhosa experiência e pretendem transmitir-lhe a mesma alegria. Mas Tomé não consegue aceitar esse testemunho indireto. Quer mesmo ver Jesus e tocar-Lhe pessoalmente.
É o que acontece uns dias mais tarde: Jesus apresenta-se novamente no meio de um grupo de discípulos. Finalmente, entre eles está também Tomé, que proclamará a sua fé, a sua total adesão ao Ressuscitado: “Meu Senhor e meu Deus!”. Jesus responde-lhe:

Felizes os que creem sem terem visto!”

Este Evangelho foi escrito depois da morte das testemunhas oculares da vida, morte e ressurreição de Jesus. Era preciso que a mensagem evangélica fosse confiada às gerações seguintes, que a sua transmissão se baseasse no testemunho daqueles que, por sua vez, tinham recebido o anúncio. Começa aqui o tempo da Igreja, povo de Deus que continua a anunciar a mensagem de Jesus, transmitindo fielmente a Sua palavra e vivendo-a com coerência.
Também cada um de nós encontrou Jesus, o Evangelho, a fé cristã, através da palavra e do testemunho de outros. Acreditámos. Por isso “somos felizes”.

Felizes os que creem sem terem visto!

Para viver esta Palavra, recordemos este convite de Chiara Lubich: «Ele quer imprimir em ti, e em todos os que não conviveram diretamente com Ele, a convicção de que participam na mesma realidade dos Apóstolos. Jesus quer dizer-te que não estás em desvantagem em relação àqueles que O viram. De facto, tu tens a fé, e esta é – por assim dizer – o novo modo de “ver” Jesus. Por meio dela podes ter acesso a Ele, podes compreendê-Lo intimamente, encontrá-Lo no íntimo do teu coração. Com a fé podes descobri-Lo entre dois ou mais irmãos unidos em Seu nome, ou na Igreja que O continua. […] Estas palavras de Jesus são também, para ti, um convite a reavivares a fé, a não esperares apoios ou sinais para progredir na tua vida espiritual, a não duvidar da presença de Cristo na tua vida e na tua história, mesmo se Ele te pode parecer distante. […] Quer que tu acredites no Seu amor, mesmo se te encontras em situações difíceis ou se se abatem sobre ti circunstâncias que te ultrapassam» .

Anne é uma jovem australiana que nasceu com uma deficiência grave. Ela conta-nos: «Durante a adolescência, perguntava-me porque não tinha morrido logo ao nascer, tal era o peso da minha deficiência. Os meus pais, que vivem a Palavra de Vida, davam-me sempre a mesma resposta: “Anne, Deus ama-te imensamente e tem um plano especial para ti”. Ajudaram-me a não ficar bloqueada nas minhas dificuldades, nos meus limites físicos. Pelo contrário, ensinaram-me a ser “a primeira a amar” os outros, como Deus fez connosco. Vi como muitas situações à minha volta se transformaram e como muitas pessoas, por seu lado, começaram a ser mais abertas, comigo e não só. Do meu pai recebi uma mensagem pessoal, para abrir depois da sua morte, na qual estava escrita apenas uma frase: “A minha noite não tem escuridão”. Esta é a minha experiência quotidiana: sempre que opto por amar e servir os que me estão próximos, desaparecem as trevas e consigo experimentar o amor que Deus me tem».

Letizia Magri
1) Chiara Lubich, Palavra de Vida de abril 1980, in Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, pp. 169-170.

(focolares)

Santa Marta, 28 abril 2020, Papa Francisco

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Missa desde a Basílica da Nossa Senhora do Rosario de Fátima 27.04.2020

O Papa reza pelos artistas: o Senhor nos dê a graça da criatividade

Quando perdemos a memória do primeiro entusiasmo pela Palavra do Senhor
Missa em Santa Marta
Na Missa esta segunda-feira (27/04) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa voltou seu pensamento aos artistas e ao caminho da beleza e da criatividade que podem ajudar neste momento difícil caracterizado pela pandemia.
Na homilia, convidou a pedir a graça de voltar sempre ao primeiro chamado, quando Jesus nos olhou com amor
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, manhã desta segunda-feira (27/04) da III Semana da Páscoa. Na introdução, dirigiu seu pensamento aos artistas:
Rezemos hoje pelos artistas, que têm esta capacidade de criatividade muito grande e pelo caminho da beleza nos indicam o caminho a seguir. Que o Senhor nos dê a todos a graça da criatividade neste momento.
Na homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia (Jo 6,22-29) em que Jesus repreende a multidão por buscá-lo, após a multiplicação dos pães e dos peixes, somente porque se saciou, e a exortou a esforçar-se não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do homem dará. A multidão pergunta o que deve fazer e Jesus responde: “A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou”. A  multidão que ouvia Jesus sem cansar-se – disse Francisco –, uma vez saciada, pensava em fazê-lo rei: tinha esquecido o primeiro entusiasmo pela Palavra de Jesus. E o Senhor recorda à multidão o primeiro sentimento. Corrige o caminho das pessoas que tinham tomado um caminho mais mundano que evangélico. Assim se dá também conosco quando nos distanciamos do caminho do Evangelho e perdemos a memória do primeiro entusiasmo pela Palavra do Senhor. Jesus nos faz voltar ao primeiro encontro; esta é uma graça diante das tentações de distanciar-nos. A graça de voltar sempre ao primeiro chamado, quando Jesus nos olhou com amor. Cada um de nós tem a experiência do primeiro encontro em que Jesus nos disse: “Segue-me”. Depois, ao longo do caminho, nos distanciamos e perdemos o frescor do primeiro chamado. O Papa convida a rezar para que o Senhor nos dê a graça de voltar ao momento em que fizemos a experiência de encontrar Jesus.

A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:

As pessoas que tinham ouvido Jesus durante todo o dia, e depois tiveram esta graça da multiplicação dos pães e viu o poder de Jesus, queriam fazê-lo rei. Antes iam até Jesus para ouvir a palavra e também para pedir a cura dos doentes. Passaram o dia inteiro ouvindo Jesus sem entediar-se, sem cansar-se ou (estar) cansadas, mas estavam ali, felizes. Mas depois quando viram que Jesus lhes dava de comer, algo que elas não esperavam, pensaram: “Esse seria um bom governante para nós e certamente será capaz de libertar-nos do poder dos Romanos e levar o país adiante”. E se entusiasmaram para fazê-lo rei.  A intenção delas mudou, porque viram e pensaram: “Bem... porque uma pessoa que faz este milagre, que dá de comer ao povo, pode ser um bom governante”. Mas naquele momento tinham esquecido o entusiasmo que a Palavra de Jesus suscitava em seus corações.
Jesus afastou-se e foi rezar. Aquelas pessoas, se vê, ficaram ali, e no dia seguinte buscavam Jesus, “porque deve estar aqui”, diziam, porque tinham visto que não havia subido na barca com os outros. E havia uma barca ali, que ficou ali... Mas não sabiam que Jesus tinha alcançado os outros caminhando sobre as águas. Desse modo, decidiram ir até a outra parte do mar de Tiberíades procurar Jesus e quando o viram, a primeira palavra que lhe dizem (é): “Rabi, quando chegaste aqui?”, como a dizer: “Não entendemos, isso parece uma coisa estranha”.
E Jesus lhes faz voltar ao primeiro sentimento, ao que elas tinham antes da multiplicação dos pães, quando ouviam a Palavra de Deus: “Em verdade, em verdade, eu vos digo:
estais me procurando não porque vistes sinais – como no início, os sinais da palavra, que as entusiasmavam, os sinais da cura –, não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos”. Jesus revela a intenção delas e diz: “Mas é assim, mudastes de atitude”. E elas, ao invés de justificar-se: “Não, Senhor, não...”, foram humildes. Jesus continua: “Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do homem vos dará. Pois este é quem o Pai marcou com seu selo”. E elas, concordes, disseram: “Que devemos fazer para realizar as obras de Deus? “Que acrediteis no Filho de Deus”. Esse é um caso no qual Jesus corrige a atitude das pessoas, da multidão, porque no meio do caminho se tinha um pouco distanciado do primeiro momento, da primeira consolação espiritual e tinha tomado um caminho que não era justo, uma caminho mais mundano que evangélico.
Isso nos leva a pensar as muitas vezes que nós na vida começamos um caminho no seguimento de Jesus, atrás de Jesus, com os valores do Evangelho, e na metade do caminho nos vem outra ideia, vemos algum sinal e nos distanciamos e nos conformamos com uma coisa mais temporal, mais material, mais mundana, pode ser, e perdemos a memória daquele primeiro entusiasmo que tivemos quando ouvíamos Jesus falar. O Senhor nos faz voltar sempre ao primeiro encontro, ao primeiro momento no qual Ele nos olhou, nos falou e fez nascer dentro de nós a vontade de segui-lo. Essa é uma graça a ser pedida ao Senhor, porque nós na vida sempre teremos esta tentação de distanciar-nos porque vemos outra coisa: “Mas aquilo dará certo, mas aquela ideia é boa...” Distanciamo-nos.
A graça de voltar sempre ao primeiro chamado, ao primeiro momento: não esquecer, não esquecer a minha história, quando Jesus me olhou com amor e me disse: “Esse é o vosso caminho”; quando Jesus através de tantas pessoas me fez entender qual era o caminho do Evangelho e não outros caminhos um pouco mundanos, com outros valores. Voltar ao primeiro encontro.
Sempre impressionou-me que entre as coisas que Jesus disse na manhã da Ressurreição: “Ide aos meus discípulos e dizei a eles que vão à Galileia, ali me encontrarão”, Galileia era o lugar do primeiro encontro. Ali tinham encontrado Jesus. Cada um de nós tem a sua “Galileia dentro (de si), o próprio momento no qual Jesus se aproximou e nos disse: “Segue-me”. Na vida acontece isso que aconteceu a essas pessoas – boas, porque depois lhe dizem: “Que devemos fazer?”, imediatamente obedeceram –, acontece que nos distanciamos e buscamos outros valores, outras hermenêuticas, outras coisas, e perdemos o frescor do primeiro chamado. O autor da Carta aos Hebreus nos chama a isso: “Recordai-vos dos primeiros dias”. A memória, a memória do primeiro encontro, a memória da “minha Galileia”, quando o Senhor me olhou com amor e me disse: “Segue-me”.

O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual

A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!

Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!

(vaticannews)

Dia 45 - Comer pão

Oração de Laudes Segunda-feira 27 de Abril 2020 (em Directo ás 10h00 hor...

Oração de Laudes Segunda-feira 27 de Abril 2020 (em Directo ás 10h00 hor...

domingo, 26 de abril de 2020

Ressuscitou Aleluia Grupo Coral cantando lindo

O Papa no Regina Caeli: não há noite que não se possa enfrentar com Jesus


Na oração mariana do Regina Caeli, este III Domingo da Páscoa (26/04) , Francisco ressaltou que na vida estamos sempre em caminho. E nos tornamos aquilo rumo ao qual caminhamos. “Escolhamos o caminho de Deus, não o caminho do eu; o caminho do ‘sim’, não o dos ‘se’. Descobriremos que não há imprevisto, não há subida, não há noite que não se possa enfrentar com Jesus.”

Raimundo de Lima / Silvonei José - Cidade do Vaticano

O Papa conduziu ao meio-dia deste III Domingo da Páscoa (26/04), da Biblioteca do Palácio Apostólico, no Vaticano, o Regina Caeli, que substitui o Angelus durante o período pascal. Na alocução que precedeu a oração mariana, Francisco ateve-se ao Evangelho deste domingo (Lc 24,13-35) que, ambientado no dia de Páscoa, conta o famoso episódio dos dois discípulos de Emaús. “É uma história que começa e termina em caminho”, observou o Santo Padre.
Comentando esta página do Evangelho, explicou que se tem uma viagem de ida dos discípulos que, tristes pelo desfecho da vida de Jesus, deixam Jerusalém e voltam para casa, em Emaús, caminhando por cerca de onze quilômetros.

Duas viagens dos discípulos de Emaús

Trata-se de uma viagem que se dá de dia, com boa parte do caminho em descida. E se tem a viagem de retorno: outros onze quilômetros, mas feitos ao cair da tarde, com parte do caminho em subida após a fadiga do percurso de ida.
Duas viagens, acrescentou Francisco: uma fácil de dia, e outra cansativa de noite. No entanto, observou, a primeira se dá na tristeza, a segunda na alegria. “Na primeira se tem o Senhor que caminha ao lado deles, mas não o reconhecem; na segunda não mais o veem, mas sentem sua proximidade. Na primeira encontram-se desanimados e sem esperança; na segunda correm para levar aos outros a bela notícia do encontro com Jesus Ressuscitado.”

Colocar em primeiro lugar Jesus e os irmãos

“Os dois diferentes caminhos daqueles primeiros discípulos dizem a nós, discípulos de Jesus hoje, que na vida temos diante de nós duas direções opostas: tem-se o caminho de quem, como aqueles dois na ida, se deixa paralisar pelas desilusões da vida e segue adiante triste; e se tem o caminho de quem não coloca em primeiro lugar a si mesmo e seus problemas, mas Jesus que nos visita, e os irmãos que esperam a sua visita.”

Eis a reviravolta, indicou o Papa: “deixar de orbitar em torno do próprio eu, das desilusões do passado, dos ideias não realizadas, e seguir adiante olhando para a realidade maior e verdadeira da vida: Jesus vive e me ama”.

Passar do "se" ao "sim"

A inversão de marcha é esta, continuou: passar dos pensamentos sobre meu eu à realidade do meu Deus; passar – com outro jogo da palavras – do “se” ao “sim”. Do se: “se tivesse sido Ele a libertar-nos, se Deus tivesse me escutado, se a vida caminhasse com eu queria, se tivesse isso e aquilo...”

Esses são os nossos "se", parecidos com os dos dois discípulos. Os quais porém passam ao sim: “sim, o Senhor vive, caminha conosco. Sim, agora, não amanhã, coloquemo-nos em caminho para anunciá-lo”.

Da lamentação à alegria e a paz

“Sim, eu posso fazer isto para que as pessoas sejam mais felizes, para que as pessoas melhorem, para ajudar muitas pessoas. Sim, sim, posso.” Do se ao sim, da lamentação à alegria e à paz, porque quando nos lamentamos, não estamos na alegria; estamos naquele ar de tristeza. E isso não ajuda nem nos faz crescer bem. Do se ao sim, da lamentação à alegria do serviço, acrescentou.

Como se deu essa mudança, do eu a Deus, dos “se” ao “sim”? – perguntou Francisco. Encontrando Jesus: os dois de Emaús primeiro lhe abrem seus corações; depois o escutam explicar as Escrituras; depois, convidam-no a casa.

“São três passagens que também nós podemos fazer em nossas casas: primeiro, abrir o coração a Jesus, confiar-lhe os pesos, as fadigas, as desilusões da vida; segundo, ouvir Jesus, tomar o Evangelho em mãos, ler hoje mesmo esta passagem, no capítulo vinte e quatro do Evangelho de Lucas; terceiro, pedir a Jesus, com as mesmas palavras daqueles discípulos: ‘Fica conosco, Senhor’ (v. 29): com todos nós, porque precisamos de Ti para encontrar o caminho.”

Na vida estamos sempre em caminho

Francisco concluiu a alocução antes da oração mariana ressaltando que na vida estamos sempre em caminho. E nos tornamos aquilo rumo ao qual caminhamos. “Escolhamos o caminho de Deus, não o caminho do eu; o caminho do ‘sim’, não o dos ‘se’. Descobriremos que não há imprevisto, não há subida, não há noite que não se possa enfrentar com Jesus.” “Que Nossa Senhora, Mãe do caminho, que acolhendo a Palavra de Deus fez de toda sua vida um ‘sim’ a Deus, nos indique o caminho”, foi o pedido do Santo Padre à Virgem Maria.

(vaticannews)

Santa Marta, 26 maio 2020, Papa Francisco

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Estudantina Universitária de Coimbra - À Meia Noite ao Luar - Em quarentena

ESTUDANTINA NA TVI24 NA SERENATA DE ESPERANÇA

O texto da homilia de hoje do Santo Padre, transcrita pelo Vatican News:



A primeira leitura(Atos 5,27-33) continua a história que tinha se iniciado com a cura do coxo diante da Porta Bela do Templo. Os apóstolos foram levados ao Sinédrio, depois foram encarcerados, depois um anjo os libertou. E esta manhã, propriamente naquela manhã, deviam sair do cárcere para ser julgados, mas tinham sido libertados pelo anjo e pregavam no Templo. “Naqueles dias, eles levaram os apóstolos e os apresentaram ao Sinédrio. O sumo sacerdote começou a interrogá-los, dizendo: 'Nós tínhamos proibido expressamente que vós ensinásseis neste nome – isto é, no nome de Jesus. Apesar disso, enchestes a cidade de Jerusalém com a vossa doutrina. E ainda nos quereis tornar responsáveis pela morte desse homem!'”, porque os apóstolos, Pedro sobretudo, repreendia; Pedro e João repreendiam os dirigentes, os sacerdotes, por terem matado Jesus.
E então Pedro respondeu junto com os apóstolos com esta história: “É preciso obedecer a Deus, nós somos obedientes a Deus e vós sois os culpados disto”. E acusa, mas com uma coragem, com uma franqueza, que a pessoa se pergunta: “Mas este é o Pedro que renegou Jesus? Aquele Pedro que tinha tanto medo, aquele Pedro que era até mesmo um covarde? Como é possível que tenha chegado a este ponto?” E acaba inclusive dizendo: “E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem”. Qual foi o caminho deste Pedro para chegar a este ponto, a esta coragem, a esta franqueza, a expor-se? Porque ele podia chegar a um acordo e dizer aos sacerdotes: “Estejais tranquilos, nós iremos, falaremos um pouco a baixa voz, não mais vos acusaremos em público, mas deveis deixar-nos em paz…, e chegar a um acordo.
Na história, a Igreja teve que fazer isso muitas vezes para salvar o povo de Deus. E muitas vezes, também o fez para salvar a si mesma – mas não a Santa Igreja! – até os dirigentes. Os acordos podem ser bons e podem ser ruins. Mas eles poderiam abandonar o acordo? Não. Pedro disse: “Nada de acordo. Vós sois os culpados”, e com esta coragem.
E como Pedro chegou a este ponto? Porque era um homem entusiasta, um homem que amava com intensidade, também um homem temeroso, um homem que era aberto a Deus a ponto que Deus lhe revela que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, mas pouco depois – logo depois – se deixa cair na tentação de dizer a Jesus: “Não, Senhor, por este caminho não: vamos por outro”. A redenção sem a Cruz. E Jesus lhe diz: “Satanás”. Um Pedro que passava da tentação à graça, um Pedro que é capaz de ajoelhar-se diante de Jesus (e dizer): “Afasta-te de mim que sou pecador”, e depois um Pedro que busca safar-se sem mostrar-se e, para não acabar preso, renega Jesus. É um Pedro instável, mas porque era muito generoso e também muito fraco. Qual é o segredo, qual foi a força que Pedro teve para chegar aqui? Há um versículo que nos ajudará a entender isso. Antes da Paixão, Jesus disse aos apóstolos: “Satanás vos procurou para ceifar-vos como o trigo”. É o momento da tentação: “Sereis assim, como o trigo”. E diz a Pedro: “E eu orarei por ti, para que a tua fé não vacile”. Este é o segredo de Pedro: a oração de Jesus. Jesus ora por Pedro, para que a sua fé não vacile e possa – diz Jesus – confirmar os irmãos na fé. Jesus ora por Pedro.
E isso que Jesus fez com Pedro, faz com todos nós. Jesus ora por nós; ora diante do Pai. Nós somos habituados a pedir a Jesus que nos dê essa graça, aquela graça, nos ajude, mas não somos habituados a contemplar Jesus que mostra as chagas ao Pai, a Jesus, o intercessor, a Jesus que ora por nós. E Pedro foi capaz de fazer todo esse caminho de covarde a corajoso com o dom do Espírito Santo graças à oração de Jesus.
Pensemos um pouco nisso.
Dirijamo-nos a Jesus, agradecendo por Ele orar por nós. Jesus ora por cada um de nós. Jesus é o intercessor. Jesus quis levar consigo as chagas para mostrá-las ao Pai. É o preço da nossa salvação. Devemos ter mais confiança; mais do que em nossas orações, na oração de Jesus. “Senhor, orai por mim” – “Mas eu sou Deus, eu posso conceder-vos…” – “Sim, mas orai por mim, porque Vós sois o intercessor”. E este é o segredo de Pedro: “Pedro, eu orarei por ti para que tua fé não vacile”.
Que o Senhor nos ensine a pedir-Lhe a graça de orar por cada um de nós.

(vaticannews)

Santa Marta, 23 abril 2020, Papa Francisco

Oração de Laudes Quinta-feira 23 de Abril 2020 (em Directo ás 10h00 hora...

Oração de Laudes Quinta-feira 23 de Abril 2020 (em Directo ás 10h00 hora...

terça-feira, 21 de abril de 2020

A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News



Nascer do alto é nascer com a força do Espírito Santo. Não podemos pegar o Espírito Santo para nós; somente, podemos deixar que Ele nos transforme. E a nossa docilidade abre a porta ao Espírito Santo: é Ele que faz a mudança, a transformação, este renascimento do alto. É a promessa de Jesus de enviar o Espírito Santo. O Espírito Santo é capaz de fazer maravilhas, coisas que nós nem mesmo podemos pensar.
Um exemplo desta primeira comunidade cristã, que não é uma fantasia, isto nos é dito aqui: é um modelo, onde se pode chegar quando se tem a docilidade e se deixa o Espírito Santo entrar e nos transforma. Uma comunidade – digamos assim – “ideal”. É verdade que logo depois disso começam os problemas, mas o Senhor nos mostra até onde podemos chegar se somos abertos ao Espírito Santo, se somos dóceis. Nesta comunidade há harmonia. O Espírito Santo é o mestre da harmonia, é capaz de fazê-la e aqui a fez. Deve fazê-la em nosso coração, deve mudar muitas coisas em nós, mas fazer a harmonia: porque Ele mesmo é a harmonia. Também entre o Pai e o Filho: Ele é o amor de harmonia. E Ele, com a  harmonia, cria essas coisas como esta comunidade tão harmônica. Mas depois, a história nos fala – o próprio Livro dos Atos dos Apóstolos – de muitos problemas na comunidade. Este é um modelo: o Senhor permitiu este modelo de uma comunidade quase “celeste”, para mostrar-nos onde deveremos chegar.
Mas depois começam as divisões, na comunidade. O apóstolo Tiago, no segundo capítulo da sua Carta, diz: “Que vossa fé seja imune de favoritismos pessoais”: porque havia! “Não discrimineis”: os apóstolos devem sair para advertir. E Paulo, na primeira Carta aos Coríntios, no capítulo 11, se lamenta: “Ouvi que há divisões entre vós”: começam as divisões internas nas comunidades. Este “ideal” é a ser alcançado, mas não é fácil: há muitas coisas que dividem uma comunidade, seja uma comunidade cristã, paroquial ou diocesana ou presbiteral ou de religiosos ou religiosas… muitas coisas entram para dividir a comunidade.
Olhando quais são as coisas que dividiram as primeiras comunidades cristãs, encontro três: primeiro, o dinheiro. Quando o apóstolos Tiago diz isto, que não se deve ter favoritismos pessoais, dá um exemplo porque “se na sua igreja, na sua assembleia entra um com o anel de ouro, imediatamente levam-no para frente, e o pobre é deixado de lado”. O dinheiro. Paulo diz ainda a mesma coisa: “Os ricos trazem de comer e eles comem, e os pobres, de pé”, os deixamos ali como a dizer-lhes: “Se vire com pode”.
O dinheiro divide, o amor pelo dinheiro divide a comunidade, divide a Igreja.
Muitas vezes, na história da Igreja, onde há desvios doutrinais – nem sempre, porém muitas vezes –, por trás está o dinheiro: o dinheiro do poder, seja o poder político, seja dinheiro em espécie, mas é dinheiro. O dinheiro divide a comunidade. Por isso, a pobreza é a mãe da comunidade, a pobreza é o muro que protege a comunidade. O dinheiro divide, o interesse pessoal. Também nas famílias: quantas famílias acabaram divididas por (causa de) uma herança? Quantas famílias? E não se falam mais… Quantas famílias… Uma herança… Divide: o dinheiro divide.
Outra coisa que divide uma comunidade é a vaidade, aquela vontade de sentir-se melhor do que os outros. “Senhor, agradeço, porque não sou como os outros”, a oração do fariseu. A vaidade, sentir-me que… E também a vaidade no mostrar-me, a vaidade nos costumes, no vestir-se: quantas vezes – nem sempre mas quantas vezes – a celebração de um sacramento é um exemplo de vaidade, quem vai com as melhores roupas, quem faz isso e aquilo… A vaidade… a festa maior… Também aí entra a vaidade. E a vaidade divide. Porque a vaidade leva você a pavonear-se e onde está o pavão, há divisão, sempre.
Uma terceira coisa que divide uma comunidade é o mexerico: não é a primeira vez que digo isso, mas é a realidade. Aquela coisa que o diabo coloca em nós, como uma necessidade de difamar os outros. “Mas que pessoa boa que é…” – “Sim, sim, mas porém…” Imediatamente depois o “mas”: isso é uma pedra para desqualificar o outro e logo após algo que ouvi, conto em seguida, e assim o diminuo um pouco.
Mas o Espírito vem sempre com a sua força par salvar-nos deste mundanismo do dinheiro, da vaidade e do mexerico, porque o Espírito não é o mundo: é contra o mundo. É capaz de fazer esses milagres, essas grandes coisas.
Peçamos ao Senhor essa docilidade ao Espírito para que Ele nos transforme e transforme nossas comunidades, nossas comunidades paroquiais, diocesanas, religiosas: as transforme, para caminhar sempre avante na harmonia que Jesus quer para a comunidade cristã.

(vaticannews)

Santa Marta, 21 abril 2020, Papa Francisco

Dia 39 - Gestar a fé

segunda-feira, 20 de abril de 2020

O Papa: políticos busquem o bem das populações e não do seu partido

Missa em Santa Marta
Na Missa esta segunda-feira (20/04) na Casa Santa Marta, no Vaticano, Francisco rezou a fim de que os políticos dos vários países, neste tempo caracterizado pela pandemia, coloquem em prática a sua vocação, que é uma forma de caridade. Na homilia, recordou que o cristão não somente deve observar os mandamentos, mas deve deixar-se conduzir com docilidade pelo Espírito Santo, que nos guia aonde não sabemos: isso é renascer do alto, é entrar na liberdade do Espírito

VATICAN NEWS

Após a Missa de ontem, por ocasião do Domingo da Divina Misericórdia, na Igreja do Espírito Santo em Sassia (nas proximidades da Praça São Pedro), hoje, segunda-feira (20/04) da II Semana da Páscoa, Francisco retomou as celebrações matutinas na Casa Santa Marta. Na introdução, dirigiu seu pensamento a quem é engajado na política:

Rezemos hoje pelos homens e mulheres que têm vocação política: a política é uma forma alta de caridade. Pelos partidos políticos nos vários países, a fim de que neste momento de pandemia busquem juntos o bem do país e não o bem do seu partido.

Na homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia (Jo 3,1-8) em que Jesus diz a Nicodemos, um fariseu, que foi ter com Ele, de noite, que se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus. Nem todos os fariseus eram maus – afirmou o Papa – e Nicodemos era um fariseu justo que sentia uma inquietude e buscava o Senhor. Nicodemos não sabe como dar este salto: nascer do Espírito, porque o Espírito é imprevisível. Quem se deixa guiar pelo Espírito é uma pessoa dócil e livre. O cristão não somente deve observar os mandamentos, mas deve deixar-se conduzir pelo Espírito, aonde o Espírito quer: deve deixar entrar nele o Espírito que nos guia aonde não sabemos. O cristão jamais deve limitar-se ao cumprimento dos mandamentos, mas deve ir além, entrando na liberdade do Espírito. O Papa comentou também a passagem dos Atos dos Apóstolos (At 4,23-31) em que, após a libertação de Pedro e João, os discípulos de Jesus elevam juntos uma oração a Deus a fim de que sejam capazes de proclamar com toda franqueza a sua Palavra diante das dificuldades e das ameaças: esta coragem é fruto do Espírito, disse Francisco, acrescentando que se renasce do alto com a oração. 

A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Este homem, Nicodemos, é um chefe dos judeus, um homem digno de crédito; sentiu a necessidade de ir ter com Jesus. Foi à noite, porque devia fazer um certo equilíbrio, porque aqueles que iam falar com Jesus não eram bem visto. É um fariseu justo, porque nem todos os fariseus são maus: não, não; havia também fariseus justos. Este é um fariseu justo. Sentiu a inquietude, porque é um homem que tinha lido os profetas e sabia que isso que Jesus fazia tinha sido anunciado pelos profetas. Sentiu a inquietude e foi falar com Jesus: “Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus”: é uma confissão, até um certo ponto. “De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, a não ser que Deus esteja com ele”. Detém-se diante do “assim sendo”. Se eu digo isso... assim sendo... e Jesus respondeu. Respondeu misticamente, como ele, Nicodemos, não esperava. Respondeu com aquela figura do nascimento: se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus. E ele, Nicodemos, fica confuso, não entende e pega ad litteram (ao pé da letra, literalmente) aquela resposta de Jesus: mas como é que alguém pode nascer, se é adulto, se já é velho? Nascer do alto, nascer do Espírito. É o salto que a confissão de Nicodemos deve fazer e ele não sabe como fazê-lo. Porque o Espírito é imprevisível. A definição do Espírito que Jesus dá aqui é interessante: “O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito”, ou seja, é livre. Uma pessoa que se deixa conduzir de um lado para outro pelo Espírito Santo: essa é a liberdade do Espírito. E quem faz isso é uma pessoa dócil e aqui se fala da docilidade do Espírito.
Ser cristão não é somente cumprir os Mandamentos: devem ser cumpridos, isso é verdade, mas se você se detém aí, você não é um bom cristão. Ser um bom cristão é deixar que o Espírito Santo entre em você e o carregue, leve-o aonde Ele quer. Em nossa vida cristã muitas vezes nos detemos como Nicodemos, diante do “assim sendo”, não sabemos qual passo posso dar, não sabemos como fazê-lo ou não temos a confiança em Deus para dar esse passo e deixar o Espírito entrar. Nascer novamente é deixar que o Espírito entre em nós e que seja o Espírito a conduzir-me e não eu, e aí, livre, com essa liberdade do Espírito em que você jamais saberá onde vai parar.
Os apóstolos, que estavam no cenáculo, quando vem o Espírito saíram a pregar com aquela coragem, aquela franqueza... não sabiam que isso aconteceria; e o fizeram, porque o Espírito os guiava. O cristão jamais deve deter-se ao cumprimento dos Mandamentos: sim, deve cumpri-los, mas ir além, rumo a esse novo nascimento que é o nascimento no Espírito, que lhe dá a liberdade do Espírito.
Foi o que aconteceu a esta comunidade cristã da primeira Leitura, depois que João e Pedro voltaram daquele interrogatório que tiveram com os sacerdotes. Eles foram para junto de seus irmãos, nesta comunidade, e contaram tudo o que os sumos sacerdotes e os anciãos lhes haviam dito. E a comunidade, ao ouvir o relato, todos juntos, se assustaram um pouco. E o que fizeram? Rezar. Não se limitaram a medidas prudenciais, “não, agora façamos isso, estejamos um pouco mais tranquilos...”: não. Rezar. Que fosse o Espírito a dizer-lhes o que deveriam fazer. Elevaram suas vozes a Deus dizendo: “Senhor!”, e rezam. Essa bonita oração de um momento sombrio, de um momento em que devem tomar decisões e não sabem o que fazer. Querem nascer do Espírito, abrem o coração ao Espírito: que seja Ele a dizê-lo... e pedem: “Senhor, Herodes, Pôncio Pilatos uniram-se com as nações e os povos de Israel contra o teu Santo Espírito e Jesus”, contam a história e dizem: “Senhor, faze alguma coisa!” “Agora, Senhor, olha as ameaças”, as do grupo dos sacerdotes, e concede que os teus servos anunciem corajosamente a tua Palavra” – pedem a franqueza, a coragem, a não ter medo, “Estende a mão para que se realizem curas, sinais e prodígios por meio do nome do teu santo servo Jesus. Quando terminaram a oração, tremeu o lugar onde estavam reunidos. Todos, então, ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra de Deus”. Deu-se um segundo Pentecostes, aí.
Diante das dificuldades, diante de uma porta fechada, em que eles não sabiam como seguir adiante, dirigem-se ao Senhor, abrem o coração e vem o Espírito e lhes dá aquilo de que precisam e saem para pregar, com coragem, e adiante. Isso é nascer do Espírito, isso é não deter-se no “assim sendo”, no “assim sendo” das coisas que sempre fiz, no “assim sendo” do pós Mandamentos, no “assim sendo” após os costumes religiosos: não! Isso é nascer novamente. E como alguém se prepara para nascer novamente? Com a oração. A oração é quem nos abre a porta ao Espírito e nos dá essa liberdade, essa franqueza, essa coragem do Espírito Santo. Que jamais saberá aonde levará você. Mas é o Espírito.
Que o Senhor nos ajude a ser sempre abertos ao Espírito, porque será Ele a nos levar adiante em nossa vida de serviço ao Senhor.

O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. 

A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.

Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:

Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!

(vaticannews)

Missa desde a Basílica da Nossa Senhora do Rosario de Fátima 20.04.2020

sábado, 18 de abril de 2020

Festa da Divina Misericórdia, remédio para a alma do mundo


Neste domingo às 11 da manhã ( hora de Roma), na Igreja de S. Espirito em Sassia, centro italiano da devoção a Jesus misericordioso, o Papa Francisco celebra a Missa da festa da Divina Misericórdia, instituída há 20 anos por S. João Paulo II. O reitor monsenhor Bart: "Todos os dias o Papa nos recorda que Deus é misericórdia".

Alessandro Di Bussolo, Silvonei José - Cidade do Vaticano

Uma festa solicitada por Jesus a uma pequena freira polonesa entre a primeira e a segunda Guerra Mundial, que "seja de abrigo e refúgio para todas as almas". A humanidade, disse Cristo que apareceu à irmã Faustina Kowalska, "não encontrará a paz até quando não se dirigir à fonte da minha misericórdia". Palavras que o Papa Francisco recordou quarta-feira, no final da audiência geral, na sua saudação aos fiéis poloneses, lembrando o encontro deste domingo, o segundo da Páscoa, chamado "in albis", e desde o ano 2000 Festa da Divina Misericórdia.

Um Papa retorna ao santuário italiano da Divina Misericórdia

Na quinta-feira, a Sala de Imprensa vaticana comunicou que este ano o Papa celebrará a Missa não na Praça São Pedro, como no passado, e em 2014 foi uma ocasião especial, com a canonização de João Paulo II e João XXIII, e nem mesmo na Basílica do Vaticano, como no tríduo pascal que acaba de se concluir, mas na Igreja do Santo Espírito em Sassia, a poucos metros da grande praça de Bernini. Desde o dia 1º de janeiro de 1994 este templo reconstruído em meados de 1500 por Paulo III, por desejo do Papa Wojtyla é centro de espiritualidade da Divina Misericórdia.Description: issa com o Papa no Domingo da Misericórdia terá transmissão do Vatican News

A visita de João Paulo II, sempre no domingo "in albis

O reitor da igreja tinha então ocupado o cargo há poucos  meses; trata-se de padre Jozef Bart, um jovem padre polonês de Katowice, licenciado pela Universidade Jagellonika de Cracóvia e com estudos sucessivos na Pontifícia Universidade Gregoriana, ordenado sete anos antes por João Paulo II. No segundo domingo da Páscoa de 1995, o Papa polonês, que tinha conhecido quando era jovem o culto promovido pela irmã Faustina, celebrou a Missa na Igreja de Santo Espírito e abençoou a imagem de Jesus misericordioso, uma cópia da imagem ditada pela religiosa após uma visão, a pedido do próprio Cristo, e conservado no santuário de Lagiewniki, subúrbio de Cracóvia, onde descansa a apóstola da Divina Misericórdia.
Monsenhor Bart: o pequeno Terço rebatizado como "misericordina"

Vinte e cinco anos depois será ainda monsenhor Jozef Bart a dar as boas-vindas ao Sucessor de Pedro à Igreja de Santo Espírito em Sassia e a concelebrar a Missa no segundo domingo da Páscoa, em forma privada, desta vez, ao vivo pela televisão e em streaming pelo Vatican News. Pela primeira vez, também, um Papa guiará a recitação do Regina Coeli da igreja que faz parte do complexo hospitalar homônimo. O reitor, aos nossos microfones, disse estar convencido de que Francisco vai lançar "deste centro italiano da espiritualidade da Divina Misericórdia, uma mensagem de misericórdia para todo o mundo, "especialmente - como disse aos fiéis poloneses na quarta-feira - para aqueles que sofrem nestes tempos difíceis".

R. - O Papa Francisco que distribuiu o pequeno Terço da Misericórdia, que ele chamou de "misericordina", mais de duas vezes, desencadeou precisamente um contágio de um vírus espiritual positivo para toda a humanidade. Estava sempre à espera e ansioso, uma vez que a igreja fica a poucos passos de São Pedro, de uma visita sua. Neste momento, quando o mundo vive na tribulação e na doença, e eu disse que na "misericordina" podemos realmente encontrar um remédio, para aqueles que acreditam e confiam em Jesus, a notícia da sua visita é a confirmação do programa de misericórdia do Papa Francisco. Ele sentiu esta vibração da misericórdia desta igreja que está perto dele, e como sempre, o Papa soube ir ao coração desta misericórdia.

A sua igreja está perto, unida ao Hospital Santo Espírito. O senhor acha que neste domingo o Papa irá lançar uma mensagem relacionada à pandemia?

R. - O hospital está atacado à igreja do Santo Espírito em Sassia. Hoje temos realmente de tomar em mãos todos os nossos instrumentos, e a Igreja o faz através do episcopado italiano, tanto nas paróquias como nas dioceses, precisamente para ajudar. Aqui está a misericórdia, os irmãos necessitados, as famílias e as pessoas que nada têm. Temos de consolar e ajudar imediatamente e também nós, sacerdotes, que temos a liberdade de nos movimentarmos, como pediu o Papa Francisco, não devemos poupar-nos, mas ir entre as pessoas, cuidar delas, abençoá-las, consolá-las e levá-las a comunhão. Também desta vez o Papa se move para lançar, a partir deste centro italiano de espiritualidade da Divina Misericórdia, a mensagem de misericórdia para o mundo inteiro. Caso contrário, detemo-nos apenas nos números e nos cálculos econômicos.

Há vinte anos, São João Paulo II instituiu esta festa da Divina Misericórdia e proclamou santa irmã Faustina Kowalska. Nestes vinte anos cresceu o culto à Divina Misericórdia na Igreja e também a celebração desta festa?

R. - O Papa João Paulo II deu-me a tarefa de levar desta Igreja do Santo Espírito em Sassia o culto da Divina Misericórdia, e este culto avançou rapidamente, porque com o Ano Santo da Misericórdia proclamado pelo Papa Francisco eu vi imediatamente brotar os frutos desta Misericórdia. Penso nos párocos que aqui vieram buscar imagens, também grandes, de Jesus Misericordioso para as colocar nas suas paróquias. Vejo, dia após dia, o quanto esta misericórdia entra nas famílias, nas pessoas, mesmo nas pessoas mais distantes da Igreja. Os confessores que confessam nesta igreja são as primeiras testemunhas de todas estas pessoas que mudam completamente as suas vidas. Por isso, esta misericórdia avança mais do que um vírus. Este ano temos recordamos precisamente 20 anos da canonização de Santa Faustina, 15 anos da morte santa e cem anos do nascimento, em 18 de maio, de São João Paulo II.

(vaticannews)

Santa Marta, 18 abril 2020, Papa Francisco

quinta-feira, 16 de abril de 2020

A Páscoa

Hoje Bento XVI completa 93 anos



REDAÇÃO CENTRAL, 16 Abr. 20 / 05:00 am (ACI).- O Sumo Pontífice Emérito, Bento XVI, completa hoje 93 anos de idade. Dentro de três dias, em 19 de abril, recordará o aniversário de sua eleição como sucessor de São Pedro, que ocorreu em 2005.
Bento XVI – Cardeal Joseph Ratzinger –, nasceu em Marktl am Inn, na diocese de Passau (Alemanha), em 16 de abril de 1927.
Entre os importantes trabalhos que desempenhou a serviço da Igreja, destaca que em 1962 participou do Concílio Vaticano II como consultor teológico do então Arcebispo de Colônia (Alemanha), Cardeal Joseph Frings.
Além disso, serviu durante anos como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Pontifícia Comissão Teológica Internacional, assim como Decano do Colégio dos Cardeais.
Em 11 de fevereiro de 2013, anunciou sua renúncia ao pontificado, o que se fez efetivo na quinta-feira 28 do mesmo mês. Atualmente, Joseph Ratzinger vive no mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano, onde se dedica à leitura e à oração.
Uma de suas últimas e mais memoráveis aparições foi ao lado do Papa Francisco durante a canonização de João Paulo II e João XXIII, considerado pela imprensa como "o dia dos quatro Papas”.
Em 14 de fevereiro de 2015, Bento XVI participou da criação de 20 novos cardeais pelo Papa Francisco e, em 8 de dezembro do mesmo ano, foi o primeiro peregrino que atravessou a Porta Santa da Basílica de São Pedro, na abertura do Ano Jubilar.

(acidigital)

Santa Marta, 16 abril 2020, Papa Francisco

terça-feira, 14 de abril de 2020

Dia 32 - Ver o Senhor entre as lágrimas

Santa Missa - 14/04/20 - 07h00 - Frei Valdo - Catedral de Montes Claros

O Papa reza a fim de que na dificuldade possamos ser unidos superando as divisões


Na Missa na Casa Santa Marta esta terça-feira (14/04), Francisco pediu a Deus a graça de fazer-nos superar as divisões neste tempo difícil. Na homilia, ressaltou que converter-se é voltar a ser fiéis, uma atitude humana que não é tão comum em nossa vida: a fidelidade nos bons tempos e nos tempos ruins, fidelidade a Deus e entre nós.

VATICAN NEWS

O Papa presidiu a Missa na Casa Santa Marta na manhã desta terça-feira (14/04) da Oitava da Páscoa. Na introdução, Francisco rezou pela unidade:

Rezemos a fim de que o Senhor nos conceda a graça da unidade entre nós. Que as dificuldades deste tempo nos façam descobrir a comunhão entre nós, a unidade que sempre é superior a toda divisão.

Na homilia, Francisco comentou a primeira leitura, um trecho extraído dos Atos dos Apóstolos (At 2,36-41), em que Pedro anuncia abertamente aos judeus que Deus constituiu Senhor e Cristo aquele Jesus que eles crucificaram: diante dessas palavras muitos sentem traspassar o coração e se convertem. Converter-se – afirmou – é voltar a ser fiéis, uma atitude humana que não é tão comum em nossa vida: a fidelidade nos bons tempos e nos tempos ruins. Fidelidade também na insegurança. Nossas seguranças não são as que o Senhor nos dá, nossas seguranças são ídolos e nos fazem ser infiéis. A nossa vida e a história da Igreja são repletas de infidelidades. O Papa terminou a homilia com o Evangelho do dia (Jo 20,11-18) em que Jesus ressuscitado aparece a Maria Madalena, que chora perto do sepulcro. Uma mulher frágil, mas fiel, fiel também diante do sepulcro, diante da derrocada das ilusões, e que se tornara “apóstola dos apóstolos”. Peçamos a Deus – concluiu – que nos conserve na fidelidade. 

A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:

A pregação de Pedro, no dia de Pentecostes, traspassa o coração das pessoas: “Aquele que vós crucificastes, ressuscitou”. “Quando ouviram isso, eles ficaram com o coração aflito, e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: ‘Irmãos, o que devemos fazer?’” E Pedro é claro: “Convertei-vos. Convertei-vos. Mudar de vida. Vós que recebestes a promessa de Deus e vós que vos distanciastes da Lei de Deus, de tantas coisas vossas, em meio a ídolos, tantas coisas… convertei-vos. Voltai à fidelidade”. Converter-se é isso: voltar a ser fiéis. A fidelidade, aquela atitude humana que não é tão comum na vida das pessoas, em nossa vida. Sempre há ilusões que atraem a atenção e muitas vezes nós queremos ir atrás dessas ilusões. A fidelidade, nos bons tempos e nos tempos ruins. Tem uma passagem do Segundo Livro das Crônicas que me impressiona muito. Está no capítulo XII, no início. “Quando o reino foi consolidado – diz – o rei Roboão se sentiu seguro e se distanciou da lei do Senhor e todo Israel o seguiu”. Assim diz a Bíblia. É um fato histórico, mas é um fato universal. Muitas vezes, quando nos sentimos seguros começamos a fazer nossos projetos e lentamente nos distanciamos do Senhor, não permanecemos na fidelidade. E a minha segurança não é a segurança que o Senhor me dá. É um ídolo. Foi isso que aconteceu com Roboão e o povo de Israel. Sentiu-se seguro – reino consolidado –, distanciou-se da lei e começou a prestar culto aos ídolos. Sim, podemos dizer: “Padre, eu não me ajoelho diante dos ídolos”. Não, talvez você não se ajoelhe, mas que os procure e muitas vezes em seu coração adore os ídolos, (isso) é verdade. Muitas vezes. A segurança em si abre a porta aos ídolos.

Mas a segurança em si é ruim? Não, é uma graça. Ter segurança, mas ter segurança também de que o Senhor está comigo. Mas quando se tem a segurança e eu me coloco no centro, me distancio do Senhor, como o rei Roboão, me torno infiel. É muito difícil conservar a fidelidade. Toda a história de Israel, e depois toda a história da Igreja, é repleta de infidelidade. Repleta. Repleta de egoísmos, de seguranças próprias que fazem de modo que o povo de Deus se distancie do Senhor, perca aquela fidelidade, a graça da fidelidade. E também entre nós, entre as pessoas, a fidelidade não é uma virtude tão difusa, certamente. Não se é fiel ao outro, ao outro... “Convertei-vos, voltai à fidelidade ao Senhor.”

E no Evangelho, o ícone da fidelidade: aquela mulher fiel que jamais havia esquecido tudo aquilo que o Senhor tinha feito por ela. Estava ali, diante do impossível, diante da tragédia, uma fidelidade que a leva mesmo a pensar ser capaz de carregar o corpo... Uma mulher frágil, mas fiel. O ícone da fidelidade desta Maria Madalena, apóstola dos apóstolos.

Peçamos hoje ao Senhor a graça da fidelidade, de agradecer quando Ele nos dá segurança, mas jamais pensar que são as “minhas” seguranças, e sempre, olhar para além das próprias seguranças; a graça de ser fiéis também diante dos sepulcros, diante da derrocada de tantas ilusões. A fidelidade, que sempre permanece, mas não é fácil mantê-la. Que seja Ele, o Senhor, a conservá-la.

O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. 

A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece. À espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.

Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:

Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!

(vaticannews)