Papa: redescobrir
neste Natal os laços de fraternidade que nos unem
"Sem a fraternidade que Jesus Cristo nos concedeu, os
nossos esforços por um mundo mais justo ficam sem fôlego, e mesmo os melhores
projetos correm o risco de se tornar estruturas sem alma", disse o
Pontífice em sua mensagem de Natal, pedindo paz em particular à Terra Santa, ao
continente africano, Venezuela, Nicarágua, Iêmen, Síria, Ucrânia, Península
Coreana.
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
“Glória a Deus nas
Alturas e Paz na terra aos homens de boa vontade”. Votos natalinos de
fraternidade a todos os irmãos em humanidade!
Após a solene celebração
da Missa do Galo na Noite de Natal, o Santo Padre pronunciou sua Mensagem
natalina ao meio dia desta terça-feira (25.12), Dia de Natal, na sacada central
da Basílica de São Pedro, dirigida aos fiéis do mundo inteiro.
“Queridos irmãos e
irmãs, Feliz Natal! Aos fiéis de Roma, aos peregrinos e a todos os que, das
diversas partes do mundo, estão sintonizados conosco, renovo o jubiloso anúncio
de Belém: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”.
Como os pastores, os
primeiros que acorreram à gruta, disse o Papa, ficamos maravilhados com o sinal
que Deus nos deu: “Um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura”. Em
silêncio, ajoelhemos e O adoremos! E perguntou: “O que aquele Menino, que
nasceu para nós da Virgem Maria quer nos dizer neste dia? Qual a sua mensagem
universal? E Francisco respondeu:
“Ele nos diz que Deus
é um bom Pai e nós somos todos irmãos. Esta verdade está na base da visão
cristã da humanidade. Sem a fraternidade que Jesus Cristo nos concedeu, os
nossos esforços por um mundo mais justo não têm sentido e até os nossos
melhores projetos correm o risco de se tornar sem alma. Por isso, as minhas
felicitações natalinas são os votos de fraternidade”.
Seus votos de
Fraternidade vão às pessoas de todas as nações e culturas; às de ideias
diferentes, mas capazes de se respeitar e ouvir umas às outras; e às pessoas
das diferentes religiões. E acrescentou:
“Jesus veio revelar o
rosto de Deus a todos os que procuram. O rosto de Deus manifestou-se em um
rosto humano, concreto; não sob a forma de um anjo, mas de homem, nascido em um
tempo e lugar concretos. Assim, com a sua encarnação, o Filho de Deus nos
indica que a salvação passa através do amor, da hospitalidade, do respeito pela
nossa pobre humanidade, com a sua variedade de etnias, línguas, culturas. Mas,
todos somos irmãos em humanidade!”
Logo, disse Francisco, as
nossas diferenças não constituem um dano nem um perigo, pelo contrário, são uma
riqueza, como nos ensina a nossa experiência de família, onde há um laço
indissolúvel de amor. E expressou seus sinceros votos de que este Natal nos
faça redescobrir os laços de fraternidade que nos unem como seres humanos e
interligam todos os povos:
Israelenses e Palestinos
“Que este Natal
permita a Israelenses e Palestinos retomar o diálogo e embocar um caminho de
paz; que possam colocar um ponto final em um conflito que, há mais de setenta
anos, dilacera a Terra que o Senhor escolheu para mostrar seu rosto de amor”.
O Santo Padre fez seus
votos de Natal, acompanhados de seus apelos. também a outros povos:
Síria
“Que o Menino Jesus
permita, à amada e atormentada Síria, reencontrar a fraternidade depois destes
longos anos de guerra. Que a Comunidade Internacional trabalhe com decisão para
uma solução política que acabe com as divisões e os interesses de parte, de modo
que o povo sírio, especialmente os que foram obrigados a deixar as suas terras
e buscar refúgio em outros lugares, possa voltar a viver em paz na sua pátria”.
Francisco continuou
elevando seu pensamento a outros países, aos quais faz seus apelos de paz, por
ocasião do Natal do Senhor:
Iêmen
“Penso no Iêmen, com a
esperança de que a trégua mediada pela Comunidade Internacional possa,
finalmente, levar alívio a tantas crianças e às populações exaustas pela guerra
e a carestia”.
África
“Penso na África, onde
milhões de pessoas refugiadas ou deslocadas precisam de assistência humanitária
e segurança alimentar. O Deus Menino, Rei da Paz, faça calar as armas e surgir
uma nova aurora de fraternidade em todo o Continente, abençoando os esforços de
quantos trabalham para favorecer percursos de reconciliação a nível político e
social”.
Península Coreana
“Que o Natal fortaleça os
vínculos fraternos, que unem a península da Coreia, e permita prosseguir no
caminho de aproximação empreendido para se chegar a soluções compartilhadas e a
todos assegurar progresso e bem-estar”.
Venezuela
“Que este tempo de bênção
permita à Venezuela reencontrar a concórdia e, a todos os componentes da
sociedade, trabalhar fraternalmente para o desenvolvimento do país e prestar
assistência aos setores mais vulneráveis da população”.
Ucrânia
“O Recém-nascido leve
alívio à amada Ucrânia, ansiosa de ter uma paz duradoura, que tarda a chegar.
Só com a paz, respeitadora dos direitos de cada nação, é que o país poderá se
recuperar das tribulações sofridas e restabelecer condições de vida dignas para
os seus cidadãos. Solidário com as comunidades cristãs daquela Região, rezo
para que possam tecer relações de fraternidade e amizade”.
Nicarágua
“Que, diante do Menino
Jesus, os habitantes da querida Nicarágua redescubram ser irmãos, que não
prevaleçam as divisões e as discórdias, mas todos trabalhem para favorecer a
reconciliação e, juntos, construir o futuro do país”.
O Santo Padre recordou
também os povos que sofrem colonizações ideológicas, culturais e econômicas,
que veem dilaceradas a sua liberdade e identidade e sofrem por causa da fome e
da carência de serviços educativos e sanitários.
Por fim, Francisco
dirigiu seu pensamento às inúmeras pessoas que não têm voz e sofrem por causa
do nome do Senhor Jesus:
“Meu pensamento vai,
de modo particular, aos nossos irmãos e irmãs que celebram a Natividade do
Senhor em contextos difíceis, para não dizer hostis, especialmente onde a comunidade
cristã é uma minoria, por vezes frágil ou desconsiderada.
Que o Senhor conceda a eles e a todas as minorias, a graça de viver em paz e
ver reconhecidos os seus direitos, sobretudo a liberdade religiosa”.
Crianças
Francisco concluiu sua Mensagem
de Natal pedindo ao Menino Jesus, que hoje contemplamos na manjedoura, que
proteja todas as crianças da terra e todas as pessoas frágeis, indefesas e
descartadas.
“Que todos nós possamos
receber a paz e o conforto do Nascimento do Salvador, para que, sentindo-nos
amados pelo único Pai celeste, possamos nos reencontrar e viver como irmãos!
Após a sua Mensagem de
Natal, - um verdadeiro apelo de Paz para muitas Nações, - o Santo Padre
concedeu a sua Bênção apostólica “Urbi et Orbi” à Cidade de Roma, aos
peregrinos presentes na Praça São Pedro e a todos os fiéis espalhados pelo
mundo.
(vaticannews)
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