Papa aponta para o
ecumenismo: caminhar, rezar e trabalhar juntos
Definindo-se um “peregrino em busca de unidade e de paz", o
Papa Francisco participou da oração ecumênica na sede do Conselho Mundial de
Igrejas, em Genebra.
Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano
O Papa Francisco deixou o
Vaticano na manhã desta quinta-feira (21/06) para uma peregrinação ecumênica a
Genebra.
Depois de uma hora e 40
minutos de voo, o Pontífice chegou à cidade suíça por volta das 10h, onde foi
recebido pelo Presidente da Confederação Helvécia, Alain Berset, no aeroporto
internacional da cidade para uma breve cerimônia de boas-vindas e um encontro
privado.
Na sequência, o Papa se
transferiu de carro até o Centro Ecumênico do Conselho Mundial de Igrejas, pois
justamente este é o motivo dessa peregrinação: celebrar os 70 anos desta
instituição, criada depois da II Guerra Mundial.
Mais de 500 milhões de fiéis
O Conselho Mundial de
Igrejas (CMI) é a maior organização mundial do movimento ecuménico, com o mais
alto número de membros: são 345 comunidades cristãs de mais de 110 países, com
exceção da Igreja Católica, e compreende reformados, luteranos, anglicanos
metodistas, batistas, ortodoxos e outras Igrejas. Representa mais de 500
milhões de fiéis em todo o mundo, cuja sede é Genebra.
No Centro Ecumênico do
CMI, realizou-se uma oração comum, com a participação de cerca de 230 pessoas –
ocasião em que o Pontífice pronunciou o primeiro discurso do dia.
Caminhar segundo o Espírito
Inspirado na leitura
extraída da Carta aos Gálatas, Francisco propôs uma reflexão sobre a expressão
“Caminhar segundo o Espírito” .
“Caminhar segundo o
Espírito é rejeitar o mundanismo. É escolher a lógica do serviço e avançar no
perdão. É inserir-se na história com o passo de Deus: não com o passo
ribombante da prevaricação, mas com o passo cadenciado por «uma única palavra:
Ama o teu próximo como a ti mesmo» (Gal 5, 14).”
No decurso da história,
afirmou o Papa, as divisões entre cristãos deram-se porque na raiz, na vida das
comunidades, se infiltrou uma mentalidade mundana: primeiro cultivavam-se os
próprios interesses e só depois os de Jesus Cristo. A direção seguida era a da
carne, não a do Espírito.
“Mas o movimento
ecumênico, para o qual tanto contribuiu o Conselho Ecumênico das Igrejas,
surgiu por graça do Espírito Santo”, recordou o Papa.
Ser do Senhor
É preciso escolher ser de
Jesus antes que de Apolo ou de Cefas, antepor o ser de Cristo ao fato de ser
«judeu ou grego», ser do Senhor antes que de direita ou de esquerda, escolher
em nome do Evangelho o irmão antes que a si mesmo.
A resposta aos passos
vacilantes, prosseguiu o Papa, é sempre a mesma: caminhar segundo o Espírito,
purificando o coração do mal, escolhendo com obstinação o caminho do Evangelho
e recusando os atalhos do mundo.
“Depois de tantos anos de
empenho ecumênico, neste septuagésimo aniversário do Conselho, peçamos ao
Espírito que revigore o nosso passo. (…) Que as distâncias não sejam desculpas!
É possível, já agora, caminhar segundo o Espírito. Rezar, evangelizar, servir
juntos: isto é possível. Caminhar juntos, rezar juntos, trabalhar juntos: eis a
nossa estrada-mestra.”
Unidade
Esta estrada tem uma meta
concreta: a unidade. A estrada oposta, a da divisão, leva a guerras e
destruições. “O Senhor pede-nos unidade; o mundo, dilacerado por demasiadas
divisões que afetam sobretudo os mais fracos, invoca unidade.”
Francisco conclui seu
discurso definindo-se um “peregrino em busca de unidade e de paz”. “Agradeço a
Deus porque aqui encontrei irmãos e irmãs já a caminho. Que a Cruz nos sirva de
orientação, porque lá, em Jesus, foram abatidos os muros de separação e foi vencida
toda a inimizade: lá compreendemos que, apesar de todas as nossas fraquezas,
nada poderá jamais separar-nos do seu amor.
(vaticannews)
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