sábado, 23 de novembro de 2024
Papa: cuidar das relações familiares, "remédio" para o corpo e a alma
Vatican News
Pesca e saúde foram o tema de uma única audiência realizada na manhã deste sábado na Sala Paulo VI.
Ali estavam presentes os responsáveis pelo Apostolado do Mar na Itália, representando os pescadores e seus sindicatos, e os participantes de um Congresso internacional sobre Universalidade e sustentabilidade dos Serviços de Saúde na Europa.
No dia 21 de novembro, celebrou-se o Dia Mundial da Pesca, uma atividade antiquíssima, recordou Francisco, ligada inclusive com o início da Igreja, confiada por Cristo a Pedro, que era pescador na Galileia. Como outrora, esta vive hoje inúmeras dificuldades e o Papa então sugeriu algumas reflexões sobre a missão e o valor desta profissão.
No Evangelho, os pescadores encarnam a constância na fadiga. E é exatamente assim, afirmou o Pontífice: um trabalho duro que requer sacrifício e tenacidade diante dos desafios da renovação geracional, dos custos em crescimento, da burocracia que sufoca e da concorrência desleal das multinacionais.
Isso não só não desencoraja os pescadores, mas alimenta outra característica: a unidade. No mar não se vai só, disse o Papa. Para lançar as redes é necessário trabalhar juntos. Deste modo, a pesca se torna uma escola de vida. “Caros mulheres e homens do mar, do Céu os ajude seu padroeiro, São Francisco de Paula.”
Cuidar de quem cuida
O trabalho conjunto é também característica do segundo grupo presente na Sala Paulo VI, que analisa os sistemas de saúde na Europa. Francisco indicou a eles dois pontos de reflexão.
O primeiro é cuidar de quem cuida. Ou seja, não se esquecer que as pessoas que trabalham neste setor também precisam de cuidados, já que devem enfrentar turnos extenuantes em meio às dores dos pacientes. Cuidem uns dos outros, recomendou o Papa.
O segundo aspecto é a compaixão aos últimos. Ninguém pode ser marginalizado a ponto de não poder ser curado. Citando a obra de figuras como São João de Deus, São José Moscati e Madre Teresa de Calcutá, o convite de Francisco é para que ninguém seja abandonado dentro dos sistemas de saúde. Eis o caminho: estar unidos na solidão para que ninguém esteja só na dor.
Por fim, uma mensagem aos dois grupos presentes com seus familiares: “Cuidem das relações em família. Elas são o remédio seja para os sãos, seja para os doentes. O isolamento e o individualismo, com efeito, abrem as portas para a perda da esperança e isso faz adoecer a alma e com frequência também o corpo”.
Reflexão para a Solenidade de Cristo, Rei do Universo
Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News
Jesus é Rei, mas de que modo? Seu agir e suas palavras não deixam dúvidas: seu reino não é como os homens entendem. Ele é um rei diferente.
Em primeiro lugar, para tê-lo como rei é necessário que as pessoas tenham fé e exatamente por isso sejam comprometidas com ele. É uma adesão profunda à sua pessoa e ao seu modo de ser: pacificador, libertador, servidor a ponto de dar sua vida em favor de seus súditos.
Ele nos diz no versículo 37 do Evangelho de hoje: “..nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade”, e a verdade aí significa “fidelidade plena”. Portanto Jesus é rei para nos testemunhar até o fim, através da cruz, que o amor de Deus é fiel, que é dom de vida para as pessoas. Em seguida Jesus fala: “Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. Ser da verdade significa reconhecer a fidelidade de Deus e aderir ao serviço de proclamá-la, se necessário com o sacrifício da própria vida, como Jesus.
A segunda leitura, tirada do Apocalipse, diz que “Jesus é a testemunha fiel, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos”. Jesus confirma a fidelidade do Pai e sua primazia em ser o primeiro dos homens novos, da nova humanidade, descentralizada de si mesma, mas voltada para o serviço, para a luta pela dignidade do ser humano, mesmo que para isso tenha de se sacrificar.
Concluindo nossa reflexão, celebrar Jesus Cristo, Rei do Universo, não é celebrar um poder que subjuga pessoas e se faz servir, mas, pelo contrário, é celebrar um rei que respeita e adora Deus-Pai e, por isso mesmo, coloca-se a seu serviço, no serviço do ser humano, lutando para que este seja mais fraterno, mais parecido com o próprio Deus. Ser súdito de Cristo é deixar-se elevar à dignidade de filho de Deus, de companheiro do Rei. É deixar os andrajos de escravo e revestir-se das vestes reais da justiça, da verdade e da paz.
(vaticannews)
O desejo e a esperança cristã podem superar a ‘praga perigosa’ do niilismo, diz papa
Por Kristina Millare
22 de nov de 2024 às 14:20
O papa Francisco disse ontem (21) aos participantes da primeira assembleia plenária do dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé que o desejo, a coragem e a esperança cristã são os remédios necessários para superar a “sombra do niilismo” predominante na sociedade.
Ao descrever o niilismo como “talvez a praga mais perigosa da cultura atual” por causa de sua tentativa de “apagar a esperança” no mundo, o papa disse aos membros do dicastério que a instituição deveria trabalhar para inspirar a humanidade.
“As escolas, as universidades, os centros culturais devem nos ensinar a desejar, a ter sede, a sonhar, porque, como nos lembra a Segunda Carta de Pedro, ‘aguardamos novos céus e uma nova terra, onde habita a justiça’ ”, disse Francisco.
“Entendam sua missão no campo educacional e cultural como um chamado para ampliar horizontes, para transbordar de vitalidade interior, para abrir espaço para possibilidades invisíveis, para doar os caminhos do dom que só se torna mais amplo quando é compartilhado”, disse o papa.
Ao falar aos ouvintes sobre a vasta herança cultural e educacional da Igreja, o papa disse que “não há razão para ficarmos dominados pelo medo”.
“Em uma palavra, somos herdeiros da paixão educacional e cultural de tantos santos”, disse Francisco citando os exemplos de santo Agostinho, são Tomás de Aquino, santa Teresa Benedita da Cruz, e o filósofo e matemático católico Blaise Pascal.
“Cercados por tal multidão de testemunhas, livremo-nos de qualquer fardo de pessimismo; o pessimismo não é cristão”, disse o papa Francisco.
O papa também se baseou nas obras culturais de nomes da música e da literatura, incluindo o austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) e a poetisa americana Emily Dickinson (1830-1886) que não era católica, e disse que elas também podem ser uma fonte de inspiração para os vários projetos culturais e educacionais do dicastério.
'Pensemos no futuro da humanidade'
Ao identificar a pobreza, a desigualdade e a exclusão como “patologias do mundo atual”, o papa Francisco disse ser um “imperativo moral” da Igreja garantir que as pessoas, especialmente crianças e jovens, tenham acesso a uma educação abrangente.
“Cerca de 250 milhões de crianças e adolescentes não frequentam a escola. Irmãos e irmãs, é genocídio cultural quando roubamos o futuro das crianças, quando não lhes oferecemos condições de se tornarem o que poderiam ser”, disse Francisco.
Ao falar aos membros do dicastério sobre a experiência do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry com as dificuldades das famílias refugiadas, o papa disse que o escritor francês se sentiu ferido depois de ver as crianças.
“Atormenta-me que em cada um desses homens haja um pequeno Mozart assassinado”, escreve de Saint-Exupéry em sua obra autobiográfica “Terra dos Homens”.
Perto do fim da audiência privada, o papa Francisco se referiu ao tema da assembleia plenária do dicastério, “Passemos para a outra margem” (cf. Mc 4,35), e pediu aos ouvintes que tenham coragem e façam seu trabalho com um sentimento de esperança.
“Repito: Não devemos deixar que o sentimento de medo vença. Lembre-se de que passagens culturais complexas frequentemente se mostram as mais frutíferas e criativas para o desenvolvimento do pensamento humano”, disse Francisco.
“Contemplar Cristo vivo nos permite ter a coragem de nos lançarmos ao futuro”, disse o papa.
Hoje é comemorado o papa são Clemente I, promotor da paz e da concórdia
Por Redação central
23 de nov de 2024 às 00:01
“Revistamo-nos de concórdia, sejamos continentes humildes, mantendo-nos afastados de toda murmuração e calúnia, justificando-nos mais pelas obras do que pelas palavras”, escreveu o papa são Clemente I em uma Carta aos Coríntios, buscando a união e a paz dessa comunidade.
São Clemente I, conhecido como Clemente Romano, foi eleito pontífice no ano 88 e morreu em 97, quando foi lançado ao mar com uma âncora no pescoço.
Tempos depois, santo Irineu, o grande bispo de Lyon, testemunhou que são Clemente “tinha visto os Apóstolos”, “tinha se encontrado com eles” e “ainda soava em seus tímpanos sua pregação e tinha diante dos olhos sua tradição”.
Durante seu pontificado, foi restabelecida a confirmação segundo o rito de são Pedro e começou-se a usar nas cerimônias religiosas a palavra “amém”.
Ele também interveio nos problemas da Igreja de Corinto devido à desobediência de alguns fiéis aos sacerdotes. Assim como são Paulo (primeira e segunda Carta aos Coríntios do Novo Testamento), são Clemente também enviou uma missiva a este povo.
Na mensagem, perguntava: “Por que entre vós existem disputas, ódios, contendas, cismas e guerras? Acaso não temos um só Deus, um só Cristo e um só Espírito da graça derramado sobre nós e uma só vocação em Cristo?”.
“Arranquemos esse mal o mais rápido possível. Lancemo-nos aos pés do Senhor e peçamos-lhe, entre lágrimas, que se compadeça de nós, reconciliando-se conosco, trazendo-nos de volta a uma prática santa e pura de nossa fraternidade”, escreveu.
A festa deste quarto papa, terceiro sucessor de Pedro, é celebrada hoje, 23 de novembro.
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Hoje é celebrada santa Cecília, padroeira dos músicos
Por Redação central
22 de nov de 2024 às 00:01
A Igreja celebra hoje (22) a memória litúrgica de santa Cecília, uma das mártires dos primeiros séculos mais venerada pelos cristãos. Diz-se que no dia de seu matrimônio, enquanto os músicos tocavam, ela cantava a Deus em seu coração. É representada tocando um instrumento musical e cantando.
No dia das núpcias, Cecília partilhou com Valeriano o fato de ter consagrado sua virgindade a Cristo e que um anjo guardava sua decisão.
“Tenho que te comunicar um segredo. Precisa saber que um anjo do Senhor vela por mim. Se me tocar como se eu fosse sua esposa, o anjo se enfurecerá e você sofrerá as consequências; em troca, se me respeitar, o anjo te amará como me ama”.
O marido respeitou, mas disse que somente acreditaria se contemplasse o anjo. Cecília lhe disse que se ele acreditasse no Deus vivo e verdadeiro e recebesse o Batismo, então, veria o anjo. Valeriano foi procurar o bispo Urbano, que o instruiu na fé e o batizou.
A tradição assinala que, quando o marido retornou para ver sua amada, viu um anjo de pé junto a Cecilia e o ser celestial pôs uma grinalda de rosas e lírios sobre a cabeça de ambos. Mais tarde, Valeriano e seu irmão Tibúrcio seriam martirizados.
Cecília foi chamada para que proclamasse fé aos deuses pagãos, mas converteu seus caluniadores. O Papa Urbano a visitou em sua casa e, aí, batizou 400 pessoas. Posteriormente, a santa foi levada a julgamento e condenada a morrer sufocada no banheiro de sua casa. Mas, apesar da grande quantidade de lenha que os guardas colocaram no forno, Cecília não sofreu quaisquer danos.
Finalmente, mandaram decapitá-la e o verdugo desferiu três vezes a espada sobre seu pescoço. Santa Cecília passou três dias agonizando e finalmente partiu para a Casa do Pai.
Esta história é de fins do século V e não está totalmente fundada em documentos.
Em março de 2014, o papa Francisco se referiu aos mártires dos primeiros tempos cristãos, como santa Cecilia, e disse que “levavam sempre o Evangelho com eles: levavam-no, o Evangelho; ela, Cecília levava o Evangelho. Porque é precisamente o nosso primeiro passo, é a Palavra de Jesus, aquilo que alimenta a nossa fé”.
No Trastevere, em Roma, foi edificada a Basílica da Santa Cecília no século V. Neste local, atualmente, encontra-se a famosa estátua em tamanho natural feita pelo escultor Maderna, que mostra a santa como se estivesse dormindo, recostada do lado direito.
quinta-feira, 21 de novembro de 2024
JMJ 2027: em 24 de novembro, a entrega da cruz aos jovens da Coreia
Lorena Leonardi - Cidade do Vaticano
Domingo, 24 de novembro, Solenidade de Cristo Rei do Universo, ao final da Missa celebrada pelo Papa Francisco às 9h30 pela Jornada Mundial da Juventude, terá lugar na Basílica de São Pedro a passagem dos símbolos da JMJ - a Cruz e do ícone mariano Salus Populi Romani - de um grupo de jovens portugueses a seus pares coreanos.
O anúncio foi feito na quarta-feira, 20, pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, recordando que a 39ª Jornada Mundial da Juventude – sobre o tema “Aqueles que esperam no Senhor, caminham sem se cansar”, (cf. Is 40, 31) - realizar-se-á em todo o mundo, no âmbito das Igrejas particulares.
Em peregrinação pela Ásia
Os dois símbolos da JMJ serão entregues, antes dos ritos finais da celebração, por uma delegação de jovens de Portugal - em cuja capital Lisboa teve lugar o último encontro internacional em 2023 - aos jovens de Seul, que assim poderão levá-los em peregrinação ao país asiático onde terá lugar a próxima edição do encontro mundial, em 2027. Os símbolos também irão peregrinas por outros lugares da Ásia, nas cidades e no campo, chegando aos sofredores, aos presos, aos pobres e aos jovens sem esperança, para oferecer proximidade e consolo.
“Esta peregrinação é particularmente significativa – explica o Dicastério – porque se realizará em países predominantemente não cristãos. A esperança é que muitos jovens se tornem ‘missionários incansáveis da alegria’, para que mesmo aqueles que nunca participaram de uma JMJ, percorra nos próximos três anos um caminho, sobretudo interior, para chegar a dar um testemunho corajoso de Cristo”.
Do particular ao universal
Cerca de uma centena de jovens chegarão de Portugal, acompanhados pelo Patriarca de Lisboa, dom Rui Manuel Sousa Valério, e pelo cardeal Américo Manuel Alves Aguiar, que foi coordenador geral da JMJ de Lisboa; provenientes da Coreia, o mesmo número de jovens, acompanhados pelo arcebispo de Seul, dom Peter Chung Soon-taek, e pelo bispo coordenador geral da JMJ da edição de 2027, dom Paul Kyung Sang Lee.
A Missa de domingo em São Pedro será uma celebração de carácter local e universal: jovens romanos estarão presentes na JMJ diocesana juntamente com o seu bispo, o Papa Francisco, mas no evento participarão seus pares de todo o mundo, representando a riqueza e a diversidade vocacional de cada um.
A história dos símbolos da JMJ
Há anos, os símbolos da JMJ acompanharam os preparativos para as edições internacionais da Jornada: a Cruz foi confiada aos jovens por São João Paulo II por ocasião do primeiro encontro dos jovens em 1984. Desde 2003, passou a ser acompanhad na peregrinação pelo ícone de Maria Salus populi romani, sinal da ternura materna de Maria e da própria maternidade da Igreja para com toda a humanidade.
(vaticannews)
Os Papas e as crianças, vozes a serem ouvidas para acolher o futuro
Amedeo Lomonaco – Vatican News
Todos os anos, em 20 de novembro, o Unicef comemora o Dia Mundial da Criança com o objetivo de aumentar a conscientização sobre os direitos das crianças e dos adolescentes. Essa data não é coincidência: em 20 de novembro de 1989, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a Convenção sobre os Direitos da Criança. Este ano, a mensagem do Unicef, ‘Ouça o futuro’, é uma exortação aos governos, ao setor privado, às famílias e a todos os adultos para que ouçam as vozes das crianças e dos jovens. Em todo o mundo, uma em cada quatro crianças vive em situação de extrema pobreza alimentar.
“‘O que vocês fizeram ao menor dos meus irmãos, a mim o fizeram’ (cf. Mt 25:40, 45).”
Francisco: as crianças são o futuro
O Papa Francisco, que desejou fortemente o primeiro Dia Mundial das Crianças realizado em maio passado em Roma, lembrou repetidamente as ameaças dramáticas que afetam as crianças mais jovens em várias regiões do planeta. Em 6 de novembro de 2023, o Papa se reuniu com mais de 6.000 crianças de 56 países. O discurso do Pontífice tem uma direção, a do futuro:
Gostaria de dar as boas-vindas a todos vocês assim, um por um, mas são muitos, e por isso digo a todos juntos, meninos e meninas, que vocês são uma coisa maravilhosa, sua idade é maravilhosa, e digo a vocês que sigam em frente. E vocês estão certos na Igreja. Pensem nas crianças que estão sofrendo neste momento - não esqueçamos - com os desastres climáticos, com a fome, com a guerra e com a pobreza. Você sabe que há pessoas más que fazem o mal, que fazem guerra, que destroem... Você quer fazer o mal? [resposta: “Não!”] Você quer ajudar? [resposta: “Sim!”] Eu gosto disso, eu gosto disso. Queridas crianças, sua presença aqui é um sinal que vai direto ao coração de todos nós, adultos, e nós, os adultos, devemos observar sua espontaneidade e ouvir sua mensagem.
Bento XVI e os pequeninos que sofrem
A Igreja demonstra uma predileção especial pela infância, especialmente quando se trata de crianças que sofrem. Isso foi lembrado pelo Papa Bento XVI durante sua visita ao Hospital Pediátrico Bambino Gesù em 2005. O olhar do pontífice se voltou para crianças pequenas e fracas, deitadas em incubadoras e perto de máquinas com sons incessantes.
Ao passar por algumas enfermarias e me deparar com tantos pequeninos sofrendo, pensei espontaneamente em Jesus, que amava ternamente as crianças e queria que elas fossem até Ele. Sim, como Jesus, a Igreja também mostra uma predileção especial pela infância, especialmente quando se trata de crianças que sofrem. E aqui, então, está a segunda razão pela qual eu vim entre vocês: para dar testemunho, também, do amor de Jesus pelas crianças, um amor que brota espontaneamente do coração e que o espírito cristão aumenta e fortalece. O Senhor disse: “O que fizestes ao menor dos meus irmãos, a mim o fizestes” (cf. Mt 25,40.45). Em cada pessoa que sofre, ainda mais se for pequena e indefesa, é Jesus que nos acolhe e espera o nosso amor.
Paulo VI às crianças: sejam testemunhas de Cristo
O mundo dos pequenos é também o mundo da escola. Em 1974, o Papa Paulo VI, reunido com um grupo de meninos e meninas de escolas primárias em Castel Gandolfo, lembrou-lhes que os anos de educação são também uma oportunidade de oferecer, todos os dias, um testemunho cristão.
Aqui chegamos a vocês, queridos meninos e meninas das Escolas Primárias de Castel Gandolfo, que se destacaram este ano no estudo e na prática da religião. (....) Nós os elogiamos calorosamente pelo resultado alcançado, ao qual, lembrem-se, damos a maior importância: e não apenas para vocês, que foram os melhores, mas também para todos os seus colegas alunos, que, junto com vocês, participaram desse concurso tão significativo. De fato, é muito bom que o estudo da religião não se limite apenas às noções de inteligência, por mais necessárias e indispensáveis que sejam, mas passe para a prática da vida. A doutrina cristã é feita para a vida.
Aquele carinho do Papa
Dê um afago em seus filhos e diga que é o afago do Papa. Essa frase, que ficou na história, foi dita pelo Papa João XXIII em 11 de outubro de 1962, na abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II. Essa boa palavra é necessária, especialmente hoje, para muitas crianças nascidas em países devastados pela guerra. As crianças ucranianas, as de Gaza e de tantos outros países em conflito aguardam a carícia da paz.
"Ao voltar para casa, você encontrará as crianças; faça um carinho em seus filhos e diga: Este é o carinho do Papa. Vocês encontrarão algumas lágrimas para enxugar. Façam algo, digam uma boa palavra. O Papa está conosco especialmente nos momentos de tristeza e amargura. E então, todos juntos, nos animamos cantando, suspirando, chorando, mas sempre cheios de confiança em Cristo que nos ajuda e que nos ouve, continuamos e retomamos nossa jornada”.
Pio XII e os “amiguinhos de Jesus"
As crianças são “amiguinhos de Jesus, a quem Ele gosta de confiar seus segredos, seus anseios, pela paz de suas famílias, de sua querida pátria e da grande família humana”. Foi isso que o Papa Pio XII enfatizou quando se encontrou com crianças de escolas primárias em Roma, em 2 de abril de 1949.
Vocês vieram nos dizer, em seu nome e em nome de todas as crianças da Itália e do mundo, que estão sempre prontos para ouvir a voz divina de Jesus, porque Ele os ama e fala a seus corações dia após dia. Vocês certamente aprenderam com seus bons professores como São João, o Apóstolo e Evangelista, em sua extrema velhice, costumava dirigir as mesmas palavras aos seus fiéis: “Meus filhos, amem-se uns aos outros”. Isso era suficiente; era tudo. Todos os livros e catecismos, todos os discursos dos sacerdotes, no altar, no confessionário, pelo rádio, não podiam dizer nada mais perfeito. Isto: Queridos filhos, amem-se uns aos outros, como Jesus os amou.
Proteger os direitos das crianças
As palavras proferidas por Pio XII em 1949 durante sua reunião com crianças de escolas primárias em Roma ressoaram em um mundo que acabava de sair do drama da Segunda Guerra Mundial. Hoje, as rápidas mudanças globais estão questionando os próprios fundamentos da infância do futuro. Conflitos e graves violações de direitos minam um dos princípios fundamentais da humanidade: o cuidado e a proteção das crianças. O último relatório do Unicef, “A situação das crianças no mundo em 2024: O futuro da infância num mundo em mudança”, faz um apelo aos governos: ajam agora para proteger os direitos das crianças e dos adolescentes. É preciso implementar soluções para reduzir e se adaptar às mudanças climáticas, planejar as mudanças demográficas e garantir a boa governança no uso das tecnologias mais recentes.
(vaticannews)
O que os peregrinos a Roma no Jubileu 2025 devem saber
19 de nov de 2024 às 15:06
A pé, de bicicleta e até a cavalo, uma multidão de peregrinos chega todos os dias ao túmulo de são Pedro, no Vaticano, meta de uma viagem feita por muitos como um ato de fé.
Existem vários percursos que os peregrinos podem fazer em sua viagem a Roma, e um dos mais emblemáticos é o Romea Strata, um caminho histórico que guia viajantes da Europa central e oriental a Roma.
Antes de se tornar uma rota de peregrinação, esse itinerário foi utilizado para vários fins, inclusive comerciais.
Por ocasião do Ano Jubilar 2025, a experiência ao chegar à Cidade Eterna vai tomar um novo rumo graças ao fato de a última etapa da viagem ter sido totalmente reorganizada com a recuperação de um trecho ferroviário abandonado e um serviço permanente de acolhimento na entrada da basílica de São Pedro.
Roma prepara-se para receber mais de 30 milhões de peregrinos de todo o mundo no Ano Jubilar. Mas que passos os peregrinos devem seguir ao chegar à Cidade Eterna? O projeto Romea Strata tem uma resposta.
Voluntários vão acompanhar os peregrinos
Em primeiro lugar, quem quiser completar a sua peregrinação junto ao túmulo do primeiro apóstolo pode dirigir-se ao serviço de recepção e acompanhamento em uma das laterais da basílica, junto à escultura dos “Anjos Inconscientes”.
Então, os voluntários dessa iniciativa, promovida pela fábrica de São Pedro e pela fundação Homo Viator em San Teobaldo, na diocese de Vicenza, vão orientar os peregrinos para o acesso exclusivo à basílica na celebração da missa diária do peregrino, evitando assim as longas filas de turistas.
Também foi implementado um sistema de digitalização e sistematização dos dados dos viajantes, e quem tiver percorrido pelo menos 100 km poderá obter o Testimonium, um certificado em pergaminho com as imagens de são Pedro e são Paulo.
Esse serviço, iniciado em maio passado, será mantido de forma permanente no Jubileu. Segundo a Fábrica de São Pedro, foram emitidos 3, 7 mil Testimonium entre junho e outubro.
O espanhol Alberto Castello de Pereda, conhecido como “peregrino da paz”, chegou a Roma a pé vindo de Jerusalém depois de uma longa e árdua viagem, ainda mais difícil pelo conflito desencadeado pelo ataque do grupo radical islâmico Hamas a Israel em 7 de outubro do ano passado. Há também a história de um casal de Pisa, Itália, que chegou à praça de São Pedro a cavalo.
O arcipreste da basílica de São Pedro, cardeal Mauro Gambetti, presidente da Fábrica de São Pedro, disse que essa “atenção e proximidade permite-lhes sentir-se mais acolhidos e acolhidos neste lugar único, amado por todos os fiéis do mundo”.
“Assim, incentiva-se a reflexão e o momento de interioridade que surge no silêncio do longo caminho de fé”, disse o cardeal Gambetti.
A nova rota
Uma das novidades mais relevantes do projeto é a modificação do último trecho da estrada, que sai da via Trionfale em direção a um novo percurso mais simples, seguro e agradável.
Esse trecho, segundo a fábrica de São Pedro, permite uma entrada inédita na basílica, e melhora significativamente a experiência por causa da vista incomparável da cidade.
“Esse novo acesso não só vai melhorar a segurança, mas dar uma experiência única, permitindo-nos viver intensamente a espiritualidade que caracteriza a nossa jornada para a nova Jerusalém”, disse o padre Raimondo Sinibaldi, presidente do projeto Homo Viator.
A Rede Ferroviária Italiana e a prefeitura de Roma cidade trabalham para recuperar um trecho ferroviário abandonado, incluindo o túnel Monte Ciocci, fechado há quase dez anos.
Em breve será anunciada a apresentação do novo guia Romea Strata, que vai incluir uma descrição detalhada dos mais de mil quilômetros do percurso, ao falar não só sobre a sua relevância histórica, mas também pontos de interesse sociocultural e natural. Será uma ferramenta essencial para todos os peregrinos, oferecendo detalhes práticos e narrativos.
(acidigital)
Igreja celebra hoje a apresentação de Nossa Senhora no templo
Por Redação central
21 de nov de 2024 às 00:01
Hoje (21), a Igreja celebra a apresentação de Nossa Senhora no templo e, por isso, também realiza a “Jornada Pro Orantibus”, dia em que os fiéis são convidados a dar graças ao Senhor por aqueles e aquelas que entregam sua vida a Deus nos conventos de clausura.
Segundo a tradição, a menina Maria foi levada ao templo por seus pais para que integrasse o grupo de donzelas que ali eram consagradas a Deus e instruídas na piedade.
Segundo o “Protoevangelho de São Tiago”, uma fonte cristã que não está incluída no Canon da Bíblia, a Virgem foi recebida pelo sacerdote, que a abençoou e exclamou: “O Senhor engrandeceu seu nome por todas as gerações, pois ao fim dos tempos manifestará em ti sua redenção aos filhos de Israel”.
No século VI já se celebrava esta festa no Oriente. Em 1372, o papa Gregório XI a introduziu em Avignon e, posteriormente, o papa Sisto V a estendeu a toda a Igreja.
Nesta data também se recorda a dedicação da igreja da Santa Maria Nova, no ano 543, que foi edificada perto do templo de Jerusalém.
Na Liturgia das Horas, lê-se: “Neste dia da solene consagração da igreja de Santa Maria Nova, construída junto ao templo de Jerusalém, celebramos com os cristãos do Oriente aquela consagração que Maria fez a Deus de si mesma desde a infância, movida pelo Espírito Santo, de cuja graça ficara plena na sua imaculada conceição”.
Em 21 de novembro de 1953, o papa Pio XII instituiu este dia como a “Jornada Pro Orantibus”, em honra às comunidades religiosas de clausura.
Por isso, em 2014,o papa Francisco incentivou que esta seja “uma ocasião oportuna para dar graças ao Senhor pelo dom de tantas pessoas que, nos mosteiros e eremitérios, se dedicam a Deus na oração e no silêncio operoso, reconhecendo-lhe o primado que só a Ele compete”.
“Demos graças ao Senhor pelos testemunhos de vida claustral, sem lhes fazer faltar o nosso auxílio espiritual e material, para cumprir esta importante missão”, disse o pontífice.
quarta-feira, 20 de novembro de 2024
Papa: Acutis e Frassati serão santos no Jubileu. No Vaticano, evento sobre direitos das crianças
Salvatore Cernuzio - Vatican News
O millennial e o estudante, ambos serão santos durante o Jubileu. Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati, modelos e pontos de referência para a fé de milhares de jovens em todo o mundo, serão canonizados no próximo ano: Acutis no Jubileu dos Adolescentes, que será realizado de 25 a 27 de abril; Frassati no Jubileu dos Jovens, de 28 de julho a 3 de agosto.
O Papa anunciou a novidade na manhã desta quarta-feira (20/11) ao final da Audiência Geral, provocando aplausos na Praça de São Pedro, repleta de milhares de fiéis abrigados sob guarda-chuvas. Entre eles, também algumas crianças do comitê organizador de um grande evento que será promovido no Vaticano em 3 de fevereiro: o Encontro Mundial sobre os Direitos das Crianças, intitulado “Vamos amá-las e protegê-las”, que contará com a participação de especialistas e personalidades de diferentes países. A iniciativa também foi anunciada por Francisco no final da audiência deste 20 de novembro, Dia Universal dos Direitos da Criança instituído pela ONU. Outra notícia, fora do programa, que também foi recebida com forte aplauso e por um convite do Papa para um grupo de crianças se juntar a ele para cumprimentos e fotos. Francisco acrescentou:
Será uma oportunidade para encontrar novas maneiras para ajudar, proteger milhões de crianças que ainda não têm direitos, que vivem em condições precárias, são exploradas e abusadas e sofrem as consequências dramáticas das guerras.
Um evento no Vaticano pelos direitos das crianças
“Há um grupo de crianças que está preparando esse dia. Obrigado a todos vocês que estão fazendo isso!”, disse o Papa, apontando para o pequeno grupo de meninos e meninas usando bonés amarelos e carregando o cartaz ‘Ruoti per la Pace’, acompanhados pelo Padre Enzo Fortunato e Aldo Cagnoli, ambos organizadores da famosa JMC, a primeira Jornada Mundial das Crianças realizada em maio no Estádio Olímpico de Roma.
Imediatamente após as palavras do Papa, uma menina correu primeiro em direção aos degraus da Basílica: “e vocês podem ver que há uma corajosa...”, sorriu Francisco. “Agora vêm todos!”, exclamou ela ao ver todo o grupo correndo em direção a ele para agradecê-lo, em nome de todas as crianças, pela importante iniciativa que, além da JMC, de alguma forma dá continuidade ao compromisso da Cúpula de 2019 sobre a Proteção de Menores no Vaticano.
As canonizações
O pequeno Francisco (“Você se chama como eu!”, exclamou o Papa) e todos os outros apertaram a mão do Pontífice e tiraram uma foto juntos. Logo depois, Jorge Mario Bergoglio, ainda pensando nos pequenos, fez o anúncio das duas canonizações:
“Quero dizer que no próximo ano, no Jubileu dos Adolescentes, canonizarei o Beato Carlo Acutis e, no Jubileu dos Jovens, no próximo ano, canonizarei o Beato Pier Giorgio Frassati.”
Dois “jovens” santos
Em 23 de maio, o Papa Francisco aprovou o decreto para a canonização de Carlo Acutis, o jovem leigo apaixonado pela Eucaristia e pela tecnologia da informação, descrito por muitos como “um influencer da santidade”. No Consistório ordinário de 1º de julho, ele havia anunciado que seria elevado às honras dos altares “em uma data a ser determinada”. O bispo de Assis, Domenico Sorrentino, havia antecipado nos últimos meses que a Providência, disse o bispo, "queria que a proclamação de sua santidade, a ’canonização', ocorresse no ano jubilar que começará dentro de alguns meses”.
Frassati, um jovem estudante de Turim, terciário dominicano e membro dos Vicentinos, da Fuci e da Ação Católica, é um dos beatos mais conhecidos entre as novas gerações de católicos, considerado um dos santos “sociais” da Itália. Membro de uma família rica, dedicado à oração e aos frágeis, era também um bom esportista: “um alpinista... tremendo”, chamou-o João Paulo II, que quis beatificar esse “menino das oito Bem-aventuranças” em 1990. Agora, outro Pontífice, de origem piemontesa, o eleva às honras dos altares em um ano dedicado a recuperar a esperança. Aquela que tanto Acutis quanto Frassati pregaram, não com palavras, mas com suas vidas.
O Papa: os leigos têm carismas com os quais contribuir para a missão da Igreja
Mariangela Jaguraba - Vatican News
Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (20/11), realizada na Praça São Pedro, o Papa Francisco falou sobre "a ação carismática", outra forma de atuação do Espírito Santo.
"Dois elementos contribuem para definir o que é o carisma", sublinhou o Papa. "Em primeiro lugar, o carisma é o dom dado “para proveito comum”, para ser útil a todos. Em outras palavras, não se destina principal e ordinariamente à santificação da pessoa, mas à “disposição” da comunidade. Em segundo lugar, o carisma é o dom dado “a um”, ou “a alguns” em particular, não a todos da mesma forma, e é isso que o distingue da graça santificante, das virtudes teologais e dos sacramentos que, pelo contrário, são iguais e comuns a todos. O carisma é para uma pessoa ou comunidade especial. É um dom que Deus lhe dá", sublinhou.
Carismas, úteis às necessidades da Igreja
Segundo o Concílio Vaticano II, o Espírito Santo "distribui também graças especiais entre os fiéis de todas as classes, as quais os tornam aptos e dispostos a assumir diversas obras e encargos, proveitosos para a renovação e cada vez mais ampla edificação da Igreja, segundo aquelas palavras: «a cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum»”.
“Os carismas são as “joias”, ou os ornamentos, que o Espírito Santo distribui para tornar bela a Esposa de Cristo.”
Assim, compreendemos porque é que o texto conciliar termina com a seguinte exortação: “Estes carismas, quer sejam os mais elevados, quer também os mais simples e comuns, devem ser recebidos com ação de graças e consolação, por serem muito acomodados e úteis às necessidades da Igreja”.
Bento XVI afirmou: «Quem observa a história do período pós-conciliar pode reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que frequentemente assumiu formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que tornam quase palpável a vivacidade inexaurível da santa Igreja».
Os leigos não são tropas auxiliares do clero
“Devemos redescobrir os carismas a fim de que a promoção dos leigos e em particular das mulheres seja entendida não apenas como um fato institucional e sociológico, mas na sua dimensão bíblica e espiritual. Os leigos não são os últimos, os leigos não são uma espécie de colaboradores externos ou de tropas auxiliares do clero, mas têm carismas e dons próprios com os quais podem contribuir para a missão da Igreja.”
Segundo Francisco, "quando falamos dos carismas devemos dissipar imediatamente um mal-entendido: o de os identificar com dons e capacidades espetaculares e extraordinárias; pelo contrário, esses são dons comuns que adquirem um valor extraordinário se inspirados pelo Espírito Santo e encarnados nas situações da vida com amor".
Não existem cristãos de segunda classe
Tal interpretação do carisma é importante, porque muitos cristãos, ao ouvirem falar de carismas, experimentam tristeza ou decepção, pois estão convencidos de que não possuem nenhum e sentem-se excluídos ou cristãos de segunda classe.
“Não, não existem cristãos de segunda classe, cada um tem seu próprio carisma pessoal e comunitário.”
De acordo com o Papa, Santo Agostinho já respondia no seu tempo, a esses cristãos, com uma comparação muito eloquente: «Se amais – dizia ele ao seu povo – o que possuís não é pouco. Na verdade, se amas a unidade, tudo o que alguém possui nela, tu também a possuis! Só o olho, no corpo, tem a faculdade de ver; mas será talvez apenas por si mesmo que o olho vê? Não, o olho vê pela mão, pelo pé e por todos os membros».
Francisco concluiu, dizendo que "a caridade multiplica os carismas; faz do carisma de um, faz do carisma de uma pessoa, o carisma de todos".
terça-feira, 19 de novembro de 2024
Papa envia mensagem ao G20 no Brasil e pede ações concretas contra a fome e a pobreza
Thulio Fonseca - Vatican News
O Papa Francisco enviou uma mensagem aos líderes do G20, reunidos no Rio de Janeiro, para tratar de temas como a urgência de ações concretas no combate à fome e à pobreza no mundo. A mensagem foi lida nesta segunda-feira, 18 de novembro, pelo Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, durante o lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza.
No texto, endereçado ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o Papa Francisco faz um apelo por solidariedade global e coordenação entre as nações para enfrentar injustiças sociais e econômicas, e sublinha que ações imediatas e conjuntas são indispensáveis para erradicar a fome e a pobreza, com foco na dignidade humana, no acesso aos bens essenciais e na redistribuição justa de recursos:
"É evidente que devem ser tomadas ações imediatas e decisivas para erradicar o flagelo da fome e da pobreza. Tais ações devem ser realizadas de forma conjunta e colaborativa, com o envolvimento de toda a comunidade internacional. A implementação de medidas eficazes requer um compromisso concreto dos governos, das organizações internacionais e da sociedade como um todo. A centralidade da dignidade humana, dada por Deus, de cada indivíduo, o acesso aos bens essenciais e a justa distribuição de recursos devem ser priorizados em todas as agendas políticas e sociais."
Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza: a proposta da Santa Sé
Um dos pilares da mensagem é a abordagem de Francisco sobre a proposta de criação da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. O Papa também alertou contra programas que ignoram as reais necessidades dos mais pobres e enfatizou que a fome resulta de desigualdades estruturais na distribuição de recursos, não da escassez de alimentos:
"A Aliança poderia começar implementando a proposta de longa data da Santa Sé, que propõe redirecionar fundos atualmente alocados para armas e outros gastos militares para um fundo global destinado a combater a fome e promover o desenvolvimento nos países mais empobrecidos. Essa abordagem ajudaria a evitar que os cidadãos desses países tivessem que recorrer a soluções violentas ou ilusórias, ou a deixar seus países em busca de uma vida mais digna."
Solidariedade internacional como base para o futuro
Ao destacar a importância de uma solidariedade internacional baseada na fraternidade e no cuidado com a casa comum, o Santo Padre pediu ao G20 que mantenha a luta contra a fome como prioridade permanente, não apenas em momentos de crise. Ao encerrar, Francisco instou os líderes a tomarem decisões ousadas e concretas:
"A Santa Sé continuará promovendo a dignidade humana e fazendo sua contribuição específica para o bem comum, oferecendo a experiência e o engajamento das instituições católicas ao redor do mundo, para que em nosso mundo nenhum ser humano, como pessoa amada por Deus, seja privado de seu pão diário. Que o Deus Todo-Poderoso abençoe abundantemente seus trabalhos e esforços para o verdadeiro progresso de toda a família humana."
G20 no Rio de Janeiro
O G20, que reúne as 20 maiores economias do planeta, realiza sua cúpula nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro. O lema do evento, "Construindo um mundo justo e um planeta sustentável", reflete o compromisso do Brasil em promover acordos globais que combinem prosperidade econômica com inclusão social e desenvolvimento ambiental.
O encontro ocorre em um momento crítico, com o aumento de conflitos internacionais, desigualdade econômica e crises climáticas. A programação inclui debates sobre segurança alimentar, mudanças climáticas, saúde global e reforma do sistema financeiro internacional.
Além disso, o evento busca representar um compromisso com uma governança global mais equitativa e com uma transição ecológica justa e inclusiva. Entre os líderes presentes estão representantes dos Estados Unidos, China, Índia, Itália, Alemanha, França, Japão e outros países.
A comissão da Santa Sé para o G20 é composta pelo cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano; dom Giambattista Diquattro, núncio apostólico no Brasil; cardeal Orani João Tempesta, arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro; monsenhor Joseph Grech, secretário do cardeal Parolin; e por monsenhor André Sampaio, vigário episcopal do Rio de Janeiro.
(vaticannews)
Saiba como enviar suas intenções para a capela da Medalha Milagrosa, na França
Por Natalia Zimbrão
18 de nov de 2024 às 12:35
Durante todo o mês de novembro, a rede social de oração Hozana está recolhendo intenções de orações dos fiéis para levá-las à capela das aparições de Nossa Senhora das Graças, em Paris, França. As intenções serão recebidas pelas Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo e ofertadas durante a missa da Medalha Milagrosa, no dia 27 de novembro.
“Todas as intenções serão depositadas por nossa própria equipe na Capela das Aparições da Medalha Milagrosa, na Rue du Bac”, disse à ACI Digital a responsável pelo Hozana em português, Débora Moreira Araújo.
Para enviar suas intenções, é preciso acessar uma página criada por Hozana para esse objetivo. O envio deve ser feito até o dia 26 de novembro.
Nossa Senhora das Graças
Em 1830, Nossa Senhora apareceu algumas vezes para a Irmã Catarina Labouré, da Congregação das Filhas da Caridade, em Paris. A primeira aparições foi em 18 de junho, quando um anjo despertou Catarina e a conduziu até a capela. Lá, ela encontrou a Virgem Maria e conversou com ela por mais de duas horas. Ao final da conversa, Maria lhe disse: “Voltarei, minha filha, porque tenho uma missão para te confiar”.
No dia 27 de novembro daquele ano, a Santíssima Virgem voltou a aparecer para Catarina. A Mãe de Deus estava com uma veste branca e manto azul. Os pés estavam sobre um globo branco e esmagavam uma serpente. Suas mãos, à altura do coração, seguravam um pequeno globo de ouro, coroado com uma pequena cruz. Levava nos dedos anéis com pedras preciosas que brilhavam e iluminavam em toda direção.
Nossa Senhora disse: “O globo que vês representa o mundo inteiro, especialmente a França e cada alma em particular. Estes raios são o símbolo das graças que Eu derramo sobre as pessoas que me pedem. As pérolas que não emitem raios são as graças das almas que não pedem”.
O globo de ouro que a Virgem Maria estava segurando se desvaneceu e seus braços se estenderam abertos, enquanto os raios de luz continuavam caindo sobre o globo branco dos pés.
Nesse momento, formou-se um quadro oval em torno de Nossa Senhora, com as seguintes palavras em letras douradas: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.
Então, Maria pediu que Catarina mandasse cunhar a medalha, segundo o que estava vendo.
A aparição girou e no reverso estava a letra “M”, em cima dela, havia uma cruz que tinha uma barra em sua base, a qual atravessava a letra. Embaixo, aparecia o coração de Jesus, circuncidado com uma coroa de espinhos, e o coração de Nossa Senhora, transpassado por uma espada. Ao redor havia doze estrelas.
A manifestação voltou a acontecer por volta do final de dezembro de 1830 e princípio de janeiro de 1831.
Em 1832, o bispo de Paris autorizou a cunhagem da medalha e assim se espalhou pelo mundo inteiro. Com o tempo e os inúmeros milagres alcançados, a medalha ficou conhecida como “Medalha Milagrosa”.
(acidigital)
Milhares de crianças participam do Círio das Crianças em Santarém
Por Monasa Narjara
18 de nov de 2024 às 13:51
Com balões azuis e brancos, puxando a corda do Círio da Imaculada Conceição, milhares de crianças participaram ontem (17), do 18º Círio das Crianças de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Santarém (PA) junto com seus pais. A romaria antecede a 106ª edição do Círio da Imaculada Conceição, padroeira de Santarém que acontece no domingo (24), com o tema: "Maria Imaculada, Mensageira e Rainha da Paz".
O Círio das Crianças começou com missa campal às 6h45, em frente à paróquia do Santíssimo Sacramento, celebrada pelo arcebispo de Santarém, dom Irineu Roman. que ressaltou que este círio está cada vez “mais bonito, porque nós precisamos buscar a Deus, precisamos crescer na fé” e ainda destacou aos presentes que, por isso, é preciso “fazer catequese, receber as graças, os dons de Deus que a igreja” oferece através dos padres, catequistas e religiosas. “Principalmente a catequese chamada de iniciação à vida cristã, de inspiração catecumenal que é uma catequese que a gente vive, que a gente experimenta, celebra, se alegra. É uma catequese que gera felicidade nos nossos corações porque a gente experimenta a presença de Jesus que nos ama e que quer estar conosco”, frisou.
Dom Irineu também lembrou as crianças e seus pais em sua homilia que o tema do Círio da Imaculada Conceição tem uma motivação muito importante: “promover a paz entre as pessoas, entre nós, nas nossas famílias” e “termos gestos, atitudes, valores que sejam de bondade, de amor, de respeito a todos”.
Depois da missa, as crianças iniciaram a procissão com a imagem peregrina de Nossa Senhora da Imaculada Conceição até a catedral de Santarém. Durante o trajeto, as crianças rezaram e cantaram vários cânticos à Nossa Senhora.
Ao final da procissão, o arcebispo de Santarém disse que ficou “admirado pela beleza do círio das crianças deste ano” e destacou que foi “uma romaria em paz”, assim como “pede o tema do Círio deste ano”, e agradeceu a cada uma das crianças e suas famílias “pela participação bonita, tranquila, serena e calma”.
“Podemos voltar para casa realizados. Porque Nossa Senhora nos ensina a rezar, a amar, a divulgar, a promover a Palavra de Deus, anunciar a paz que vem de Jesus, que vem do Pai do céu“, finalizou dom Irineu abençoando a todos.
Hoje a Igreja celebra são Roque González e companheiros mártires
Por Redação central
19 de nov de 2024 às 00:01
A Igreja celebra hoje (19) são Roque González e companheiros mártires. O sacerdote jesuíta foi martirizado e teve o corpo queimado por anunciar o Evangelho na América do Sul. Natural do Paraguai, evangelizou também em terras brasileiras, no território que atualmente pertence ao Rio Grande do Sul.
Em 1615, fundou uma missão em Itapúa, a atual cidade da Argentina de Posadas, e logo se transladou para a outra margem do rio, que hoje se conhece como Encarnação, no Paraguai. Por isso, é reconhecido como fundador e patrono das duas cidades.
São Roque costumava chamar a Virgem de “conquistadora”, pois muitas vezes bastava que levantasse o quadro da imagem da Mãe de Deus para que os índios se convertessem.
Em 15 de novembro de 1628, celebrou a missa em Caaró, que hoje faz parte do Brasil, e foi assassinado por um cacique. Os atacantes queimaram seu corpo, mas ficou intacto o seu coração, que lhes falou a fim de que se dessem conta do que tinham feito e os convidou ao arrependimento.
O coração de são Roque se manteve incorrupto e foi levado a Roma junto ao machado de pedra com a qual foi martirizado. Atualmente, o coração e o machado se encontram na Capela dos Mártires, no Colégio de Cristo Rei, em Assunção, Paraguai.
Em 1988, são João Paulo II, durante sua visita ao Paraguai, canonizou são Roque González, os espanhóis santo Alfonso Rodríguez e são João de Castilho. Todos eles, mártires jesuítas em terras americanas.
“Nem os obstáculos de uma natureza agreste, nem as incompreensões dos homens, nem os ataques de quem via em sua ação evangelizadora um perigo para seus próprios interesses, foram capazes de atemorizar estes campeões da fé. Sua entrega sem reservas os levou até o martírio”, destacou o papa peregrino naquela celebração.
Em Caaró, município de Caibaté, encontra-se o principal santuário de veneração dos santos mártires (como ficaram conhecidos), visitado permanentemente por caravanas de romeiros.
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Hoje a Igreja celebra a dedicação das basílicas de São Pedro e São Paulo
Por Redação central
18 de nov de 2024 às 00:01
Hoje (18), a Igreja celebra a dedicação das basílicas dos apóstolos São Pedro e São Paulo, templos em Roma que contêm os restos mortais destes dois grandes nomes do cristianismo e símbolos da fraternidade e da unidade da Igreja.
A basílica de São Pedro, no Vaticano, foi construída sobre o túmulo do Apóstolo, que morreu crucificado de cabeça para baixo. No ano 323, o imperador Constantino mandou construir no local a Basílica dedicada àquele que foi o primeiro Papa da Igreja.
A atual basílica de São Pedro demorou 170 anos para ser edificada. Começou com o papa Nicolau V, em 1454, e foi concluída pelo papa Urbano VIII, que a consagrou em 18 de novembro de 1626. A data coincide com a consagração da antiga Basílica.
Bramante, Rafael, Michelangelo e Bernini, famosos artistas da história, trabalharam nela, plasmando o melhor de sua arte.
A basílica de São Pedro mede 212 metros de comprimento, 140 de largura e 133 metros de altura em sua cúpula. Não há templo no mundo que se iguale em extensão.
A basílica de São Paulo Extramuros é, depois de São Pedro, o maior templo de Roma. Também surgiu por vontade de Constantino. Em 1823, foi quase totalmente destruída por um terrível incêndio. Leão XIII iniciou sua reconstrução e foi consagrada em 10 de dezembro de 1854 pelo papa Pio IX.
Um fato interessante é que, sob as janelas da nave central nas naves laterais, em mosaico, encontram-se os retratos de todos os papas desde São Pedro até o atual, o papa Francisco.
Em 2009, por ocasião desta celebração, o papa Bento XVI disse que “esta festa nos proporciona a ocasião de ressaltar o significado e o valor da Igreja. Queridos jovens, amem a Igreja e cooperem com entusiasmo em sua edificação”.
domingo, 17 de novembro de 2024
O Dia dos Pobres e os sapatos do Papa para um sem-teto
Pe. Paweł Rytel-Andrianik e Pe. Marek Weresa - Vatican News
No oitavo Dia Mundial dos Pobres, neste domingo (17/11), o Papa
convidou os pobres e os sem-teto para a missa e uma refeição comunitária
a ser realizada na Sala Paulo VI com 1.300 pessoas. Também fará parte
desse grupo Giuseppe, um sem-teto de Roma, que há poucos dias recebeu um
par de sapatos como presente do Pontífice. Celebrar o Dia Mundial dos
Pobres significa seguir Jesus e simplesmente pensar da mesma forma como
indicado no Evangelho, porque é isso que Cristo teria feito e, portanto,
é isso que também faremos. É assim que o cardeal Konrad Krajewski, esmoleiro do Papa, explica à mídia do Vaticano sobre
o significado do evento do dia em que o Papa Francisco preside missa na
Basílica do Vaticano e depois almoça com 1.300 pessoas necessitadas na
Sala Paulo VI.
Os sapatos do Papa para um sem-teto
O cardeal, falando sobre as atividades do Dicastério para o Serviço da Caridade e os muitos exemplos de bondade e ajuda, contou sobre Giuseppe, um “sem-teto local” que vive nas ruas há anos. Esta semana, o Papa recebeu um par de sapatos tamanho 42. Francisco imediatamente entregou esse presente ao departamento da Esmolaria Apostólica. Poucas horas depois, Giuseppe chegou precisando de sapatos; ele disse que não conseguia mais andar com os velhos que estava usando. O número 42 foi providencialmente seu. “Ele recebeu imediatamente os sapatos do Santo Padre, calçou-os e também estará na refeição com o Papa no domingo.”
“A oração do pobre eleva-se até Deus”
O cardeal, referindo-se ao tema do Dia Mundial dos Pobres deste ano “A oração do pobre eleva-se até Deus”, enfatizou que o modelo em oração para nós é Jesus que, no Evangelho, nos deixou muitas imagens e exemplos que mostram a virtude da perseverança. “Nós vencemos quando rezamos a Deus”, observa Krajewski. Ao mesmo tempo, ele ressalta que como e quando Deus ouve as orações dos “pobres” é um mistério. Pode ser necessária uma atitude prolongada de oração, como na história de Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho; ou há situações em que as invocações são ouvidas muito rapidamente; mas também há casos em que as orações não são atendidas. Isso acontece por uma razão simples, diz o cardeal: o que acontece pode não ser para o meu bem. “É por isso que Deus ouve as orações que nos tornam belos, para agradar a Deus e às pessoas. Elas são para o nosso próprio bem e isso é provavelmente a coisa mais importante”, diz o esmoleiro.
Restaurar a dignidade ouvindo
Krajewski lembrou que os eventos deste domingo (17/11) são precedidos por inúmeras iniciativas para cuidar dos pobres, como o ambulatório sob a Colunata de Bernini, que fica aberto todos os dias e recebe cerca de 150 pessoas sem-teto. Todos os necessitados, mesmo as pessoas sem documentos ou que não sabem italiano, podem contar com atendimento médico abrangente. Antes de tudo, porém, é preciso ouvir o próximo, sua história e suas necessidades, porque “restaurar a dignidade também acontece ouvindo”. Essas pessoas com fragilidades são visitadas por médicos e recebem medicamentos gratuitos do Santo Padre na farmácia do Vaticano. A refeição após a Eucaristia com os pobres, organizada pelo Dicastério para o Serviço da Caridade, é oferecida pela Cruz Vermelha Italiana. No final, todos receberão dos padres da Congregação dos Sacerdotes Missionários uma mochila contendo alimentos e produtos de necessidades básicas para a vida cotidiana.
(vaticannews)
Papa Francisco: por favor, não nos esqueçamos dos pobres
Alessandro Di Bussolo - Vatican News
“Por favor, não nos esqueçamos dos pobres!”. A invocação com a qual o Papa Francisco encerra sua homilia na missa do VIII Dia Mundial dos Pobres neste domingo (17/11), na Basílica de São Pedro, é dirigida à Igreja, aos governos dos Estados e às organizações internacionais, mas também “a todos e a cada um”. E aos fiéis em Cristo, o Papa nos lembra que “é a nossa vida impregnada de compaixão e de caridade que se torna sinal da presença do Senhor, sempre próximo do sofrimento dos pobres, para aliviar as suas feridas e mudar a sua sorte”. Porque a esperança cristã precisa de “cristãos que não se viram para o outro lado” e que sintam “a mesma compaixão do Senhor diante dos pobres”. Francisco sublinhou isso lembrando uma advertência do cardeal Martini: somente servindo os pobres “a Igreja ‘torna-se’ ela mesma, isto é, uma casa aberta a todos, um lugar da compaixão de Deus pela vida de cada homem”.
Jesus se tornou pobre por nós
Em uma Basílica lotada, com a presença dos pobres que mais tarde almoçam com ele na Sala Paulo VI, o Pontífice abre a celebração com a exortação do ato penitencial: “Com o olhar fixo em Jesus Cristo, que se fez pobre por nós e rico de amor para com todos, reconheçamos que precisamos da misericórdia do Pai”. O celebrante no altar é o arcebispo Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização.
Na escuridão deste tempo, brilha uma esperança inabalável
Na homilia, o Papa Francisco relê a passagem do Evangelho de Marcos,
na liturgia deste XXXIII Domingo do Tempo Comum, com as palavras de
Jesus aos discípulos antes de sua paixão, descrevendo “o estado de
espírito daqueles que viram a destruição de Jerusalém”, mas também a
chegada extraordinária do Filho do Homem. “Quando tudo parece
desmoronar-se, que Deus vem, que Deus se aproxima, que Deus nos reúne
para nos salvar”.
Jesus convida-nos a ter um olhar mais aguçado, a ter olhos capazes de “ler por dentro” os acontecimentos da história, para descobrir que, mesmo na angústia dos nossos corações e dos nossos tempos, há uma esperança inabalável que resplandece.
Angústia e impotência diante da injustiça do mundo
Neste Dia Mundial dos Pobres, portanto, o Papa nos convida a nos
determos nas duas realidades, “angústia e esperança, que sempre duelam
entre si na arena do nosso coração”. Ele começa com a angústia, tão
difundida em nosso tempo, “onde a comunicação social amplifica os
problemas e as feridas, tornando o mundo mais inseguro e o futuro mais
incerto”. Se o nosso olhar, enfatiza, “se detém apenas na crônica dos
acontecimentos, dentro de nós a angústia ganha terreno”, porque ainda
hoje, como na passagem do Evangelho, “vemos o sol escurecer e a lua se
apagar, vemos a fome e a carestia que oprimem tantos irmãos e irmãs,
vemos os horrores da guerra e a morte de inocentes”. E corremos o risco
de “afundarmos no desânimo e de não nos apercebermos da presença de Deus
no drama da história. Assim, condenamo-nos à impotência".
Vemos crescer à nossa volta a injustiça que causa a dor dos pobres, mas juntamo-nos à corrente resignada daqueles que, por comodismo ou por preguiça, pensam que “o mundo é assim mesmo” e que “não há nada que eu possa fazer”. Desse modo, até a própria fé cristã é reduzida a uma devoção inócua, que não incomoda os poderes deste mundo e não gera um compromisso concreto de caridade.
A ressurreição de Jesus acende a esperança
Francisco cita a sua Exortação Apostólica Evangelii gaudium para
nos lembrar que, “enquanto crescem as desigualdades e a economia
penaliza os mais fracos, enquanto a sociedade se consagra à idolatria do
dinheiro e do consumo”, acontece que “os pobres e os excluídos não
podem fazer outra coisa senão continuar a esperar”. Mas no quadro
apocalíptico que acaba de ser descrito no Evangelho, Jesus “acende a
esperança”, descrevendo a chegada do Filho do Homem “com grande poder e
glória”, para reunir “os seus eleitos dos quatro ventos”. Assim, ele
“alarga o nosso olhar para que aprendamos a perceber, mesmo na
precariedade e na dor do mundo, a presença do amor de Deus que se faz
próximo, que não nos abandona, que atua para a nossa salvação”. Jesus,
lembra o Pontífice, está apontando “inicialmente para a sua morte que
terá lugar pouco depois”, mas também para “o poder da sua ressurreição”
que destruirá as cadeias da morte, “e um mundo novo nascerá das ruínas
de uma história ferida pelo mal”. Jesus nos dá essa esperança por meio
da bela imagem da figueira: “quando seus ramos ficam verdes e as folhas
começam a brotar, sabeis que o verão está perto”.
Do mesmo modo, também nós somos chamados a ler as situações da nossa história terrena: onde parece haver apenas injustiça, dor e pobreza, precisamente naquele momento dramático, o Senhor aproxima-se para nos libertar da escravidão e fazer brilhar a vida.
Você olha nos olhos a pessoa que ajuda?
E isso é feito, ele explica, “com nossa proximidade cristã, com a nossa fraternidade cristã”.
Não se trata de jogar uma moeda nas mãos de quem precisa. Àquele que dá a esmola, eu pergunto duas coisas: “Você toca as mãos das pessoas ou joga a moeda sem tocá-las? Você olha nos olhos a pessoa que ajuda ou desvia o olhar?”.
Perto do sofrimento dos pobres
Cabe a nós, seus discípulos, continua o Papa Francisco, que graças ao
Espírito Santo podemos semear essa esperança no mundo. “Somos nós" - e
aqui ele cita sua Encíclica Fratelli tutti - "que podemos e devemos acender luzes de justiça e de solidariedade, enquanto se adensam as sombras de um mundo fechado".
Somos nós que a sua Graça faz brilhar, é a nossa vida impregnada de compaixão e de caridade que se torna sinal da presença do Senhor, sempre próximo do sofrimento dos pobres, para aliviar as suas feridas e mudar a sua sorte.
Desvio o olhar diante da dor dos outros?
Não esqueçamos, é a invocação do Papa, que a esperança cristã, “que
se realizou em Jesus e se concretiza no seu Reino, precisa de nós e do
nosso empenho, de uma fé operosa na caridade, de cristãos que não passam
para o outro lado do caminho". E aqui ele lembra a imagem de um
fotógrafo romano de um casal de adultos saindo de um restaurante, que
olhava para o outro lado para não cruzar dom o olhar de “uma pobre
senhora, deitada no chão, pedindo esmolas”.
Isso acontece todos os dias. Perguntemos a nós mesmos: eu olho para o outro lado quando vejo a pobreza, as necessidades, a dor dos outros?
Francisco cita então um teólogo do século XX, Metz, quando dizia que a
fé cristã deve gerar em nós uma “mística de olhos abertos”: “não uma
espiritualidade que foge do mundo, mas, pelo contrário, uma fé que abre
os olhos aos sofrimentos do mundo e às aflições dos pobres, para exercer
a mesma compaixão de Cristo”.
“Eu sinto a mesma compaixão do Senhor diante dos pobres, diante daqueles que não têm trabalho, que não têm o que comer, que são marginalizados pela sociedade?”
Mesmo com o nosso pouco, podemos melhorar a realidade
E, continua o Papa Francisco, “não devemos olhar apenas para os
grandes problemas da pobreza mundial, mas para o pouco que todos nós
podemos fazer todos os dias".
Com o nosso estilo de vida, com o cuidado e a atenção pelo
ambiente em que vivemos, com a busca tenaz da justiça, com a partilha
dos nossos bens com os mais pobres, com o engajamento social e político
para melhorar a realidade que nos rodeia..
Por favor, não nos esqueçamos dos pobres
Assim, “o nosso pouco será como as primeiras folhas que brotam na
figueira: uma antecipação do verão que está próximo”. Concluindo, o Papa
recorda uma advertência do cardeal Carlo Maria Martini, quando disse
“que devemos ter cuidado ao pensar que existe primeiro a Igreja, já
sólida em si mesma, e depois os pobres dos quais escolhemos cuidar. Na
realidade, tornamo-nos a Igreja de Jesus na medida em que servimos os
pobres, pois somente assim «a Igreja “torna-se” ela mesma, isto é, uma
casa aberta a todos, um lugar da compaixão de Deus pela vida de cada
homem»”.
Digo-o à Igreja, digo-o aos governos dos Estados e às organizações internacionais, digo-o a todos e a cada um: por favor, não nos esqueçamos dos pobres.
Projeto de caridade pela Síria e almoço com os pobres
Antes da missa, o Papa Francisco abençoou simbolicamente 13 chaves, representando os 13 países nos quais a Famvin Homeless Alliance (FHA), da Família Vicentina, construirá novas casas para pessoas necessitadas com o Projeto “13 Casas” para o Jubileu. Entre esses países está também a Síria, cujas 13 casas serão financiadas diretamente pela Santa Sé como um gesto de caridade para o Ano Santo. Um ato de solidariedade que se tornou possível graças a uma generosa doação da UnipolSai, que desejou entusiasticamente contribuir, no período que antecedeu o Ano Santo, com esse sinal de esperança para uma terra ainda devastada pela guerra.
No final da missa e após a recitação do Angelus, o Papa almoça na Sala Paulo VI junto com 1.300 pessoas pobres. O almoço, organizado pelo Dicastério para o Serviço da Caridade, é oferecido este ano pela Cruz Vermelha Italiana e animado por sua Fanfarra Nacional. No final do almoço, cada pessoa recebe uma mochila oferecida pelos Padres Vicentinos (Congregação da Missão), contendo alimentos e produtos de higiene pessoal.