terça-feira, 17 de setembro de 2013

Mais de 20 horas depois, o Costa Concordia está finalmente direito



Depois de 20 meses encalhado na ilha toscana de Giglio e de mais de 20 horas de trabalho, o navio de cruzeiro Costa Concordia está finalmente direito, naquela que foi uma complexa e inédita operação de resgaste.
A manobra começou ao início da manhã de segunda-feira e já só foi concluída durante a madrugada, perto das 5h (4h em Lisboa). Porém, ainda durante o dia de segunda-feira já era possível vislumbrar o casco enferrujado a emergir da água, apesar de as manobras que se previam demorar 12 horas estarem claramente atrasadas.



“A operação de rotação terminou e o barco está na posição vertical”, anunciou Franco Gabrielli, chefe da protecção civil italiana à imprensa, que considerou que os trabalhos terminaram com sucesso. “É realmente impressionante ver o estado em que está o barco. E isso incomoda porque temos os olhos postos numa tragédia”, acrescentou, por seu lado, o almirante Stefano Tortora, um dos especialistas presentes nas manobras.



Já o perito que dirigiu todas as operações, Nick Sloane, foi recebido com uma grande ovação assim que o barco ficou na posição pretendida. “Grande Nick! Bom trabalho!”, ouviam-se vários curiosos a dizer no local, onde se trocaram vários abraços.



“Vê-lo ressurgir da água foi muito emocionante para mim”, acrescentou Luciano Castro, um dos sobreviventes do acidente que quis assistir às operações.



Agora, o El País descreve que à vista ficou o estado do barco envolvido num dos acidentes mais aparatosos da história, nomeadamente devido aos meses de contacto da embarcação com o fundo rochoso. O Costa Concordia naufragou a 13 de Janeiro de 2012 e no acidente morreram 32 pessoas.



O jornal diz que no local estão mais de 350 jornalistas a acompanhar as operações e que as autoridades italianas e a Costa Cruceros (proprietária do Costa Concordia) têm tentado com esta manobra inédita apagar o fatídico incidente que resultou de uma manobra inconsequente do comandante Francesco Schettino, que está ainda a ser julgado, sendo que outros cinco co-responsáveis já foram condenados.



Francesco Schettino terá ordenado a aproximação do grande paquete à ilha de Giglio, na Toscânia, uma prática comum para proporcionar uma boa vista aos turistas a bordo, mas que neste caso terá ido longe demais. O navio encalhou e tombou sobre um dos lados. Seguiram-se momentos de caos, com procedimentos de emergência mal conduzidos e com o comandante a abandonar o navio antes de este ter sido totalmente evacuado.



500 pessoas para endireitar o barco
Agora, cerca de 500 pessoas participaram nesta operação para endireitar o barco, uma estreia mundial para um navio deste tamanho — 114 mil toneladas, 290 metros de comprimento, 35 metros de largura, 57 metros de altura —, sob a direcção do perito sul-africano em resgates de navios Nick Sloane. Ao todo, o processo custará cerca de 600 milhões de euros, sendo que só o barco custou em 2006 450 milhões.



O navio, que estava completamente deitado sobre o flanco direito, foi estabilizado graças a centenas de sacos de cimento colocados por mergulhadores no fundo do mar, e por uma plataforma do tamanho de um campo de futebol que foi fixada debaixo de água, e na qual foram postos a repousar os blocos colocados no flanco esquerdo do navio assim que este ficou na vertical.

 

(PÚBLICO 17/09/2013 - 08:21 (actualizado às 09:12))

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