Depois de 20 meses encalhado na ilha
toscana de Giglio e de mais de 20 horas de trabalho, o navio de cruzeiro Costa
Concordia está finalmente direito, naquela que foi uma complexa e inédita
operação de resgaste.
A manobra começou ao início da manhã de segunda-feira
e já só foi concluída durante a madrugada, perto das 5h (4h em Lisboa). Porém,
ainda durante o dia de segunda-feira já era possível vislumbrar o casco
enferrujado a emergir da água, apesar de as manobras que se previam demorar 12
horas estarem claramente atrasadas.
“A operação de rotação terminou e o
barco está na posição vertical”, anunciou Franco Gabrielli, chefe da protecção
civil italiana à imprensa, que considerou que os trabalhos terminaram com
sucesso. “É realmente impressionante ver o estado em que está o barco. E isso
incomoda porque temos os olhos postos numa tragédia”, acrescentou, por seu
lado, o almirante Stefano Tortora, um dos especialistas presentes nas
manobras.
Já o perito que dirigiu todas as
operações, Nick Sloane, foi recebido com uma grande ovação assim que o barco
ficou na posição pretendida. “Grande Nick! Bom trabalho!”, ouviam-se vários
curiosos a dizer no local, onde se trocaram vários abraços.
“Vê-lo ressurgir da água foi muito
emocionante para mim”, acrescentou Luciano Castro, um dos sobreviventes do
acidente que quis assistir às operações.
Agora, o El País descreve que à
vista ficou o estado do barco envolvido num dos acidentes mais aparatosos da
história, nomeadamente devido aos meses de contacto da embarcação com o fundo
rochoso. O Costa Concordia naufragou a 13 de Janeiro de 2012 e no
acidente morreram 32 pessoas.
O jornal diz que no local estão mais de
350 jornalistas a acompanhar as operações e que as autoridades italianas e a
Costa Cruceros (proprietária do Costa Concordia) têm tentado com esta
manobra inédita apagar o fatídico incidente que resultou de uma manobra
inconsequente do comandante Francesco Schettino, que está ainda a ser julgado,
sendo que outros cinco co-responsáveis já foram condenados.
Francesco Schettino terá ordenado a
aproximação do grande paquete à ilha de Giglio, na Toscânia, uma prática comum
para proporcionar uma boa vista aos turistas a bordo, mas que neste caso terá
ido longe demais. O navio encalhou e tombou sobre um dos lados. Seguiram-se
momentos de caos, com procedimentos de emergência mal conduzidos e com o
comandante a abandonar o navio antes de este ter sido totalmente evacuado.
500 pessoas para endireitar o barco
Agora, cerca de 500 pessoas participaram
nesta operação para endireitar o barco, uma estreia mundial para um navio deste
tamanho — 114 mil toneladas, 290 metros de comprimento, 35 metros de largura,
57 metros de altura —, sob a direcção do perito sul-africano em resgates de
navios Nick Sloane. Ao todo, o processo custará cerca de 600 milhões de euros,
sendo que só o barco custou em 2006 450 milhões.
O navio, que estava completamente
deitado sobre o flanco direito, foi estabilizado graças a centenas de sacos de
cimento colocados por mergulhadores no fundo do mar, e por uma plataforma do
tamanho de um campo de futebol que foi fixada debaixo de água, e na qual foram
postos a repousar os blocos colocados no flanco esquerdo do navio assim que
este ficou na vertical.
(PÚBLICO 17/09/2013 - 08:21 (actualizado
às 09:12))
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