sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Água direito humano


· À Pontifícia Academia das ciências ·

No momento em que a comunidade científica de todo o mundo festeja a descoberta de sete planetas que poderiam ter água e, por conseguinte, vida, na terra o problema da diminuição de recursos hídricos começa a tornar-se cada vez mais sentido. Com o objetivo de oferecer «contributos e perspetivas interdisciplinares sobre a centralidade das políticas públicas na gestão da água e dos serviços de saneamento», noventa e cinco estudiosos provenientes dos cinco continentes reuniram-se no Vaticano para um seminário sobre o direito humano à água, inaugurado a 23 de fevereiro.
Os trabalhos prosseguem até ao dia 24 na Casina Pio IV, sede da Pontifícia Academia das ciências, que os organizou em colaboração com «La Cátedra del dialogo y la cultura del encuentro», espaço académico de muitas vozes inspirado pelo Papa na Argentina. Entre os convidados, o climatologista norte-americano Peter Gleick, o ativista indiano Rajendra Singh e o seu concidadão Asit Biswas, co-fundador do Centro do terceiro mundo para a gestão da água – com sede no México – e vencedor do Stockholm Water Prize de 2006, conhecido como o prémio Nobel da água; o diretor do comité técnico da associação mundial para a água Jerome Delli Priscoli e o presidente do Conselho mundial da água, o brasileiro Benedito Braga; o rabino-chefe de Roma, Riccardo Di Segni, e o diretor executivo do grupo hidrológico palestino, Ayman Rabi. Entre os presentes estava também o cardeal brasileiro Cláudio Hummes, presidente da Rede pan-amazônica, o bispo chanceler da Pontifícia academia Marcelo Sánchez Sorondo, o diretor-geral e o diretor executivo da Cátedra, respetivamente Luis Liberman e Gabriela Sacco.
Segundo Liberman «o Papa Francisco, na encíclica Laudato si', disse claramente que a defesa dos nossos recursos naturais não é só um problema ambiental: devemos ir rumo a uma ecologia integral, porque não podemos pensar no homem e na subjetividade humana fora do ambiente que a contém, constrói e condiciona». É preciso, recordou Gabriela Sacco, «abrir um espaço de elevada reflexão e, sobretudo, de propostas a nível internacional». De resto, explica a página do site da Pontifícia Academia das ciências dedicada ao seminário, «Aristóteles disse-nos que, segundo Tales de Mileto, “tudo começa na água”». E esta antiga intuição é confirmada pela ciência moderna «que considera o ciclo da água fundamental para a vida na terra, sendo isto que a diferencia dos outros planetas. Portanto, se este ciclo de vida fosse comprometido pelas mudanças climáticas – advertem os académicos – a terra tornar-se-ia como Marte ou os outros planetas sem vida».
(osservatoreromano)
23 de Fevereiro de 2017


Sem comentários: