sábado, 29 de agosto de 2020

Palavra de Vida – agosto 2020



Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?” (Rm 8,35)

 

A carta que o apóstolo Paulo escreveu aos cristãos de Roma é um texto extraordinariamente rico de conteúdo. De facto, Paulo revela aqui a força do Evangelho na vida das pessoas que o acolhem, a revolução que este anúncio traz: o amor de Deus liberta-nos! 

Paulo fez esta experiência e quer testemunhá-la, com as palavras e com o exemplo. A sua fidelidade ao chamamento de Deus vai levá-lo precisamente a Roma, onde terá a ocasião de dar a vida pelo Senhor. 

Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?

 

Pouco antes, Paulo tinha afirmado: «Deus está por nós». (1) Para ele, o amor de Deus por nós é o amor do Esposo fiel, que nunca abandonará a sua esposa, a quem se ligou livremente com um vínculo indissolúvel, à custa do seu próprio sangue. 

Portanto, Deus não é um juiz, pelo contrário, é Aquele que assume a nossa defesa. 

Por isso, nada nos poderá separar de Deus, porque nos encontrámos com Jesus, o seu Filho amado. 

Nenhuma dificuldade, grande ou pequena, que possamos encontrar, em nós e fora de nós, é um obstáculo intransponível para o amor de Deus. Pelo contrário, diz Paulo, é precisamente nestas situações que todo aquele que confia em Deus e a Ele se entrega sai “super-vencedor” .(2) 

Neste nosso tempo de super-heróis e super-homens, que têm a pretensão de querer vencer tudo com a arrogância e o poder, a proposta do Evangelho é a mansidão construtiva e a abertura às razões dos outros. 

Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?

 

Para poder compreender e viver melhor esta Palavra, pode-nos ajudar a sugestão de Chiara Lubich: «Claro que nós acreditamos, ou, pelo menos, dizemos que queremos acreditar no amor de Deus. Mas muitas vezes […] a nossa fé não é tão corajosa como deveria ser […] nos momentos de provação, como nas doenças ou nas tentações. Facilmente nos deixamos invadir pela dúvida: «Será mesmo verdade que Deus me ama?». Mas não, não devemos duvidar! Temos que nos abandonar confiadamente, sem reservas, no amor do Pai. Temos que vencer a escuridão e o vazio que possamos encontrar, abraçando bem a cruz. Depois, lançarmo-nos a amar a Deus, fazendo a Sua vontade, e a amar o próximo. Se assim fizermos, experimentaremos, juntamente com Jesus, a força e a alegria da ressurreição. Verificaremos como é verdade que, para quem crê e se abandona no Seu amor, tudo se transforma: o negativo torna-se positivo, a morte torna-se nascente de vida e das trevas veremos despontar uma luz maravilhosa». (3)

 

Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?

 

Até na sombria tragédia da guerra, quem continua a acreditar no amor de Deus pode abrir clareiras de humanidade: «O nosso país encontra-se numa guerra absurda, aqui nos Balcãs. Ao meu esquadrão chegavam também soldados vindos da linha da frente, com imensos traumas porque tinham visto morrer parentes e amigos diante dos seus olhos. Eu não podia fazer mais nada senão amá-los, pessoalmente, como conseguia. Nos raros momentos de pausa, procurava falar-lhes do muito que se tem na alma nestas circunstâncias, chegando a falar-lhes até de Deus, mesmo se muitos deles não acreditavam. Num destes momentos de diálogo, fiz a proposta de chamar um sacerdote para celebrar a Missa. Todos aceitaram e alguns quiseram confessar-se, mesmo se há vinte anos não o faziam. Posso dizer que Deus estava ali connosco».

Letizia Magri

 1) Rom 8, 31. 2) cf. Rom 8, 37. 3) CLubich, Palavra de Vida de agosto de 1987in Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, p. 393.

 

(focolares)

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