quinta-feira, 1 de julho de 2021

Assinado em Lisboa um memorando que deverá traduzir-se em iniciativas de justiça social e económica

 


Compromisso e colaboração


Foi assinado recentemente, por iniciativa da Rede ecuménica portuguesa “Cuidar da casa comum”, um memorando para encontrar práticas conjuntas e úteis em vista de um caminho de conversão ecológica em todas as comunidades cristãs de Portugal. A assinatura do acordo coincidiu com uma série de datas importantes: o cinquentenário do Conselho português de Igrejas cristãs (Copic), o 20º aniversário da Lei sobre a liberdade religiosa em Portugal e o 20º aniversário da Carta ecuménica para a Europa, documento histórico cujas diretrizes visam aumentar a colaboração entre as Igrejas, favorecendo a construção de uma Europa mais democrática e pacífica.

Graças ao memorando, as diferentes Igrejas do país lusitano, apesar das suas especificidades, poderão encontrar áreas transversais de compromisso e colaboração, a fim de que «as dimensões ecológicas e ecoteológica possam traduzir-se em justiça social e económica». Com este compromisso ambiental, o objetivo final é «promover um comércio mais justo, que respeite a dignidade humana, não explore o trabalho dos migrantes ou dos menores e promova maior igualdade entre homens e mulheres». A reflexão conjunta que está na base do documento — frisam os responsáveis da Rede ecuménica — «parte de uma interpretação bíblica comum, que considera a criação um dom de Deus e o homem seu administrador». Neste sentido, o memorando apresenta «grandes oportunidades para uma intervenção social mais concreta por parte das Igrejas em Portugal». Com efeito, a salvaguarda da criação e a promoção da ecologia integral são «um caminho privilegiado de colaboração entre as Igrejas». Por este motivo, foi desenvolvida «uma tabela de avaliação ecológica» para estimar como «os lugares de culto, a vida das comunidades e o seu território circunvizinho» podem progredir rumo a «uma conversão ecológica eficaz, para melhorar a relação com o meio ambiente». Naturalmente, será central a dimensão da oração ecuménica, que ajudará a compreender que «cada ação deriva de um mandato de Deus».

Além disso, a Rede ecuménica portuguesa propõe-se aprofundar e divulgar a encíclica Laudato si’ do Papa Francisco nas respetivas instituições, organizações e movimentos; em particular, acompanhar as questões ecológicas de alcance nacional e mundial, sempre à luz da encíclica, de modo a «despertar a consciência coletiva sobre a sua urgência e relevância», sugerindo nas paróquias, escolas e movimentos «caminhos de ação concreta para uma ecologia integral». A este propósito, “Cuidar da casa comum” criou um website especial «para encorajar uma reflexão sobre os estilos de vida pessoais e coletivos, para partilhar testemunhos e comportamentos de ecologia integral e para construir pontes com iniciativas relevantes tanto a nível eclesial como civil».

A assinatura do memorando foi precedida por uma celebração eucarística na catedral lusitana de São Paulo, na rua das Janelas Verdes em Lisboa, na qual participaram entre outros o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Comissão para a liberdade religiosa, José Vera Jardim, os presidentes da Conferência episcopal portuguesa e da Aliança evangélica portuguesa, respetivamente D. José Ornelas Carvalho, bispo de Setúbal, e António Calaim. Em representação da Conferência das Igrejas europeias (Cie) e do presidente da Conferência das Igrejas protestantes dos países latinos na Europa, estavam presentes respetivamente, o reverendo Christian Krieger e o pastor Alfredo Abad.

      

(osservatoreromano.va)

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