O Papa, Camilianos: uma profecia encarnada que olha a realidade da doença com os olhos de Jesus
"O nosso tempo é marcado por um individualismo e uma indiferença que geram solidão e causam o descarte de muitas vidas. A resposta cristã não está na constatação resignada do presente ou no arrependimento nostálgico do passado, mas na caridade que, animada pela confiança na Providência, sabe amar o seu tempo e, com humildade, testemunha o Evangelho", disse Francisco aos Camilianos.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (16/05), na Sala do Consistório, no Vaticano, os participantes do Capítulo Geral da Ordem dos Ministros dos Enfermos, conhecidos como Camilianos, que recentemente elegeu o seu novo Superior Geral, pe. Pedro Celso Tramontin.
"Qual é a profecia camiliana hoje?" perguntou o Papa, dizendo, a seguir que os camilianos procuram "encontrar novos caminhos de evangelização e proximidade, a fim de realizar com fidelidade dinâmica o seu carisma, que os coloca a serviço dos doentes".
Transformado pelo amor de Deus, São Camilo de Lellis "sentiu o chamado para dar vida a uma nova família religiosa que, imitando a compaixão e a ternura de Jesus em relação ao sofrimento no corpo e no espírito, vivesse o mandamento do amor, difundindo com alegria o anúncio do Evangelho e cuidando dos mais frágeis".
São Camilo encarnou bem o estilo do Bom Samaritano
O nosso tempo é marcado por um individualismo e uma indiferença que geram solidão e causam o descarte de muitas vidas. Essa é a nossa cultura hoje, não é? Individualismo, indiferença, o que fazem? Geram solidão e causam o descarte: a cultura do descarte. A resposta cristã não está na constatação resignada do presente ou no arrependimento nostálgico do passado, mas na caridade que, animada pela confiança na Providência, sabe amar o seu tempo e, com humildade, testemunha o Evangelho.
Foi o que fez São Camilo de Lellis, "uma das figuras de santos que melhor encarnou o estilo do Bom Samaritano, de se aproximar do irmão ferido ao longo do caminho. Nesta escolha de vida está o ponto de virada para sair das sombras de um mundo fechado e gerar um mundo aberto".
A vocês, irmãos, o dom e a tarefa de se inspirarem nele para olhar a realidade do sofrimento, da doença e da morte com os olhos de Jesus. Desta forma, vocês farão da profecia camiliana, uma profecia encarnada, que impele a carregar os fardos dos outros, as feridas e as inquietações dos irmãos e irmãs mais vulneráveis. Isso requer abertura dócil ao Espírito Santo, que é a alma de todo dinamismo apostólico, e requer uma certa dose de audácia, para descobrir e percorrer juntos caminhos inexplorados ou expressar em novas formas o potencial do carisma e do ministério camiliano.
"Esse seu estilo de vida e apostolado, dedicado especialmente ao serviço dos doentes e das pessoas frágeis e idosas, combina bem duas dimensões essenciais da vida cristã: o desejo de um testemunho extrovertido e concreto aos outros, e a necessidade de se compreender segundo os cânones da pequenez evangélica", disse ainda o Papa.
Preservar a memória do primeiro amor
Francisco recordou que "o bem feito a uma irmã ou um irmão sofredor é um presente dado a Jesus, e quando vivido e oferecido todos os dias com alegria, mesmo que invisível aos olhos do mundo, nunca se perde, mas, como uma semente que cai na terra, brota e dá fruto. Preservem a memória do primeiro amor com o qual Jesus conquistou seu coração, a fim de sempre renovar das raízes sua escolha de vida consagrada. Voltar sempre às raízes do primeiro amor, porque ali está a nossa identidade religiosa: o primeiro diálogo com Jesus, o chamado".
O Papa os encorajou a "colaborar com o Espírito Santo na busca de todo caminho para viver seu carisma de misericórdia, valorizando também a colaboração com os leigos, especialmente com os agentes de saúde. Cultivar entre vocês e com todos a espiritualidade da comunhão os ajudará a discernir melhor o que o Senhor quer de vocês".
Se queremos oferecer às pessoas um bom "hospital de campo", onde quem está ferido possa encontrar e sentir a proximidade e ternura de Cristo, se queremos isso, não podemos renunciar ao carisma de São Camilo de Lellis. Cabe a vocês dar mãos, pés, mentes e corações a este presente de Deus, para que continue suscitando as obras de Deus em nosso tempo.
(vaticannews)
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