“Se não tem compaixão por seu semelhante, como poderá pedir perdão pelos próprios pecados?”
Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News
O tema da liturgia deste domingo continua sendo o ato de perdoar, agora refletido como necessidade para ser feliz.
O Livro do Eclesiástico nos diz que: “O rancor e o ódio são coisas detestáveis; até o pecador procura dominá-las.” “Quem se vingar encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas de seus pecados.” Quando nos deixamos levar por esses sentimentos, não só não reparamos a injustiça que nos atingiu, mas o mal irá se agravar.
Sabemos que o homem verdeiramente religioso perdoa, e isso garante sua relação com Deus porque Deus é misericórdia e nos criou à sua imagem e semelhança. Fomos criados à imagem da misricórdia e do perdão.
“Se não tem compaixão por seu semelhante, como poderá pedir perdão pelos próprios pecados?”
O mais humano, o mais racional é perdoar as injustiças cometidas contra nós, para que Deus perdoe as nossas. O ódio, a vingança só acrescentam mágoas, dores e outros sentimentos negativos, enquanto o perdão leva à vida, à reconstrução, à liberdade. O perdão abre as portas ao diálogo, à possibilidade de aliança, “devolve ao outro o direito de ser feliz”.
No Evangelho de hoje Jesus nos diz em “perdoar setenta vezes sete” o irmão, isto é, perdoar sempre.
Apesar de textos como o do Eclesiástico estarem presentes no mundo judeu da época, era para todos muito difícil perdoar algumas faltas e principalmente se eram cometidas várias vezes pela mesma pessoa. Também nós, alguns milênios depois, temos as mesmas dificuldades. Pedro, nesse momento, representa toda a Humanidade que pergunta ao Senhor quantas vezes deve-se perdoar.
Para o Mestre, o perdão deve ser total e contínuo. Deve ser uma atitude, uma postura de vida. Para isso ele nos ensina o Pai-Nosso que diz: “Perdoai as nossas ofensas, assim como perdoamos aos que nos têm ofendido”.
Jesus conta uma parábola: um rei pediu que um de seus empregados que lhe devia uma pequena fortuna lhe pagasse. Este, evidentemente, jamais teria esse dinheiro e suplicou por perdão. O rei, compassivo, perdoou. Contudo o empregado perdoado, ao sair da presença do rei, encontrou um companheiro que lhe devia uma quantia pequena, cerca de três salários mínimos. Ele, simplesmente, agarrou o companheiro pelo pescoço e exigiu o pagamento. Também esse fêz como ele. Ficou de joelhos e pediu um tempo para pagar. Mas ele não agiu como o rei que lhe perdoara a dívida, ao contrário, mandou prender o colega. Quando o rei soube do ocorrido, ficou indignado e mandou prender o empregado, a quem chamou de servo mau e cruel.
O rei da parábola possuía misericórdia, enquanto seu empregado, não.
Deus é esse rei que nos perdoa todas as nossas imensas dívidas. Por isso devemos agir como Ele e perdoar aos que nos devem. “Filho de peixe, peixinho é!” Deus nos fêz à Sua imagem e semelhança!
O perdão é conatural ao ser humano, contudo, o não perdoar é antinatural, é desumano! Desfigura o homem e a sociedade. Favorece o progresso da violência instaurando a cultura da morte. Isso trás o inferno para o nosso dia a dia.
Ao contrário, se somos humanos e perdoamos, estamos trabalhando pela paz, pela nova sociedade, instaurando a Civilização do Amor!
(vaticannewsa)
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