Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News
A mensagem da liturgia deste domingo nos
propõe refletir sobre o papel do profeta, do homem enviado por Deus
para nos comunicar seus desejos e orientações, em relação à nossa vida.
Na primeira leitura vemos o Profeta Amós sendo expulso, pelo sacerdote Amasias, da cidade de Betel, porque denunciou as coisas erradas feitas pelo rei Jeroboão II. Amós respondeu que não poderia obedecer a essa ordem, pois fora investido dessa função por Deus, quando era apenas, em sua cidade, um pastor de gado e recebera, do Senhor, a missão de profetizar em Israel, o que ora fazia. O profeta disse que a prosperidade em Israel é fruto de injustiças, de exploração do pobre e do humilde e, portanto, todo o bem estar desfrutado pelas classes poderosas, percebido inclusive na frequência ao Templo, era vazio e sustentado pela exploração do pequeno. Evidentemente isso agredia o rei, os sacerdotes e toda a classe de dirigentes e famílias bem constituídas.
No Evangelho, Jesus chama seus
discípulos e os envia às pessoas para libertá-las dos males. Ao mesmo
tempo deu orientações para saberem como deveriam realizar a incumbência.
Será na simplicidade e na total confiança no poder de Deus que a missão
será exercida. Mas por que o Senhor os enviou com observações claras
sobre simplicidade? E quais eram os males dos quais os apóstolos são
enviados para libertar os homens?
O gênero humano é o mesmo, desde a época
de Amós, passando pela época de Jesus e chegando ao nosso tempo. Todos
são envolvidos pelos males, os mesmos que Jesus exorcizou em sua
tentação no deserto: a riqueza, o poder, a soberba. Todos esses, com
suas versões contemporâneas, levam o ser humano a ser opressor, egoísta
e, profundamente infeliz. Podemos constatar isso através de notícias
atuais e até de nossa própria experiência.
Existe um dito popular: “O homem feliz
não tinha camisa!” Esse dito quer nos dizer que a felicidade não está em
possuir coisas. É a sabedoria popular nos alertando contra o desejo de
posse, contra a concupiscência do ter. Deus quer o homem feliz, o criou
para isso, mas a atração pelo consumismo e pela saciedade dos instintos
pode levá-lo ao inferno, isto é, à infelicidade absoluta, longe do irmão
e de Deus.
Outro perigo que essas duas leituras nos
alertam, especialmente a primeira, é sobre o presente que corrompe.
Amasias, o sacerdote que expulsou o profeta Amós, fez isso não porque
fosse cego ou sem inteligência para perceber a situação de injustiça,
mas porque era empregado do rei. Era Jeroboão II quem pagava seu salário
e, além de prestígio, certamente, recebia dele homenagens, privilégios e
portanto, não era livre para lutar pela verdade! Também esse é um dos
grandes males de que Jesus veio nos libertar, a conivência e omissão,
principalmente quando temos culpa no cartório.
Já Amós, era livre e independente. Seu único patrão, seu único senhor era Deus e, também, sua consciência.
Por outro lado dizemos, de acordo com a
segunda leitura, que Deus, nosso Pai e nosso Senhor nos cumulou, em
Jesus Cristo, com todos os bens imperecíveis. A partir da vocação de
sermos irmãos em Cristo, o Pai nos deu a felicidade completa, o céu, a
proximidade Dele, e dos irmãos, para sempre. Jesus, o homem livre,
deverá ser o nosso exemplo de filho, de irmão, de missionário. Além de
ser livre, nos indicou o caminho para a liberdade, ao declarar que a
verdade liberta.
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