segunda-feira, 30 de setembro de 2024
Papa agradece a Nossa Senhora pela viagem à Bélgica e Luxemburgo
Vatican News
Ao retornar ao Vaticano neste domingo, 29/09, vindo do Aeroporto de Fiumicino, o Papa Francisco fez uma breve visita à Basílica de Santa Maria Maior. De acordo com a Sala de Imprensa da Santa Sé, o Santo Padre fez uma pausa para rezar diante do ícone de Maria Salus Populi Romani, para expressar sua gratidão pela proteção materna da Virgem Maria durante sua Viagem Apostólica a Luxemburgo e à Bélgica.
Em seguida, o Papa Francisco foi diretamente à sua residência, a Casa Santa Marta, no Vaticano. Ao longo de seu pontificado, o Santo Padre transformou em tradição a visita à Basílica Mariana em Roma, tanto antes quanto após suas Viagens Apostólicas.
Hoje é celebrado são Jerônimo, tradutor da Bíblia e doutor da Igreja
Por Redação central
30 de set de 2024 às 00:01
“Ama a Sagrada Escritura e a sabedoria amar-te-á; ama-a ternamente e ela guardar-te-á; honra-a e receberás as suas carícias”. Assim costumava a dizer são Jerônimo, tradutor da Bíblia ao latim, cuja festa se celebra hoje (30)o. Ao recordar este santo, a Igreja celebra também o dia da Bíblia.
Nasceu na Dalmácia (Iugoslávia) por volta do ano 340. Em Roma, estudou latim sob a direção do mais famoso professor de seu tempo, Donato, que era pagão. Chegou a ser um grande latinista e muito bom conhecedor do grego e de outros idiomas, mas muito pouco conhecedor dos livros espirituais e religiosos. Passava horas e dias lendo e aprendendo de cor os grandes autores latinos, Cicero, Virgilio, Horácio e Tácito, e aos autores gregos, Homero e Platão, mas quase nunca dedicava tempo à leitura espiritual.
Jerônimo se dispôs ir ao deserto a fazer penitência por seus pecados (especialmente por sua sensualidade que era muito forte, por seu mau gênio e seu grande orgulho). Mas lá embora rezasse muito, jejuasse e passasse noites sem dormir, não conseguiu a paz, descobrindo que sua missão não era viver na solidão.
De volta à cidade, foi nomeado secretário do papa Dâmaso, encarregado de redigir as cartas que o pontífice enviava. Em seguida, foi designado para fazer a tradução da Bíblia.
As traduções que existiam naquela época tinham muitas imperfeições de linguagem e várias imprecisões ou traduções não muito exatas. Jerônimo, que escrevia com grande elegância o latim, traduziu a este idioma toda a Bíblia, e essa tradução chamada "Vulgata" (tradução feita para o povo ou vulgo) foi a Bíblia oficial para a Igreja Católica durante 15 séculos.
Por volta dos 40 anos, Jerônimo foi ordenado sacerdote. Mas seus altos cargos em Roma e a dureza com a qual corrigia certos defeitos da alta classe social lhe trouxeram invejas. Sentindo-se incompreendido e até caluniado em Roma, onde não aceitavam seu modo enérgico de correção, dispôs afastar-se daí para sempre e foi para a Terra Santa.
Passou seus últimos 35 anos em uma gruta, junto à Gruta de Belém. Várias das ricas matronas romanas que ele tinha convertido com suas pregações e conselhos venderam seus bens e foram também a Belém a seguir sob sua direção espiritual. Com o dinheiro dessas senhoras, construiu naquela cidade um convento para homens, três para mulheres, e uma casa para atender os que chegavam de todas as partes do mundo para visitar o lugar onde nasceu Jesus.
Com tremenda energia, escrevia contra os hereges que se atreviam a negar as verdades da Santa religião.
A Santa Igreja Católica reconheceu sempre São Jerônimo como um homem eleito por Deus para explicar e fazer entender melhor a Bíblia. Por isso, foi nomeado patrono de todos os que no mundo se dedicam a fazer entender e amar mais as Sagradas Escrituras.
Morreu em 30 de setembro do ano 420, aos 80 anos.
O papa Bento XVI, em sua audiência geral de 7 de novembro do 2007 disse: “Concluo com uma palavra de são Jerônimo a são Paulino de Nola. Nela o grande exegeta expressa precisamente esta realidade, isto é, que na Palavra de Deus recebemos a eternidade, a vida eterna. Diz são Jerônimo: ‘Procuremos aprender na terra aquelas verdades cuja consistência persistirá também no céu’”.
domingo, 29 de setembro de 2024
HOMILIA DO SANTO PADRE (Texto)
VIAGEM APOSTÓLICA DE SUA SANTIDADE FRANCISCO
AO LUXEMBURGO E À BÉLGICA
(26-29 de setembro de 2024)
SANTA MISSA E BEATIFICAÇÃO
DA VENERÁVEL SERVA DE DEUS ANA DE JESUS
HOMILIA DO SANTO PADRE
Estádio Rei Balduíno (Bruxelas)
Domingo, 29 de setembro de 2024
«Se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor seria para ele atarem-lhe ao pescoço uma dessas mós que são giradas pelos jumentos, e lançarem-no ao mar» (Mc 9, 42). Com estas palavras, dirigidas aos discípulos, Jesus alerta para o perigo de escandalizar, ou seja, de obstruir o caminho e ferir a vida dos “pequeninos”. É uma advertência forte, severa, sobre a qual devemos parar para refletir. Gostaria de o fazer convosco, também à luz de outros textos sagrados, a partir de três palavras-chave: abertura, comunhão e testemunho.
Começamos com a abertura. A Primeira Leitura e o Evangelho falam-nos dela, mostrando-nos a ação livre do Espírito Santo que, na narrativa do êxodo, enche com o seu dom de profecia não só os anciãos que tinham ido com Moisés à tenda da reunião, mas também dois homens que tinham ficado no acampamento.
Isto faz-nos pensar, porque se inicialmente era escandaloso que eles estivessem ausentes do grupo dos eleitos, depois do dom do Espírito, é escandaloso proibi-los exercer a missão que, todavia, receberam. Percebe-o bem Moisés, homem humilde e sábio, ao dizer com mente e coração abertos: «Quem dera que todo o povo do SENHOR profetizasse, que o Senhor enviasse o seu espírito sobre ele!» (Nm 11, 29). Um belo desejo!
São palavras sábias, que antecipam o que Jesus diz no Evangelho (cf. Mc 9, 38-43.45.47-48). Aqui, a cena passa-se em Cafarnaum, onde os discípulos gostariam de impedir um homem de expulsar demónios em nome do Mestre, porque – afirmam – “não nos segue” (Mc 9, 38), ou seja, “não faz parte do nosso grupo”. É assim que pensam: “Quem não nos segue, quem não é ‘dos nossos’ não pode fazer milagres, não tem direito”. Mas como sempre, Jesus surpreende-os – Jesus sempre nos surpreende – e repreende-os, convidando-os a ultrapassar os seus esquemas, a não se “escandalizarem” com a liberdade de Deus. E diz-lhes: «Não o impeçais [...] quem não é contra nós é por nós» (Mc 9, 39-40).
Reparemos bem nestas duas cenas, a de Moisés e a de Jesus, porque elas também nos dizem respeito a nós e à nossa vida cristã. Com efeito, pelo Batismo, todos nós recebemos uma missão na Igreja. Trata-se de um dom, não de um título ostentoso. A Comunidade dos crentes não é um círculo de privilegiados, é uma família de salvos, e nós não é pelos nossos próprios méritos que somos enviados a levar o Evangelho ao mundo, mas pela graça de Deus, pela sua misericórdia e pela confiança que, apesar de todos os nossos limites e pecados, Ele continua a depositar em nós com amor de Pai, vendo em cada um o que nós próprios não conseguimos ver. É por isso que, dia após dia com paciência, Ele nos chama, envia e acompanha.
Assim, se quisermos cooperar, com amor aberto e atencioso, na ação livre do Espírito, sem sermos um escândalo, um obstáculo para ninguém devido à nossa presunção e rigidez, temos de cumprir a nossa missão com humildade, gratidão e alegria. Não devemos ficar ressentidos, mas sim alegrarmo-nos com o facto dos outros poderem também fazer o que nós fazemos, para que o Reino de Deus cresça e para que, um dia, todos unidos nos encontremos entre os braços do nosso Pai.
E isto leva-nos à segunda palavra: comunhão. São Tiago fala-nos dela na segunda leitura (cf. Tg 5, 1-6) com duas imagens fortes: as riquezas que se corrompem (cf. v. 3) e os brados dos ceifeiros que chegam aos ouvidos do Senhor (cf. v. 4). Deste modo, recorda-nos que o único caminho da vida é o do dom, do amor que une na partilha. O caminho do egoísmo gera apenas fechamentos, muros e obstáculos – “escândalos”, portanto – que nos acorrentam às coisas e nos afastam de Deus e dos irmãos.
O egoísmo, como tudo o que impede a caridade, é “escandaloso”, porque esmaga os pequenos, humilhando a dignidade das pessoas e abafando o clamor dos pobres (cf. Sal 9, 13). E isto era tão real no tempo de São Paulo como o é para nós hoje. Pensemos, por exemplo, no que acontece quando, na base da vida das pessoas e das comunidades, se colocam apenas os princípios do interesse próprio e da lógica do mercado (cf. Exortação ap. Evangelii gaudium, 54-58): cria-se um mundo onde já não há lugar para quem está em dificuldade, nem misericórdia para quem erra, nem compaixão para quem sofre e não aguenta mais.
Pensemos no que acontece quando os pequenos são vítimas de escândalo, golpeados, abusados por aqueles que deveriam cuidá-los, nas feridas de dor e de impotência, principalmente nas vítimas, mas também nos familiares e em toda a comunidade. Com a mente e com o coração volto à história destes pequenos a quem encontrei anteontem. Eu os escutei, senti o seu sofrimento enquanto abusados, e o repito aqui: na Igreja há lugar para todos, mas todos seremos julgados e não há lugar para o abuso, não há lugar para o encobrimento dos abusos. Peço a todos: não encobri os abusos! Peço aos bispos: não encobri os abusos! Condenai os abusadores e ajudai-lhes a curar-se desta enfermidade que são os abusos. O mal não se esconde, mas deve ser posto ao descoberto: que se saiba! Como o fizeram com coragem alguns dos abusados. Que se saiba! E que se julgue o abusador, seja leigo, leiga, padre ou bispo.
A Palavra de Deus é clara: diz que os “brados dos ceifeiros” e o “clamor dos pobres” não podem ser ignorados, não podem ser eliminados, como se fossem uma nota dissonante no concerto perfeito do mundo da riqueza, nem podem ser silenciados através de uma forma de assistencialismo de fachada. Pelo contrário, são a voz viva do Espírito, que nos recorda quem somos – todos somos pobres pecadores… todos… eu, o primeiro –; e as pessoas abusadas são um lamento que sobe aos céus, que toca a alma, faz-nos envergonhar e nos chama à conversão. Não lhes impeçamos de ser voz profética, silenciando-a com a nossa indiferença. Escutemos o que Jesus diz no Evangelho: longe de nós o olho escandaloso, que vê o indigente e olha para o lado! Longe de nós a mão escandalosa, que cerra o punho para esconder os seus tesouros e se esconde avidamente nos bolsos! A minha avó dizia: “o diabo entra pelos bolsos”. Aquela mão que golpeia ao realizar um abuso sexual, um abuso de poder, um abuso de consciência contra quem é mais fraco. E quantos casos de abuso temos em nossa história e em nossa sociedade! Longe de nós o pé escandaloso, que corre depressa, não para se aproximar dos que sofrem, mas para “passar adiante” e ficar à distância! Longe de nós! Deste modo, nada se constrói de bom e de sólido! Gosto de fazer uma pergunta às pessoas: “- Dás esmolas?” “- Sim, padre!” “- Mas, quando dás a esmola, tocas na mão dá pessoa indigente ou lanças a esmola e olhas para outro lado? Olhas nos olhos das pessoas que sofrem?” Pensemos nisto.
Se quisermos semear com vista ao futuro, também a nível social e económico, far-nos-á bem voltar a colocar o Evangelho da misericórdia na base das nossas escolhas. Jesus é a misericórdia e todos nós somos objeto desta misericórdia. Caso contrário, por mais imponentes que pareçam, os monumentos da nossa opulência serão sempre gigantes com pés de barro (cf. Dn 2, 31-45). Não tenhamos ilusões: sem amor não há nada que dure, tudo se desvanece, desmorona e nos deixa prisioneiros de uma vida fugaz, vazia e sem sentido, de um mundo inconsistente que, para além das fachadas, perdeu toda a credibilidade, porque escandalizou os mais pequenos.
E assim chegamos à terceira palavra: testemunho. Podemos, a este propósito, tomar o exemplo da vida e das obras de Ana de Jesus (Ana de Lobera), no dia da sua beatificação. Na Igreja do seu tempo, esta mulher foi uma das protagonistas de um grande movimento de reforma, seguindo os passos de uma “gigante do espírito” – Teresa de Ávila – cujos ideais difundiu em Espanha, em França e também aqui, em Bruxelas, nos então chamados Países Baixos espanhóis.
Numa época marcada por dolorosos escândalos, tanto dentro como fora da comunidade cristã, ela e as suas companheiras, com uma vida simples e pobre feita de oração, trabalho e caridade, conseguiram trazer de novo tantas pessoas à fé a ponto de alguém descrever a sua fundação nesta cidade como um “íman espiritual”.
Por opção, não deixou escritos. Em vez disso, empenhou-se em pôr em prática o que tinha aprendido (cf. 1 Cor 15, 3) e, com o seu estilo de vida, contribuiu para reerguer a Igreja num momento de grande dificuldade.
Acolhamos, pois, com gratidão o modelo, simultaneamente delicado e forte, de “santidade feminina” que ela nos deixou (cf. Exortação ap. Gaudete et Exsultate, 12), feito de abertura, de comunhão e de testemunho. Confiemo-nos à sua intercessão, imitemos as suas virtudes e renovemos com ela o nosso compromisso caminharmos juntos seguindo as pegadas do Senhor.
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Todos cometemos erros, mas ninguém está perdido para sempre, diz papa Francisco
28 de set de 2024 às 13:12
O papa Francisco afirmou em seu discurso aos bispos e religiosos da Bélgica que Deus sempre perdoa e lembrou que, embora “todos nós cometamos erros”, ninguém está “perdido para sempre”.
Hoje (28) pela manhã, antes de deixar a Nunciatura, o papa Francisco cumprimentou rapidamente a vice-presidente da Comissão Europeia, Margarítis Schinás; a vice-presidente da Comissão Europeia para a Democracia e Demografia, Dubravka Šuica; a representante da Organização Mundial da Saúde na União Europeia, Oxana Domenti e o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge.
Papa Francisco almoça com os desabrigados
Depois, o papa almoçou com um grupo de dez desabrigados e migrantes, acolhidos pela paróquia de Saint Gilles. Este encontro foi organizado pelo frei Benjamin Kabongo.
O frade Benjamin Kabongo entregou ao papa uma cerveja produzida pela paróquia, cujos ganhos são destinados à promoção do seu trabalho em prol dos migrantes e dos desabrigados.
Francisco chegou à basílica do Sagrado Coração de Koekelberg, depois das 10h, e cumprimentou os fiéis que o acolheram no exterior da igreja, antes de iniciar o seu encontro com os bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados e consagradas, seminaristas e agentes pastorais da Bélgica.
Na entrada principal da basílica, o arcebispo de Mechelen-Bruxelaso, dom Luc Terlinden, presidente da Conferência Episcopal Belga e o reitor da basílica esperavam o papa Francisco. Depois, o papa percorreu a nave e chegou ao altar enquanto o coral cantava um cântico.
Papa Francisco escuta vários testemunhos
Depois do discurso de boas-vindas do presidente da Conferência Episcopal Belga, o papa escutou os testemunhos de um padre, de um agente pastoral, de um teólogo, de um representante dos centros de acolhimento para vítimas de abusos, de uma freira e de um capelão de prisão, intercalados com a execução de alguns cânticos.
O primeiro testemunho foi dado pelo padre Helmut Schmitz, um sacerdote que perguntou ao papa Francisco como é que um pastor pode “guiar as pessoas no seu caminho”.
Depois, uma agente pastoral jovem, Yaninka de Weirdt, perguntou ao papa como “podemos unir os nossos sonhos, como nós, jovens, podemos contribuir para a unidade da diversidade”.
O teólogo Arnaud Join-Lambert questionou o papa sobre futuro da sinodalidade num Ocidente secularizado, e Mia de Schampelaere, que trabalha num centro para vítimas de abusos, pediu conselhos ao papa sobre como a Igreja pode aprender com as “feridas dos sobreviventes e criar uma cultura eclesial onde todos se possam sentir seguros”.
O papa Francisco também ouviu os testemunhos de uma freira e de um homem que trabalha numa prisão.
Ao dirigir-se aos bispos e religiosos do país, o papa Francisco definiu a Igreja na Bélgica como uma Igreja “em movimento”, que procura transformar a presença das paróquias e também promover a formação dos leigos.
Depois, centrou o seu discurso na reflexão sobre três aspectos: a evangelização, a alegria e a misericórdia, e respondeu a cada um dos que deram o seu testemunho.
A evangelização
Em primeiro lugar, destacou que “as mudanças da nossa época e a crise da fé que vivemos no Ocidente impeliram-nos a regressar ao essencial, isto é, ao Evangelho,”.
No entanto, destacou que cada crise “é um momento que nos é oferecido para nos sacudir, para nos questionar e para mudar”.
Assim, afirmou que, “quando experimentamos a desolação, devemos sempre perguntar-nos qual é a mensagem que o Senhor nos quer comunicar”.
Explicou ainda que “passamos de um cristianismo instalado num quadro social acolhedor para um cristianismo “minoritário”, ou seja, um cristianismo de testemunho”.
E isto, continuou o papa, “requer a coragem de uma conversão eclesial, para iniciar aquelas transformações pastorais que afetam também os costumes, os estilos e as linguagens da fé, de modo a que estejam verdadeiramente ao serviço da evangelização”.
Por isso, reiterou que “e limitam a conservar ou a gerir um património do passado, mas pastores apaixonados por Cristo e atentos a acolher as questões do Evangelho, frequentemente implícitas, enquanto caminham com o povo santo de Deus".
O papa também destacou que “pode haver muitos percursos pessoais ou comunitários, mas que nos levam à mesma meta, ao encontro com o Senhor"
“Na Igreja há lugar para todos e ninguém deve ser uma fotocópia do outro. A unidade na Igreja não é uniformidade, é antes encontrar a harmonia das diversidades!".
A alegria
Em relação a alegria, explicou que "não se trata aqui das alegrias associadas a algo momentâneo", mas uma alegria maior, “que acompanha e sustenta a vida, mesmo nos momentos sombrios ou dolorosos, e isto é um dom que vem do alto, de Deus”.
É a alegria do coração, segundo o papa, "suscitada pelo Evangelho; é saber que não estamos sós ao longo do caminho e que, mesmo em situações de pobreza, pecado, aflição, Deus está próximo, cuida de nós e não deixará que a morte tenha a última palavra".
O papa sublinhou que “a alegria é o caminho” e que, "quando a fidelidade parece difícil, devemos mostrar" que esta virtude é um “caminho para a felicidade”.
A misericórdia
Em terceiro lugar, destacou que “Deus nunca desiste de nos amar”, nem mesmo quando fazemos algo “grave”.
No entanto, pontuo Francisco, "a justiça de Deus é superior: quem errou é chamado a reparar os danos, mas para curar o seu coração precisa do amor misericordioso de Deus. Não esqueça: Deus perdoa tudo, Deus perdoa sempre; é com a sua misericórdia que Deus nos justifica, ou seja, nos torna justos, porque nos dá um coração novo, uma vida nova".
Depois, dirigiu-se a Mia, que ajuda as pessoas que sofreram abusos, e sublinhou que “os abusos geram sofrimentos e feridas atrozes, minando até mesmo o caminho da fé”.
“E é necessária tanta misericórdia, para não ficar com um coração de pedra diante do sofrimento das vítimas, para as fazer sentir a nossa proximidade e lhes oferecer toda a ajuda possível, para aprender com elas – como disseste – a ser uma Igreja que se torna serva de todos sem subjugar ninguém”, disse.
A este respeito, recordou que “uma das raízes da violência é o abuso de poder, quando usamos as nossas funções para esmagar ou manipular os outros”.
Afirmou ainda que “Jesus mostra-nos que Deus não se afasta das nossas feridas e impurezas. Ele sabe que todos nós podemos errar, mas ninguém é um fracassado. Ninguém está perdido para sempre".
“Convém seguir todos os percursos da justiça terrena e os trâmites humanos, psicológicos e penais; mas a pena deve ser um remédio, deve levar à cura”, argumentou.
Por último, o papa pediu “uma Igreja que nunca feche as portas", mas que, ofereça "a todos uma abertura para o infinito, que sabe olhar mais além”.
“Esta é a Igreja que evangeliza, que vive a alegria do Evangelho, que pratica a misericórdia”, concluiu.
No fim do encontro, Francisco foi ao túmulo do rei Balduíno, conhecido por sua devoção religiosa e cuja fé marcou profundamente seus 42 anos de reinado.
Papa Francisco propõe três atitudes cristãs para o cuidado da casa comum
28 de set de 2024 às 18:44
O papa Francisco fez um discurso hoje (28), na Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, centrado no futuro da humanidade e da ecologia. O papa destacou três atitudes cristãs necessárias para cuidar da casa comum: gratidão, missão e fidelidade.
No início do seu discurso, Francisco mostrou empatia pelas preocupações dos jovens, dizendo: “Vemos bem como é violento e prepotente o mal que destrói o ambiente e os povos”. Depois, associou os problemas ecológicos com a agressividade da sociedade contemporânea, afirmando que “a guerra é a sua expressão mais brutal, tal como a corrupção e as formas modernas de escravidão”.
Ao abordar a relação entre cristianismo e ecologia, o papa Francisco destacou que a fé cristã tem um projeto claro para a “casa comum de toda a humanidade”. E resumiu este projeto em três palavras: “gratidão, missão e fidelidade”.
O papa explicou que a gratidão deve ser a primeira atitude para com a criação: “Esta casa nos foi dada; não somos donos, somos hóspedes e peregrinos na terra”. Referindo-se ao salmo oito disse: “Obrigado, Pai, pelo céu estrelado e pela vida neste universo”.
Sobre a missão, ressaltou que os cristãos são chamados a guardar a beleza da criação “e a cultiva-la para o bem de todos, sobretudo para a posteridade num futuro próximo”. Contudo, advertiu que nenhum plano de desenvolvimento será bem-sucedido se "em nossas consciências permanece a arrogância, a violência e a rivalidade"
Por último, destacou a importância da fidelidade a Deus e ao homem, ligando esta atitude a um desenvolvimento integral que abarque “físico, moral, cultural, sociopolítico; e se opõe a qualquer forma de opressão e exclusão".
"A Igreja denuncia esses abusos, comprometendo-se, antes de tudo, com a conversão de cada um dos seus membros, de nós mesmos, à justiça e à verdade. Nesse sentido, o desenvolvimento integral nos chama à santidade: é uma vocação para uma vida justa e feliz, para todos", acrescentou.
Em outro momento, o papa Francisco falou sobre a dignidade do homem e da mulher na Igreja, rejeitando a ideia de rivalidade entre os gêneros e ressaltando a importância do respeito mútuo e da dignidade entre os dois. Para Francisco esta dignidade "é assegurada por uma lei original, escrita não no papel, mas na carne”, ressaltando que o ser feminino e masculino não é definido por ideologias, mas pela "vocação a amar e ser amado".
Neste sentido, convidou todos a olharem a mulher no seu papel central na vida da Igreja, dizendo que “a mulher é filha, irmã, mãe”, em igualdade com o homem: “Um pelo outro, não um contra o outro”.
Finalizando, o papa dirigiu suas palavras aos estudantes, incentivando-os a refletir sobre três questões fundamentais para sua vida acadêmica: Como estudar, por que estudar e para quem estudar?
Ao refletir sobre como estudar, frisou que “cada um pode cultivar o seu próprio estilo”, mas sempre em um contexto de comunidade: “O estudo é sempre um caminho de autoconhecimento”. Quanto ao porque estudar, salientou que não se deve estudar apenas para conseguir um emprego, alertando: “Não se vive para trabalhar, trabalha-se para viver”. Sobre para quem estudar, o papa Francisco lembrou que o estudo não é um fim em si mesmo, mas um meio para “educar e servir os outros”, contribuindo assim para o bem comum.
O papa concluiu seu discurso convidando os estudantes "a serem buscadores e testemunhas da verdade", ressaltando que “é isso que nos torna livres” e que o estudo deve ser um caminho para encontrá-la. E também pediu que não se esquecessem de rezar por ele.
Hoje a Igreja celebra os santos arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael
Por Redação central
29 de set de 2024 às 00:01
A Igreja celebra hoje (29) a festa dos santos arcanjos são Miguel, são Gabriel e são Rafael, que aparecem na Bíblia com missões importantes dadas por Deus.
São Miguel em hebreu significa “Quem como Deus” e é um dos principais anjos. Seu nome era o grito de guerra dos anjos bons na batalha combatida no céu contra o inimigo e seus seguidores.
Segundo a Bíblia, ele é um dos sete espíritos assistentes ao Trono do Altíssimo, portanto, um dos grandes príncipes do Céu e ministro de Deus. É chamado pelo profeta Daniel, no Antigo Testamento, de príncipe protetor dos judeus. No Novo Testamento, é citado na carta de São Judas e no Livro do Apocalipse. Aparece como protetor dos filhos de Deus e de Sua Igreja.
São Gabriel significa “Fortaleza de Deus”. Teve a missão muito importante de anunciar a Nossa Senhora que ela seria a Mãe do Salvador.
Segundo o profeta Daniel (IX, 21), foi Gabriel quem anunciou o tempo da vinda do Messias; quem apareceu a Zacarias “estando de pé à direita do altar do incenso” (Lc 1, 10-19), para lhe dar a conhecer o futuro nascimento do Precursor; e, finalmente, o arcanjo como embaixador de Deus, foi enviado a Maria, em Nazaré para proclamar o mistério da Encarnação. É ele o portador de uma das orações mais populares e queridas do cristianismo, a Ave Maria.
São Rafael quer dizer “Medicina de Deus” ou “Deus obrou a saúde”. É o arcanjo amigo dos caminhantes, médico dos doentes, auxílio dos perseguidos.
No Livro de Tobias é narrado o momento que quando Tobit, pai de Tobias e homem de grande caridade, passou pela provação da cegueira e todos lhe questionavam a fé, juntamente quando Sara era atormentada por um demônio que matava seus maridos nas núpcias. Então, ambos rezaram a Deus e foram ouvidos; e foi Rafael que foi enviado para lhes prestar socorro.
São Rafael tomou a forma humana, fez-se chamar Azarías e acompanhou Tobias em sua viagem, ajudando-o em suas dificuldades, guiando-o por todo o caminho e auxiliando-o a encontrar uma esposa da mesma linhagem. Então, o Arcanjo explicou ao jovem Tobias que poderia se casar com Sara sem perigo algum. E, por fim, ao retornarem esclareceu como ele poderia curar o pai da cegueira. No livro de Tobias o próprio arcanjo se descreve como “um dos sete que estão na presença do Senhor”.
Para celebrar esta data, recordamos a oração aos Santos Arcanjos:
Ajudai-nos, ó grandes santos, irmãos nossos, que sois servos como nós diante de Deus. Defendei-nos de nós mesmos, de nossa covardia e tibieza, de nosso egoísmo e de nossa ambição, de nossa inveja e desconfiança, de nossa avidez em procurar a saciedade, a boa vida e a estima.
Desatai as algemas do pecado e do apego a tudo o que passa. Desvendai os nossos olhos que nós mesmos fechamos para não precisar ver as necessidades de nosso próximos e poder, assim, ocupar-nos de nós mesmos numa tranquila autocomplacência. Colocai em nosso coração o espinho da santa ansiedade de Deus para que não deixemos de procurá-lo com ardor, contrição e amor.
Contemplai em nós o Sangue do Senhor, que Ele derramou por nossa causa. Contemplai em nós as lágrimas de vossa Rainha, que ela derramou sobre nós.
Contemplai em nós a pobre, desbotada, arruinada imagem de Deus, comparando-a com a imagem íntegra que deveríamos ser Sua vontade e Seu amor.
Ajudai-nos a conhecer Deus, a adorá-Lo, a amá-Lo e a servir-Lhe. Ajudai-nos no combate contra os poderes das trevas que, traiçoeiramente, nos envolvem e nos afligem.
Ajudai-nos para que nenhum de nós se perca e para que, um dia, estejamos todos jubilosamente reunidos na eterna bem-aventurança. Amém.
São Miguel, assisti-nos com vossos santos anjos;
Ajudai-nos e rogai por nós.
São Rafael, assisti-nos com vossos santos anjos;
Ajudai-nos e rogai por nós.
São Gabriel, assisti-nos com vossos santos anjos;
Ajudai-nos e rogai por nós.
sábado, 28 de setembro de 2024
Papa pede que Igreja enfrente o abuso de menores com humildade e vergonha
27 de set de 2024 às 12:00
O papa Francisco disse hoje (27) às autoridades belgas que a Igreja é “santa e pecadora” ao mesmo tempo; lamentou as adoções forçadas que ocorreram no passado e também denunciou o abuso de menores, uma “vergonha e humilhação” pela qual a Igreja deve pedir perdão.
Na manhã de hoje (27), em seu primeiro dia na Bélgica, o papa Francisco foi de carro às 9h (horário local) ao castelo de Laeken, depois de celebrar a santa missa em particular, para a visita de cortesia ao rei Filipe e à rainha Mathilde.
Uma guarda de honra a cavalo acompanhou-o até à entrada principal do castelo, onde foi recebido pela realeza belga.
Depois das fotos oficiais e da assinatura do Livro de Honra, foi realizada uma reunião privada seguida de troca de presentes. No final da visita, o papa Francisco, o rei e a rainha foram à Grande Galerie (Grande Galeria) do castelo de Laeken para o encontro com as autoridades.
Nas suas palavras de boas-vindas, o rei Filipe falou sobre a denúncia do papa Francisco sobre os abusos cometidos no seio da Igreja e também lhe agradeceu por suas ações concretas para ajudar as vítimas.
O papel da Bélgica na Europa
No seu discurso inaugural, depois de agradecer ao rei pelas boas-vindas, o papa Francisco falou sobre a posição geográfica do país, ocidental e ao mesmo tempo central, “como se fosse o coração pulsante de um organismo imenso”.
O papa também a definiu como “uma ponte para permitir a expansão da concórdia, fazendo retroceder os conflitos”, sendo “indispensável à construção da paz e ao repúdio da guerra”.
Francisco falou sobre a necessidade que a Europa tem de que a Bélgica “relembre a sua história” e leve adiante “o caminho da paz e da fraternidade entre os povos que a compõem”.
O papa disse que a Europa precisa da Bélgica "para se lembrar da sua história, feita de povos e culturas” e “para prosseguir na via da paz e da fraternidade entre os povos que a compõem".
“Neste momento histórico, penso que a Bélgica tem um papel muito importante. Estamos perto de uma guerra quase global”, disse Francisco.
Em universidade de 600 anos, papa pede busca da ‘verdade, a serviço do progresso humano’
Por Courtney Mares
27 de set de 2024 às 16:30
O papa Francisco disse hoje (27) a professores universitários para “buscarem a verdade” num discurso criticando as tendências acadêmicas ao relativismo e uma “cultura tecnocrática” em visita à universidade de Lovaina na Bélgica.
O papa discursou para acadêmicos da KU Leuven, universidade católica de pesquisa belga, hoje (27) à tarde para marcar o 600º aniversário de sua fundação.
Em seu discurso, o papa Francisco lamentou como o relativismo hoje causa “cansaço do espírito”, pois “nos remete para a incerteza permanente e para a falta de paixão, como se fosse inútil procurar sentido numa realidade que permanece incompreensível”.
O papa também criticou o “racionalismo sem alma” condicionado por “uma cultura tecnocrática” em muitas universidades modernas.
“Quando o homem se reduz apenas à matéria, quando a realidade se restringe aos limites do visível, quando a razão é apenas matemática e laboratorial, perde-se o espanto”, disse Francisco.
“Perde-se o espanto, aquele assombro interior que nos impele a procurar mais além, a olhar para o céu, a descobrir aquela verdade escondida que responde às perguntas fundamentais: Por que é que vivo? Que sentido tem a minha vida? Qual é o objetivo último e a meta deste caminho?”
“O Espírito Santo que recebemos como dom nos impele a buscar, a abrir espaços para o nosso pensamento e ação, até que Ele nos conduza à plenitude da verdade”, disse o papa.
O papa foi recebido na universidade pelo reitor, o professor de sociologia Luc Sels, e pelo arcebispo de Malinas-Bruxelas, dom Luc Terlinden.
A KU Leuven é a maior universidade da Bélgica, com mais de 65 mil alunos. As aulas na universidade são ministradas principalmente em holandês e um pouco de inglês.
“A primeira tarefa de uma universidade é oferecer uma educação integral para que as pessoas tenham as ferramentas necessárias para interpretar o presente e planejar o futuro. Na verdade, a formação cultural nunca é um fim em si mesma”, disse o papa Francisco. “É bom pensar que a Universidade gera cultura, gera ideias, mas sobretudo que promove a paixão pela busca da verdade, a serviço do progresso humano”.
“Em particular, as Universidades católicas, como esta, são chamadas a ‘prestar o decisivo contributo de fermento, sal e luz do Evangelho de Jesus Cristo e da Tradição viva da Igreja sempre aberta a novos cenários e propostas' ”, disse Francisco ao citar sua própria constituição apostólica Veritatis gaudium.
No final da visita à universidade, o papa Francisco se encontrou com um grupo de refugiados no Salão do Reitor e depois cumprimentou as cerca de 5 mil pessoas reunidas na praça principal de Leuven num carrinho de golfe antes de retornar à nunciatura apostólica para encerrar o dia.
“Sejam buscadores incansáveis da verdade e não permitam que seu entusiasmo diminua para não ceder à letargia intelectual”, disse o papa Francisco à universidade católica.
Visita do Papa Francisco à Bélgica
O papa Francisco visita três cidades na Bélgica por ocasião do 600º aniversário das universidades católicas de Leuven e Louvain-la-Neuve, entre ontem (26) e domingo (29).
Depois de fazer ontem (26) uma escala de um dia em Luxemburgo, o papa chegou a Bruxelas ontem (26) à noite sob chuva torrencial.
O papa Francisco começou seu primeiro dia completo na Bélgica com uma visita oficial ao castelo de Laeken na manhã de hoje (27), onde se encontrou com o rei Filipe e a rainha Mathilde da Bélgica.
O papa também discursou a 300 dignitários e autoridades políticas, incluindo o primeiro-ministro belga Alexander De Croo, na Grande Galeria do castelo, onde lamentou a crise de abusos clericais no país e defendeu a paz.
Amanhã (28), Francisco deve se encontrar com membros da Conferência Episcopal Belga, clérigos e religiosos locais, na Basílica Nacional do Sagrado Coração de Koekelberg, em Bruxelas, capital do país.
Depois do almoço, o papai fará uma viagem de pouco menos de uma hora para visitar Louvain-la-Neuve, cidade universitária a cerca de 28 km a sudeste da capital. A cidade abriga a Universidade Católica de Leuven, de língua francesa, que se separou da KU Leuven no final da década de 1960.
O papa Francisco passará a tarde se reunindo com estudantes universitários em Louvain-la-Neuve antes de ter uma audiência privada com jesuítas, em Bruxelas.
Hoje é celebrado são Venceslau, mártir e padroeiro da República Tcheca
Por Redação central
28 de set de 2024 às 00:01
São Venceslau foi um soberano tcheco que evangelizou seu povo, modificou o sistema judicial e reduziu as condenações relativas à pena de morte ou à tortura.
O santo foi filho de Vratislau e de sua esposa Draomira. Era neto de santa Ludimila, esposa do primeiro cristão da Boêmia, que se encarregou de sua educação e o ensinou a amar e servir a Deus.
Quando jovem, o santo perdeu seu pai após uma guerra e, por isso, sua mãe assumiu o poder. Entretanto, ela instaurou uma política anticristã e secularista que converteu o povo em um caos total.
Diante dessa situação, sua avó tentou persuadir o príncipe a assumir o trono e proteger o cristianismo, o que fez com que os nobres a assassinassem por considerá-la uma ameaça latente aos seus interesses.
Entretanto, por circunstâncias desconhecidas, a rainha foi expulsa do trono e Venceslau foi proclamado rei pela vontade do povo.
Como primeira medida, anunciou que apoiaria decididamente à Igreja. Sempre governou com justiça e misericórdia.
Por interesses políticos obscuros, Boleslau – que desejava o trono de seu irmão – assassinou o santo rei a punhaladas durante uma festividade.
O povo proclamou o rei Venceslau como mártir da fé e logo a igreja de São Vito – onde se encontram seus restos mortais – se tornou um centro de peregrinações.
Tempos depois, foi proclamado padroeiro do povo da Boêmia e hoje sua devoção é tão grande que também da República Tcheca.
sexta-feira, 27 de setembro de 2024
Hoje é celebrado são Vicente de Paulo, padroeiro das obras de caridade
Por Redação central
27 de set de 2024 às 00:01
“Sendo a Mãe de Deus invocada e tomada por padroeira das coisas de importância, não pode acontecer que tudo não vá bem e não redunde para a maior glória do bom Jesus, seu Filho”, dizia o grande são Vicente de Paulo, padroeiro das obras de caridade e fundador da Congregação da Missão (Vicentinos) e das Filhas da Caridade.
São Vicente nasceu na França em 1581, em uma família de camponeses. Quando era adolescente, foi enviado para o colégio dos franciscanos na próspera cidade de Dax. Lá, entregou-se por completo aos estudos, mas começou a sentir vergonha de suas origens.
Recebeu a tonsura e as ordens menores para, em seguida, entrar na Universidade de Toulouse, onde estudou teologia. Seu pai morreu e lhe deixou parte da herança para que pudesse pagar seus estudos, mas o jovem Vicente recusou a ajuda e decidiu cuidar de si mesmo. Por isso, trabalhou como educador em um colégio.
Foi ordenado em 1600 com apenas dezenove anos e preferiu continuar seus estudos, desejando ser bispo. Uma anciã, dama de Toulouse, deixou para ele uma herança econômica que ele teve que ir receber em Marselha. Quando retornava, o navio foi atacado pelos turcos e Vicente foi feito prisioneiro.
Diz-se que foi vendido como escravo e esteve a serviço de um pescador, de um médico e de um cristão renegado. A este último conseguiu converter e, assim, pôde empreender sua viagem de retorno até que chegou a Paris.
Mais tarde, serviu como pároco, mas teve que deixar a função para ser preceptor de uma ilustre família. No entanto, nessa vida de riqueza, começou a se dar conta de que o Evangelho exige uma caridade radical.
Assim, ao atender um moribundo, aprofundou no amor de Deus e começou a querer ir a todas as regiões remotas para expressar que existe um Deus de ternura que não os tinha esquecido.
Com o tempo, fundou a Congregação da Missão para dar missões populares e trabalhar na formação do clero. Do mesmo modo, foi cofundador com santa Luiza de Marilac da Companhia das Filhas da Caridade.
Durante sua vida, são Vicente conheceu o bispo são Francisco de Sales, que logo pediu que assumisse a capelania de suas Visitandinas de Paris e a direção espiritual de santa Joana de Chantal.
Para são Vicente, a oração era o principal e apresentou a humildade como a primeira qualidade dos sacerdotes missionários. Sempre buscou a paz e a atenção aos necessitados, mesmo em meio às guerras de seu tempo, tornando-se conselheiro de governantes e verdadeiro amigo dos necessitados.
Morreu em 27 de setembro de 1660, pouco antes das quatro da manhã, a hora que costumava se levantar para servir a Deus e aos pobres.
quinta-feira, 26 de setembro de 2024
Papa reza a Nossa Senhora por sua viagem à Bélgica e a Luxemburgo
25 de set de 2024 às 16:15
O papa Francisco rezou hoje (25) na basílica papal de Santa Maria Maior, em Roma, para confiar a Nossa Senhora sua próxima viagem à Bélgica e a Luxemburgo de amanhã (26) a domingo (29).
A Sala de Imprensa da Santa Sé disse o papa “aproximou-se em oração, como sempre, diante do ícone da Virgem Salus Populi Romani [Salvação do Povo Romano], confiando-lhe a sua próxima viagem apostólica a Luxemburgo e à Bélgica. Quando terminou, voltou ao Vaticano.”
O papa costuma rezar diante do ícone de Nossa Senhora antes de iniciar e depois de concluir cada uma das suas viagens internacionais.
O papa vai à Bélgica comemorar o 600º aniversário das universidades católicas de Leuven e Leuven la Neuve.
No domingo (29), em Bruxelas, Francisco celebrará a beatificação de Ana de Jesus, carmelita descalça nascida na Espanha que foi o braço-direito de santa Teresa de Ávila.
Ana de Jesus, que no século se chamava Ana Lobera Torres, será elevada aos altares no estádio Balduíno, na capital da Bélgica, país onde morreu a futura beata espanhola.
No fim de semana, o papa Francisco também vai se encontrar com um grupo de refugiados e ouvir testemunhos de vítimas de abuso na Igreja.
(acidigital)
Hoje a Igreja celebra são Cosme e são Damião, gêmeos mártires e padroeiros dos médicos
Por Redação central
26 de set de 2024 às 00:01
Hoje (26), a Igreja celebra os mártires Cosme e Damião, irmãos gêmeos que, junto com são Lucas, são os padroeiros dos médicos católicos.
No Oriente, são chamados “os não cobradores”, porque exerciam a medicina sem cobrar nada aos pacientes pobres. A única coisa que pediam aos pacientes era que lhes permitissem falar por alguns minutos a respeito de Jesus Cristo e de seu Evangelho.
Lisias, o governador de Cilícia, desgostou-se muito porque estes dois irmãos propagavam efetivamente o cristianismo. Tentou inutilmente que deixassem de pregar e, como não conseguiu, mandou atirá-los ao mar. Mas, uma onda gigantesca os levou sãs e salvos à margem.
Então, o governador mandou que fossem queimados vivos, mas as chamas não os tocaram e, em troca, queimaram aos verdugos pagãos que queriam atormentá-los. O mandatário pagão mandou que lhes cortassem a cabeça. Finalmente, derramaram seu sangue por proclamar o amor ao Divino Salvador.
Junto ao túmulo dos dois irmãos gêmeos começou a realizar-se milagrosas curas. O imperador Justiniano de Constantinopla, padecendo de uma grave enfermidade, encomendou-se a estes dois santos mártires e foi curado inexplicavelmente.
São Cosme e Damião também são padroeiros dos cirurgiões, farmacêuticos, dentistas e faculdades de medicina.
quarta-feira, 25 de setembro de 2024
AUDIÊNCIA GERAL: (Texto)
PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça São Pedro
Quarta-feira, 25 de setembro de 2024
O texto a seguir inclui também as partes não lidas que são igualmente consideradas como pronunciadas:
Ciclo de Catequese. O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo conduz o povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança. 7. Jesus foi conduzido pelo Espírito para o deserto. O Espírito Santo nosso aliado na luta contra o espírito do mal
Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Imediatamente após o seu batismo no Jordão, Jesus «foi conduzido pelo Espírito para o deserto, a fim de ser tentado pelo diabo» (Mt 4, 1) - assim reza o Evangelho de Mateus. A iniciativa não é de satanás, mas de Deus. Indo para o deserto, Jesus obedece a uma inspiração do Espírito Santo, não cai numa armadilha do inimigo, não! Uma vez superada a provação, Ele - está escrito – voltou para a Galileia «com o poder do Espírito Santo» (Lc 4, 14).
No deserto, Jesus livrou-se de satanás e agora pode libertar de satanás. É isto que os Evangelistas realçam com as numerosas histórias de libertação de endemoninhados. Jesus diz aos seus opositores: «Se é em virtude do Espírito de Deus que expulso demónios, então o Reino de Deus chegou entre vós» (Mt 12, 27).
Hoje assistimos a um estranho fenómeno relativo ao diabo. A um certo nível cultural, considera-se que ele simplesmente não existe. Seria um símbolo do inconsciente coletivo, ou da alienação, em síntese, uma metáfora. Mas «a maior astúcia do demónio é levar a crer que ele não existe», como alguém escreveu (Charles Baudelaire). É astuto: faz-nos crer que não existe e assim domina tudo. É ardiloso! E, no entanto, o nosso mundo tecnológico e secularizado está repleto de magos, ocultismo, espiritismo, astrólogos, vendedores de feitiços e amuletos e, infelizmente, de verdadeiras seitas satânicas. Expulso pela porta, o diabo voltou a entrar, dir-se-ia, pela janela. Expulso pela fé, volta a entrar com a superstição. E se fores supersticioso, inconscientemente dialogas com o diabo. Com o diabo não se conversa!
A provação mais forte da existência de satanás não está nos pecadores, nem nos endemoninhados, mas nos santos! “E porquê, Padre?”. Sim, é verdade que o diabo está presente e age mediante certas formas extremas e “desumanas” de maldade e perversidade que vemos à nossa volta. Mas por este caminho, nos casos individuais, é praticamente impossível chegar à certeza de que se trata precisamente dele, dado que não podemos saber exatamente onde termina a sua ação e onde começa a nossa própria maldade. Por isso, a Igreja é muito prudente e rigorosa no exercício do exorcismo, ao contrário do que se verifica, infelizmente, em certos filmes!
É na vida dos santos, precisamente ali, que o diabo é obrigado a manifestar-se, a pôr-se “contra a luz”. Uns mais, outros menos, todos os santos, todos os grandes crentes, dão testemunho da sua luta contra esta realidade obscura, e não se pode honestamente supor que todos eram iludidos ou simples vítimas dos preconceitos do seu tempo.
A batalha contra o espírito maligno vence-se como Jesus a venceu no deserto: com a força da palavra de Deus. Vede que Jesus não conversa com o diabo, nunca dialoga com o demónio. Ou o expulsa, ou o condena, mas nunca dialoga. E, no deserto, não responde com a sua palavra, mas com a palavra de Deus. Irmãos e irmãs, nunca dialogueis com o diabo! Quando ele vem com tentações: “mas isto seria bom, aquilo seria bom”, detém-te! Eleva o teu coração ao Senhor, reza a Nossa Senhora e expulsa-o, como Jesus nos ensinou a expulsá-lo. São Pedro sugere também outro meio, de que Jesus não necessitava, mas nós sim, a vigilância: «Sede sóbrios, vigiai. O vosso inimigo, o diabo, anda às voltas como leão que ruge, procurando a quem devorar» (1 Pd 5, 8). E São Paulo diz-nos: «Não deis ocasião ao diabo» (Ef 4, 27).
Depois que Cristo, na cruz, derrotou para sempre o poder do «príncipe deste mundo» ( Jo 12, 31), o diabo - dizia um Padre da Igreja - «está preso, como um cão acorrentado; não pode morder ninguém, a não ser aqueles que, desafiando o perigo, se aproximam dele... Pode ladrar, pode insistir, mas não pode morder, exceto quem o quiser». [1] Se fores tolo e disseres ao diabo: “Ah, como estás?”, ele arruinar-te-á. O diabo? À distância! Com o diabo não se dialoga. Devemos afugentá-lo. Distância. E todos nós, todos, temos a experiência de como o diabo se aproxima com alguma tentação, sobre os dez mandamentos. Quando sentirmos isto, paremos, distância! Não nos aproximemos do cão acorrentado!
A tecnologia moderna, por exemplo, além de muitos recursos positivos que devem ser apreciados, oferece também inúmeros meios para “dar ocasião ao diabo”, e muitos caem nela. Pensemos na pornografia na internet, por detrás da qual existe um mercado deveras florescente, todos o sabemos. É o diabo que trabalha ali. Trata-se de um fenómeno muito difundido, que, no entanto, os cristãos devem ter em conta e rejeitar vigorosamente. Pois qualquer telemóvel tem acesso a esta brutalidade, a esta linguagem do diabo: a pornografia na internet.
A consciência da ação do diabo na história não deve desencorajar-nos. O pensamento final deve ser, até neste caso, de confiança e segurança: “Estou com o Senhor, vai-te embora!”. Cristo venceu o demónio e concedeu-nos o Espírito Santo para fazer nossa a sua vitória. A própria ação do inimigo pode tornar-se vantajosa para nós se, com a ajuda de Deus, a pusermos ao serviço da nossa purificação. Peçamos, pois, ao Espírito Santo, com as palavras do hino Veni Creator:
“Afasta de nós o inimigo
e concede-nos depressa a paz.
Contigo que nos guias
evitaremos todo o mal!”.
Prestai atenção, pois o diabo é astuto. Mas nós, cristãos, com a graça de Deus, somos mais espertos do que ele. Obrigado!
___________
[1] São Cesário de Arles, Discursos 121, 6: CC 103, p. 507.
___________________
Saudações:
Saúdo cordialmente os fiéis de língua portuguesa. Nunca vos deixeis desanimar pelas tentações, mas deixai-vos sempre contagiar pela alegria do Evangelho que vence todo o mal. Desejo que a vossa peregrinação em Roma seja um tempo especial para reecontrar o Senhor. Deus vos abençoe!
* * *
APELO
Amarguram-me as notícias que chegam do Líbano, onde nos últimos dias intensos bombardeamentos provocaram muitas vítimas e destruições. Faço votos a fim de que a comunidade internacional envide todos os esforços para pôr termo a esta terrível escalada. É inaceitável! Manifesto a minha proximidade ao povo libanês, que já sofreu demasiado no passado recente. E oremos por todos os povos que sofrem devido à guerra: não esqueçamos a martirizada Ucrânia, Myanmar, Palestina, Israel, Sudão, todos os povos atormentados. Rezemos pela paz!
_____________
Resumo da catequese do Santo Padre:
Hoje, falamos sobre a ação diabólica no mundo. Ora, a astúcia do diabo é fazer crer que ele não existe, que se trata de uma metáfora. Sua ação, porém, é desmascarada não só nos casos de possessão e obsessão, mas também em toda sua ação contra a vida e a fidelidade dos santos. Todavia, o testemunho dado por eles supera e revela os planos diabólicos. Imitando a Jesus que, no deserto, venceu o maligno golpeando-o com a força da Palavra, também nós podemos vencê-lo. Para isto, devemos vigiar e não dar espaço ao demônio. E não faltam as tentações no atual mundo tecnológico, sendo fácil cair em certas armadilhas, como a pornografia, contra a qual se deve estar atento e vigilante. Apesar de toda insídia do mal, coragem! Deus sempre vence toda trama satânica com a potência do Verbo Divino e do Espírito.
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SANTO DO DIA : São Firmino de Amiens, o bispo espanhol decapitado
Origens
São Firmino de Amiens era originário de uma família nobre de Pamplona na Espanha. Seus pais Fermo e Eugenia eram pagãos, mas, depois, se converteram na época do episcopado de seu filho. Firmino, que era o filho mais velho, foi confiado aos cuidados do padre Onesto, que o batizou e o instruiu na fé cristã.
O primeiro bispo
Mais tarde, foi ordenado sacerdote pelo bispo de Toulouse Onorato e, depois de alguns anos, bispo. São Firmino permaneceu em sua cidade natal de Pamplona, onde uma tradição local o considera o primeiro bispo da cidade. Depois, passou a evangelizar algumas regiões da França como Aquitânia, Auvergne, Anjou e outras no nordeste. Apesar da oposição dos sacerdotes pagãos, os resultados de seu trabalho foram sensacionais.
Desafios apostólicos
Os “Atos” dizem que ele também foi preso por ordem do governador romano Valério, açoitado e, depois, libertado. Em seus itinerários, acabou parando em Amiens (a antiga Samobriva Ambianorum) onde foi bispo com grande sucesso por muitos anos. Sabe-se que ele converteu muitos nobres incluindo o senador Faustiniano, de cujos descendentes o outro bispo confessor São Firmino de Amiens (celebrado em outra data).
Páscoa
Pelos diligentes magistrados Longulo e Sebastiano, foi novamente preso no início do século IV e convidado a abjurar, mas São Firmino de Amiens recusou, mantendo-se firme em sua fé. Então, os magistrados, para evitar uma reação popular, mandaram decapitá-lo na prisão em 25 de setembro de um ano não especificado entre 290 e 303.
Suas relíquias
No século VII, não se sabia onde estava o túmulo do santo bispo e mártir, mas, por uma visão milagrosa, o bispo de Amiens São Salvio o encontrou. Suas relíquias estão espalhadas em várias igrejas da França, pois o culto a São Firmino de Amiens teve uma ampla difusão, tanto na França como na Espanha. Em Pamplona, em particular, é muito solene, documentado pela primeira vez em 1186, quando o bispo da cidade Pedro II recebeu algumas relíquias de São Firmino Amiens. Em 1217, na catedral havia um altar dedicado a ele e a festa foi celebrada com uma oitava.
Devoção atual
Atualmente, na cidade de origem, existem duas capelas dedicadas a ele, uma na catedral e outra na igreja de São Lorenzo, construídas segundo a tradição no local da casa natal de São Firmino de Amiens. A festa em Pamplona ficou muito conhecida no mundo, pela corrida de touros, o famoso “encierro”, que acontece nas ruas da cidade por cerca de 850 metros, com touros livres correndo junto com homens bastante ousados, com a participação de uma grande multidão e numerosos turistas, e terminando na arena. Em Amiens, na França, o nome de São Firmino foi incluído nas ladainhas medievais dos santos, e, na antiguidade, havia cinco celebrações em sua homenagem durante o ano, incluindo 25 de setembro, dia do martírio e data em que ele é inserido no ‘Martyrologium Romanum’.
Padroeiro e representações artísticas
Na Idade Média foi invocado como protetor dos tanoeiros, mercadores de vinho, padeiros e contra as doenças. Na arte figurativa, as obras confundem-se em Amiens, precisamente pelos dois bispos homónimos da mesma diocese, mas os de Firmino bispo e mártir são mais facilmente identificáveis, devido ao seu martírio, que o tornou mais famoso; de fato, tendo sido decapitado, em algumas obras ele é retratado com a cabeça na mão ou olhando para a cabeça decepada no chão. Os ‘Atos’ que falam dele datam do século V ou VI, tendo motivos de decorações escultóricas na própria catedral de Amiens.
Minha oração
“Pelo teu sangue, fizeste frutificar a fé do povo, intercedei por aqueles que lhe rogam e pelo povo no qual viveu o seu bispado. Que teu exemplo seja fortaleza e consolo para os europeus, assim como para nós. Amém!”
São Firmino, rogai por nós!
(canção nova)
terça-feira, 24 de setembro de 2024
O Papa: libertem Aung San Suu Kyi. Pronto para acolhê-la no Vaticano
Vatican News
Durante sua última Viagem Apostólica – entre 2 e 13 de setembro de 2024 –, o Papa Francisco encontrou-se em três ocasiões distintas com seus confrades jesuítas na Indonésia, Timor-Leste e Singapura. O Santo Padre pediu a libertação da senhora Aung San Suu Kyi, líder deposta birmanesa, promotora dos direitos humanos, vencedora do Prêmio Nobel da Paz, presa desde 2021 após o golpe militar. O padre Antonio Spadaro, presente nos encontros, fez um relato exclusivo para La Civiltà Cattolica, que será publicado na edição 4183 da revista. O texto integral está disponível no site www.laciviltacattolica.it.
Trabalhar com refugiados, no espírito do padre Arrupe
Nos três encontros, o Papa Francisco lembrou em várias ocasiões a
figura do padre Pedro Arrupe, ex-Prepósito Geral da Companhia de Jesus,
falecido em 1991, e seu testamento espiritual. «Padre Arrupe quis que os
jesuítas trabalhassem com refugiados – disse o Pontífice – uma
fronteira difícil. E ele fez isso pedindo-lhes, antes de tudo, uma
coisa: oração, mais oração», porque «somente na oração encontramos a
força e a inspiração para enfrentar a injustiça social». E acrescentou
que «é importante a forma como o padre Arrupe falou aos jesuítas
latino-americanos sobre o perigo da ideologia misturada com a justiça
social». Para o Santo Padre, Arrupe «foi um homem de Deus. Estou fazendo
o possível para que ele chegue aos altares».
Segundo
Francisco, o padre Arrupe «se dedicou à inculturação da fé e à
evangelização da cultura». Dois aspectos que representam «a missão
fundamental da Companhia». Para o Santo Padre, «a fé deve ser
inculturada. Uma fé que não cria cultura é uma fé proselitista».
«Os símbolos políticos devem ser defendidos»
Ao falar com os jesuítas sobre a «difícil» situação em Mianmar, o Papa Francisco recordou os Rohingya, minoria muçulmana discriminada e muitas vezes vítima de perseguição, e afirmou: «Existem bons jovens que lutam pelo seu país. Hoje, em Mianmar, não se pode ficar em silêncio: é preciso fazer algo!». E acrescentou: «Vocês sabem que os rohingyas me tocam profundamente. Falei com a senhora Aung San Suu Kyi, que era primeira-ministra e agora está na prisão». O Pontífice recordou sua viagem a Mianmar e Bangladesh, em dezembro de 2017, e a conversa com Aung San Suu Kyi, então primeira-ministra, atualmente presa, e o encontro com os Rohingya “expulsos”. O Santo Padre relatou ter «pedido a libertação da senhora Aung San Suu Kyi» e recebido o filho dela em Roma: «Ofereci o Vaticano para acolhê-la em nosso território. Neste momento, a senhora é um símbolo. E os símbolos políticos devem ser defendidos». O futuro do país, lembrou o Papa, «deve ser a paz fundada no respeito à dignidade e aos direitos de todos, no respeito a uma ordem democrática que permita a cada um contribuir para o bem comum».
Cristãos perseguidos
Respondendo a um confrade que pedia conselho sobre as situações em que os cristãos são perseguidos, Francisco disse: «Penso que o caminho do cristão é sempre o do “martírio”, ou seja, do testemunho. É necessário dar testemunho com prudência e coragem: são dois elementos que andam juntos, e cabe a cada um encontrar o seu caminho». E concluiu: «A prudência sempre arrisca quando é corajosa».
Justiça social, parte essencial do Evangelho
Respondendo às perguntas dos jesuítas de Timor-Leste, Francisco falou sobre a justiça social como «parte essencial e integrante do Evangelho». E esclareceu: «A justiça social deve levar em conta as três linguagens humanas: a linguagem da mente, a linguagem do coração e a linguagem das mãos. Ser um intelectual abstrato da realidade não ajuda no trabalho pela justiça social; o coração sem intelecto também não serve; e a linguagem das mãos sem coração e sem intelecto não ajuda em nada». Para o Papa Francisco, o «desejo» de justiça social «deu frutos» ao longo da história: «Quando Santo Inácio nos pede para sermos criativos, ele nos diz: olhem para os lugares, os tempos e as pessoas. As regras, as Constituições são importantes, mas sempre considerando os lugares, os tempos e as pessoas. É um desafio de criatividade e de justiça social. É assim que se deve estabelecer a justiça social, não com teorias socialistas. O Evangelho tem sua própria voz».
O ideal de justiça
O Papa também falou de coragem em referência às mães argentinas da Plaza de Mayo, que há décadas lutam e protestam para obter justiça e verdade sobre os seus filhos e netos desaparecidos durante a ditadura militar, e que inspiraram os Kamisan na Indonésia, um movimento pacífico que todas as quintas-feiras organiza comícios e protestos não violentos para exigir esclarecimentos sobre a violência massiva que abalou Jacarta durante a "tragédia nacional" de Semanggi de 1998, quando dezenas de mulheres foram alvo de multidões furiosas com violência generalizada contra pessoas e propriedades. Um dos jesuítas presentes no encontro em Jacarta acompanha as famílias das vítimas de violações passadas dos direitos humanos e entrega ao Papa uma carta escrita pela Sra. Maria Katarina Sumrsih, mãe de uma das vítimas da tragédia de Semanggi, explicando: "Ela é uma das iniciadoras do Kamisan, inspirado nas Mães da Plaza de Mayo na Argentina. Este grupo apela ao governo para que revele as violações passadas dos direitos humanos e proporcione justiça às vítimas e às suas famílias. Que conselho o senhor pode nos dar?”. O Papa recordou o encontro com a presidente das mães da Plaza de Majo, Hebe de Bonafini, falecida em 2022. “Comoveu-me e ajudou-me muito falar com ela. Transmitiu-me a paixão de dar voz a quem não tem. Esta é a nossa tarefa: dar voz a quem não tem. Lembrem-se disto – insistiu o Papa: esta é a nossa tarefa. A situação da ditadura argentina foi muito difícil e essas mulheres, essas mães, lutaram por justiça”. Então exortou: “Preservem sempre o ideal de justiça!”
A chaga do clericalismo
Além dos problemas sociais e políticos, Francisco, sempre respondendo às perguntas dos seus convidados, também se concentrou nas questões eclesiais. Começando por aquela – sempre estigmatizada como uma “chaga” – do clericalismo. Em resposta a um jesuíta de Díli, em Timor-Leste, Francisco reiterou que o clericalismo “está por todo lado”. “Por exemplo, no Vaticano, existe uma forte cultura clerical, que está lentamente tentando mudar”, disse ele. “O clericalismo é um dos meios mais sutis que o diabo usa.” Como sempre, o Papa citou De Lubac e o seu livro Meditações sobre a Igreja, no qual fala da “mundanidade espiritual”, afirmando que é “a pior coisa que pode acontecer à Igreja, pior ainda do que o tempo dos Papas concubinos”. “O clericalismo – observou o Pontífice – é a máxima mundanidade dentro do clero. Uma cultura clerical é uma cultura mundana”.
Por fim, referindo-se à Companhia, o Pontífice acrescentou: «Eu sonho com ela unida, corajosa. Prefiro que errem por coragem do que por segurança. Mas alguém pode dizer: “Se estivermos nos lugares de luta, nas fronteiras, sempre haverá o risco de escorregar...”. E eu respondo: “E escorreguem!”. Quem tem sempre medo de errar, não faz nada na vida».