sábado, 28 de setembro de 2024

Em universidade de 600 anos, papa pede busca da ‘verdade, a serviço do progresso humano’


Papa Francisco em reunião hoje (27) se reúne com acadêmicos da KU Leuven ??
Papa Francisco em reunião hoje (27) se reúne com acadêmicos da KU Leuven, universidade católica de pesquisa belga. | Daniel Ibáñez/ACI Digital
 

O papa Francisco disse hoje (27) a professores universitários para “buscarem a verdade” num discurso criticando as tendências acadêmicas ao relativismo e uma “cultura tecnocrática” em visita à universidade de Lovaina na Bélgica.

O papa discursou para acadêmicos da KU Leuven, universidade católica de pesquisa belga, hoje (27) à tarde para marcar o 600º aniversário de sua fundação.

Em seu discurso, o papa Francisco lamentou como o relativismo hoje causa “cansaço do espírito”, pois “nos remete para a incerteza permanente e para a falta de paixão, como se fosse inútil procurar sentido numa realidade que permanece incompreensível”.

Papa Francisco com o professor belga de sociologia Luc Sels em reunião hoje (27) com acadêmicos na KU Leuven, universidade católica de pesquisa belga. Daniel Ibáñez/ACI Digital
Papa Francisco com o professor belga de sociologia Luc Sels em reunião hoje (27) com acadêmicos na KU Leuven, universidade católica de pesquisa belga. Daniel Ibáñez/ACI Digital

O papa também criticou o “racionalismo sem alma” condicionado por “uma cultura tecnocrática” em muitas universidades modernas.

“Quando o homem se reduz apenas à matéria, quando a realidade se restringe aos limites do visível, quando a razão é apenas matemática e laboratorial, perde-se o espanto”, disse Francisco.

“Perde-se o espanto, aquele assombro interior que nos impele a procurar mais além, a olhar para o céu, a descobrir aquela verdade escondida que responde às perguntas fundamentais: Por que é que vivo? Que sentido tem a minha vida? Qual é o objetivo último e a meta deste caminho?”

“O Espírito Santo que recebemos como dom nos impele a buscar, a abrir espaços para o nosso pensamento e ação, até que Ele nos conduza à plenitude da verdade”, disse o papa.

O papa foi recebido na universidade pelo reitor, o professor de sociologia Luc Sels, e pelo arcebispo de Malinas-Bruxelas, dom Luc Terlinden.

A KU Leuven é a maior universidade da Bélgica, com mais de 65 mil alunos. As aulas na universidade são ministradas principalmente em holandês e um pouco de inglês.

Prefeitura de Lovaina, Bélgica. Daniel Ibáñez/ACI Digital
Prefeitura de Lovaina, Bélgica. Daniel Ibáñez/ACI Digital

“A primeira tarefa de uma universidade é oferecer uma educação integral para que as pessoas tenham as ferramentas necessárias para interpretar o presente e planejar o futuro. Na verdade, a formação cultural nunca é um fim em si mesma”, disse o papa Francisco. “É bom pensar que a Universidade gera cultura, gera ideias, mas sobretudo que promove a paixão pela busca da verdade, a serviço do progresso humano”.

“Em particular, as Universidades católicas, como esta, são chamadas a ‘prestar o decisivo contributo de fermento, sal e luz do Evangelho de Jesus Cristo e da Tradição viva da Igreja sempre aberta a novos cenários e propostas' ”, disse Francisco ao citar sua própria constituição apostólica Veritatis gaudium.

No final da visita à universidade, o papa Francisco se encontrou com um grupo de refugiados no Salão do Reitor e depois cumprimentou as cerca de 5 mil pessoas reunidas na praça principal de Leuven num carrinho de golfe antes de retornar à nunciatura apostólica para encerrar o dia.

“Sejam buscadores incansáveis ​​da verdade e não permitam que seu entusiasmo diminua para não ceder à letargia intelectual”, disse o papa Francisco à universidade católica.

Visita do Papa Francisco à Bélgica

O papa Francisco visita três cidades na Bélgica por ocasião do 600º aniversário das universidades católicas de Leuven e Louvain-la-Neuve, entre ontem (26) e domingo (29).

Depois de fazer ontem (26) uma escala de um dia em Luxemburgo, o papa chegou a Bruxelas ontem (26) à noite sob chuva torrencial.

O papa Francisco começou seu primeiro dia completo na Bélgica com uma visita oficial ao castelo de Laeken na manhã de hoje (27), onde se encontrou com o rei Filipe e a rainha Mathilde da Bélgica.

O papa também discursou a 300 dignitários e autoridades políticas, incluindo o primeiro-ministro belga Alexander De Croo, na Grande Galeria do castelo, onde lamentou a crise de abusos clericais no país e defendeu a paz.

Amanhã (28), Francisco deve se encontrar com membros da Conferência Episcopal Belga, clérigos e religiosos locais, na Basílica Nacional do Sagrado Coração de Koekelberg, em Bruxelas, capital do país.

Depois do almoço, o papai fará uma viagem de pouco menos de uma hora para visitar Louvain-la-Neuve, cidade universitária a cerca de 28 km a sudeste da capital. A cidade abriga a Universidade Católica de Leuven, de língua francesa, que se separou da KU Leuven no final da década de 1960.

O papa Francisco passará a tarde se reunindo com estudantes universitários em Louvain-la-Neuve antes de ter uma audiência privada com jesuítas, em Bruxelas.


 

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