quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

"Procedimentos para curar as doenças da alma”, o presente do Papa à Cúria

Cidade do Vaticano (RV) – “O esforço para adquirir as virtudes pode vencer todas as doenças da alma”, escrevia em 1.600 Padre Claudio Acquaviva, quinto Geral dos Jesuítas e autor do livro “Procedimentos para curar as doenças da alma” (“Accorgimenti per curare le malattie dell’anima”, título em italiano). A obra foi presenteada aos membros da Cúria pelo Papa Francisco, por ocasião das felicitações de Natal.

A Rádio Vaticano perguntou ao Diretor Espiritual do Pontifício Seminário Romano Maior - e autor da apresentação do livro - Padre Giuseppe Forlai, sobre o por quê desta escolha do Pontífice:

“Penso que o Santo Padre tenha escolhido este texto porque Acquaviva é uma leitura habitual dentro da Companhia, sobretudo nos anos de formação – ao menos o era. Os procedimentos de Acquaviva são um dos poucos manuais modernos em uso pelos Superiores, para guiar e fazer crescer, sobretudo na experiência do espírito, aqueles que lhe são confiados. E provavelmente, por ocasião de um discurso à Cúria que tinha como ponto central os termos da reforma – e a reforma parte sempre da reforma interior, daquilo que alguém é, antes daquilo que faz – não poderia haver um texto mais adequado do que este”.

RV: O Papa Francisco, confirma-se assim como um grande diretor espiritual das almas?

“Sim. A missão do Papa e de cada Superior em uma comunidade é sempre - e sobretudo - a de ajudar as pessoas a eles confiadas a alimentarem-se em bons prados. Jesus é o pastor que não organiza as pessoas: Jesus não é o pastor porque organiza uma Igreja ou a estrutura, mas porque leva e conduz a cada um de nós à vida eterna. Na terra, nós, na fé, desejamos e acreditamos que os nossos pastores façam o mesmo. Os Bispos, os Superiores das comunidades, deveriam ser pessoas que cuidam antes de tudo da salus animarum, isto é, da nossa experiência de fé. Na tradição monástica e da vida religiosa genuína, o Superior tem sempre - e sobretudo - este papel, até mesmo um papel de direção espiritual comunitária, como é o Abade na regra de São Bento. Depois, pouco a pouco, infelizmente, com um certo pragmatismo, sobretudo depois da Revolução Francesa, o Superior também na comunidade reduziu-se a uma figura que coordena as atividades dos religiosos”.

RV: Também desperta curiosidade o aspecto prático deste livro...

“Acquaviva toca muito aos Padres, e sobretudo a Cassiano, à regra pastoral de Gregório Magno e também à sua experiência pessoal de diretor de almas. O princípio fundamental do qual parte Acquaviva é este: de que o Superior será chamado a prestar contas das almas que lhe foram confiadas. E Acquaviva assume uma direção investigativa sobre as almas das pessoas, por meio da nomeação clássica dos vícios capitais. O Superior traz à consciência todos os membros, por meio da fraqueza de um irmão, o que é um risco para toda a comunidade. E assim, é necessário que exista uma comunidade sempre vigilante e que o Superior a tenha sempre desperta: o Superior não é alguém que administra a vida tranquila, mas que inquieta quanto à radicalidade do caminho evangélico, do seguimento de Cristo”.

RV: “Antes de tudo, que o Superior examine a si mesmo”, é uma das frases de Acquaviva. O que quer dizer isto?

“Que o Superior deve ser capaz de detectar as doenças espirituais dos irmãos, mas pode fazê-lo somente se conhece as suas. Diz Antônio Abade, que é o pai de toda a vida religiosa, que ninguém pode combater os demônios dos outros se não acerta primeiro as contas consigo mesmo”.

RV: Outro aspecto do verdadeiro tratado de Acquaviva: como conciliar ternura e firmeza num governo?

“Acquaviva se coloca em equilíbrio entre um modo de ser  Superior - que é o de um líder-censor - e um líder excessivamente materno, protetor, que justifica ou que faz silenciar tudo, por uma “falsa-paz” da comunidade. Por outro lado, Acquaviva se coloca precisamente como um Superior que tem como objetivo a transformação em Cristo das pessoas. É um líder transformador, o Superior, isto é, alguém que sabe ler o mal e envolver toda a comunidade na mudança. Mas este é um conceito muito importante que está presente nos Padres, sobretudo em Evagrio Pontico: “O mal que eu vejo em um irmão é o mal de todos”. O Superior transformador é aquele que envolve todos os irmãos na tomada de consciência do mal que é curado com a graça de Deus. Assim, em Acquaviva existe esta grandíssima confiança na força curadora da graça de Deus”.

RV: Este livro, permanece atual ou volta a ser atual?

“É sempre atual, sobretudo porque nós temos necessidade hoje de recalibrar, em todos os níveis, a figura, a pessoa do Superior. O Superior não é um manager, como não o é o Bispo; mas isto nós, hoje, temos muita dificuldade em entender. Acquaviva, que era Geral de uma Companhia de Jesus em plena expansão, havia entendido isto muito bem. E tinha problemas práticos muito mais sérios do que os nossos, problemas organizativos vastíssimos e ainda, neste seu manual para os Superiores, acena exclusivamente à saúde das almas dos membros da Companhia”.

RV: Neste sentido, este livro nasce do conhecimento dos grandes Padres monásticos, mas também da experiência pessoal, quer do Superior da Companhia, quer do Diretor do nascente Seminário Romano...

“Eu entendi uma coisa muito simples, que depois o Papa Francisco repete: que a reforma nasce a partir do discernimento. Se nós não nos preocupamos em reformar o nosso coração, isto é, de invocar o dom da conversão, todos os ajustes, as acomodações, a sobriedade exterior não servem para nada. A reforma nasce sempre do coração. De outra forma, teríamos comportamentos que podem durar alguns anos, alguns decênios, mas que não se sustentam mais tarde diante da prova da história”.

(je/em)

radiovaticana

 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Audiência Geral de 28 de dezembro de 2016

Na vida de Abraão, podemosaprender o que é o caminho da fé eda esperança. Um dia ouvira oSenhor que o chamava a deixar asua terra partindo para outra que lheindicaria; ele obedece e parte para aTerra Prometida. Esta seria possuídapelos seus herdeiros; só que Abraãonão tinha filhos, nem via possibilidadede os ter, pois ele era já idoso e Sara,sua esposa, estéril. A este propósito,escreve São Paulo na Carta aosRomanos: «Foi com uma esperança,para além do que se podia esperar,que Abraão acreditou e assim setornou pai de muitos povos». A sua fé abre-se a uma esperançaaparentemente não razoável, capazde ir mais além dos raciocínioshumanos, da sabedoria e prudênciado mundo, da medida normal debom senso, para crer no impossível.A esperança abre novos horizontes,permite sonhar até mesmo oinimaginável; faz entrar na escuridãode um futuro incerto para caminharna luz. Mas é um caminho difícil! Opróprio Abraão sentiu o peso dadesilusão, do desânimo: o tempopassa, e o filho não vem. E lamenta-se com Deus. Mas também estelamento é uma forma de fé. Apesarde tudo, Abraão continua a crer emDeus e a esperar que algo possa ainda acontecer. Casocontrário, porquê interpelar o Senhor,lamentar-se com Ele, fazer apelo àssuas promessas? A fé não é apenassilêncio que tudo aceita sem replicar;a esperança não dá uma certeza talque te preserve de dúvidas eperplexidades. A fé é também lutar com Deus, mostrar-Lhe a nossaamargura sem piedosos fingimentos.E a esperança é também não termedo de olhar a realidade como estáe aceitar as suas contradições. Porisso Abraão, na sua fé, dirige-se aDeus, para que o ajude a continuar aesperar. Então Deus fá-lo sair datenda e fixar o céu estrelado. E, ondeolhos normais só veem estrelas, osolhos de Abraão vislumbram o sinalda fidelidade do Senhor.

* * *

Santo Padre:

Carissimi pellegrini di lingua portoghese, di cuore vi saluto tutti, augurandovi ogni consolazione e ogni grazia del Dio Bambino. Nei vostri cuori e sulle vostre famiglie e comunità, rifulga la luce del Salvatore, che ci rivela il volto tenero e misericordioso del Padre Celeste. Egli vi benedica con un sereno e felice Anno Nuovo!

Locutor

Amados peregrinos de língua portuguesa, a minha cordial saudação para todos, desejando-vos todas as consolações e graças do Deus Menino. Nos vossos corações, famílias e comunidades, resplandeça a luz do Salvador, que nos revela o rosto terno e misericordioso do Pai do Céu. Ele vos abençoe com um Ano Novo sereno e feliz!

(news.va)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Afeto, oração e lágrimas pelos cristãos odiados no mundo

Cidade do Vaticano (RV) – “O mundo odeia os cristãos, pela mesma razão pela qual odiava Jesus, porque Ele trouxe a luz de Deus e o mundo prefere as trevas para esconder as suas más obras”. Foi o que disse o Papa Francisco durante a sua alocução que precedeu a Oração mariana do Angelus na Praça São Pedro, por ocasião da festa do protomártir Estevão, o primeiro de uma longa série – observou o Papa – que continua até hoje.

(Continua em: news.va)

Angelus: abrir a porta ao Deus que se aproxima

Cidade do Vaticano (RV) – Milhares de fiéis e peregrinos rezaram com o Papa Francisco o Angelus dominical na Praça S. Pedro. O Pontífice comentou a liturgia deste quarto e último domingo de Advento, que fala proximidade de Deus à humanidade.

Maria, exemplo de disponibilidade

No Evangelho de Mateus, os protagonistas são a Virgem Maria e o seu esposo José. O Filho de Deus “vem” no seio de Maria para se tornar homem e Ela o acolhe. Assim, de modo único, afirmou o Papa, Deus se aproximou do ser humano tomando a carne de uma mulher. De maneira diferente, também Deus se aproxima de nós com a sua graça para entrar na nossa vida e nos oferecer o seu Filho.

“E nós, o que fazemos?, questionou o Papa. Nós O deixamos se aproximar, O acolhemos ou o rejeitamos? Assim como Maria se ofereceu livremente ao Senhor da história e Lhe permitiu mudar o destino da humanidade, também nós, acolhendo Jesus e buscando segui-lo todos os dias, podemos cooperar para o desenho de nossa salvação e de salvação do mundo.“

José, exemplo de confiança

Outro protagonista do Evangelho de hoje é São José, que sozinho não pode dar uma explicação para a gravidez de Maria. Deus então se faz próximo a ele, enviando um mensageiro para explicar que sua esposa concebeu pela ação do Espírito Santo.

“Diante do evento extraordinário, que certamente suscita no seu coração tantos interrogativos, José confia totalmente em Deus e, seguindo o seu convite, não repudia a sua futura esposa, mas a toma consigo.” Acolhendo Maria, prosseguiu Francisco, José acolhe Aquele que nela foi concebido por obra admirável de Deus, a quem nada é impossível.

Essas duas figuras, Maria e José, nos introduzem no mistério do Natal. Maria nos ajuda a colocar-nos em atitude de disponibilidade para acolher o Filho de Deus em nossa vida concreta, na nossa carne. José nos impulsiona a buscar sempre a vontade de Deus e a segui-La com plena confiança.

Deus conosco

O Papa repetiu o versículo do Evangelista, para sublinhar o significado do nome Emanuel, “Deus conosco”.

“Assim diz o anjo:  “O menino se chamará Emanuel, que significa Deus conosco, isto é, Deus próximo a nós. E ao Deus que se aproxima eu lhe abro a porta – ao Senhor – quando sinto uma inspiração interior, quando sinto que me pede para fazer algo mais aos outros, quando me chama na oração? Deus conosco. Deus que se aproxima. Que este anúncio de esperança que se realiza no Natal leve a termo a espera de Deus em cada um de nós, em toda a Igreja e em tantos pequeninos que o mundo despreza, mas que Deus ama”, foram os votos de Francisco.

Semana de reflexão

Após a oração mariana, o Papa convidou os fiéis a viverem a última semana antes do Natal para refletir e imaginar Nossa Senhora e São José que estão indo a Belém. “Imaginem o caminho, o cansaço, mas também a alegria, a comoção, e depois a ansiedade em encontrar um lugar, a preocupação... e assim por diante. Nisto muito nos ajuda o presépio. Vamos tentar entrar no verdadeiro Natal, o de Jesus, para receber a graça desta festa, que é uma graça de proximidade, de amor, de humildade e de ternura.”

R.D. do Congo

Antes de se despedir, Pontífice convidou os fiéis a rezarem pela República Democrática do Congo, para que o diálogo se realize com serenidade para evitar qualquer tipo de violência e pelo bem de todo o país.


(radiovaticana)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Padre Acácio

Fazemos hoje memória de mais um aniversário da morte do Senhor Padre Acácio, ocorrida logo após ter terminado o Convivio Final das Catequeses do Caminho Neocatecumenal, na Ilha Terceira.
Junto do Pai está a pedir por nós, para nas comunidades que ajudou a criar, reine a Paz e a Justiça.

Angelus: abrir a porta ao Deus que se aproxima

Cidade do Vaticano (RV) – Milhares de fiéis e peregrinos rezaram com o Papa Francisco o Angelus dominical na Praça S. Pedro. O Pontífice comentou a liturgia deste quarto e último domingo de Advento, que fala proximidade de Deus à humanidade.

Maria, exemplo de disponibilidade

No Evangelho de Mateus, os protagonistas são a Virgem Maria e o seu esposo José. O Filho de Deus “vem” no seio de Maria para se tornar homem e Ela o acolhe. Assim, de modo único, afirmou o Papa, Deus se aproximou do ser humano tomando a carne de uma mulher. De maneira diferente, também Deus se aproxima de nós com a sua graça para entrar na nossa vida e nos oferecer o seu Filho.

“E nós, o que fazemos?, questionou o Papa. Nós O deixamos se aproximar, O acolhemos ou o rejeitamos? Assim como Maria se ofereceu livremente ao Senhor da história e Lhe permitiu mudar o destino da humanidade, também nós, acolhendo Jesus e buscando segui-lo todos os dias, podemos cooperar para o desenho de nossa salvação e de salvação do mundo.“

José, exemplo de confiança

Outro protagonista do Evangelho de hoje é São José, que sozinho não pode dar uma explicação para a gravidez de Maria. Deus então se faz próximo a ele, enviando um mensageiro para explicar que sua esposa concebeu pela ação do Espírito Santo.

“Diante do evento extraordinário, que certamente suscita no seu coração tantos interrogativos, José confia totalmente em Deus e, seguindo o seu convite, não repudia a sua futura esposa, mas a toma consigo.” Acolhendo Maria, prosseguiu Francisco, José acolhe Aquele que nela foi concebido por obra admirável de Deus, a quem nada é impossível.

Essas duas figuras, Maria e José, nos introduzem no mistério do Natal. Maria nos ajuda a colocar-nos em atitude de disponibilidade para acolher o Filho de Deus em nossa vida concreta, na nossa carne. José nos impulsiona a buscar sempre a vontade de Deus e a segui-La com plena confiança.

Deus conosco

O Papa repetiu o versículo do Evangelista, para sublinhar o significado do nome Emanuel, “Deus conosco”.

“Assim diz o anjo:  “O menino se chamará Emanuel, que significa Deus conosco, isto é, Deus próximo a nós. E ao Deus que se aproxima eu lhe abro a porta – ao Senhor – quando sinto uma inspiração interior, quando sinto que me pede para fazer algo mais aos outros, quando me chama na oração? Deus conosco. Deus que se aproxima. Que este anúncio de esperança que se realiza no Natal leve a termo a espera de Deus em cada um de nós, em toda a Igreja e em tantos pequeninos que o mundo despreza, mas que Deus ama”, foram os votos de Francisco.

Semana de reflexão

Após a oração mariana, o Papa convidou os fiéis a viverem a última semana antes do Natal para refletir e imaginar Nossa Senhora e São José que estão indo a Belém. “Imaginem o caminho, o cansaço, mas também a alegria, a comoção, e depois a ansiedade em encontrar um lugar, a preocupação... e assim por diante. Nisto muito nos ajuda o presépio. Vamos tentar entrar no verdadeiro Natal, o de Jesus, para receber a graça desta festa, que é uma graça de proximidade, de amor, de humildade e de ternura.”

R.D. do Congo

Antes de se despedir, Pontífice convidou os fiéis a rezarem pela República Democrática do Congo, para que o diálogo se realize com serenidade para evitar qualquer tipo de violência e pelo bem de todo o país.

Radiovaticana

sábado, 17 de dezembro de 2016

Parabéns, Papa Francisco

Uma velhice fecunda e feliz: é a oração que pede Francisco no dia em que completa 80 anos (17/12). E o Papa comemorou com uma missa concelebrada com os cardeais na Capela Paulina, no Vaticano.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Palavra de Vida – dezembro 2016




«Deus vem salvar-vos» (Is 35, 4).

O verbo desta frase está no presente: Deus vem! É uma certeza presente, de agora. Não temos que esperar por amanhã, ou pelo fim dos tempos, ou pela outra vida. Deus age imediatamente. O amor não permite adiamentos ou atrasos. O profeta Isaías dirigia-se a um povo que esperava ansiosamente o fim do exílio e o regresso à sua pátria. Nestes dias em que esperamos pelo Natal não podemos deixar de recordar que uma promessa semelhante de salvação foi dirigida a Maria: «O Senhor está contigo» (Lc 1, 28). O anjo anunciava-lhe o nascimento do Salvador.
Deus não vem para uma visita qualquer. Trata-se de uma intervenção decisiva, da máxima importância: vem para nos salvar! Salvar-nos de quê? Estamos em perigo grave? Sim. Há ocasiões em que temos consciência disso, mas outras vezes não nos damos conta. Ele intervém porque vê os nossos egoísmos, a nossa indiferença para com quem sofre e vive em necessidade, vê os ódios, as divisões. O coração da humanidade está doente. Ele vem movido pela piedade para com um filho Seu, pois não quer que ele se perca.
A Sua mão estende-se para nós, como a náufragos que se estão a afogar. Infelizmente, neste período, esta imagem está bem presente aos nossos olhos, porque todos os dias ela se renova com os refugiados que tentam atravessar os nossos mares e que se agarram à mão que se estende ou ao colete salva-vidas. Também nós podemos, em qualquer momento, agarrar a mão estendida de Deus e segui-Lo com confiança. Ele não só liberta o nosso coração daquele virar-nos para nós próprios, que não nos deixa abrir-nos aos outros, mas também nos torna capazes de ajudar, à nossa volta, todos aqueles que passam necessidades ou estão na tristeza ou na provação.
A este propósito, Chiara Lubich escreveu: «Não há dúvida que não é o Jesus histórico, enquanto Cabeça do Corpo místico, que resolve os problemas. É antes Jesus-nós, Jesus-eu, Jesus-tu… É Jesus no ser humano, naquela pessoa concreta – quando a graça está nele – que constrói uma ponte, que abre um caminho. (…) É como um outro Cristo, como membro do seu Corpo místico, que cada pessoa dá um contributo pessoal, em todos os campos: na ciência, na arte, na política, na comunicação, e assim por diante». E assim, o ser humano é co-criador e co-redentor com Cristo. «É a encarnação que continua, encarnação completa, que abrange todos os Jesus do Corpo Místico de Cristo» (1).
Foi exactamente o que aconteceu a Roberto, um ex-prisioneiro que encontrou alguém que o “salvou” e que, por seu lado, se transformou em alguém que “salva”. Este homem contou a sua experiência ao Papa, no dia 24 de abril, quando ele veio à Mariápolis (2) de Villa Borghese, em Roma. «Depois de sair de um longo período de detenção, pensava recomeçar a minha vida. Mas, como todos sabem, mesmo depois de pagares a tua pena, para as pessoas, tu serás sempre um pobre diabo. Ao procurar trabalho, via todas as portas fecharem-se. Tive que mendigar nas ruas e durante sete meses fui um vagabundo. Até que encontrei Alfonso, que, com a associação que ele mesmo criou, ajuda as famílias dos presos. “Se queres recomeçar – disse-me ele – vem comigo”. E há já um ano que o ajudo a preparar os cestos de víveres para as famílias dos presos que visitamos. Para mim é uma graça imensa, porque nestas famílias eu revejo-me a mim próprio. Vejo a dignidade destas mulheres sozinhas, com crianças pequenas, que vivem em situações desesperadas, que esperam alguém que lhes leve um pouco de conforto e um pouco de amor. Doando-me, eu encontrei a minha dignidade de ser humano, descobri que a minha vida tem um sentido. Tenho uma força acrescida, porque tenho Deus no coração e sinto-me amado…».
Fabio Ciardi



terça-feira, 13 de dezembro de 2016

“O clericalismo é um mal que afasta o povo da Igreja”

Missa Santa Marta


Cidade do Vaticano (RV) - O espírito do clericalismo é um mal presente também hoje na Igreja e a vítima é o povo, que se sente descartado, abusado. Foi o que disse o Papa na missa celebrada na manhã de terça-feira (13/12) na capela da Casa Santa Marta. Concelebraram com o Papa os membros do Conselho dos Cardeais (C9).

O povo humilde e pobre que tem fé no Senhor é a vítima dos intelectuais da religião, os seduzidos pelo clericalismo, que no Reino dos céus serão precedidos pelos pecadores arrependidos. O Papa cita o Evangelho do dia, em que Jesus se dirige aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo, para falar justamente sobre o seu papel.  “Tinham a autoridade jurídica, moral e religiosa, decidiam tudo. Anás e Caifás, por exemplo, explicou Francisco, “julgaram Jesus”, eram os sacerdotes e os chefes que “decidiram matar Lázaro” ou ainda, “negociaram com Judas”, que vendeu Jesus. Francisco questionou: mas como chegaram a este “estado de prepotência e tirania”, instrumentalizando a lei?:

“Mas uma lei que eles refizeram inúmeras vezes: tantas vezes até chegar a 500 mandamentos. Tudo era regulado, tudo! Uma lei cientificamente construída, porque essas pessoas eram sábias, conheciam bem. Faziam todas essas nuances, não? Mas era uma lei sem memória: tinham esquecido o primeiro mandamento, que Deus deu ao nosso pai Abraão: “Caminha em minha presença e seja irrepreensível”. Eles não caminhavam: sempre estiveram parados nas próprias convicções. E não eram irrepreensíveis! 

Eles – prossegue o Papa – “haviam esquecido os Dez Mandamentos de Moisés”: “com a lei feita somente por eles”, “intelectual, sofisticada, casuística”, “cancelam a lei do Senhor”. E a vítima, assim como foi Jesus, todos os dias é o “povo humilde e pobre que confia no Senhor”, “aqueles que são descartados”, destaca o Papa, que conhecem o arrependimento também se não cumprem a lei, mas sofrem estas injustiças. Sentem-se “condenados”, “abusados”, sublinha outra vez o Papa por quem é “presunçoso, orgulhoso, soberbo”. “Um descarte destas pessoas”, observou o Papa, foi Judas:

“Judas foi um traidor, pecou fortemente, eh! Pecou com força. Mas então o Evangelho diz: “Arrependido, foi a eles dar de volta as moedas”. E eles o que fizeram? “Mas você foi nosso ‘sócio’. Fica tranquilo... Nós temos o poder de perdoar tudo!”. Não! “Te vira. É um problema teu”. E o deixaram sozinho: descartado! O pobre Judas traidor e arrependido não foi acolhido pelos ‘pastores’. Porque eles haviam esquecido o que é ser um pastor. Eram os intelectuais da religião, aqueles que tinham o poder, que levavam adiante as catequeses do povo com uma moral feita pela sua inteligência e não a partir da revelação de Deus”.

“Um povo humilde descartado e surrado por esta gente”: também hoje, é a observação de Francisco, acontecem estas coisas na Igreja. “Há aquele espírito de clericalismo”, explica: “os clérigos se sentem superiores, se afastam das pessoas”, não têm tempo para escutar os pobres, os que sofrem, os presos, os doentes”:

“O mal do clericalismo é uma coisa muito feia! É uma nova edição desta gente. E a vítima é a mesma: o povo pobre e humilde, que tem esperança no Senhor. O Pai sempre procurou se aproximar de nós: enviou seu Filho. Estamos esperando, uma espera alegre e exultante. Mas o Filho não entrou no jogo desta gente: o Filho foi com os doentes, os pobres, os descartados, os publicanos, os pecadores – é escandaloso isso... – as prostitutas. Também hoje Jesus diz a todos nós e também a quem está seduzido pelo clericalismo: “Os pecadores e as prostitutas entrarão primeiro no Reino dos Céus”. 

(bf/rb)
radiovaticana


domingo, 11 de dezembro de 2016

HOJE É DIA DO SENHOR




III DOMINGO DO ADVENTO

Alegrai-vos no Senhor

O mundo vive carente de alegria.

Na exortação apostólica "A ALEGRIA DO EVANGELHO",
o Papa Francisco nos lembra que "a alegria do Evangelho
 enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus.
Os que se deixam salvar por Ele são libertados do pecado,
da tristeza, do vazio interior, do isolamento.
Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria". (Francisco)

As Leituras bíblicas são um convite muito forte para a ALEGRIA,
porque o Senhor, que esperamos, já está conosco e
com ele preparamos o Advento do seu Reino.
Por isso, o 3º domingo do Advento é chamado "Domingo da alegria".

A 1ª Leitura é um Hino à ALEGRIA. (Is 35,1-6a.10)

O profeta deseja despertar e fortalecer a esperança dos exilados.
O povo atravessava um dos piores períodos de sua história:
Jerusalém e o templo destruídos, o povo deportado na Babilônia.
Mesmo assim, o profeta prevê a ALEGRIA dos tempos messiânicos:
fala do deserto que vai florir, da tristeza que vai dar lugar à alegria,
Ele libertará os cegos, os coxos, os mudos de suas doenças...
* São SINAIS que indicam a chegada de um mundo novo,
onde não haverá mais lugar para a doença, a dor e o pranto..

Na 2ª Leitura, Tiago convida à espera com PACIÊNCIA. (Tg 5,7-10)

No Evangelho, Jesus mostra que o mundo novo anunciado pelo Profeta
já chegou. O texto tem 3 partes: (Mt 11,2-11)

1. A PERGUNTA de João Batista:
João Batista estava preso... por Herodes... por reprovar o seu comportamento...
No cárcere, ouve falar das obras de Cristo, tão diferente do que se esperava:
Ele anunciara um juiz severo que castigaria os pecadores...
Ao invés, defronta-se com alguém que se aproxima dos pecadores.
Perplexo, envia a Jesus dois discípulos com uma pergunta bem concreta:
   "És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar por outro"?

2. A RESPOSTA de Jesus:
Jesus responde apontando seis sinais concretos de libertação,
já anunciados por Isaías há muito tempo:
   "Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo:
    cegos... paralíticos... leprosos... surdos... mortos... pobres evangelizados..."
    E acrescenta:  "Feliz quem não se escandalizar de mim..."
* Jesus mostra a João que as suas obras comprovam a era messiânica,
   mas sob a forma de atos de salvação, não de violência e castigo.

3. O TESTEMUNHO de Jesus sobre João:
- João Batista não é um CANIÇO que verga conforme o vento:
  não é um pregador oportunista que se adapta conforme a situação.
- Não é um CORRUPTO que vive na fortuna e no luxo...
- É muito mais que um PROFETA... "É o maior dos nascidos de mulher".
= Mas, com surpresa, acrescenta:
   "No entanto, o menor no Reino dos céus é maior do que ele".

* Os que já pertencem ao Reino transcendem àqueles
   que o precederam e prepararam.
   Declaração implícita da superioridade do Novo sobre o Antigo Testamento;
   da Igreja sobre a Sinagoga; da Lei de Cristo sobre a Lei de Moisés.

+ A Ação libertadora de Deus deve continuar na História
    através de gestos concretos dos seguidores de Cristo.

A resposta de Jesus a João Batista foi clara:
"Ide contar a João o que estais OUVINDO e VENDO..."
Pelos "sinais", que podiam ver e ouvir, Jesus comprovava
a presença salvadora e libertadora de Deus no meio dos homens.
Para perpetuar no mundo a ação salvadora e libertadora de Deus,
os "Sinais", que Jesus realizava então,
devem continuar acontecendo agora, através dos seus seguidores.
- Em nossa vida e nossas comunidades há gestos de salvação e libertação
que são sinais que o Reino de Deus já chegou?

- Os "surdos", fechados num mundo sem comunicação e sem diálogo,
encontram em nós a Palavra viva de Deus
que os desperta para a comunhão e para o amor?
- Os "cegos", encerrados nas trevas do egoísmo ou da violência,
encontram em nós o desafio que Deus lhes apresenta de abrir os olhos à luz?
- Os "coxos", privados de movimento e de liberdade,
escondidos atrás das grades em que a sociedade os encerra,
encontram em nós a Boa Nova da liberdade?
- Os "pobres", sem voz nem dignidade, sentem em nós o amor de Deus?
   * O que significa hoje recuperar a vista aos cegos, a capacidade
      de andar aos coxos, a audição aos surdos, a ressurreição aos mortos?
        
+ A Liturgia de hoje é um convite forte à alegria:
   "Alegrai-vos sempre no Senhor, de novo vos digo:
    alegrai-vos: o Senhor está perto". (Ant de Entrada)

A Boa Nova trazida no Natal é mensagem de alegria... Gabriel na anunciação... Isabel na visitação... Maria no Magnificat... os Anjos aos pastores...

A ALEGRIA é uma característica de nossas Comunidades?
Somos semeadores de alegria ou motivo de dor e tristeza?

     


 Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 11.12.2016