Missa
Santa Marta
Cidade
do Vaticano (RV) – Todos temos no coração resistências à
graça: é
preciso encontrá-las e pedir ajuda ao Senhor,
reconhecendo-se
pecadores. Esta foi a exortação do Papa Francisco
na
homilia da missa celebrada na manhã de quinta-feira (01/12) na
Casa Santa
Marta.
A
homilia do Pontífice teve início com uma frase da oração da
coleta: “Que a tua graça vença as resistências
do pecado”. E se
concentrou
sobre as resistências na vida cristã de ir avante. O Papa
distingui
vários tipos de resistências. Há “resistências abertas, que
nascem
da boa vontade”, como aquela de Saulo que resistia à
graça,
mas “estava convencido em fazer a vontade de Deus”. É
Jesus
que lhe diz de parar e Saulo se converte. “As resistências
abertas
são saudáveis”, no sentido que “são abertas à graça para se
converter”.
De fato, somos todos pecadores.
Resistências
escondidas
Ao invés, para
Francisco “as resistências escondidas” são as mais perigosas, porque são as que
não se mostram. “Cada um de nós tem o próprio estilo de resistência escondida à
graça”. Porém, é preciso encontrá-la e “colocá-la diante do Senhor, para que
ele nos purufique”. É a resistência de que Estevão acusava os Doutores da Lei:
resistir ao Espirito Santo enquanto fingiam buscar a glória de Deus. Dizer isso
a Estevão custou-lhe a vida:
“Mas
essas resistências escondidas, que todos temos, como são? Sempre vêm para deter
um processo de conversão. Sempre! É deter, não é lutar contra. Não, não! É
ficar parado; sorrir, talvez: mas você não passa. Resistir passivamente, de
maneira escondida. Quando há um processo de mudança numa instituição, numa
família, eu ouço dizer: ‘Há resistências ali’… Mas graças a Deus! Se não
existissem, a coisa não seria de Deus. Quando há essas resistências é o diabo
que as semeia ali, para que o Senhor não prossiga”.
Palavras vazias
Francisco falou
então de três tipos de resistências escondidas. Há a resistência das “palavras
vazias”. Para explicar, Francisco citou o Evangelho de hoje, quando Jesus diz
que nem todo mundo que disser “Senhor, Senhor” entrará no reino dos céus. Como
na parábola dos dois filhos que o Pai convida à vinha: um diz “não” e depois
acaba indo, o outro diz “sim” e não aparece:
“Dizer sim, tudo
sim, muito diplomaticamente; mas é ‘não, não, não’. Tantas palavras: ‘Sim, sim,
sim; mudaremos tudo! Sim!’, para não mudar nada, não? Ali esta a camuflagem
espiritual: os que tudo sim, mas que é tudo não. É a resistência das palavras
vazias”.
Palavras
justificatórias
Depois,
tem a resistência “das palavras justificatórias”, ou seja, quando uma pessoa se
justifica continuamente, “sempre há uma razão para se opor”: Não, fiz isso por
aquilo”. Quando as justificações são muitas, “não há o bom cheiro de Deus”,
disse o Papa, mas “existe o mau cheiro do diabo”. “O cristão não precisa se
justificar”, esclarece Francisco. “Foi justificado pela Palavra de Deus”.
Trata-se de resistência das palavras “que buscam justificar a minha posição
para não seguir aquilo que o Senhor nos indica”, disse ainda o Pontífice.
Palavras
acusatórias
Depois, existe a
resistência “das palavras acusatórias”: quando se acusam os outros para não
olhar para si mesmos, não se necessita de conversão e assim se resiste à graça
como evidencia a Parábola do fariseu e do publicano.
As
resistências não são somente aquelas grandes resistências históricas como a
Linha Maginot ou outras, mas aquelas que “estão dentro de nosso coração todos
os dias!” A resistência à graça é um bom sinal “porque nos indica que o Senhor
está trabalhando em nós”. Devemos “deixar cair as resistências para que a graça
vá adiante”. A resistência, de fato, procura sempre se esconder nas
formalidades das palavras vazias, das palavras justificatórias, das palavras
acusatórias e muitas outras, procura “não deixar-se levar pelo Senhor” porque
“sempre existe uma cruz”. “Onde está o Senhor, pequena ou grande, haverá uma
cruz. É a resistência à Cruz, a resistência ao Senhor que nos leva à redenção”,
explica o Papa. Portanto, quando existem resistências não é preciso ter medo,
mas pedir ajuda ao Senhor, reconhecendo-se pecador:
“Digo-lhes para não
ter medo quando cada um vocês, cada um de nós, vê que em seu coração existem
resistências. Digam claramente ao Senhor: ‘Olha, Senhor, eu procuro cobrir
isso, fazer aquilo para não deixar entrar a sua palavra. Senhor, com grande força,
socorre-me. A sua graça vença as resistências do pecado’. As resistências são
sempre um fruto do pecado original que nós levamos. É feio ter resistências?
Não, é bonito! O feito é tomá-las como defesa da graça do Senhor. Ter
resistência é normal. É dizer: Sou pecador, ajuda-me Senhor! Preparemo-nos com
esta reflexão para o próximo Natal.”
Beato
Charles de Foucauld
No
final da missa, o Papa recordou que hoje se celebra os 100 anos do assassinato
do Beato Charles de Foucauld, ocorrido na Argélia em primeiro de dezembro de
1916. Era “um homem – disse – que venceu tantas resistências e deu um
testemunho que fez bem à Igreja. Peçamos que nos abençoe do céu e nos ajude a
caminhar nos caminhos de pobreza, contemplação e serviço aos pobres”.
(BF/MJ)
(radiovaticana)
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