quinta-feira, 30 de agosto de 2018

“Há uma campanha organizada pelos ultraconservadores para ferirem de morte o Papa Francisco”




Defensor de Francisco, o cardeal António Marto diz que os católicos ultraconservadores estão a aproveitar a "catástrofe" que são os abusos sexuais na Igreja para "dar um golpe de morte" no Papa.


O cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima e um dos principais defensores do Papa Francisco na Igreja em Portugal, considera que a divulgação da carta do antigo embaixador do Vaticano nos Estados Unidos, que alega que o Papa sabia há cinco anos de acusações de abusos sexuais relativas a um cardeal norte-americano, faz parte de “uma campanha organizada pelos ultraconservadores para ferirem de morte” o líder da Igreja Católica.

Em entrevista ao Observador, esta quarta-feira, o cardeal disse que os crimes de pedofilia praticados por padres católicos, que têm sido divulgados nos últimos anos — e que ganharam dimensão nas últimas semanas, com a divulgação de um relatório sobre centenas de casos nos Estados Unidos e com a visita do Papa à Irlanda — deixaram os membros da Igreja Católica “profundamente chocados” e suscitaram um “sentimento de grande humilhação” na Igreja.

Classificando os crimes como uma “hecatombe” na Igreja e uma “catástrofe de ordem espiritual, de ordem moral e de ordem pastoral”, D. António Marto concorda que os pedidos de desculpa não chegam, mas garante que o Papa Francisco está a trabalhar no sentido de reformar a Igreja também neste campo, emitindo normas mais estritas que impeçam o encobrimento dos casos e implementando formas de realizar julgamentos canónicos aos bispos e cardeais que ocultem casos de pedofilia de que tenham conhecimento “para salvaguardar o bom nome da instituição, esquecendo a dignidade das pessoas que foram feridas e ofendidas”.

Garantindo que “todos os bispos de Portugal estão com o Papa Francisco e lhe manifestam o seu apoio incondicional nesta reforma da Igreja”, D. António Marto acusa a ala ultraconservadora da Igreja Católica de atacar repetidamente o sumo pontífice e de, agora, ter aproveitado a ocasião para “dar um golpe de morte” no Papa. Ainda assim, o cardeal de Fátima acredita que Francisco vai sair “reforçado” de toda esta polémica, “quando tudo se esclarecer”.




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