O papa lamentou hoje a forma como a igreja
irlandesa respondeu aos crimes de abuso sexual, naquela que foi a sua primeira
intervenção pública no Vaticano depois das acusações de que ele próprio teria
escondido os crimes.
Na sua habitual intervenção das quartas-feiras, no Vaticano, o
papa considerou que as autoridades eclesiásticas da Irlanda falharam face aos
crimes sexuais.
O papa realizou uma visita de dois dias à Irlanda, onde visitou
um famoso templo e rezou missa, depois de se ter encontrado com vítimas de
abusos sexuais cometidos por membros do clero ou por autoridades e instituições
católicas.
Francisco passou 90 minutos no sábado a falar com oito vítimas
de abuso, incluindo duas que foram forçadamente dadas para adoção quando
nasceram, porque as mães não eram casadas.
São alguns dos milhares de adotados irlandeses, cujas mães
solteiras foram forçadas a viver em casas de trabalho.
Uma vítima, Clodagh Malone, disse que Francisco ficou
"chocado" com o que lhe contaram, mas "ouviu cada um com
respeito e atenção".
O último dia da visita
ficou marcado pela divulgação de uma carta do ex-núncio em Washington, o
arcebispo Carlo Maria Vigano, que acusou o papa Francisco de ter anulado
sanções contra o cardeal McCarrick e de ter ignorado as descrições do seu
comportamento homossexual predatório junto de jovens seminaristas e sacerdotes.
Na sua intervenção de hoje, Francisco omitiu uma linha que
constava do texto preparado e que dizia ter rezado na Irlanda para que a Igreja
tivesse força para procurar, “com firmeza, a verdade e a justiça” para ajudar a
cura das vítimas.
Desde 2002, mais de 14.500 pessoas declararam-se vítimas de
abuso sexual por padres na Irlanda. A hierarquia da igreja irlandesa é acusada
de ter encoberto centenas de sacerdotes.
Várias investigações também revelaram adoções ilegais de
crianças filhas de mães solteiras realizadas pelo Estado irlandês com a
cumplicidade da igreja católica.
(24.sapo.pt)
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