sábado, 7 de novembro de 2020

Vitamina D pode fazer a diferença. Mas ingestão ou ‘banhos de sol’ não são eficazes contra a Covid-19, indica estudo



Por Mara Tribuna 16:20, 5 Nov 2020


O consumo de vitamina D ou a exposição ao sol, cuja radiação UVB é essencial para a sua formação, não são eficazes contra o novo coronavírus, de acordo com um ensaio clínico do Instituto Maimonides de Investigação Biomédica de Córdoba e do Hospital Reina Sofia, em Espanha.

Um especialista em endocrinologia e nutrição, José Manuel Quesada, professor na Universidade de Córdoba, esclarece que a exposição ao sol “também é cancerígena, embora com um longo tempo de latência, e causa danos ao ADN da pele”. Além disso, de novembro a maio, praticamente nenhuma vitamina D é sintetizada no hemisfério norte.

Embora alimentos como atum, bacalhau ou sardinha, laticínios, ovos, fígado ou cereais sejam ricos em vitamina D, não fornecem o suficiente para repor o défice ou atingir os níveis necessários para serem eficazes contra a Covid-19. Era preciso, num dia, segundo os cálculos do professor, ingerir dois quilos de fígado, ou nove gemas de ovo ou beber cinco litros de leite.

No mesmo estudo foi detetado um elemento-chave na geração da substância química que se revelou eficaz: calcifediol, uma pró-hormona que atua como precursora na geração de vitamina D a níveis que nem os alimentos nem o sol podem alcançar.

Calcifediol é produzida no fígado por uma reação química graças a uma enzima, uma molécula orgânica que atua como um catalisador. O composto é quase completamente absorvido e aumenta rapidamente as concentrações de vitamina D no sangue, aponta o estudo.

Após um estudo piloto e aleatório sobre 76 pacientes, ao qual se juntaram mais 300 casos e quinze hospitais, demonstrou-se que o calcifediol atua como um imunomodulador” (um estimulante do sistema imunitário do corpo para se defender dos vírus).

Além disso, os seus efeitos reduzem a síndrome do desconforto respiratório agudo que ocorre com o agravamento dos casos de covid-19. Dos primeiros 76 pacientes incluídos no estudo, 50 receberam calcifediol e apenas um requereu a admissão em unidades de cuidados intensivos (UCI). Metade dos outros 26 que receberam um placebo passaram pelas UCI.

“Calcifediol é o que medimos quando queremos saber como funciona o sistema endócrino em relação à vitamina D. Sabíamos que os seus baixos níveis eram comuns em doenças com síndrome do desconforto respiratório e que nem a sua ingestão como suplemento alimentar nem a exposição ao sol eram suficientes para as compensar”, explica o professor José Manuel Quesada ao jornal espanhol El País.

Este estudo continua a ser desenvolvido e aprofundado.

(Pub)


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