domingo, 11 de setembro de 2022

Quem Eram os Doutores da Lei na Bíblia?

 

 Daniel Conegero

Os doutores da lei na Bíblia eram os homens judeus versados na lei religiosa de Israel e responsáveis por interpretá-la. Geralmente esses homens estavam associados ao partido dos fariseus. Os doutores da lei são mencionados várias vezes nos textos bíblicos do Novo Testamento que registram os acontecimentos do ministério terreno do Senhor Jesus Cristo.

Em algumas passagens bíblicas, os doutores da lei também são identificados como escribas ou mestres. Inclusive, naquele tempo os mestres recebiam o título de “rabi”, e eram pessoas que tinha dedicado grande parte de suas vidas ao estudo da lei.


O que os doutores da lei faziam?

Os doutores da lei basicamente se dedicavam a estudar, interpretar e a ensinar a lei. Essa “lei” não incluía apenas a lei escrita, mas também a lei oral de Israel. Por isso que era comum que os doutores da lei tivessem aprendizes aos quais eles educavam sob a mesma lei, e esses alunos, por sua vez, tinham de transmitir de forma fiel tudo o que lhes fora ensinado.

A preservação da lei e sua aplicação prática na vida judaica, também era tarefa dos doutores da lei. Alguns estudiosos dizem que essa função dos doutores da lei se tornou importante principalmente com a corrupção do sacerdócio no período helenístico.

Então os doutores da lei também cuidavam de decidir sobre as questões relacionadas à administração da lei na sociedade judaica. Por isso, entre os membros do Sinédrio também estavam os doutores da lei. Vale lembrar que o Sinédrio era a suprema corte judaica. O Sinédrio julgava com base na lei, e os mestres da lei tinham um papel importante nesse processo.

De modo geral, os doutores da lei tinham de transmitir os seus conhecimentos de forma gratuita. Mas parece que muitas vezes eles acabam tirando vantagem financeira dessa tarefa. Inclusive, em certa ocasião o Senhor Jesus Cristo censurou os doutores da lei que se aproveitavam até mesmo das economias das viúvas (Marcos 12:40).


Os doutores da lei no tempo de Jesus

É verdade que alguns doutores da lei chegaram a crer no Senhor Jesus Cristo (cf. Mateus 8:19). Nicodemos é um exemplo bem conhecido de um doutor da lei que se aproximou de forma favorável do Senhor Jesus (João 3). Ele chegou a participar dos preparativos para o sepultamento do corpo de Jesus (João 19:38-42).

Mas na narrativa do Novo Testamento, fica claro que, no geral, os doutores da lei eram opositores do ministério de Cristo. Na verdade, a oposição dos doutores da lei vinha desde o ministério do profeta João Batista que antecedeu o ministério de Jesus. Os doutores da lei rejeitaram a pregação de João Batista e, consequentemente, o conselho de Deus para eles, e recusaram o batismo anunciado por João (Lucas 7:30).

Depois, durante o ministério de Jesus, frequentemente os doutores da lei tentaram prejudicá-lo. Eles faziam perguntas difíceis e ardilosas com o objetivo de colocar Jesus em situações complicadas ou levá-lo ao erro (Mateus 22:35; Lucas 10:35).

Isso explica por que Jesus repreendeu e condenou os doutores da lei muitas vezes em seu ministério. Jesus reprovou a hipocrisia daqueles homens que eram materialistas e preocupados com o reconhecimento humano (Marcos 12:38-40). Em sua interpretação e aplicação da lei, eles também acrescentavam a ela muitos regulamentos que resultavam numa carga muito pesada aos homens.

Além disso, através de todo seu tradicionalismo na interpretação da lei, os doutores da lei acabavam por tomar a “chave da ciência” das pessoas comuns, ou seja, com suas interpretações e normas acrescentadas à lei, eles escondiam o verdadeiro sentido da lei fazendo com que fosse impossível para o povo compreender o seu significado correto.

E se não bastasse, os mesmos doutores da lei usavam da habilidade de suas interpretações para fugirem das exigências da lei. Por tudo isso o Senhor Jesus alertou: “Ai de vós, doutores da lei!” (Lucas 11:45-52). Mas os intérpretes da lei não ouviram a repreensão de Jesus, e no tempo da Igreja Primitiva eles estavam entre aqueles que perseguiram os apóstolos e mataram alguns cristãos (cf. Atos 4:5; 6:12).


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