quinta-feira, 17 de novembro de 2022

A desolação dá oportunidade de ter uma relação mais bela com Deus, diz papa Francisco



Vaticano, 16 Nov. 22 / 10:09 am (ACI).- "A desolação provoca uma ‘trepidação da alma’, quando alguém está triste é como se a alma tremesse; mantém-nos alerta, favorece a vigilância e a humildade, protegendo-nos contra os ventos do capricho", disse o papa Francisco hoje (16) ao continuar seu ciclo de catequeses sobre o discernimento na audiência geral, na praça de São Pedro, no Vaticano.

Diante dos fiéis presentes, o papa falou sobre “como é importante ler o que se move dentro de nós, para não tomar decisões apressadas”.

Francisco concentrou sua catequese na desolação e disse que esta também pode ser uma ocasião de crescimento.

"Se não houver um pouco de insatisfação, um pouco de tristeza saudável, uma capacidade salutar de habitar na solidão, de estar conosco próprios sem fugir, corremos o risco de permanecer sempre na superfície das coisas, sem nunca entrar em contato com o centro da nossa existência”, disse o papa Francisco.

Para o papa, a humildade e a vigilância “são condições indispensáveis para o progresso na vida e, portanto, inclusive na vida espiritual”.

O papa também convidou os presentes a evitar a indiferença e uma serenidade perfeita, mas "asséptica" e lembrou que para muitos santos, como santo Agostinho de Hipona ou Charles de Foucault, "a inquietação foi um ímpeto decisivo para fazer uma mudança na própria vida".

Para Francisco, a desolação é também “um convite à gratuidade, a não agir sempre e unicamente em vista de uma gratificação emocional. Estar desolados oferece-nos a possibilidade de crescer, de começar uma relação mais madura, mais bela, com o Senhor e com os entes queridos, uma relação que não se reduza a uma mera troca de dar e receber”.

Disse ainda que “poderia parecer estranho, irreal, perguntar ao Senhor: ‘Como estás?’. E, no entanto, é um modo muito bonito de entrar numa relação verdadeira, sincera, com a sua humanidade, com o seu sofrimento, até com a sua singular solidão. Com Ele, com o Senhor, que quis partilhar até ao fim a sua vida conosco”.

“Faz-nos muito bem aprender a estar com Ele, a estar com o Senhor sem outro objetivo, exatamente como nos acontece com as pessoas de quem gostamos”, acrescentou.

Por fim, disse que quem reza sabe que “os resultados são imprevisíveis” e convidou os fiéis a nunca desanimar diante das dificuldades, “mas enfrentar a provação com decisão, com a ajuda da graça de Deus que nunca nos falta”.

“E se ouvirmos dentro de nós uma voz insistente, que nos quer distrair da oração, aprendamos a desmascará-la como a voz do tentador; e não nos deixemos impressionar: façamos simplesmente o contrário do que ela nos diz!”, concluiu.


Solenidade de Cristo Rei

Depois da catequese, o papa Francisco recordou que no próximo domingo é celebrada a solenidade de Cristo Rei. Por isso, pediu para confiar “ao Senhor todas as tribulações do nosso tempo, na certeza de que da Cruz, Ele venceu o mal e a morte”.


Orações pela Ucrânia e pelas vítimas do ataque em Istambul

Francisco disse ter recebido com dor e preocupação a notícia de um novo e forte ataque com mísseis contra a Ucrânia. Lamentou que este ataque "tenha causado danos e mortes a infraestruturas civis" e pediu para rezar "para que o Senhor converta os corações daqueles que ainda apontam para a guerra e faça prevalecer o desejo de paz para a atormentada Ucrânia".

Por fim, o papa pediu orações pelas vítimas inocentes do ataque terrorista em Istambul.


(acidigital)

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