5 de set de 2024 às 09:22
O papa Francisco visitou hoje (5) a maior mesquita do sudeste da Ásia para uma reunião inter-religiosa na Indonésia na qual assinou uma declaração conjunta condenando a violência religiosa com o grande imã muçulmano Nasaruddin Umar.
A Declaração conjunta de Istiqlal 2024 é intitulada "Promovendo a Harmonia Religiosa para o Bem da Humanidade".
Nomeado em homenagem à mesquita nacional Istiqlal da Indonésia, o documento pede que os líderes religiosos trabalhem juntos para promover a dignidade humana, o diálogo inter-religioso e a proteção ambiental.
"Os valores compartilhados por nossas tradições religiosas devem ser efetivamente promovidos para derrotar a cultura da violência", diz a declaração.
"Nossas crenças e rituais religiosos têm uma capacidade particular de falar ao coração humano e, assim, promover um respeito mais profundo pela dignidade humana".
O papa Francisco tornou-se ontem (5) o primeiro papa a visitar a mesquita Istiqlal de Jacarta. A enorme mesquita é uma das maiores do mundo, com capacidade de receber até 250 mil pessoas por vez. São João Paulo II, que visitou a Indonésia em 1989, foi o primeiro papa a visitar uma mesquita em sua visita a Damasco, Síria, em 2001.
Segundo o grande imã da mesquita, Istiqlal só perde em tamanho para as mesquitas de Meca e Medina, na Arábia Saudita, e sua influência se estende aos cerca de 242 milhões de muçulmanos da Indonésia.
A reunião inter-religiosa buscou promover a tolerância religiosa e a moderação na Indonésia, que enfrenta desafios com o surgimento de grupos islâmicos radicais e casos de violência contra os cristãos.
Ao falar a representantes das seis religiões oficialmente reconhecidas da Indonésia – islamismo, budismo, hinduísmo, confucionismo, catolicismo e protestantismo – o papa Francisco articulou sua visão para o diálogo inter-religioso.
"Por vezes, pensamos que o encontro entre as religiões é uma questão de procurar, a todo o custo, pontos comuns entre diferentes doutrinas e profissões religiosas. Na realidade, pode acontecer que tal atitude acabe por nos dividir, pois as doutrinas e os dogmas de cada experiência religiosa são diferentes", disse o papa.
"O que realmente nos aproxima é o criar uma ligação entre as nossas diferenças, ter o cuidado de cultivar vínculos de amizade, de atenção, de reciprocidade".
O papa Francisco acrescentou que, quando os líderes religiosos cultivam laços, isso lhes permite "avançar unidos em busca de um objetivo, na defesa da dignidade humana, na luta contra a pobreza, na promoção da paz".
O papa Francisco chegou à mesquita pelo portão da Alfatta, onde o grande imã Nasaruddin Umar o cumprimentou calorosamente. Os dois líderes então seguiram para o recém-construído "Túnel da Amizade", passagem subterrânea que conecta a mesquita à catedral de Nossa Senhora da Assunção de Jacarta, construída pelo governo indonésio para promover o diálogo e a unidade.
Antes de entrar no "Túnel da Amizade", o papa Francisco expressou sua esperança de que ele se tornasse "um lugar de diálogo e encontro".
O papa Francisco disse ao grande imã: "Desejo que as nossas comunidades possam estar cada vez mais abertas ao diálogo inter-religioso e ser um símbolo da coexistência pacífica que caracteriza a Indonésia".
O evento inter-religioso ocorreu numa tenda vermelha e branca no terreno da mesquita. Ele ocorreu com uma tradicional dança muçulmana de boas-vindas conhecida como Marawis, seguida por um breve canto de uma passagem do Alcorão por uma mulher indonésia e uma leitura do Evangelho de são Lucas.
Representantes das outras quatro religiões reconhecidas oficialmente pelo governo indonésio se solidarizaram quando a declaração foi lida em voz alta para os participantes na tenda.
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