segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

LITURGIA DO DIA 29 DE FEVEREIRO DE 2016



1a Leitura: 2Rs 5, 1-15a

Salmo: Sl 42, 2-3 . 42, 3-4

Evangelho: Lc 4, 24-30


( Para melhor seguir a reflexão do Santo Padre na homilia de hoje)


TEM UM BOM DIA


“A salvação vem da simplicidade das coisas de Deus”



Papa falou da indignação do povo diante da simplicidade com que Deus realiza suas obras; a salvação, reiterou, vem das coisas simples

Papa destaca a salvação nas coisas simples de Deus / Foto: L’Osservatore Romano
O Papa Francisco iniciou a semana celebrando a Missa na Casa Santa Marta nesta segunda-feira, 29. Sua homilia foi inspirada nas leituras do dia, que falam da indignação do povo diante do projeto de salvação de Deus, que não segue os esquemas humanos. A salvação, reiterou o Papa, vem da simplicidade das coisas de Deus.

Naamã, o sírio, fica indignado por um leproso e pede ao profeta Eliseu que o cure, mas não aprecia o modo simples com que esta cura pode acontecer. E se indignam também os moradores de Nazaré diante das palavras de Jesus, seu conterrâneo.

Francisco explicou que essa é a indignação diante do projeto de salvação de Deus que não segue os esquemas humanos. Jesus sente o desprezo dos doutores da Lei que buscavam a salvação na casuística da moral e em tantos preceitos, mas o povo não tinha confiança neles.

“Os saduceus que buscavam a salvação nos compromissos com os poderes do mundo, com o Império… uns com grupos de clérigos, outros com grupos de políticos, procuravam assim a salvação. Mas o povo percebia e não acreditava. Sim, acreditava em Jesus porque tinha ‘autoridade’. Mas por que este desprezo? Porque na nossa imaginação, a salvação deve provir de algo de grande, de majestoso; somente os poderosos nos salvam, aqueles que têm dinheiro, que têm poder: eles podem nos salvar. E o plano de Deus é outro! Se indignam porque não podem compreender que a salvação vem somente do pequeno, da simplicidade das coisas de Deus”.

Quando Jesus faz a proposta do caminho de salvação, acrescentou o Papa, jamais fala de coisas grandes, mas de coisas pequenas. São os dois pilares do Evangelho que se leem em Mateus: as Bem-aventuranças e o Juízo final.

“Coisas simples. Você não buscou a salvação ou a esperança no poder, nas negociações… não… fez simplesmente isto. E isto indigna a muitos. Como preparação à Páscoa, eu os convido – também eu o farei – a ler as Bem-aventuranças e a ler Mateus 25, e pensar e ver se algo disso me indigna, me tira a paz. Porque o desprezo é um luxo que somente os vaidosos, os orgulhosos podem se permitir”.

O Papa Francisco assim conclui a sua homilia: “Fará bem a nós tomar um pouco de tempo – hoje, amanhã – ler as Bem-aventuranças, ler Mateus 25, e ficarmos atentos ao que acontece em nosso coração: se existe desprezo, e pedir a graça ao Senhor para entender que o único caminho da salvação é a ‘loucura da Cruz’, ou seja, a aniquilação do Filho de Deus, de Deus, e fazer-se pequeno. Representado, aqui, no banho no Jordão ou na pequena aldeia de Nazaré”.


(papa.cancaonova)
SEGUNDA-FEIRA, 29 DE FEVEREIRO DE 2016, 8H49
Da Redação, com Rádio Vaticano


domingo, 28 de fevereiro de 2016

HOJE É O DIA DO SENHOR




III DOMINGO DA QUARESMA

 "Tira as sandálias..."
 
A Liturgia desse terceiro domingo de Quaresma 
é um forte APELO À CONVERSÃO.  
Esta se concretiza quando apresentamos 
frutos de amor, paz e justiça. 
Conversão é um longo processo de renovação, em que devemos nos desfazer 
de uma porção de coisas, para tornar possível em nós a "libertação". 
Devemos tirar as cômodas sandálias que calçamos, 
para pisar com mais segurança os caminhos sagrados do Senhor...
 
A 1a Leitura narra a Conversão de MOISÉS. (Ex 3,1-8.13-15)
- Inicialmente, Deus se manifesta na sarça ardente e manda tirar as sandálias. 
Deve pisar o pó de onde veio. Sua grandeza vem de Deus e não de si mesmo.
- Depois, confia a Moisés a missão de libertar o seu povo.
Assim começa a longa marcha dos hebreus através do deserto.                                            O Deserto foi o tempo e o local de uma longa Quaresma, 
onde Deus purificou o seu povo dos costumes pagãos e 
o conduziu a uma religião mais pura e à posse da Terra Prometida...
 
   * O Êxodo do Povo de Deus é figura do caminho de conversão, 
    que o cristão é chamado a realizar, de modo especial na Quaresma.  
    O Deus libertador exige de nós uma luta permanente contra tudo aquilo 
    que nos escraviza e que impede a manifestação da vida plena.
 
  Na 2a Leitura, Paulo recorda os fatos extraordinários 
  realizados por Deus no deserto em favor do seu povo... 
  e faz uma advertência contra a falsa segurança religiosa deles: 
" Todos comeram o mesmo pão espiritual (o maná)... beberam todos a mesma bebida espiritual (água do rochedo)...
Mas nem todos assumiram a Aliança. Por isso foram sepultados no deserto, 
não entraram na Terra prometida". (1Cor 10, 1-6.1-12)
 
O Apóstolo alerta os cristãos para não cair no mesmo perigo.
A verdadeira vivência cristã não é apenas 
a participação regular nos sacramentos,  
mas uma vida de comunhão com Deus, 
que se transforma em gestos de amor e partilha com os irmãos.
 
O Evangelho é um forte apelo à CONVERSÃO. (Lc 13,1-9)
 
O Texto fala de dois acontecimentos trágicos daqueles dias: 
a matança de Pilatos... e a queda da torre de Siloé: 18 mortos. 
- Jesus não concorda que a desgraça é sinal do castigo de Deus,
  pelo contrário, é um apelo de conversão aos sobreviventes:
  "Vocês pensam que eles eram mais pecadores do que vocês?"
"Se vocês não se converterem, morrerão todos do mesmo modo..."
Rejeitar a ação salvadora de Deus, oferecida em Jesus é pior que um desastre. 
 
+ E com a parábola da FIGUEIRA ESTÉRIL, Jesus ilustra 
a resistência de Israel à conversão e a bondade e a paciência de Deus, 
disposto a esperar mas não indefinidamente: 
 "Senhor, deixa ainda esse ano. 
 Vou cavar em volta dela e colocar adubo...
 Talvez depois disso, venha a dar frutos..."
 
Esse Servo é JESUS, que pede uma nova chance para seu povo,  
sabendo que o Pai é bondoso e cheio de amor.
 
* Conversão não é apenas uma penitência externa, 
  ou um simples arrependimento dos pecados, 
  é um convite à mudança de vida, de mentalidade, de atitudes, 
  de forma que Deus e os seus valores passem a estar em primeiro lugar. 
  É voltar-se para Deus de todo o coração
 
+ Quem é essa figueira? 
 
Somos todos nós, a nossa família, a Igreja, a sociedade.  
Os frutos são as boas ações, que devemos realizar. 
 
- Há cristãos que foram educados na fé do evangelho. 
 Receberam dos pais, da escola e da comunidade uma boa educação na fé. 
 E depois... nenhum fruto...
 
- Há famílias que têm tudo para ser fermento no meio de outras famílias,
 para atuar na Igreja e na sociedade, pois receberam muitos talentos.
 Mas onde estão os frutos?
 
- Há grupos de cristãos, movimentos e comunidades,
 que há anos são privilegiados com encontros, celebrações, missas, cursos... 
 e nada de frutos...
 
- Há cristãos que até participam assiduamente na igreja, 
 mas nunca se comprometem com pastorais, com grupos de reflexão 
 e outros serviços da comunidade...
 
São figueiras estéreis que estão tomando o lugar de outras...
 
Resumindo: A Liturgia de hoje é:
 
- Um forte apelo à conversão, que se manifesta através de boas obras, 
 que correspondem ao amor generoso do Pai.  
 
- Uma advertência: Deus é paciente e generoso em esperar,
 Mas a espera de Deus tem um limite... 
 
 Será que não estamos já esgotando a paciência de Deus? 
 Quais são as sandálias que devemos tirar de nossos pés,
para ser possível esse caminho sagrado da Conversão  
e assim produzir os frutos esperados por Deus? 
 
      
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 28.02.2016
(buscandonovasaguas)

sábado, 27 de fevereiro de 2016

De la crisis al sacerdocio: la historia de Andrés Filippucci



Su historia y su recorrido hacia el sacerdocio son un testimonio que anima y que demuestra que hoy, para un joven muchacho, seguir a Jesús a través del ministerio sacerdotal es una buena opción para realizar su propia vida y alcanzar la felicidad que todos buscamos. 

Andrés (en italiano: Andrea) nació en Roma hace 28 años, sexto de once hijos. Después de varios años de formación en el Seminario Arquidiocesano Misionero Redemptoris Mater, el pasado 23 de Mayo, recibió la ordenación sacerdotal junto con otros cuatro diáconos en la catedral Holy Cross de Boston por manos del cardenal Sean P. O'Malley. 

Andrés creció en la ciudad de Perugia, donde vivían sus padres Giorgio y Lucia, misioneros responsables del Camino Neocatecumenal en Umbria (región del centro de Italia), durante muchos años. 

En 1997, el jueves después del Miércoles de Ceniza, mientras rezaba los Laudes con su esposa y el sacerdote que les acompañaba en la misión, Giorgio sufrió de manera imprevista e irremediable un ictus que le dejó sin vida; fue así que subió al cielo dejando a su mujer y a sus once hijos (el último de los cuales aún en gestación). 

Fue el mismo Giorgio -quien acompañaba a Kiko Arguello con la guitarra en encuentros y eucaristías- quien compuso el canto Shemá Israel poniéndole música a la antigua oración judía. 

Este canto se ha convertido en uno de los más importantes y emotivos del Camino Neocatecumenal: se canta en las Vigilias Pascuales del Camino en todo el mundo y se entona todos los dias, de manera muy especial, en el Centro Internacional Domus Galilaeae en el Monte de las Bienaventuranzas (Galilea, Israel) escenario de un continuo y fértil diálogo entre el cristianismo y el judaísmo. 

Giorgio Filippucci fue a la vez el protagonista de un programa de televisión de la RAI llamado La Sal de la Tierra; un programa de los años ochenta en el que, acompañado por músicos y cantores, Giorgio interpretaba los cantos y salmos del Camino Neocatecumenal, presentando al público esa realidad cristiana fruto del Concilio Vaticano II que, en aquellos años, movía sus primeros pasos con envidiable fervor. 

La muerte de Giorgio fue para Andrés, que solo tenía once años, motivo de profunda tristeza, pero a la vez de un gran escándalo que le llevó a rechazar a Dios y la fe que había recibido de sus padres desde temprana edad. 

Andrés cuenta haber tocado fondo cuando, a los diecisiete años, una mañana se despertó en una cama de hospital, completamente solo, después de haber sufrido un colapso por exceso de alcohol. 

Desde aquel momento, Andrés emprendió un lento y difícil camino de reacercamiento a la fe, de regreso a Dios y a la Iglesia y de descubrimiento de su vocación sacerdotal, acompañado por sus catequistas, su comunidad neocatecumenal y, sobretodo, por un sacerdote, el padre Rino Rossi, de la diócesis de Roma, responsable del Centro Domus Galilaeae de Tierra Santa, donde Andrés pasó un tiempo de trabajo y oración en el verano de 2005. 

Fue en aquella tierra santa donde vivió Jesús donde Andrés se reconcilió con su historia llegando a aceptar su "cruz", aquella cruz que le causaba dolor, que le escandalizaba y que lo había alejado de Dios. 

Después de la experiencia en Israel, Andrés participó en el encuentro anual de los aspirantes seminaristas del Camino en el Centro Neocatecumenal de Porto San Giorgio (Marche, Italia). En aquella convivencia cada año centenares de jóvenes ofrecen su vida al Señor dispuestos a entrar en uno de los seminarios Redemptoris Mater de todo el mundo. 

A Andrés le tocó viajar al seminario de Boston donde comenzó sus estudios de filosofía y teología en el St. John's Seminary hasta concluir su recorrido (después de un tiempo de misión en Colorado, South y Utah) con la imposición de las manos por parte del cardenal franciscano O'Malley. En ocasión de su ordenación, en la web de la arquidiócesis de Boston, el padre Andrés relata su historia en una entrevista en la que, respondiendo a algunas preguntas, comparte la experiencia de su camino hacia el sacerdocio mostrando la belleza de seguir a Jesús, el Buen Pastor:

"La primera vez que pensé en la vocación al sacerdocio fue en 2005, cuando pasé un tiempo de vacaciones en Israel. Fue ahí, visitando los lugares santos y escrutando la Palabra de Dios, donde sentí que el Señor me estaba llamando a ser sacerdote.

Cuando sentí que Dios me llamaba a entrar en el seminario, yo estaba atravesando una crisis personal, intentando encontrar el sentido de mi vida, y entender lo que Dios quería para mí.

El padre Rino Rossi, rector de la Domus Galilaeae, en Israel, me ayudó mucho a entender el motivo de mi crisis y el sentido profundo de mis sufrimientos, como la muerte de mi padre cuando yo tenía once años. El padre Rino me ayudó a ver la cruz que Dios permitió en mi vida y me iluminó el camino hacia el sacerdocio. Me ayudó a encontrar el secreto de la verdadera felicidad en una profunda y sincera relación con el Señor Resucitado.

Nunca he querido rezar mucho, pero cuando empecé a hacerlo mi vida cambió. Empecé a experimentar una paz que nunca había sentido antes. Hoy pienso que la oración es un aspecto muy importante de mi vida. Entendí, en efecto, que es importante rezar, dialogar con Dios, para discernir la propia vocación, pero aún más para escuchar qué es lo que el Señor quiere decirme.

A quienes estén pensando en su vocación y piensen que Dios podría llamarlos a ser sacerdotes les diría que no tengan miedo. Yo estaba muy preocupado por la vocación pero es algo muy especial, único. También les aconsejaría rezar cada día delante del Santísimo Sacramento y encontrar una guía spiritual.

Creo que solamente el hecho de considerar la posibilidad de que Dios escoja a una persona imperfecta como yo para ser “pescador de hombres” es un privilegio. Me entusiasma la posibilidad de ayudar a las personas a superar sus problemas en nombre de Dios.

Pienso que el desafío más importante para quien entra en el seminario es abandonar la antigua forma de vivir. El seminario, y finalmente el sacerdocio, te cambian la vida radicalmente, creando un hombre nuevo, un hombre que se ofrece a sí mismo para las “ovejas”, siguiendo el ejemplo de Dios Pastor. Para llegar a esto, es necesario alejarse de las mentiras y de los lazos del mundo y aferrarse sólo a Jesucristo.

Considero que la mejor manera de promover las vocaciones al sacerdocio en la arquidiócesis de Boston es la evangelización, es decir, encontrar la “oveja perdida” y a los católicos que han abandonado la Iglesia.

Para acrecentar las vocaciones se necesita ayudar a las familias. La escasez de las vocaciones es, a menudo, causada por la crisis de la familia y de sus valores. Volver a conducir a las familias hacia Dios y a su Iglesia es seguramente el primer paso para aumentar el número de las vocaciones".


Miguel C Samperi

(camineo.inf)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Papa en Santa Marta

 
“La verdadera fe es darse cuenta de los pobres que nos rodean”



Durante su homilía de este jueves en Casa Santa Marta, el Papa Francisco recordó la parábola del rico Epulón, un hombre que vestía la mejor ropa y acudía a las mejores cenas, pero no se dio cuenta de que a la puerta de su casa estaba Lázaro, un hombre lleno de heridas.


PAPA FRANCISCO

"Y aquel Lázaro con sus necesidades y sus miserias, sus enfermedades, era precisamente el Señor que llamaba a la puerta para que este hombre abriera su corazón y la misericordia pudiera entrar. Pero no, él no veía, estaba cerrado en sí mismo: para él, más allá de la puerta, no había nada”.


Francisco también reflexionó sobre lo que llamó la burbuja de la vanidad. Dijo que la incapacidad de ver a otros les impide ver el mundo que hay fuera de sus puertas cerradas.


Entre los que acudieron a la Misa se encontraba el sacerdote iraquí Dhiya Azziz, dos veces secuestrado por el Estado Islámico. 


"Pero era un hombre cerrado, encerrado en su pequeño mundo – el mundo de los banquetes, de los vestidos, de la vanidad, de los amigos – un hombre encerrado, precisamente en una burbuja, allí, de vanidad. No tenía capacidad de mirar más allá, solamente a su propio mundo. Y este hombre no se daba cuenta de lo que sucedía fuera de su mundo cerrado. No pensaba, por ejemplo, a las necesidades de tanta gente o a la necesidad de compañía de los enfermos, solamente pensaba en él, en sus riquezas, en su buena vida”. 


"Uno hombre que no ha dejado herencia, no ha dejado vida, porque solamente estaba cerrado en sí mismo”. Y es curioso – subraya el Papa Francisco – que "había perdido el nombre. El Evangelio no dice cómo se llamaba, solamente dice que era un hombre rico, y cuando tu nombre es solamente un adjetivo es porque has perdido, has perdido sustancia, has perdido fuerza”: 


"Éste es rico, éste es potente, éste puede hacer de todo, éste es un sacerdote en carrera, un obispo en carrera…” Cuántas veces a nosotros nos sale nombrar a la gente con adjetivos, no con nombres, porque no tienen sustancia. Pero yo me pregunto: ¿Dios que es Padre, no tuvo misericordia de este hombre? ¿No ha llamado a su corazón para moverlo? Pero sí, estaba en la puerta, estaba en la puerta en la persona de aquel Lázaro, que sí tenía nombre. Y aquel Lázaro con sus necesidades y sus miserias, sus enfermedades, era precisamente el Señor que llamaba a la puerta para que este hombre abriera su corazón y la misericordia pudiera entrar. Pero no, él no veía, solamente estaba cerrado: para él, más allá de la puerta, no había nada”. 


"¿Yo estoy en el camino de la vida o en el camino de la mentira? ¿Cuántos cerrazones tengo en mi corazón todavía? ¿Dónde está mi alegría: en el hacer o en el decir? ¿En el salir de mí mismo para ir al encuentro de los demás, para ayudar? ¡Las obras de misericordia, eh! ¿O mi alegría es tener todo arreglado, encerrado en mí mismo? Pidamos al Señor, mientras pensamos esto, sobre nuestra vida, la gracia de ver siempre a los ‘Lázaros’ que están en nuestra puerta, los ‘Lazaros’ que llaman al corazón, y salir de nosotros mismos con generosidad, con actitud de misericordia, para que la misericordia de Dios pueda entrar en nuestro corazón”. 



EXTRACTOS DE LA HOMILÍA DEL PAPA
(Fuente: Radio Vaticana)
2016-02-25




O Irão vai a votos. Mas ...o Irão é uma democracia?



A resposta curta é “não, o Irão não é uma democracia”. Mas, como todas as respostas curtas, também esta esconde uma série de nuances que são importantes para entender as eleições desta sexta-feira, 26 de fevereiro, no Irão.

Desde que a República Islâmica do Irão foi instituída em 1979 — após o derrube do Xá Mohammad Reza Pahlavi, o monarca apoiado pelos EUA –, o país já teve várias eleições. Presidenciais: 11. Legislativas, para eleger o parlamento, cujos representantes são conhecidos por Majlis: 10, sem contar com as que agora vão acontecer. Além disso, as eleições de sexta-feira vão ser as quintas para a Assembleia de Peritos — que, além de assegurar que os princípios islâmicos são mantidos na governação do país, nomeia o Líder Supremo.

O Líder Supremo e o Presidente são, cada um do seu lado, as figuras cimeiras da política iraniana.
O atual Líder Supremo é Ali Khamenei (foi nomeado para o cargo em 1989) e foi precedido de Ruhollah Khomeini (1979-1989), o fundador da República Islâmica do Irão. Este cargo é o o mais importante na hierarquia política do país, tendo a última palavra na política interna e externa do Irão, agindo sobretudo como um supervisor. Formalmente o cargo não é vitalício, mas na prática tem sido assim — o Conselho dos Guardiães, o órgão que nomeia o Líder Supremo, também pode depô-lo. Algo que nunca aconteceu.

O Presidente é Hassan Rouhani, eleito em 2013 e com mandato até 2017. No Irão, o Presidente é chefe de Governo mas está abaixo do Líder Supremo. Assim, embora coordene a economia do país e possa intervir noutras áreas, a sua ação estará sempre dependente da aprovação do Líder Supremo e da esfera deste.

O Líder Supremo não é eleito por sufrágio universal. O Presidente é.

Se é um facto que o país presidido por Hassan Rouhani tem um historial considerável de eleições, também é verdade que estas não acontecem sem percalços ou condicionamentos. Foi assim em 2009, o ano da reeleição do então Presidente Mahmoud Ahmadinejad, uma das caras da linha mais radical, dos ultraconservadores, fortemente islamista.

Nesse ano, Ahmadinejad venceu com 62,6% dos votos, contra os 33,9% do ex-primeiro-ministro (1981-1989) e reformista Mir-Hossein Mousavi.

As alegações de fraude eleitoral não tardaram a surgir — embora nunca tenham sido apresentadas provas nesse sentido, muito em parte por não haver monitorização das eleições — e deram origem ao Movimento Verde, um grupo liderado pelo próprio Mir-Hossein Mousavi e que motivou várias manifestações. A tensão só viria a terminar em 2010, após repressão violenta de protestos, prisão de ativistas e outros opositores ao regime. Além de acusar o regime de tortura dos presos políticos, a oposição referiu na altura que a reação do Governo iraniano ao Movimento Verde resultou na morte de 72 pessoas — o dobro dos números apresentados pelas autoridades, que referiam serem 36 as vítimas mortais.

A repressão daqueles anos — e o relativo silêncio de vozes discordantes, conseguido graças ao encarceramento de vários opositores, inclusive de Mousavi, que desde 2011 está em prisão domiciliária — veio dar a prova de que o Irão não é, de facto, um país democrático apesar de ter eleições.

E, mesmo admitindo que os votos são contados de forma mais ou menos legítima, há outros fatores que determinam que o Irão não tem eleições verdadeiramente livres. Um deles é a falta de liberdade de imprensa — no ranking dos Repórteres Sem Fronteiras, o Irão aparece em 173º lugar num total de 180 países. E também noutro ranking, o Democracy Index da Economist Intelligence Unit, que tem em conta cinco princípios (processo eleitoral e pluralismo; funcionamento do governo; participação política; cultura política; liberdades civis) o Irão surge em 156º entre 167 países.

No que diz respeito a este ano, e ainda antes de os iranianos irem mesmo a votos, o processo eleitoral não tem decorrido de forma totalmente justa e livre. Mas isso não diz respeito a uma particularidade deste ano, mas antes ao funcionamento do sistema político do Irão.

( observador.pt)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

ANGELUS



Visita ao México foi experiência de transfiguração, diz Papa 

DOMINGO, 21 DE FEVEREIRO DE 2016


Francisco esteve no México entre os dias 12 e 17 de fevereiro. No Angelus, ele comentou a viagem

Da redação, com Rádio Vaticano

O Angelus com o Papa Francisco na Praça de São Pedro neste 2º domingo da Quaresma, 21, referiu-se ao Evangelho da Transfiguração de Jesus.

Partindo desse tema, o Santo Padre falou sobre a sua Viagem Apostólica ao México considerando ter sido uma experiência de transfiguração. “O Senhor mostrou-nos a luz da Sua glória através do corpo da sua Igreja, o seu Povo santo que vive naquela terra. Um corpo tantas vezes feridos, um povo tão frequentemente oprimido, desprezado, violado na sua dignidade” – disse o Papa.
Francisco considerou a peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe como “centro de gravidade espiritual”. “Permanecer em silêncio diante da imagem da Mãe era aquilo que em primeiro lugar me propunha. E agradeço a Deus que me concedeu”, disse.
“Contemplei e, deixei-me olhar por Aquela que traz gravada nos seus olhos os olhos de todos os seus filhos, e recolhe as dores pela violência, os sequestros, os assassinatos, os abusos em detrimento de muitas pessoas pobres, de muitas mulheres. Guadalupe é o santuário mariano mais visitado do mundo. De toda a América vão rezar onde a Virgem Morenita mostrou-se ao índio S. Juan Diego, dando início à evangelização do continente e à sua nova civilização, fruto de encontro entre as diferentes culturas”, acrescentou.
A herança que o Senhor deu ao México, segundo o Papa, é valorizar a riqueza da diversidade e, ao mesmo tempo, mostrar a harmonia da fé comum, “uma fé sincera e forte, acompanhada de uma grande carga de vitalidade e de humanidade”.

Encontro com Kirill
O Papa Francisco também recordou com particular emoção o encontro em Cuba com o Patriarca de Moscovo Kirill:
“Um louvor especial elevamos à Santíssima Trindade por ter querido que, nesta ocasião, acontecesse em Cuba o encontro entre o Papa e o Patriarca de Moscovo e de Toda a Rússia, o caro irmão Kirill; um encontro muito desejado também pelos meus Predecessores. Este evento é uma luz profética da Ressurreição, da qual o mundo de hoje tem mais do que nunca necessidade. A Santa Mãe de Deus vai continuar a orientar o caminho da unidade.”


(papa.cancaonova)

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Igreja de Santo António dos Olivais, Coimbra

HOJE É O DIA DO SENHOR




II DOMINGO DA QUARESMA

No monte Tabor
 
Estamos no 2º domingo da Quaresma. 
A Liturgia nos convida a subir o Monte Tabor 
para fortalecer a nossa fé em nossa caminhada quaresmal.
 
A Quaresma é o caminho de nossa transfiguração em Cristo.
O Tabor é uma parada que Jesus faz em sua caminhada para o Calvário. 
É o lugar onde Deus reanima seus amigos e lhes dá as forças necessárias 
para chegar também eles à cruz.
 
As leituras apresentam pistas para a nossa "TRANSFIGURAÇÃO".
 
A 1ª Leitura nos fala da FÉ DE ABRAÃO. (Gn 15,5-12.17-18)
 
Abraão já está velho, sem filhos, sem a terra sonhada e 
sua vida parece condenada ao fracasso.
Deus lhe garante a Posse de uma Terra e uma descendência numerosa...
Ele confia totalmente em Deus e se põe a serviço dos desígnios do Senhor.
 
* Abraão é um modelo de fé: confia totalmente em Deus, 
aceita os planos de Deus e se põe a serviço deles.
 
Na 2a leitura, PAULO mostra sua FÉ na transfiguração,
apesar do que via e condenava na comunidade:
 "Ele transformará o nosso corpo humilhado e 
  o tornará semelhante ao seu corpo glorificado". (Fl 3,17-4,1)
 
* A nossa transfiguração e a transformação do mundo atual
exigem um processo contínuo de conversão.
 
O Evangelho apresenta a FÉ DOS APÓSTOLOS,
fortalecida na MONTANHA pela Transfiguração de Jesus. (Lc 9,28b-36)
 
Jesus está a caminho de Jerusalém com os Apóstolos.
O 1o anúncio da PAIXÃO provoca neles uma crise profunda...
Desmoronam as esperanças messiânicas, impregnadas de triunfalismo... 
Os Apóstolos, decepcionados, entram numa profunda crise.
 
Para reanimar a fé abalada deles, Jesus...
- recorre à oração, na MONTANHA, lugar sagrado por excelência,
 onde Deus se revela ao homem e lhe apresenta seus projetos.
- se transfigura: Todo encontro autêntico com Deus deixa marcas visíveis 
 no rosto das pessoas, como em Moisés ao descer do Sinai;
- Uma Voz confirma: "Este é o meu filho amado, escutai-o".
 
 Ao descer do monte, uma nova energia inundaria a sua pessoa e o coração 
dos apóstolos, para continuar a marcha para Jerusalém, onde seria crucificado...
 
+ PORMENORES significativos do evangelho de Lucas:
- O Motivo da ida à Montanha: "Ele vai lá para orar..."
- O rosto deixa transparecer a presença de Deus durante a Oração. 
- Aparecem Moisés e Elias que falam sobre o que encontrará em Jerusalém.
 Representam a Lei e os Profetas: o Antigo Testamento...
- Os três discípulos dormem, quando Jesus fala de doação da própria vida...
- As três Tendas: Pedro deseja permanecer contemplando o transfigurado. 
  Jesus convida a descer o monte e prosseguir a caminhada...
  Não podemos nos acomodar em nossa tenda; 
  precisamos SAIR, agir e enfrentar os conflitos da caminhada.
- Da nuvem sai uma VOZ: "Este é meu Filho, ESCUTAI-O".
- No fim, "Jesus ficou sozinho": Moisés e Elias desaparecem...
  O Antigo Testamento já cumpriu sua tarefa. 
 
OS TRÊS DISCÍPULOS:
- partilham a experiência da transfiguração, mas recusam-se a aceitar
 que o triunfo de Cristo passe pelo sofrimento e pela cruz;
- testemunham a transfiguração, mas parecem não ter muita vontade
 de descer à terra e enfrentar o mundo e os problemas dos homens;
- representam os que vivem de olhos postos no céu, mas alheados
 da realidade do mundo, sem vontade de intervir para o renovar e transformar.
 
Agentes da transfiguração:
- Nós, como os apóstolos, deparamos com a cruz... 
 E a primeira reação costuma ser a mesma: fugir dela.
 Aceitamos com alegria o Tabor... mas temos dificuldade em aceitar o Calvário.
- Nesses momentos, para reanimar a nossa fé, 
 Deus continua "inventando" também para nós um Tabor,
 dando-nos uma pequena amostra de sua beleza e de sua glória.
- Contudo é bom lembrar que, o Tabor foi apenas uma parada 
 que Jesus fez em seu caminho para o Calvário.
 Também para nós, o Tabor continua sendo uma situação transitória, 
para que sejamos testemunhas vivas do que nos espera... 
 
+ O Nosso Tabor...
A transfiguração aconteceu oito dias após o anúncio da Paixão...
Para os cristãos, o 8º Dia é o "Dia do Senhor", 
no qual a comunidade se reúne para escutar a Palavra e para partir o Pão.
 
Todos os domingos, devemos SUBIR a Montanha para CONTEMPLAR 
o Cristo transfigurado (ressuscitado) e ESCUTAR a sua voz.
E depois, transfigurados, DESCER a Montanha (sair da igreja)
para prosseguir a nossa caminhada como agentes da transfiguração, 
dispostos a enfrentar o mundo e os seus problemas...
 
* O que fazemos no DOMINGO? 
SUBIMOS a Montanha... para contemplar esse Rosto... para escutar essa Voz?
e depois DESCEMOS reanimados para prosseguir a nossa caminhada?
A nossa fé na transfiguração nos deve levar a transfigurar 
todo o nosso ser e transformar o mundo que nos rodeia. 
A humanidade se transforma e renasce 
quando escuta a Palavra do Pai em seu Filho e a põe em prática.
 
     Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 21.02.2016


sábado, 20 de fevereiro de 2016

Pregação quaresmal dirigida ao Papa e Cúria


1ª Pregação quaresmal: A adoração em Espírito e Verdade 
Padre Raniero Cantalamessa, OFM Cap
Primeira Pregação da Quaresma
A adoração em Espírito e Verdade
Reflexão sobre a Constituição Sacrosanctum Concilium

1. O Concílio Vaticano II: um afluente, não o rio
Nessas meditações quaresmais eu gostaria de continuar a reflexão sobre outros grandes documentos do Vaticano II, depois de meditar no Advento, na Lumen Gentium. Mas creio que é útil fazer uma premissa. O Vaticano II é um afluente, não é o rio. Em seu famoso trabalho sobre “O Desenvolvimento da Doutrina Cristã”, o beato Cardeal Newman declarou enfaticamente que parar a tradição em um ponto do seu curso, mesmo sendo um concílio ecumênico, seria torna-la uma morta tradição e não uma “tradição viva”. A tradição é como uma música. O que seria de uma melodia que parasse numa nota, repetindo-a ad infinitum? Isso acontece com um disco que arranha e sabemos o efeito que produz.
São João XXIII queria que o Concílio fosse para a Igreja “como um novo Pentecostes”. Em um ponto, pelo menos, essa oração foi ouvida. Após o Concílio houve um despertar do Espírito Santo. Ele não é mais “o desconhecido” na Trindade. A Igreja tornou-se mais consciente de sua presença e de sua ação. Na homilia da Missa crismal da Quinta-feira Santa de 2012, o Papa Bento XVI afirmava:
“Quem olha para a história da época pós-conciliar é capaz de reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que frequentemente assumiu formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que torna quase palpável a vivacidade inesgotável da Santa Igreja, a presença e a ação eficaz do Espírito Santo”.
Isso não significa que nós podemos desprezar os textos do Concílio ou ir além deles; significa reler o Concílio à luz dos seus próprios frutos. Que os concílios ecumênicos possam ter efeitos não compreendidos no momento, por aqueles que fizeram parte deles, é uma verdade evidenciada pelo próprio cardeal Newman sobre o Vaticano I[1], porém testemunhada mais vezes na história. O concílio ecumênico de Éfeso do 431, com a definição de Maria como Theotokos, Mãe de Deus, procurava afirmar a unidade da pessoa de Cristo, não aumentar o culto à Virgem, mas, de fato, o seu fruto mais evidente foi precisamente este último.
Se há uma área em que a teologia e a vida da Igreja Católica foi enriquecida nestes 50 anos de pós-concílio, é certamente a relacionada ao Espírito Santo. Em todas as principais denominações cristãs, estabeleceu-se nesses últimos tempos, aquilo que, com uma expressão cunhada por Karl Barth, foi chamada de “a Teologia do Terceiro artigo”. A teologia do terceiro artigo é aquela que não termina com o artigo sobre o Espírito Santo, mas começa com ele; que leva em conta a ordem com que se formou a fé cristã e o seu credo, e não só o seu produto final. Foi, de fato, à luz do Espírito Santo que os apóstolos descobriram quem era realmente Jesus e a sua revelação sobre o Pai. O credo atual da Igreja é perfeito e ninguém sequer sonha em muda-lo, porém, ele reflete o produto final, o último estágio alcançado pela fé, não o caminho através do qual se chega a isso, enquanto que, em vista de uma renovada evangelização, é vital para nós conhecer também o caminho por meio do qual se chega à fé, não só a sua codificação definitiva que proclamamos no credo de memória.
A esta luz aparece claramente as implicações de determinadas afirmações do concílio, mas aparecem também os vazios e lacunas a serem preenchidos, em especial, precisamente sobre o papel do Espírito Santo. Já tomava nota desta necessidade São João Paulo II, quando, por ocasião do XVI centenário do concílio ecumênico de Constantinopla, em 1981, escrevia em sua Carta Apostólica, a seguinte afirmação:
“Todo o trabalho de renovação da Igreja, que o Concílio Vaticano II tão providencialmente propôs e iniciou […] não pode ser realizado a não ser no Espírito Santo, isto é, com a ajuda da sua luz e do seu poder[2]”.

2. O lugar do Espírito Santo na liturgia
Esta premissa geral é particularmente útil ao lidar com o tema da liturgia, a Sacrosanctum concilium. O texto nasce da necessidade, sentida por um longo tempo e por muitos, de uma renovação das formas e ritos da liturgia católica. A partir deste ponto de vista, os seus frutos foram muitos e, no conjunto, benéficos para a Igreja. Menos advertida era, naquele momento, a necessidade de debruçar-se sobre aquilo que, seguindo Romano Guardini, geralmente chama-se “o espírito da liturgia[3]”, e que – no sentido que vou explicar – eu chamaria mais de “a liturgia do Espírito” (Espírito com letra maiúscula!).
Fies à intenção declarada destas nossas meditações de valorizar alguns aspectos mais espirituais e interiores dos textos conciliares, é precisamente neste ponto que eu gostaria de refletir. A SC dedica a isso só um curto texto inicial, fruto do debate que precedeu a redação final da constituição[4]:
“Em tão grande obra, que permite que Deus seja perfeitamente glorificado e que os homens se santifiquem, Cristo associa sempre a si a Igreja, sua esposa muito amada, a qual invoca o seu Senhor e por meio dele rende culto ao Eterno Pai. Com razão se considera a Liturgia como o exercício da função sacerdotal de Cristo. Nela, os sinais sensíveis significam e, cada um à sua maneira, realizam a santificação dos homens; nela, o Corpo Místico de Jesus Cristo – cabeça e membros – presta a Deus o culto público integral. Portanto, qualquer celebração litúrgica é, por ser obra de Cristo sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja, ação sagrada par excelência, cuja eficácia, com o mesmo título e no mesmo grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja[5]”.
É nos indivíduos, ou nos “atores” da liturgia que hoje somos capazes de perceber uma lacuna nesta descrição. Os protagonistas aqui realçados são dois: Cristo e a Igreja. Falta qualquer alusão ao lugar do Espírito Santo. Também no resto da Constituição, o Espírito Santo nunca é sujeito de um discurso direto, só nomeado aqui e ali, e sempre “oblíquo”.
O Apocalipse nos diz a ordem e o número completo dos atores litúrgicos quando resume o culto cristão na frase: “O Espírito e a Esposa dizem (a Cristo, o Senhor), Vem!” (Ap 22, 17). Mas Jesus já havia manifestado perfeitamente a natureza e a novidade do culto da Nova Aliança no diálogo com a Samaritana: “Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja”. (Jo 4, 23).
A expressão “Espírito e Verdade”, à luz do vocabulário joanino, só pode significar duas coisas: ou “o Espírito de verdade”, ou seja, o Espírito Santo (Jo 14, 17; 16,13) ou o Espírito de Cristo, que é a verdade (Jo 14, 6). Uma coisa é certa: não tem nada a ver com a explicação subjetiva, cara a idealistas e românticos, de que “espírito e verdade”, indicariam a interioridade escondida do homem, em oposição a qualquer culto externo e visível. Não se trata só apenas da passagem do exterior para o interior, mas da passagem do humano para o divino.
Se a liturgia cristã é “o exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo”, a melhor maneira de descobrir a sua natureza, é ver como Jesus exerceu a sua função sacerdotal em sua vida e em sua morte. A tarefa do sacerdote é oferecer “orações e sacrifícios” a Deus (cf. Hb 5,1; 8,3). Agora sabemos que era o Espírito Santo que colocava no coração do Verbo feito carne o grito “Abba”! que encerra toda a sua oração. Lucas observa explicitamente quando escreve: “Naquela mesma hora Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra…” (cf. Lc 10, 21). A própria oferta do seu corpo em sacrifício na cruz aconteceu, segundo a Carta aos Hebreus, “em um Espírito eterno” (Hb 9, 14), isto é, por um impulso do Espírito Santo.
São Basilio tem um texto esclarecedor.
” O caminho do conhecimento de Deus procede do único Espírito, através do único Filho, até o único Pai; inversamente, a bondade natural, a santificação segundo a natureza, a dignidade real, se difundem do Pai, por meio do Unigênito, até o Espírito[6]”.
 
Em outras palavras, a ordem da criação, ou da saída das criaturas de Deus, parte do Pai, passa através do Filho e chega a nós no Espírito Santo. A ordem do conhecimento ou do nosso retorno a Deus, do qual a liturgia é a expressão mais alta, segue o caminho oposto: parte do Espírito, passa através do Filho e termina no Pai. Essa visão descendente e ascendente da missão do Espírito Santo está presente também no mundo latino. O beato Isaac de Stella (sec. XII), expressa em termos muito próximos aos de Basílio:
“Como as coisas divinas desceram a nós pelo Pai, pelo Filho e o Espírito Santo, ou no Espírito Santo, então, as coisas humanas sobem ao Pai por meio do Filho, e [no] Espírito Santo[7]”.
Não se trata, como podemos ver, de ser, por assim dizer, o torcedor de uma ou de outra das três pessoas da Trindade, mas de salvaguardar o dinamismo trinitário da liturgia. O silêncio sobre o Espírito Santo, inevitavelmente, atenua o caráter trinitário da liturgia. Por isso parece-me particularmente oportuno a chamada que São João Paulo II fazia na Novo Millennio Ineunte:
“Obra do Espírito Santo em nós, a oração abre-nos, por Cristo e em Cristo, à contemplação do rosto do Pai. Aprender esta lógica trinitária da oração cristã, vivendo-a plenamente sobretudo na liturgia, meta e fonte da vida eclesial, mas também na experiência pessoal, é o segredo dum cristianismo verdadeiramente vital, sem motivos para temer o futuro porque volta continuamente às fontes e aí se regenera[8]”.

3. A adoração “no espírito”
Vamos tentar tirar, a partir dessas premissas, algumas orientações práticas para o nosso modo de viver a liturgia e fazer que ela execute uma das suas principais tarefas, que é a santificação das almas. O Espírito Santo não autoriza inventar novas e arbitrárias formas de liturgia ou modificar de própria iniciativa aquelas existentes (tarefa que cabe a hierarquia). Ele é o único, no entanto, que renova e dá vida a todas as expressões da liturgia. Em outras palavras, o Espírito Santo não faz coisas novas, mas faz novas as coisas! A palavra de Jesus repetida por Paulo: “É o Espírito que dá vida” (Jo 6, 63; 2 Cor 3, 6) aplica-se principalmente à liturgia.
O apóstolo exortava os fiéis a orar “no Espírito” (Ef 6:18; cf. também Judas 20). O que significa orar no Espírito? Significa permitir que Jesus continue a exercer o próprio ofício sacerdotal no seu corpo que é a Igreja. A oração cristã se torna uma extensão no corpo da oração do chefe. É conhecida a afirmação de Santo Agostinho:
“Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é aquele que reza por nós, reza em nós e que é rezado por nós. Reza por nós como nosso sacerdote, reza em nós como nosso chefe, é rezado por nós como nosso Deus. Reconheçamos, portanto, nele, a nossa voz, e em nós a sua voz[9]”.
A esta luz, a liturgia nos aparece como o “Opus Dei”, a “obra de Deus”, não só porque tem Deus por objeto, mas também porque tem Deus como sujeito; Deus não é só rezado por nós, mas reza em nós. O mesmo grito, Abbá! que o Espírito, vindo a nós, dirige ao Pai (Gl 4, 6; Rm 8, 15) mostra que quem reza em nós, pelo Espírito, é Jesus, o Filho único de Deus. Por si mesmo, de fato, o Espírito Santo não poderia dirigir-se a Deus, chamando-o Abbá, Pai, porque ele não é “gerado”, mas somente “procede” do Pai. Se pode fazê-lo é porque é o Espírito de Cristo que continua em nós a sua oração filial.
E, especialmente, quando a oração torna-se cansaço e luta é que se descobre toda a importância do Espírito Santo para a nossa vida de oração. O Espírito se torna, então, a força da nossa oração “fraca”, a luz da nossa oração apagada; em uma palavra, a alma da nossa oração. Verdadeiramente, ele “irriga o que é árido”, como dizemos na sequência em sua honra.
Tudo isso acontece por fé. Basta eu dizer ou pensar: “Pai, tu me deste o Espírito de Jesus; formando, portanto, “um só Espírito” com Jesus, eu recito este Salmo, celebro esta santa missa, ou estou simplesmente em silêncio, aqui em sua presença. Quero dar-te aquela glória e aquela alegria que te daria Jesus, se fosse ele a orar ainda da terra”.
O Espírito Santo vivifica especialmente a oração de adoração que é o coração de toda oração litúrgica. A sua peculiaridade deriva do fato de que é o único sentimento que podemos alimentar única e exclusivamente para com as pessoas divinas. É o que distingue o culto de latria do culto de dulia reservado aos santos e de hiperdulia reservado à Santa Virgem. Nós veneramos Nossa Senhora, não a adoramos, ao contrário do que algumas pessoas pensam dos católicos.
A adoração cristã é também trinitária. É trinitária no seu desenvolvimento, porque é adoração feita “ao Pai, por meio do Filho, no Espírito Santo”, e é trinitária no seu fim, porque é adoração feita junto “ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo”.
Na espiritualidade Ocidental, quem desenvolveu mais a fundo o tema da adoração foi o cardeal Pierre de Bérulle (1575-1629). Para ele, Cristo é o perfeito adorador do Pai, que precisa unir-se para adorar a Deus com uma adoração de valor infinito[10]. Escreve:
“Desde toda a eternidade, havia um Deus infinitamente adorável, mas não havia ainda um adorador infinito; […] Tu es agora, oh Jesus, este adorador, este homem, este servidor infinito por potência, qualidade e dignidade, para satisfazer plenamente este dever e fazer esta homenagem divina[11]”.
Se existe uma lacuna nesta visão, que também deu à Igreja belos frutos e moldou a espiritualidade francesa por séculos, essa é a mesma que temos colocado em destaque na constituição do Vaticano II: a pouca atenção dada ao papel do Espírito Santo. Do Verbo encarnado, o discurso de Bérulle muda para a “corte real” que o segue e o acompanha: a Santa Virgem, João Batista, os apóstolos, os santos; falta o reconhecimento do papel essencial do Espírito Santo.
Em qualquer movimento de retorno a Deus, lembrou-nos São Basílio, tudo parte do Espírito, passa através do Filho e termina no Pai. Não basta, portanto, recordar de vez em quando que existe também o Espírito Santo; é necessário reconhecer-lhe o papel de elo essencial, tanto no caminho de saída das criaturas de Deus quanto no de retorno das criaturas a Deus. O abismo existente entre nós e o Jesus da história está cheio do Espírito Santo. Sem ele, tudo na liturgia é somente memória; com ele, tudo é também presença.
No livro do Êxodo, lemos que, no Sinai, Deus indicou para Moisés uma cavidade na rocha, e escondido no interior dela ele poderia contemplar a sua glória sem morrer (cf. Ex 33, 21). Comentando este passo, o próprio São Basílio escreve:
“Qual é hoje, para nós cristãos, aquela cavidade, aquele lugar, onde podemos refugiar-nos para contemplar e adorar a Deus? É o Espírito Santo! De quem aprendemos? Do próprio Jesus que disse: Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em Espírito e verdade![12]”
Que perspectivas, que beleza, que poder, que atração tudo isso dá ao ideal da adoração cristã! Quem não sente a necessidade de esconder-se de vez em quando, no vórtice rodopiante do mundo, naquela cavidade espiritual para contemplar a Deus e adorá-lo como Moisés?

4. Oração de intercessão
Junto com a adoração, um componente essencial da oração litúrgica é a intercessão. Em toda a sua oração, a Igreja não faz mais do que interceder: por si mesma e pelo mundo, pelos justos e pelos pecadores, pelos vivos e pelos mortos. Também esta é uma oração que o Espírito Santo quer animar e confirmar. Dele São Paulo escreve:
“Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus. “(Rm 8, 26-27).
O Espírito Santo intercede por nós e nos ensina a interceder, por sua vez, pelos outros. Fazer oração de intercessão significa unir-se, na fé, a Cristo ressuscitado que vive em um estado constante de intercessão pelo mundo (cf. Rm 8, 34; Heb 7, 25; 1 João 2, 1). Na grande oração com a qual concluiu a sua vida terrena, Jesus nos oferece o exemplo mais sublime de intercessão.
“Rogo por eles, por aqueles que me deste. […] Guarde-os no teu nome. Não peço que os tires do mundo, mas que os pretejas do mal. Consagra-os na verdade. […] Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim… “(Jo 17, 9ss).
Do Servo Sofredor se diz, em Isaías, que Deus lhe dá em prêmio as multidões “porque carregava os pecados de muitos e intercedia pelos pecadores” (Is 53, 12): Essa profecia encontrou o seu perfeito cumprimento em Jesus que, na cruz, intercede pelos seus executores (cf. Lc 23, 34).
A eficácia da oração de intercessão não depende de “muitas palavras” (cf. Mt 6, 7), mas do grau de união que se consegue ter com as disposições filiais de Cristo. Mais do que as palavras de intercessão, deve-se, pelo contrário, multiplicar os intercessores, ou seja, invocar a proteção de Maria e dos Santos. Na festa de Todos os Santos, a Igreja pede a Deus para ser ouvida “pela abundância dos intercessores” (“multiplicatis intercessoribus”).
Multiplicam-se os intercessores até quando se rezam uns pelos outros. Diz Santo Ambrósio:
“Se você orar por você, só você vai orar por você, e se cada um só reza por si, a graça que alcança será menor com relação àquele que intercede pelos outros. Ora, dado que os indivíduos rezam por todos, acontece também que todos rezam pelos indivíduos. Portanto, para concluir, se você reza somente por você, você é o único que reza por você. Mas se, pelo contrário, você reza por todos, todos rezarão por você, estando você no meio daqueles todos[13]”.
A oração de intercessão é, portanto, agradável a Deus, porque é mais livre de egoísmo, reflete mais de perto a gratuidade divina e está de acordo com a vontade de Deus, que quer “que todos os homens sejam salvos” (cf. 1 Tm 2, 4). Deus é como um pai compassivo que tem o dever de punir, mas que tenta todas as desculpas possíveis para não ter que fazê-lo e é feliz, em seu coração, quando os irmãos do culpado conseguem detê-lo dessa punição.
Se faltam esses braços fraternos estendidos a Deus, Ele próprio reclama disso na Escritura: “Ele viu que não havia ninguém, maravilhou-se porque ninguém intercedia” (Is 59, 16). Ezequiel transmite-nos esta lamentação de Deus: “Busquei entre eles um homem que levantasse um muro e se colocasse na brecha perante mim, para defender o país, para que eu não o devastasse, porém não o encontrei” (Ez 22, 30).
A palavra de Deus enfatiza o extraordinário poder que tem junto a Deus, pela sua própria disposição, a oração daqueles que Ele colocou no comando do seu povo. Diz-se em um salmo que Deus havia decidido exterminar o seu povo por causa do bezerro de ouro, “se Moisés não tivesse se interposto diante dele para evitar a sua ira” (cf. Sl 106, 23).
Aos pastores e guias espirituais ouso dizer: quando, na oração, vocês sentirem que Deus está zangado com o povo que vos foi confiado, não tomem rapidamente o partido de Deus, mas do povo! Assim fez Moisés, até o ponto de protestar e de querer ser riscado, ele próprio, com eles, do livro da vida (cf. Ex 32, 32), e a Bíblia deixa claro que isto era justamente o que Deus queria, porque ele “abandonou a intenção de prejudicar o seu povo”. Quando se está diante do povo, então, devemos dar razão, com toda a força, a Deus. Quando Moisés, pouco depois, encontrou-se na frente do povo, então se acendeu a sua ira: esmagou o bezerro de ouro, dispersou o pó na água e fez as pessoas engolirem a água (cf. Ex 32: 19ss). Somente aquele que defendeu o povo diante de Deus e carregou o peso do seu pecado, tem o direito – e terá a coragem –, depois, de brigar com o próprio povo, em defesa de Deus, como fez Moisés.
Terminemos proclamando juntos o texto que melhor reflete o lugar do Espírito Santo e a orientação trinitária da liturgia, que é a doxologia final do cânon romano: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo, a vós, Deus Pai todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e glória, agora e para sempre. Amém”.

SEXTA-FEIRA, 19 DE FEVEREIRO DE 2016, 17H45
[Tradução Thácio Siqueira, ZENIT]
(papa.cancaonova)

Quaresma: Chegou o tempo de penitência, de conversão, de salvação.



Leitura breve: Ap 3,19-20 

"Eu repreendo e educo os que eu amo. Esforça-te, pois, e converte-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo. "

(Liturgia das Horas)


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O VENENO

Vaticano: Francisco sai em defesa da memória de João Paulo II

Agência Ecclesia 18 de Fevereiro de 2016, às 17:39 
    


«Uma amizade com uma mulher não é pecado»
Lisboa, 18 fev 2016 (Ecclesia) - O Papa Francisco rejeitou hoje qualquer polémica por causa da divulgação da correspondência entre João Paulo II e a filósofa americana Anna-Teresa Tymieniecka.

“Uma amizade com uma mulher não é um pecado”, disse aos jornalistas, no voo de regresso a Roma, após uma visita de seis dias a Cuba e ao México.

Segundo o Papa, um homem que não fosse capaz de ter uma “boa relação” de amizade com uma mulher seria alguém a quem “falta alguma coisa”.

Para o pontífice argentino, São João Paulo II era "um homem inquieto".

“O Papa é um homem, o Papa tem necessidade também do pensamento das mulheres e tem um coração, como os outros, que pode ter uma amizade sã, santa com uma mulher”, referiu, após ter sido questionado sobre a troca epistolar com que durou mais de três décadas.

Francisco revelou que tinha conhecimento desta amizade e conhecia também os livros da filósofa, de origem polaca.

“Há santos amigos: Francisco e Clara, Teresa e São João da Cruz. Não temos de ter medo”, acrescentou.

Segundo o Papa, nem todos na Igreja entenderam completamente “o bem que uma mulher pode fazer”, inclusive na vida de um padre, “num sentido de aconselhamento, de ajuda, de sã amizade”.

RV/OC


terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

MÉXICO: PAPA ÀS FAMÍLIAS



Confira como foi o encontro do Papa com as famílias mexicanas 

No encontro com as famílias mexicanas, Papa disse que prefere uma família ferida que tenta recomeçar a uma sociedade doente pelo confinamento
O último compromisso da viagem do Papa Francisco ao México na noite desta segunda-feira, 15, foi o encontro com as famílias, no estádio de Tuxtla Gutiérrez, onde 50 mil pessoas o aguardavam.
O encontro começou com uma saudação do arcebispo Fabio Martínez Castilla, que entregou como presente a Francisco uma estola bordada com rostos de crianças. A seguir, foi a vez de quatro famílias darem o seu testemunho. 

Famílias diversas, iguais testemunhos de amor

O primeiro testemunho no encontro do Papa com as famílias mexicanas foi o de Manuel, 14 anos, vítima de distrofia muscular. Ele agradeceu ao Papa por ser amigo dos jovens e por levar a sua mensagem ao povo do Chiapas e lhe pediu para rezar por todos os adolescentes que vivem desanimados e atravessam momentos difíceis.
Um casal ofereceu um depoimento sobre a sua vida de seus pais, que têm 50 anos de casados. Falaram da aliança matrimonial, do amor fiel e de sua participação nos sacramentos.
A terceira família era formada por um casal de divorciados e recasados civilmente, que não têm acesso à comunhão, mas participam da comunidade e têm a percepção de recebê-la, segundo revelaram, através do serviço a seus irmãos mais carentes, doentes ou encarcerados.

Famílias mexicanas lotaram o estádio “Victor Manuel Reyna para encontro com o Papa / Foto: Reprodução CTV
O último testemunho foi o de Beatriz, enfermeira e mãe solteira, de origem simples, que renunciou ao aborto várias vezes e criou seus filhos sozinha. Ela pediu a Deus que, assim como ela foi amada e acolhida pela Igreja, outras mulheres tenham esta mesma bênção.

O discurso de Francisco

“Obrigado por nos ter permitido sentar à sua mesa e conhecer o seu lar”, disse o Papa às famílias que deram seus testemunhos. Partindo das palavras de Manuel, que se encheu de vontade para a vida, Francisco disse que isto é o que Deus sempre sonhou, Deus Pai encheu de vontade a humanidade para sempre dando a ela seu Filho. O Papa emocionou todos ao citar o exemplo dos pais de Manuel, que ouviram ajoelhados o testemunho do menino.
“Deus Pai encheu de vontade a nossa vida, porque o seu nome é amor, é dom gratuito, é dedicação, é misericórdia. Ele nos mostrou isso tudo, em toda a sua força e clareza, no seu Filho Jesus, que gastou a sua vida até à morte para tornar possível o Reino de Deus; um Reino que tem sabor de família, que tem sabor de vida partilhada”.

Precariedade e isolamento, maus conselheiros

Lembrando o testemunho de Beatriz, Francisco afirmou que a precariedade ameaça não só o estômago (o que é já muito!), mas pode ameaçar também a alma, é a precariedade que nasce da solidão e do isolamento; e o isolamento é sempre um mau conselheiro.
Segundo o Santo Padre, a receita para combater esta situação, pode ser concretizada, por exemplo, por meio de leis que protejam e garantam o mínimo necessário para que as famílias e cada pessoa cresçam através do estudo e de um trabalho digno. Outro caminho é o compromisso pessoal, como sublinharam os testemunhos de Humberto e Cláudia: transmitindo o amor de Deus no serviço e na assistência aos outros. “Leis e engajamento pessoal são um binômio muito útil para romper a espiral de precariedade”, frisou o Pontífice.
Abordando as dificuldades que fragilizam as famílias hoje e que tornam suas vidas por vezes árduas e dolorosas, o Papa disse preferir uma família ferida que cada dia procura harmonizar o amor, a uma sociedade doente pelo confinamento e a comodidade do medo de amar. E criticou a “colonização ideológica que apresenta a família como um ‘modelo superado'”.
“Prefiro uma família que procura uma vez e outra recomeçar a uma sociedade narcisista e obcecada com o luxo e o conforto. Prefiro uma família com o rosto cansado pelos sacrifícios aos rostos embelezados que nada entendem de ternura e compaixão”.
Terminando seu discurso, Francisco pediu a todos que rezassem com ele a Ave Maria e levou flores a uma imagem da Sagrada Família.

Momentos marcantes

Outro momento tocante foi quando o Papa interrompeu o andamento do encontro e, à beira do palco, pediu que erguessem um menino  cadeirante até o ponto em que o pudesse tocar e beijar. Em vários momentos do evento, o Pontífice trocou o seu carinho com as crianças presentes.

Promessas matrimoniais renovadas

Na sequência, cerca de 200 casais com mais de 50 anos de matrimônio renovaram suas promessas matrimoniais diante do Papa e cantaram o hino “Amar é entregar-se”. Uma família fez uma oração, cantaram todos juntos o Pai Nosso e o Papa concedeu a bênção, encerrando o encontro.

Da Redação, com Rádio Vaticano
TERÇA-FEIRA, 16 DE FEVEREIRO DE 2016, 7H29

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

AINDA A VIAGEM DO PAPA AO MÉXICO


Papa indica “carinhoterapia” em visita a hospital pediátrico no México 

Papa visitou o hospital pediátrico “Federico Gómez” e destacou que o carinho é decisivo para a recuperação de crianças doentes


Papa em visita a hospital pediátrico no México / Foto: L’Osservatore Romano
O último compromisso do Papa Francisco neste domingo, 14, terceiro dia em terras mexicanas, foi a visita ao hospital pediátrico Federico Gómez, um centro de excelência na Cidade do México, voltado ao atendimento das crianças mais pobres do país. Anualmente, são 255 mil as crianças atendidas e seis mil as internações.
Acompanhado pela primeira-dama, Angelica Rivera, e pelo Diretor do Hospital, Dr. José Alberto Garcia Aranda, Francisco percorreu diversas alas do Hospital. Saudou 36 crianças que estavam acompanhadas de familiares, no primeiro andar do hospital, onde pronunciou seu discurso. 
O Papa saudou uma a uma as crianças, dando a elas de presente um terço. Em um dos pequenos pacientes, com um pequeno conta-gotas, pingou uma medicação em sua boca. Emoção, gestos de carinho e atenção especial a cada um dos pequenos marcou o encontro.
Para o encontro foram preparadas catequeses, tanto para as crianças como para alguns funcionários e médicos do hospital. O recurso do teatro, com uma história que falava sobre o Papa Francisco, foi usada para preparar as crianças.
Após as breves palavras de acolhida da primeira-dama, o Papa dirigiu algumas palavras às crianças e aos funcionários, onde destacou a importância da “carinhoterapia” e das palavras “bendizer e agradecer”.
Francisco depositou flores aos pés de uma imagem de São Francisco, no pátio do hospital, dirigindo-se então ao Setor de Oncologia, onde encontrou crianças que fazem quimioterapia. Uma delas cantou Ave Maria em latim para o Papa, num dos momentos comoventes do encontro.
A entrada de Francisco na Sala do Sino foi outro momento forte. O badalar indica a cura de uma criança. Na verdade, foram duas badaladas já que, recentemente, duas crianças ficaram curadas. Uma delas é a pequena Helena Luz, que no sábado, 13, completou 7 anos. O som produzido pelo sino é como que uma advertência ao céu, um agradecimento, de que uma criança foi curada. O gesto é realizado na presença de crianças em tratamento para servir de encorajamento e esperança.
Antes de concluir a visita, o Papa encontrou de forma privada alguns pacientes em tratamento. As imagens, por desejo do Pontífice, não foram transmitidas. Por fim, o Papa deixou o Hospital rumo à Nunciatura, onde passou a noite.

Da Redação, com Rádio Vaticano
SEGUNDA-FEIRA, 15 DE FEVEREIRO DE 2016, 7H26
(papa.cancaonova)

domingo, 14 de fevereiro de 2016

O Santuário de Deus são as nossas famílias”, diz Papa no México


Papa abordou questão da criminalidade na Missa no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe
Da redação, com Rádio Vaticano

Papa Francisco durante a Missa no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, no México.


“O santuário de Deus é a vida dos seus filhos, especialmente dos jovens sem futuro e dos idosos sem reconhecimento”, disse o Papa na missa celebrada neste sábado, 13, no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, num dos eventos mais aguardados desta sua 12ª viagem apostólica internacional, qual peregrino da misericórdia e da paz em terras mexicanas.
Uma visita à casa da Mãe expressamente desejada pelo Pontífice. De fato, o motivo principal da visita de Francisco ao México era venerar o ícone de Nossa Senhora de Guadalupe, diante do qual deteve-se longamente em oração após a santa missa.
“O santuário de Deus são as nossas famílias que precisam do mínimo necessário para se poderem formar e sustentar. O santuário de Deus é o rosto de tantos que encontramos no nosso caminho”, afirmou o Pontífice.

Nossa Senhora nos visita

Partindo do Evangelho da liturgia própria da Santíssima Virgem de Guadalupe, Francisco havia iniciado a homilia recordando o episódio da visita de Nossa Senhora a sua prima Isabel para traçar em seguida a figura de Maria como a mulher do sim, um sim de entrega a Deus e aos irmãos.
“Escutar esta passagem do Evangelho nesta casa tem um sabor especial. Maria, a mulher do sim, também quis visitar os habitantes desta terra da América na pessoa do índio São Juan Diego. Assim como se moveu pelas estradas da Judeia e da Galileia, da mesma forma alcançou Tepeyac, com as suas roupas, usando a sua língua, para servir esta grande nação. Assim como acompanhou a gravidez de Isabel, acompanhou e acompanha a gestação desta abençoada terra mexicana.”
Francisco acrescentou que também hoje Maria continua a fazer-se presente junto de todos nós, especialmente daqueles que sentem que «não valem nada».
Referindo-se à apresentação de Maria ao humilde Juanito, o Papa disse que “naquela madrugada de dezembro de 1531, tinha lugar o primeiro milagre que se tornará depois a memória viva de tudo o que guarda este Santuário. Naquele amanhecer, naquele encontro, Deus despertou a esperança de seu filho Juan, a esperança do seu povo”.
“Naquele amanhecer, Deus aproximou-Se e aproxima-Se do coração atribulado mas resistente de tantas mães, pais, avós que viram os seus filhos partir, viram-nos perdidos ou mesmo arrebatados pela criminalidade.”
Na construção do outro santuário – o santuário da vida, o das nossas comunidades, sociedade e culturas –, ninguém pode ser deixado de fora. “Todos somos necessários – observou o Papa –, sobretudo aqueles que normalmente não contam porque não estão à altura das circunstâncias ou não contribuem com o capital necessário para a sua construção.”
“O santuário de Deus é a vida dos seus filhos, de todos e em todas as condições, especialmente dos jovens sem futuro, expostos a uma infinidade de situações dolorosas e arriscadas, e dos idosos sem reconhecimento, esquecidos em tantos cantos. O santuário de Deus são as nossas famílias que precisam do mínimo necessário para se poderem formar e sustentar. O santuário de Deus é o rosto de tantos que encontramos no nosso caminho…”

As lágrimas dos que sofrem não são estéreis

Após citar um Hino Litúrgico dedicado a Maria, que expressa a proteção consoladora da Virgem, Francisco lembrou as palavras asseguradoras da Mãe, que nos dão a certeza de que “as lágrimas daqueles que sofrem, não são estéreis. São uma oração silenciosa que sobe até ao céu e que, em Maria, encontra sempre lugar sob o seu manto”. N’Ela e com Ela, Deus faz-Se irmão e companheiro de estrada, carrega conosco as cruzes para não deixar as nossas dores esmagar-nos.
Francisco concluiu ressaltando que também hoje Maria volta a enviar-nos; hoje repete para nós: “Sê o meu mensageiro, sê o meu enviado para construir muitos santuários novos, acompanhar tantas vidas, consolar tantas lágrimas”:
“Sê o meu mensageiro – diz-nos – dando de comer aos famintos, de beber aos sedentos; oferece um lugar aos necessitados, veste os nus e visita os doentes. Socorre os prisioneiros, perdoa a quem te fez mal, consola quem está triste, tem paciência com os outros e sobretudo implora e invoca o nosso Deus.”
Os milhares de fiéis e peregrinos presentes, mais de 40 mil ao todo, viveram com grande emoção e participação a visita do Papa Francisco ao maior santuário mariano do mundo, todos os anos visitado por vinte milhões de peregrinos. A celebração marcou o ponto alto e último compromisso deste primeiro dia de atividades do Santo Padre em terras mexicanas.

(papa.cancaonova)
DOMINGO, 14 DE FEVEREIRO DE 2016, 8H45 




HOJE É O DIA DO SENHOR



I DOMINGO DO TEMPO DA QUARESMA

As tentações

 
Estamos no primeiro domingo da QUARESMA,
tempo sagrado para uma renovação interior 
em preparação à grande festa da Páscoa. 
 
A Palavra de Deus nos lembra que as "TENTAÇÕES" 
podem impedir esse renascer para a vida nova e nos convoca a seguir 
o caminho de Jesus, renovando nossa fidelidade ao Deus vivo e verdadeiro.
 
A 1ª Leitura fala da Tentação do Povo de Israel: 
A IDOLATRIA existente nas religiões fáceis da região. (Dt 26,4-10)
 
Por isso, antes de entrar na Terra Prometida,
Moisés convida o Povo a renovar os compromissos da Aliança
e a oferecer ao Senhor os primeiros frutos da terra:
- Era um gesto de gratidão pelos favores passados e pela colheita presente;
- Era uma "profissão de fé" no Deus  libertador,
 que o livrou do Egito e o introduziu na Terra Prometida.
 Reconhecia assim quem era o seu "Senhor". 
 
* Ainda hoje somos tentados em deixar que outros "deuses" 
  ocupam em nós o lugar de Deus: o dinheiro, o poder, o êxito social... 
 
A 2ª Leitura nos fala da tentação dos que pensam que a Salvação
é conquista nossa, não um dom gratuito de Deus.  (Rm 10,8-13)
 
* Precisa "converter-se" a Jesus, isto é, reconhecê-lo como o "Senhor"
e acolher no coração a salvação que, em Jesus, Deus nos propõe.
 
O Evangelho nos apresenta as Tentações de Jesus. (Lc 4,1-13)
 
Após o Batismo, Jesus passa 40 dias no DESERTO, em oração e jejum.
Revive em sua experiência pessoal, o caminho do Povo no deserto. 
E no final, é tentado...
 
Lucas fala de TRÊS TENTAÇÕES, 
que são um resumo de tudo o que poderia desviá-lo de sua missão.
São também um retrato das tentações que devemos vencer 
para não nos desviar do projeto de Deus.
Jesus recusa o caminho do materialismo, do poder e do prestígio.
 
1. O PÃO: "Manda que esta pedra se mude em pão..."
- Jesus: "Não só de pão vive o homem..."
 
* Quantos são tentados a buscar apenas o pão material... ter coisas...
  É o materialismo, que leva a perder a sensibilidade humana e espiritual.
  - Não só de lucro deve viver o progresso, 
     mas de tudo aquilo que respeita a dignidade dos filhos de Deus.
 
2. O PODER: "Eu te darei todo esse poder e riqueza...
  se te ajoelhares diante de mim..." 
   - Jesus: "Adorarás o Senhor teu Deus e só a ele servirás..."
 
* TODOS NÓS temos sede de domínio sobre os outros e
   freqüentemente somos tentados a nos tornar "DONOS":
   - Na família: como pai, mãe... donos dos filhos... da esposa ou esposo... 
   - Na comunidade: ser dono de um movimento... de uma pastoral...
   - Na sociedade, como chefes de alguma coisa: com atitudes arrogantes...
   - Nas entidades: com atitudes centralizadoras...
 
3. O MILAGRE: "Joga-te daqui para baixo... 
    Deus dará ordem aos anjos para que te guardem..."
   - Jesus: "Não tentarás o Senhor teu Deus..."
 
* Ainda hoje somos levados a tentar Deus
  - com uma religião mais fácil... sem compromisso, 
   que promete milagres, salvação, dinheiro, emprego, saúde...
  - com "orações milagrosas"... "Orações de poder"... "correntes"...
   exigindo que Deus faça a nossa vontade
  e nos mande um santo milagreiro para nos atender.  
    Queremos milagres!...
 
+ Detalhe final: "Depois de tê-lo tentado de todos os modos...
  o Diabo afastou-se dele até outra ocasião..."
 
Ao longo do seu ministério, Jesus continuou a se defrontar com os poderes 
de Satanás, mas o derrotou com a oração e confiança em Deus.
 
+ As tentações  não acabaram... 
  e elas continuam ainda hoje e bem sedutoras...
Geralmente costumamos pintar o diabo com cara de mau, rabo, chifres...
mas eu acho que não está certo, pois se assim fosse, ele espantaria as pessoas... 
Na tentação, ele vem bem "bonitinho" e com propostas bem atraentes...
É por isso, que as tentações sempre vêm disfarçadas de nomes simpáticos:
  - A Ambição    é responsabilidade, competência...
  - Fome de poder  é exercício de liderança para ao bem de todos...
  - Desonestidade  é esperteza...
  - Libertinagem    é liberdade... Somos donos de nós mesmos... 
 
* As tentações são uma realidade, que o próprio Cristo enfrentou...
  Ele venceu a provação e nos fez herdeiros de tal vitória...
 
+ Quais são as nossas tentações mais freqüentes? 
   - Do TER? Do PODER? Do PRAZER? 
      Uma religião sem compromisso?      
 
- Deus tem um Plano sobre cada um de nós... 
 As tentações procuram nos desviar dele...  
 
Qual a nossa atitude diante delas? 
 

 
 Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 14.02.2016



sábado, 13 de fevereiro de 2016

EM CUBA. Histórico: Francisco e Kirill se encontram em Havana


 
Após 962 anos, acontece o primeiro encontro entre duas autoridades religiosas da Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Russa

O avião com o Papa Francisco chegou em Havana às 13h56 locais. Em terras cubanas, o Papa encontrou-se, historicamente, com o líder da Igreja Ortodoxa Russa, o Patriarca Kirill.
O líder russo chegou a Cuba nessa quinta-feira, 11,  onde deu início à visita às comunidades ortodoxas latino-americanas – que prevê também uma etapa no Brasil.


O presidente Raúl Castro recebeu Francisco no aeroporto “José Martí” e acompanhou o Pontífice até o local do encontro com o Patriarca Kirill.
As duas autoridades religiosas se reservaram em uma conversa privada onde conversaram abertamente, sem “meias palavras”, como disse o Papa Francisco, após a assinatura das declarações. “Falamos como irmãos, pois temos o mesmo batismo”, disse o Santo Padre.
“Falamos claramente, sem meias palavras. Confesso que senti a consolação do Espírito nesse diálogo. Agradeço a humildade de Sua Santidade, a humildade fraterna e o bom desejo de unidade. Saímos com uma série de iniciativas que esperamos poder realizar. Por isso, quero agradecer mais uma vez por seu benévolo acolhimento”, disse.
O Papa ainda agradeceu ao “grande povo cubano” e ao seu presidente, Raúl Castro, pela disponibilidade. O Papa disse que, “se continuar assim, Cuba será a capital da unidade”.

Patriarca Russo

Já o Patriarca Kirill disse que foi um diálogo com muito conteúdo, que possibilitou oportunidade de se entender e sentir as posições um do outro.
“O êxito das conversações promete e assegura que as duas igrejas possam cooperar com a segurança dos cristãos do mundo inteiro, e com a responsabilidade plena a fim de que a vida humana seja respeitada no mundo inteiro”, disse o Patriarca.
O encontro foi acompanhado pelo Cardeal Kurt Koch, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e o Metropolita Hilarion, Presidente do Departamento de Relações Eclesiais Exteriores do Patriarcado de Moscou.
A cerimônia se concluiu com a troca de presentes e o cumprimento das autoridades que acompanhavam as respectivas delegações.

André Cunha
Da redação, colaboração da Rádio Vaticano
SEXTA-FEIRA, 12 DE FEVEREIRO DE 2016, 20H13
 
(papa.cancaonova)

Papa chega ao México após encontro histórico com Patriarca russo



O Papa chegou no México e foi recebido pelo presidente do país, Enrique Peña Nieto e pela primeira-dama, em uma acolhida sem cerimônia protocolar e discursos.

Desde a noite desta sexta-feira, 12, o Papa Francisco encontra-se em território mexicano, quando foi recebido no Aeroporto Internacional Benito Juárez, na Cidade do México, pelo presidente do país, Enrique Peña Nieto e pela primeira-dama. Uma acolhida oficial, mas informal sem uma cerimônia protocolar nem discursos.
Antes da chegada do Pontífice, diante de uma multidão de pessoas em arquibancadas construídas para o evento, grupos musicais mexicanos narraram com suas músicas e vestidos típicos a história da tradição folclórica do país. Espetáculo que se repetiu depois diante do Santo Padre. Aos gritos a multidão presente pediu a benção de Francisco. Uma recepção digna da alegria do povo mexicano.
Depois a transferência para a sede da Nunciatura Apostólica, onde será a residência de Francisco nos próximos dias. Pelas ruas da Cidade do México, o Papa recebeu o amor e o carinho de tantas pessoas que desde o início da tarde se posicionaram nas calçadas para saudar e por um momento ver o “missionário da paz”, que vem confirmá-los na fé.
Entusiamos que se misturaram com os gritos de viva o Papa, “bienvenido” Santo Padre. A cidade se transformou com a chegada de Francisco. Apesar das ruas estarem fechadas em uma das cidades com o pior trânsito do mundo, o povo estava feliz em ter em sua casa o Papa Francisco.
Muro de luzes
Os mexicanos receberam o Santo Padre com um abraço luminoso e com uma ‘corrente’ de smartphones iluminados, um corredor de luzes do aeroporto da cidade até a Nunciatura Apostólica. Quem não tinha celular usou pequenas lanternas. Foi um “muro de luzes e de orações” de 19 km.
Sinos
Os sinos da catedral da Cidade do México também tocaram nesta sexta-feira em festa durante duas horas sem interrupção por 80 voluntários que se alternaram, anunciando a chegada de Francisco. Entre os sinos o mais famoso da cidade, chamado “Dona Maria”.
Programação
Na manhã deste sábado, 13, a cerimônia de boas-vindas será no Palácio Nacional, onde Francisco será recebido com honras do chefe de Estado. Depois a visita de cortesia ao presidente e o encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático.
Em seguida a transferência para a catedral da cidade dedicada à Assunção de Nossa Senhora. Um edifício construído com pedras vulcânicas. O lugar era ocupado por um templo dedicado à divindade azteca Xipe. Hernán Cortés fez constuir uma igreja no lugar com o material recuperado de antigos templos. 
Na Catedral, o Papa Francisco manterá um encontro com os bispos do México. Momentos antes o Santo Padre será recebido diante dos portões deste mesmo lugar pelo chefe de governo do local que lhe entregará as Chaves da Cidade. A Praça diante da Catedral, conhecida também como “Zócalo”, pode acolher cerca de 80 mil pessoas.
Ainda neste sábado, no final da tarde o Papa vai até a Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, coração da religiosidade mexicana onde celebrará a Santa Missa. Após a celebração um momento de oração em privado no “Camarín”, lugar onde é conservada a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe.
Os lugares que Francisco irá tocar nos próximos dias dizem respeito às grandes preocupações e esperanças dos mexicanos. O tema central da visita “Missionário da misericórdia e paz” gira em torno de perguntas sobre como recuperar a paz em um país que vive “o seu pedaço de guerra”. O questionamento da violência, da corrupção, do tráfico de drogas, a migração.
Viagem
A imprensa internacional descreve a viagem como algo difícil, pois tocará lugares complicados. Estará em Ecatepec, onde poderá ver face a face uma das áreas mais violentas do país e com o mais elevado índice de feminicídios e mulheres desaparecidas.
Ciudade Juárez onde a Corte Internacional dos Direitos Humanos e emitiu sentenças contra o país por causa das “mortes de Juárez”. Irá a Michocán que é uma das áreas mais quentes da guerra contra o narcotráfico. Também visitará Chiapas que desde os anos 90 emergiu como referente da marginalização e exclusão da população indígena com a insurreição “zapatista”.
No norte do país, numa “missa binacional” poderá apalpar a problemática da migração, de crimes e do tráfico de pessoas. “São lugares representativos dos fragmentos de guerra”, afirma a imprensa local.


Da redação, com Rádio Vaticano
SÁBADO, 13 DE FEVEREIRO DE 2016, 9H08
(papacancaonova)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Papa Francisco inicia viagem ao México



Papa inicia viagem ao México nesta sexta-feira e fará escala em Cuba para encontro com o Patriarca Russo
O Papa Francisco já saiu do Vaticano rumo ao México, a 12ª viagem internacional de seu pontificado. O avião papal decolou com 40 minutos de atraso para a Cidade do México, mas o Papa ainda fará uma escala em Cuba, onde terá um encontro histórico com o Patriarca Ortodoxo Russo Kirill.
O Santo Padre embarcou sob um forte esquema de segurança, carregando nas mãos sua tradicional pasta preta. No aeroporto Fiumicino, em Roma, o Pontífice foi recebido por autoridades civis e militares, num clima de muita cordialidade, saudando também as duas Comissárias de bordo e os presentes na pista com um aceno de mão. 
Pelo twitter, o Papa deixou uma mensagem aos fiéis ao seguir para a viagem. “No México fitarei os olhos da Virgem Maria, suplicar-lhe-ei que não deixe de nos proteger com misericórdia. A Ela confio a minha viagem”.
Como de costume, Francisco também enviou um telegrama ao presidente italiano. “Ao senhor, a minha saudação, que acompanho com os votos de bem-estar espiritual, civil e social do povo italiano, ao qual envio com prazer a benção apostólica”.
Francisco chega ao México ainda hoje e lá permanece até 17 de fevereiro. Ele visitará seis cidades mexicanas: Cidade do México, Ecatepec, San Cristobal de Las Casas, Tuxtla Gutiérrez, Morelia e Ciudad Juárez.



(Acompanhe a viagem pelo papa.cancaonova.com e pela TV Canção Nova)
Da Redação, com informações da Rádio Vaticano
SEXTA-FEIRA, 12 DE FEVEREIRO DE 2016, 7H51

 Francisco inicia viagem ao México 

Papa inicia viagem ao México nesta sexta-feira e fará escala em Cuba para encontro com o Patriarca Russo
O Papa Francisco já saiu do Vaticano rumo ao México, a 12ª viagem internacional de seu pontificado. O avião papal decolou com 40 minutos de atraso para a Cidade do México, mas o Papa ainda fará uma escala em Cuba, onde terá um encontro histórico com o Patriarca Ortodoxo Russo Kirill.
O Santo Padre embarcou sob um forte esquema de segurança, carregando nas mãos sua tradicional pasta preta. No aeroporto Fiumicino, em Roma, o Pontífice foi recebido por autoridades civis e militares, num clima de muita cordialidade, saudando também as duas Comissárias de bordo e os presentes na pista com um aceno de mão. 
Pelo twitter, o Papa deixou uma mensagem aos fiéis ao seguir para a viagem. “No México fitarei os olhos da Virgem Maria, suplicar-lhe-ei que não deixe de nos proteger com misericórdia. A Ela confio a minha viagem”.
Como de costume, Francisco também enviou um telegrama ao presidente italiano. “Ao senhor, a minha saudação, que acompanho com os votos de bem-estar espiritual, civil e social do povo italiano, ao qual envio com prazer a benção apostólica”.
Francisco chega ao México ainda hoje e lá permanece até 17 de fevereiro. Ele visitará seis cidades mexicanas: Cidade do México, Ecatepec, San Cristobal de Las Casas, Tuxtla Gutiérrez, Morelia e Ciudad Juárez.



(Acompanhe a viagem pelo papa.cancaonova.com e pela TV Canção Nova)
Da Redação, com informações da Rádio Vaticano
SEXTA-FEIRA, 12 DE FEVEREIRO DE 2016, 7H51

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

PALAVRA DE VIDA - FEVEREIRO DE 2016


“Qual mãe que consola os filhos, assim vou dar-vos meu consolo.” (Is 66,13)

Quem nunca viu uma criança chorar e lançar-se nos braços da mãe? Qualquer que seja a razão da preocupação, grande ou pequena, a mãe enxuga suas lágrimas, cobre-a de carinhos e pouco depois a criança volta a sorrir. Basta-lhe sentir a presença e o afeto da mãe. É isso que Deus faz conosco, comparando-se Ele mesmo a uma mãe.
É com essas palavras que Deus se dirige ao seu povo que retorna do exílio da Babilônia. Depois de ver destruídas suas próprias casas e arrasado o Templo, depois de ter sido deportado para uma terra estranha onde teve de amargar desilusões e desconforto, o povo volta à própria pátria, tendo de recomeçar tudo a partir das ruínas da destruição sofrida.
A tragédia vivida por Israel é a mesma que se repete ainda hoje para tantos povos em guerra, vítimas de atos terroristas ou de exploração desumana. Casas e ruas devastadas, marcos simbólicos da própria identidade arrasados, bens depredados, lugares de culto destruídos.
Quantas pessoas sequestradas, milhões de fugitivos, milhares que encontram a morte nos desertos ou pelas rotas do mar. Parece um apocalipse.
Essa Palavra de Vida é um convite a acreditar na ação amorosa de Deus, mesmo lá onde não se percebe a sua presença. É um anúncio de esperança. Ele está ao lado de quem sofre perseguições, injustiças, exílio. Está conosco, com a nossa família, com o nosso povo. Ele conhece a nossa dor pessoal e a dor de toda a humanidade. Ele se fez um de nós, até o ponto de morrer na cruz. Por isso Ele sabe compreender-nos e consolar-nos. Exatamente como uma mãe que toma a criança ao colo e a consola.
É necessário abrir os olhos e o coração para “vê-Lo”. Na medida em que experimentarmos a ternura do seu amor, conseguiremos transmiti-la a todos os que vivem na dor e na provação e nos tornaremos instrumentos de consolação. O apóstolo Paulo sugere isso também os coríntios: “… para que, com a consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que se acham em toda e qualquer aflição” (2Cor 1,4).
Isso é também a experiência íntima, concreta de Chiara Lubich: “Senhor, dá-me todos os que estão sós… Senti em meu coração a paixão que invade o teu, por todo o abandono em que o mundo inteiro está imerso. Amo todo ser doente e só. Quem consola o seu pranto? Quem tem pena de sua morte lenta? E quem estreita ao próprio coração o coração desesperado? Meu Deus, faze que eu seja no mundo o sacramento tangível do teu Amor: que eu seja os braços teus que estreitam a si e consomem no amor toda a solidão do mundo.”

Colaboração de Fabio Ciardi
(Focolares)


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2016



                                                                                                   Boletim da Santa Sé

“Prefiro a misericórdia ao sacrifício” (Mt 9, 13).

As obras de misericórdia no caminho jubilar

1. Maria, ícone duma Igreja que evangeliza porque evangelizada

Na Bula de proclamação do Jubileu, fiz o convite para que «a Quaresma deste Ano Jubilar seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus» (Misericordiӕ Vultus, 17). Com o apelo à escuta da Palavra de Deus e à iniciativa «24 horas para o Senhor», quis sublinhar a primazia da escuta orante da Palavra, especialmente a palavra profética. Com efeito, a misericórdia de Deus é um anúncio ao mundo; mas cada cristão é chamado a fazer pessoalmente experiência de tal anúncio. Por isso, no tempo da Quaresma, enviarei os Missionários da Misericórdia a fim de serem, para todos, um sinal concreto da proximidade e do perdão de Deus.

Maria, por ter acolhido a Boa Notícia que Lhe fora dada pelo arcanjo Gabriel, canta profeticamente, no Magnificat, a misericórdia com que Deus A predestinou. Deste modo a Virgem de Nazaré, prometida esposa de José, torna-se o ícone perfeito da Igreja que evangeliza porque foi e continua a ser evangelizada por obra do Espírito Santo, que fecundou o seu ventre virginal. Com efeito, na tradição profética, a misericórdia aparece estreitamente ligada – mesmo etimologicamente – com as vísceras maternas (rahamim) e com uma bondade generosa, fiel e compassiva (hesed) que se vive no âmbito das relações conjugais e parentais.

2. A aliança de Deus com os homens: uma história de misericórdia

O mistério da misericórdia divina desvenda-se no decurso da história da aliança entre Deus e o seu povo Israel. Na realidade, Deus mostra-Se sempre rico de misericórdia, pronto em qualquer circunstância a derramar sobre o seu povo uma ternura e uma compaixão viscerais, sobretudo nos momentos mais dramáticos quando a infidelidade quebra o vínculo do Pacto e se requer que a aliança seja ratificada de maneira mais estável na justiça e na verdade. Encontramo-nos aqui perante um verdadeiro e próprio drama de amor, no qual Deus desempenha o papel de pai e marido traído, enquanto Israel desempenha o de filho/filha e esposa infiéis. São precisamente as imagens familiares – como no caso de Oseias (cf. Os 1-2) – que melhor exprimem até que ponto Deus quer ligar-Se ao seu povo.

Este drama de amor alcança o seu ápice no Filho feito homem. N’Ele, Deus derrama a sua misericórdia sem limites até ao ponto de fazer d’Ele a Misericórdia encarnada (cf. Misericordiӕ Vultus, 8). Na realidade, Jesus de Nazaré enquanto homem é, para todos os efeitos, filho de Israel. E é-o ao ponto de encarnar aquela escuta perfeita de Deus que se exige a cada judeu pelo Shemà, fulcro ainda hoje da aliança de Deus com Israel: «Escuta, Israel! O Senhor é nosso Deus; o Senhor é único! Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 4-5). O Filho de Deus é o Esposo que tudo faz para ganhar o amor da sua Esposa, à qual O liga o seu amor incondicional que se torna visível nas núpcias eternas com ela.

Este é o coração pulsante do querigma apostólico, no qual ocupa um lugar central e fundamental a misericórdia divina. Nele sobressai «a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado» (Evangelii gaudium, 36), aquele primeiro anúncio que «sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, duma forma ou doutra, durante a catequese» (Ibid., 164). Então a Misericórdia «exprime o comportamento de Deus para com o pecador, oferecendo-lhe uma nova possibilidade de se arrepender, converter e acreditar» (Misericordiӕ Vultus, 21), restabelecendo precisamente assim a relação com Ele. E, em Jesus crucificado, Deus chega ao ponto de querer alcançar o pecador no seu afastamento mais extremo, precisamente lá onde ele se perdeu e afastou d’Ele. E faz isto na esperança de assim poder finalmente comover o coração endurecido da sua Esposa.

3. As obras de misericórdia

A misericórdia de Deus transforma o coração do homem e faz-lhe experimentar um amor fiel, tornando-o assim, por sua vez, capaz de misericórdia. É um milagre sempre novo que a misericórdia divina possa irradiar-se na vida de cada um de nós, estimulando-nos ao amor do próximo e animando aquilo que a tradição da Igreja chama as obras de misericórdia corporal e espiritual. Estas recordam-nos que a nossa fé se traduz em actos concretos e quotidianos, destinados a ajudar o nosso próximo no corpo e no espírito e sobre os quais havemos de ser julgados: alimentá-lo, visitá-lo, confortá-lo, educá-lo. Por isso, expressei o desejo de que «o povo cristão reflicta, durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia corporal e espiritual. Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina» (Ibid., 15). Realmente, no pobre, a carne de Cristo «torna-se de novo visível como corpo martirizado, chagado, flagelado, desnutrido, em fuga… a fim de ser reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós» (Ibid., 15). É o mistério inaudito e escandaloso do prolongamento na história do sofrimento do Cordeiro Inocente, sarça ardente de amor gratuito na presença da qual podemos apenas, como Moisés, tirar as sandálias (cf. Ex 3, 5); e mais ainda, quando o pobre é o irmão ou a irmã em Cristo que sofre por causa da sua fé.

Diante deste amor forte como a morte (cf. Ct 8, 6), fica patente como o pobre mais miserável seja aquele que não aceita reconhecer-se como tal. Pensa que é rico, mas na realidade é o mais pobre dos pobres. E isto porque é escravo do pecado, que o leva a utilizar riqueza e poder, não para servir a Deus e aos outros, mas para sufocar em si mesmo a consciência profunda de ser, ele também, nada mais que um pobre mendigo. E quanto maior for o poder e a riqueza à sua disposição, tanto maior pode tornar-se esta cegueira mentirosa. Chega ao ponto de não querer ver sequer o pobre Lázaro que mendiga à porta da sua casa (cf. Lc 16, 20-21), sendo este figura de Cristo que, nos pobres, mendiga a nossa conversão. Lázaro é a possibilidade de conversão que Deus nos oferece e talvez não vejamos. E esta cegueira está acompanhada por um soberbo delírio de omnipotência, no qual ressoa sinistramente aquele demoníaco «sereis como Deus» (Gn 3, 5) que é a raiz de qualquer pecado. Tal delírio pode assumir também formas sociais e políticas, como mostraram os totalitarismos do século XX e mostram hoje as ideologias do pensamento único e da tecnociência que pretendem tornar Deus irrelevante e reduzir o homem a massa possível de instrumentalizar. E podem actualmente mostrá-lo também as estruturas de pecado ligadas a um modelo de falso desenvolvimento fundado na idolatria do dinheiro, que torna indiferentes ao destino dos pobres as pessoas e as sociedades mais ricas, que lhes fecham as portas recusando-se até mesmo a vê-los.

Portanto a Quaresma deste Ano Jubilar é um tempo favorável para todos poderem, finalmente, sair da própria alienação existencial, graças à escuta da Palavra e às obras de misericórdia. Se, por meio das obras corporais, tocamos a carne de Cristo nos irmãos e irmãs necessitados de ser nutridos, vestidos, alojados, visitados, as obras espirituais tocam mais directamente o nosso ser de pecadores: aconselhar, ensinar, perdoar, admoestar, rezar. Por isso, as obras corporais e as espirituais nunca devem ser separadas. Com efeito, é precisamente tocando, no miserável, a carne de Jesus crucificado que o pecador pode receber, em dom, a consciência de ser ele próprio um pobre mendigo. Por esta estrada, também os «soberbos», os «poderosos» e os «ricos», de que fala o Magnificat, têm a possibilidade de aperceber-se que são, imerecidamente, amados pelo Crucificado, morto e ressuscitado também por eles. Somente neste amor temos a resposta àquela sede de felicidade e amor infinitos que o homem se ilude de poder colmar mediante os ídolos do saber, do poder e do possuir. Mas permanece sempre o perigo de que os soberbos, os ricos e os poderosos – por causa de um fechamento cada vez mais hermético a Cristo, que, no pobre, continua a bater à porta do seu coração – acabem por se condenar precipitando-se eles mesmos naquele abismo eterno de solidão que é o inferno. Por isso, eis que ressoam de novo para eles, como para todos nós, as palavras veementes de Abraão: «Têm Moisés e o Profetas; que os oiçam!» (Lc 16, 29). Esta escuta activa preparar-nos-á da melhor maneira para festejar a vitória definitiva sobre o pecado e a morte conquistada pelo Esposo já ressuscitado, que deseja purificar a sua prometida Esposa, na expectativa da sua vinda.

Não percamos este tempo de Quaresma favorável à conversão! Pedimo-lo pela intercessão materna da Virgem Maria, a primeira que, diante da grandeza da misericórdia divina que Lhe foi concedida gratuitamente, reconheceu a sua pequenez (cf. Lc 1, 48), confessando-Se a humilde serva do Senhor (cf. Lc 1, 38).

Vaticano, 4 de Outubro de 2015

Festa de S. Francisco de Assis

FRANCISCUS

(papa.cancaonova)