Confira como foi o encontro do Papa com as famílias mexicanas
No encontro com as famílias mexicanas, Papa disse que prefere uma família ferida que tenta recomeçar a uma sociedade doente pelo confinamento
O último compromisso da viagem do Papa Francisco ao México na noite desta segunda-feira, 15, foi o encontro com as famílias, no estádio de Tuxtla Gutiérrez, onde 50 mil pessoas o aguardavam.
O encontro começou com uma saudação do arcebispo Fabio Martínez Castilla, que entregou como presente a Francisco uma estola bordada com rostos de crianças. A seguir, foi a vez de quatro famílias darem o seu testemunho.
Famílias diversas, iguais testemunhos de amor
O primeiro testemunho no encontro do Papa com as famílias mexicanas foi o de Manuel, 14 anos, vítima de distrofia muscular. Ele agradeceu ao Papa por ser amigo dos jovens e por levar a sua mensagem ao povo do Chiapas e lhe pediu para rezar por todos os adolescentes que vivem desanimados e atravessam momentos difíceis.
Um casal ofereceu um depoimento sobre a sua vida de seus pais, que têm 50 anos de casados. Falaram da aliança matrimonial, do amor fiel e de sua participação nos sacramentos.
A terceira família era formada por um casal de divorciados e recasados civilmente, que não têm acesso à comunhão, mas participam da comunidade e têm a percepção de recebê-la, segundo revelaram, através do serviço a seus irmãos mais carentes, doentes ou encarcerados.
Famílias mexicanas lotaram o estádio “Victor Manuel Reyna para encontro com o Papa / Foto: Reprodução CTV
O último testemunho foi o de Beatriz, enfermeira e mãe solteira, de origem simples, que renunciou ao aborto várias vezes e criou seus filhos sozinha. Ela pediu a Deus que, assim como ela foi amada e acolhida pela Igreja, outras mulheres tenham esta mesma bênção.
O discurso de Francisco
“Obrigado por nos ter permitido sentar à sua mesa e conhecer o seu lar”, disse o Papa às famílias que deram seus testemunhos. Partindo das palavras de Manuel, que se encheu de vontade para a vida, Francisco disse que isto é o que Deus sempre sonhou, Deus Pai encheu de vontade a humanidade para sempre dando a ela seu Filho. O Papa emocionou todos ao citar o exemplo dos pais de Manuel, que ouviram ajoelhados o testemunho do menino.
“Deus Pai encheu de vontade a nossa vida, porque o seu nome é amor, é dom gratuito, é dedicação, é misericórdia. Ele nos mostrou isso tudo, em toda a sua força e clareza, no seu Filho Jesus, que gastou a sua vida até à morte para tornar possível o Reino de Deus; um Reino que tem sabor de família, que tem sabor de vida partilhada”.
Precariedade e isolamento, maus conselheiros
Lembrando o testemunho de Beatriz, Francisco afirmou que a precariedade ameaça não só o estômago (o que é já muito!), mas pode ameaçar também a alma, é a precariedade que nasce da solidão e do isolamento; e o isolamento é sempre um mau conselheiro.
Segundo o Santo Padre, a receita para combater esta situação, pode ser concretizada, por exemplo, por meio de leis que protejam e garantam o mínimo necessário para que as famílias e cada pessoa cresçam através do estudo e de um trabalho digno. Outro caminho é o compromisso pessoal, como sublinharam os testemunhos de Humberto e Cláudia: transmitindo o amor de Deus no serviço e na assistência aos outros. “Leis e engajamento pessoal são um binômio muito útil para romper a espiral de precariedade”, frisou o Pontífice.
Abordando as dificuldades que fragilizam as famílias hoje e que tornam suas vidas por vezes árduas e dolorosas, o Papa disse preferir uma família ferida que cada dia procura harmonizar o amor, a uma sociedade doente pelo confinamento e a comodidade do medo de amar. E criticou a “colonização ideológica que apresenta a família como um ‘modelo superado'”.
“Prefiro uma família que procura uma vez e outra recomeçar a uma sociedade narcisista e obcecada com o luxo e o conforto. Prefiro uma família com o rosto cansado pelos sacrifícios aos rostos embelezados que nada entendem de ternura e compaixão”.
Terminando seu discurso, Francisco pediu a todos que rezassem com ele a Ave Maria e levou flores a uma imagem da Sagrada Família.
Momentos marcantes
Outro momento tocante foi quando o Papa interrompeu o andamento do encontro e, à beira do palco, pediu que erguessem um menino cadeirante até o ponto em que o pudesse tocar e beijar. Em vários momentos do evento, o Pontífice trocou o seu carinho com as crianças presentes.
Promessas matrimoniais renovadas
Na sequência, cerca de 200 casais com mais de 50 anos de matrimônio renovaram suas promessas matrimoniais diante do Papa e cantaram o hino “Amar é entregar-se”. Uma família fez uma oração, cantaram todos juntos o Pai Nosso e o Papa concedeu a bênção, encerrando o encontro.
Da Redação, com Rádio Vaticano
TERÇA-FEIRA, 16 DE FEVEREIRO DE 2016, 7H29
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