Papa falou da indignação do povo diante da simplicidade com que Deus realiza suas obras; a salvação, reiterou, vem das coisas simples
Papa destaca a salvação nas coisas simples de Deus / Foto: L’Osservatore Romano
O Papa Francisco iniciou a semana celebrando a Missa na Casa Santa Marta nesta segunda-feira, 29. Sua homilia foi inspirada nas leituras do dia, que falam da indignação do povo diante do projeto de salvação de Deus, que não segue os esquemas humanos. A salvação, reiterou o Papa, vem da simplicidade das coisas de Deus.
Naamã, o sírio, fica indignado por um leproso e pede ao profeta Eliseu que o cure, mas não aprecia o modo simples com que esta cura pode acontecer. E se indignam também os moradores de Nazaré diante das palavras de Jesus, seu conterrâneo.
Francisco explicou que essa é a indignação diante do projeto de salvação de Deus que não segue os esquemas humanos. Jesus sente o desprezo dos doutores da Lei que buscavam a salvação na casuística da moral e em tantos preceitos, mas o povo não tinha confiança neles.
“Os saduceus que buscavam a salvação nos compromissos com os poderes do mundo, com o Império… uns com grupos de clérigos, outros com grupos de políticos, procuravam assim a salvação. Mas o povo percebia e não acreditava. Sim, acreditava em Jesus porque tinha ‘autoridade’. Mas por que este desprezo? Porque na nossa imaginação, a salvação deve provir de algo de grande, de majestoso; somente os poderosos nos salvam, aqueles que têm dinheiro, que têm poder: eles podem nos salvar. E o plano de Deus é outro! Se indignam porque não podem compreender que a salvação vem somente do pequeno, da simplicidade das coisas de Deus”.
Quando Jesus faz a proposta do caminho de salvação, acrescentou o Papa, jamais fala de coisas grandes, mas de coisas pequenas. São os dois pilares do Evangelho que se leem em Mateus: as Bem-aventuranças e o Juízo final.
“Coisas simples. Você não buscou a salvação ou a esperança no poder, nas negociações… não… fez simplesmente isto. E isto indigna a muitos. Como preparação à Páscoa, eu os convido – também eu o farei – a ler as Bem-aventuranças e a ler Mateus 25, e pensar e ver se algo disso me indigna, me tira a paz. Porque o desprezo é um luxo que somente os vaidosos, os orgulhosos podem se permitir”.
O Papa Francisco assim conclui a sua homilia: “Fará bem a nós tomar um pouco de tempo – hoje, amanhã – ler as Bem-aventuranças, ler Mateus 25, e ficarmos atentos ao que acontece em nosso coração: se existe desprezo, e pedir a graça ao Senhor para entender que o único caminho da salvação é a ‘loucura da Cruz’, ou seja, a aniquilação do Filho de Deus, de Deus, e fazer-se pequeno. Representado, aqui, no banho no Jordão ou na pequena aldeia de Nazaré”.
(papa.cancaonova)
SEGUNDA-FEIRA, 29 DE FEVEREIRO DE 2016, 8H49
Da Redação, com Rádio Vaticano
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