Papa: vocação do
povo lituano é ser ponte de comunhão e esperança
“Diante do cenário mundial em que vivemos, onde aumentam as
vozes que semeiam divisão e contraposição – instrumentalizando a insegurança e
os conflitos – os lituanos têm algo de original para oferecer: acolher as
diferenças", disse o Papa Francisco em seu primeiro discurso.
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
O Santo Padre partiu do
Vaticano, na manhã deste sábado (22/9), para mais uma Viagem internacional.
Trata-se da 25ª Viagem Apostólica a três países Bálticos: Lituânia, Letônia e
Estônia, que se concluirá na próxima terça-feira, 25.
Antes de cada Viagem
internacional, o Papa costuma fazer uma visita à Basílica pontifícia de Santa
Maria Maior, no centro de Roma, para rezar diante da imagem de Nossa Senhora “Salus
Popoli Romani” (“Salvação do Povo Romano), para o bom êxito da sua viagem.
Francisco deixou a Casa
Santa Marta, onde reside no Vaticano, às 6h50 hora local (01h50 do Brasil), e
se dirigiu ao aeroporto romano de Fiumicino, onde tomou o avião, às 7h37, que o
levou à Lituânia, primeira etapa desta sua Viagem internacional.
O lema que a Igreja na
Lituânia escolheu para esta viagem papal é “Jesus Cristo, nossa Esperança”.
O Papa Francisco é o
segundo Pontífice que visita este país báltico, após João Paulo II, há 25 anos.
Como habitualmente
durante as suas viagens internacionais, o Santo Padre enviou telegramas aos
Chefes de Estado dos países sobrevoados. Neste caso, Itália, Croácia,
Hungria, Eslováquia e Polônia.
Após três horas de
viagem, o Papa chegou a Vilnius, capital lituana, onde foi recebido pelas
autoridades civis e religiosas, entre os quais o Núncio Apostólico, Dom López
Quintana, e a Embaixadora, junto à Santa Sé, Petras Zapolskas.
Vilnius, capital da
República da Lituânia, é a cidade mais populosa do país, com cerca de 600 mil
habitantes. O Centro histórico da cidade, do século XVI, é considerado
Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, em 1994. Até o Holocausto, Vilnius era um
dos maiores centros mundiais da cultura e teologia judaicas. A Lituânia
conquistou a independência, em 1990. Hoje, o país conta 830 mil habitantes, dos
quais mais de 600 mil católicos.
Após a cerimônia de boas
vindas, no aeroporto de Vilnius, na presença da Presidente do país, senhora
Dalia Grybauskaité, o Santo Padre dirigiu-se de automóvel ao Palácio
Presidencial, para uma visita de cortesia, onde manteve um encontro particular
com a Presidente lituana.
No intercâmbio de dons, o
Papa doou à Presidente cópia de um mosaico de Cristo, do século IX, sobre a
Confissão de São Pedro, que se encontra no túmulo do Apóstolo, na cripta da
Basílica Vaticana.
A seguir, diante do
Palácio Presidencial, o Papa encontrou-se com as Autoridades, a Sociedade civil
e o Corpo Diplomático, aos quais pronunciou seu primeiro discurso.
Em seu pronunciamento,
Francisco expressou sua alegria e esperança por começar esta sua peregrinação
aos países bálticos pela Lituânia, que – como disse São João Paulo II (1993) – “é
testemunha silenciosa de um amor apaixonado pela liberdade religiosa. E
explicou:
“Esta visita
realiza-se em um momento particularmente importante da vida desta nação, que
celebra cem anos da sua independência. Vocês passaram por um século de muitas
provações e sofrimentos: prisões, deportações e até martírios. O centenário de
independência é motivo de reflexão sobre os acontecimentos, que forjaram a
nação, e os desafios para construir o futuro, em clima de diálogo e unidade
entre todos os habitantes”.
Não sabemos - disse o
Papa - como será o futuro, porém devemos manter a “alma” deste país, que
contribuiu para transformar a situação de sofrimento e injustiça e manter viva
a sua raiz religiosa, para resistir e construir! Ao longo da sua história, a
Lituânia soube hospedar, aceitar, receber povos de diferentes etnias: lituanos,
tártaros, poloneses, russos, bielorrussos, ucranianos, armênios, alemães e suas
respectivas religiões: católicos, ortodoxos, protestantes, muçulmanos, judeus.
Todos conviviam em paz até à chegada das ideologias totalitárias, que só
semearam violência e desconfiança. E o Papa acrescentou:
“Diante do cenário
mundial em que vivemos, onde aumentam as vozes que semeiam divisão e
contraposição – instrumentalizando a insegurança e os conflitos – os lituanos
têm algo de original para oferecer: acolher as diferenças! Por meio do diálogo,
abertura e compreensão, as culturas podem transformar-se em pontes de união
entre o Oriente e o Ocidente Europeu”.
Este pode ser o fruto de
uma história madura, - afirmou Francisco - que o povo lituano oferece à
comunidade internacional e à União Europeia. Isto significa extrair força do
passado para prestar atenção especial aos jovens, afim de que encontrem espaço
para crescer, trabalhar e serem protagonistas da construção do tecido social e
comunitário. A Lituânia, que eles sonham, - concluiu o Papa – é aquela que
busca, constantemente, promover políticas para encorajá-los a uma maior
participação na sociedade.
Por fim, o Santo Padre
expressou sua esperança de que o povo lituano possa continuar a sua ação
hospitaleira com o estrangeiro, os jovens, os idosos e os pobres, cumprindo sua
vocação de ser “ponte de comunhão e esperança”.
Ao término do encontro
com as Autoridades, a Sociedade civil e o Corpo Diplomático, Francisco deixou o
Palácio Presidencial e se dirigiu de papamóvel para a Nunciatura Apostólica de
Vilnius para o almoço.
(vaticannews)
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