domingo, 31 de maio de 2020
sábado, 30 de maio de 2020
Sábado, una-se ao Papa para a oração do Terço nos Jardins Vaticanos
Direto da Gruta de Lourdes, nos Jardins Vaticanos, o Papa Francisco rezará o Terço na conclusão do mês mariano para pedir a consolação de Nossa Senhora para enfrentar a pandemia.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
No próximo dia 30 de maio, os católicos têm um encontro marcado com o Papa Francisco.
No encerramento do mês mariano, como é tradição, o Papa rezará o terço nos Jardins Vaticanos às 17h30 locais (12h30 em Brasília). Mas, desta vez, o evento será transmitido em streaming, com comentários em português, diretamente da Gruta de Lourdes. A duração prevista é de uma hora.
Os fiéis rezarão para pedir o auxílio e o consolo de Nossa Senhora para enfrentar a pandemia do coronavírus, inspirados pelo trecho dos Atos dos Apóstolos 1,14 "Todos se uniram constantemente em oração, juntamente com Maria".
As dezenas serão rezadas por homens e mulheres representando as várias realidades tocadas pelo vírus: um médico, uma enfermeira, um paciente curado, uma pessoa que perdeu um familiar, um sacerdote, um capelão hospitalar, um farmacêutico, uma freira enfermeira, um representante da Defesa Civil, uma família cujo filho nasceu em meio à pandemia.
Adesão dos santuários
A iniciativa é do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. O presidente, Dom Rino Fisichella, escreve:
“Aos pés de Maria, o Papa Francisco depositará as aflições e as dores da humanidade, ulteriormente agravadas pela difusão da Covid-19.”
Para o Arcebispo, trata-se de mais um “sinal de proximidade e de consolação para aqueles que, de algum modo, foram atingidos pelo vírus, na certeza de que a Mãe Celeste não desatende os pedidos de proteção”.
Santuários dos cinco continentes já deram sua adesão: Lourdes, Pompeia, Fátima, Częstochowa. Na América Latina, Guadalupe e Luján, entre outros. O Santuário de Aparecida também confirmou sua participação.
O evento poderá se seguido através do nosso site e das redes sociais do Vatican News.
(vaticannews)
Papa aos sacerdotes da Diocese de Roma: deixar-se surpreender pelo Ressuscitado
"Como sacerdotes, filhos e membros de um povo sacerdotal, cabe a nós assumir a responsabilidade pelo futuro e projetá-lo como irmãos. Coloquemos nas mãos chagadas do Senhor, como oferta santa, nossa fragilidade, a fragilidade de nosso povo, a de toda a humanidade".
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
Neste Tempo Pascal, não podendo celebrar com seus sacerdotes em nível diocesano a Missa do Crisma na Quinta-feira Santa, o Papa escreveu-lhes uma longa e articulada Carta.
“Esta nova fase que iniciamos - diz Francisco - requer de nós sabedoria, prudência e compromisso comum, para que todos os esforços e sacrifícios, feitos até agora, não sejam inúteis”.
Durante este período de pandemia, muitos sacerdotes compartilharam por e-mail ou telefone com o Santo Padre o que estava acontecendo nesta situação inesperada e desconcertante. Desta forma, mesmo sem poder sair do Vaticano ou manter contato direto com seus sacerdotes, Francisco pôde acompanhar tudo, em primeira mão, graças às essas informações. Esta comunhão eclesial alimentou a oração do Papa, que agradeceu o testemunho corajoso e generoso dos sacerdotes de Roma.
Mesmo com a necessária distância entre as pessoas, o sentimento de pertença, de comunhão e de missão jamais arrefeceu entre o clero. Pelo contrário, contribuiu para garantir a caridade, sobretudo com as pessoas e comunidades mais desfavorecidas. Neste diálogo sincero, entre pastor e ovelhas, a distância necessária não era sinônimo de fechar-se em si mesmos e descuidar da própria missão.
Com a sua Carta ao clero de Roma, o Papa quis manter um maior contato com seus sacerdotes, a fim de manterem uma esperança cristã viva, que contagia, cultivada e fortalecida pelo encontro com os outros, até voltarmos à "normalidade", tão almejada.
Francisco escreveu sua mensagem com base na experiência dos Apóstolos, que animavam suas comunidades nos momentos difíceis de confinamento, isolamento, medo e incertezas.
Por isso, tomando o exemplo desta quarentena, com imobilidade e fechamento, o Pontífice quis refletir com seus sacerdotes sobre os acontecimentos pós-pascais, quando os discípulos, atemorizados, estavam trancados no Cenáculo. No entanto, ficaram surpreendidos com o aparecimento do Ressuscitado, no meio deles, e com suas palavras: "A paz esteja convosco!". E os discípulos se alegraram ao ver o Senhor, que lhes disse ainda: “Como o Pai me enviou, eu também vos envio". A seguir, soprou sobre eles, dizendo: "Recebei o Espírito Santo".
Naquela época, os discípulos experimentaram "as mesmas alegrias e esperanças, tristezas e angústias”, pelas quais também nós passamos nestes dias, sobretudo os pobres e os sofredores. Por isso, o Papa exortou os sacerdotes de Roma, a “deixar-se também se surpreender por Jesus”!
Referindo-se ainda ao nosso contexto atual, Francisco recordou o sofrimento de todos os que perderam seus entes queridos: famílias, vizinhos, amigos, paroquianos, confessores, e os que dedicaram suas vidas à assistência dos contagiados: médicos, enfermeiros, voluntários, Proteção Civil.
Nestes dias, - diz ainda o Papa, - pudemos experimentar na nossa carne o profundo significado do pranto, recordando que também Jesus chorou “diante do túmulo do amigo Lázaro e no Getsêmani”; o pranto dos discípulos, diante do mistério da Cruz e morte de Jesus; o de Pedro, por renegar a Jesus; e o de Maria Madalena, diante do sepulcro vazio.
A pandemia não conhece fronteiras, enfatizou o Papa. Nesse sentido, a nossa sociedade se deparou com sua impotência e imunidade cultural e espiritual.
Francisco concluiu a Carta aos Sacerdotes de Roma, afirmando ter tido este desejo de compartilhar fraternalmente com eles todas essas coisas, sobretudo neste período de pandemia, exortando-os a continuar a ajudar e servir "nossos irmãos e irmãs amedrontados”: "Amar e servir mais", deixando-nos surpreender com a presença amorosa de Jesus entre nós!
A mensagem do Santo Padre na íntegra, em espanhol, pode ser conferida clicando aqui.
(vaticannews)
DGS alerta para “risco aumentado” de propagação do vírus nos cultos religiosos
29 MAI 2020 / 17:05 H.
As cerimónias religiosas presenciais, que são retomadas no sábado, acarretam um “risco aumentado” de propagação da covid-19, salientou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS), no documento em que define as medidas de prevenção e controlo em locais de culto.
“Considerando a interação social e proximidade entre membros da comunidade, importa reconhecer o risco aumentado de propagação do vírus, bem como o impacto da doença em grupos que podem ter uma representatividade considerável nos cultos, nomeadamente pessoas com mais de 65 anos e pessoas com comorbilidades”, sublinhou a entidade liderada por Graça Freitas.
A lista com recomendações dirigidas às instituições religiosas e aos participantes nas celebrações foi publicada no ‘site’ da DGS, vincando que “nos locais de culto e religiosos existe risco de transmissão direta e indireta de SARS-CoV-2 e, como tal, medidas adicionais devem ser tomadas para evitar a transmissão” do novo coronavírus.
O objetivo é “orientar a adoção de medidas que evitem ou limitem a transmissão por SARS-CoV-2 em locais de culto e durante as celebrações de culto”, assinalou a DGS.
“Torna-se, assim, necessário que as Instituições de Culto e Religiosas planeiem a resposta às necessidades diárias das suas comunidades durante a frequência nos seus espaços e eventos de culto, salvaguardando sempre a saúde pública e a adoção de medidas necessárias para minimizar a propagação da covid-19”, vincou.
Desde logo, com a retoma das cerimónias religiosas, as diferentes confissões devem “elaborar e/ou atualizar um plano de contingência interno para covid-19 que contemple os procedimentos a adotar perante um caso suspeito” da doença, informou a DGS.
As celebrações, atividades, encontros, reuniões, catequeses e outros eventos de culto que implicam a aglomeração de pessoas devem ser limitados ou adiados, quando não for possível cumprir com as orientações transmitidas pelas autoridades de saúde.
Segundo a DGS, também se devem manter ativos os “meios de transmissão alternativos, nomeadamente com recurso a meios telemáticos” das celebrações religiosas.
A entidade também recomenda que seja removido ou proibido “o toque de objetos ou substâncias do local de culto, nomeadamente água benta e outros símbolos”.
As instituições devem também providenciar uma sinalização para os lugares que podem ser ocupados de forma a garantir o distanciamento de, pelo menos, dois metros entre pessoas, que não se aplica a coabitantes.
O acesso sem supervisão ao local de culto e o acesso a visitas coletivas devem ser limitados, e a adoção das medidas de proteção e distanciamento público, etiqueta respiratória e higiene das mãos “amplamente” divulgadas pelos organizadores das cerimónias, realçou.
As instituições religiosas têm também de disponibilizar um dispensador de solução à base de álcool para as pessoas desinfetarem as mãos, pelo menos, à entrada e à saída do local de culto e em pontos estratégicos, e promover o arejamento e higienização rigorosa dos espaços, entre várias outras orientações.
A DGS deixou também uma série de recomendações para os cidadãos, desde o cumprimento das orientações de entrada e saída dos locais de culto, ao respeito pelos lugares definidos.
A desinfetação das mãos com solução à base de álcool, a manutenção da distância recomendada de dois metros entre pessoas não coabitantes em todos os momentos, e a suspensão de saudações com contacto físico, como apertos de mão, beijos ou abraços, também são referidas, além do uso de máscara facial e de outros cuidados recomendados, extensíveis a todas as instituições religiosas.
Cada confissão tem ainda de adaptar os seus rituais específicos às novas regras, com o objetivo de tentar fornecer a maior segurança possível a todos os envolvidos nas cerimónias.
Várias confissões religiosas preparam a retoma das cerimónias presenciais em Portugal, a partir de sábado, com novas regras para os fiéis e adaptações dos cultos, após uma paragem superior a dois meses por causa da pandemia de covid-19.
Portugal contabiliza pelo menos 1.383 mortos associados à covid-19 em 31.946 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS).
O país entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
O regresso das cerimónias religiosas comunitárias está previsto para 30 de maio.
Missas e celebrações religiosas regressam este sábado. Conheça as recomendações da DGS
Tal como em maioria dos espaços públicos que se preparam para reabrir em junho, a máscara e a higienização das mãos é obrigatória. O distanciamento de pelo menos dois metros deverá manter-se, a menos que as pessoas vivam juntas.
A partir deste sábado, 30 de maio, os crentes vão poder regressar ao ser local de culto com novas regras e medidas decretadas pela Direção-Geral de Saúde, divulgadas esta sexta-feira. O distanciamento social, de pelo menos, 2 metros entre pessoas, a higienização pessoal e de objetos públicos, e a obrigatoriedade de máscara são três dos factores mais importantes no regresso aos locais de culto. Porém, a DGS deixa outros alertas como:
- A remoção ou proibição de toque de objecto ou substâncias no local de culto (como água benta);
- Sinalização dos lugares onde se podem sentar os fiéis, de, pelo menos, 2 metros entre pessoas;
- Criação de circuitos dentro de igrejas e outros locais de culto, de forma a evitar que os fiéis se cruzem. De preferência, deve existir uma porta de saída diferente da porta de entrada;
- Limitar ou adiar as celebrações, atividades, encontros, reuniões, catequeses e outros eventos de culto que implicam a aglomeração de pessoas;
- Promover o arejamento do local de culto, principalmente antes e depois de uma celebração, se possível mantendo as janelas e portas abertas.
- Aconselhar as pessoas com fatores de risco, a assistirem às celebrações através de meios de transmissão alternativos ou a optarem por horários em que as celebrações são menos frequentadas;
- Evitar aglomeração de pessoas durante a celebração, limitando a capacidade máxima do local de modo a garantir o distanciamento recomendado e organizando antecipadamente o número de participantes;
Deve-se, ainda “evitar a partilha de objectos (por exemplo: tapete de oração – cada pessoa deve levar o seu ou, em caso de inexistência, usar material descartável e higienizar o tapete entre utilizações)”, lê-se no documento.
sexta-feira, 29 de maio de 2020
quinta-feira, 28 de maio de 2020
Quem é o Espírito Santo e como atua na minha vida? Pergunta o Papa a cada cristão
VATICANO, 09 Mai. 16 / 01:00 pm (ACI).- Poucos dias antes da Festa de Pentecostes, o Papa dedicou a homilia da Missa na Casa Santa Marta ao Espírito Santo e explicou como atua em cada pessoa se de verdade lhe recebe.
O Papa comentou as leituras da liturgia do dia e disse que muitos dizem que “aprenderam no catecismo que o Espírito Santo está na Trindade e não sabem mais nada além disso”.
“O Espírito Santo é aquele que move a Igreja. É aquele que trabalha na Igreja, em nossos corações. Ele faz de cada cristão uma pessoa diferente da outra e de todos juntos faz a unidade.
“É aquele – continuou – que leva adiante, escancara as portas e convida a testemunhar Jesus”.
Francisco disse ainda: “É aquele que está em nós e nos ensina a olhar para o Pai e dizer-lhe: Pai. Ele nos liberta da condição de órfão para a qual o espírito do mundo quer nos conduzir”.
“O Espírito Santo é o protagonista da Igreja viva. É aquele que trabalha na Igreja”, frisou ainda Francisco. “Porém, há um perigo quando não vivemos isso, quando não estamos à altura dessa missão do Espírito Santo, a fé corre o risco de se reduzir a uma moral ou uma ética”.
Por isso, “não devemos nos deter em cumprir os mandamentos e nada mais. Isso pode ser feito, isso não; até aqui sim, até lá não! Dali se chega à casuística e a uma moral fria”.
O Papa advertiu então que o cristianismo “não é uma ética: é um encontro com Jesus Cristo”. E é o Espírito Santo “que leva a este encontro com Jesus Cristo”, acrescentou.
“Mas nós, em nossas vidas, temos em nossos corações o Espírito Santo como um ‘prisioneiro de luxo’: não deixamos que nos impulsione, não deixamos que nos movimente. Ele faz tudo, sabe tudo, sabe nos lembrar o que Jesus disse, sabe nos explicar as coisas de Jesus”.
E “somente uma coisa o Espírito Santo não sabe fazer: ‘cristãos de salão’. Ele não sabe fazer ‘cristãos virtuais’. Ele faz cristãos reais, Ele assume a vida real como ela é, com a profecia de ler os sinais dos tempos e assim nos levar avante”, advertiu o Pontífice.
“É o maior prisioneiro do nosso coração. Nós dizemos: é a terceira Pessoa da Trindade e acabamos ali”, denunciou.
Na homilia, assegurou que esta semana “será de reflexão sobre o que o Espírito Santo faz em ‘nossa” vida e perguntar-se se ele ‘nos’ ensinou o caminho da liberdade”.
O Espírito Santo, que habita em mim, “pede-me para sair: tenho medo? Como é a minha coragem, que o Espírito Santo me dá para sair de mim mesmo, para dar testemunho de Jesus?”. Inclusive: “Como está a minha paciência nas provações? Porque o Espírito Santo também dá a paciência”.
“Nesta semana de preparação para a Festa de Pentecostes pensemos: ‘Realmente acredito no Espírito Santo ou é para mim apenas uma palavra?’. E procuremos falar com Ele e dizer: ‘Eu sei que estás no meu coração, que estás no coração da Igreja, que levas adiante a Igreja, que fazes a unidade entre nós... falarmos todas essas coisas e pedir a graça de aprender, mas praticamente na minha vida, o que Ele faz. É a graça da docilidade para com Ele: ser dócil ao Espírito Santo”, concluiu.
Leitura comentada pelo Papa:
Primeira Leitura (At 19,1-8)
Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo atravessou as regiões montanhosas e chegou a Éfeso. Aí encontrou alguns discípulos e perguntou-lhes: “Vós recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé? ” Eles responderam: “Nem sequer ouvimos dizer que existe o Espírito Santo! ”
Então Paulo perguntou: “Que batismo vós recebestes? ” Eles responderam: “O batismo de João”. Paulo disse-lhes: “João administrava um batismo de conversão, dizendo ao povo que acreditasse naquele que viria depois dele, isto é, em Jesus”. Tendo ouvido isso, eles foram batizados no nome do Senhor Jesus.
Paulo impôs-lhes as mãos e sobre eles desceu o Espírito Santo. Começaram então a falar em línguas e a profetizar. Ao todo, eram uns doze homens. Paulo foi então à sinagoga e, durante três meses, falava com toda convicção, discutindo e procurando convencer os ouvintes sobre o reino de Deus.
(acidigital)
28 de maio: Bento XVI completa 43 anos como Bispo
REDAÇÃO CENTRAL, 28 Mai. 20 / 05:00 am (ACI).- Em 28 de maio de 1977, o então Pe. Joseph Ratzinger foi ordenado Bispo na Catedral de Munique (Alemanha) e hoje completa 43 anos deste momento especial na vida do Papa Emérito Bento XVI.
Entre os principais consagrantes do novo Prelado estavam o Bispo de Wuzburg, Dom Josef Stangl, o Bispo de Regensburg, Dom Rudolf Graber, e o Bispo Auxiliar de Munique, Dom Ernst Tewes.
Naquele então, depois de 80 anos, a cátedra episcopal foi confiada novamente a um sacerdote da grande diocese bávara. No consistório do dia 27 de junho do mesmo ano, o futuro Papa Bento XVI foi criado cardeal por Paulo VI.
Joseph Ratzinger nasceu em Marktl am Inn, na Diocese de Passau (Alemanha), em 16 de abril de 1927.
Entre as importantes missões que desempenhou a serviço da Igreja, destaca-se que, em 1962, participou do Concílio Vaticano II como consultor teológico do então Arcebispo de Colônia (Alemanha), Cardeal Joseph Frings.
Além disso, serviu durante muitos anos como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Pontifícia Comissão Teológica Internacional, assim como Decano do Colégio Cardinalício.
Em 11 de fevereiro de 2013, anunciou sua renúncia ao pontificado, que entrou em vigor no dia 28 do mesmo mês. Atualmente, Joseph Ratzinger vive no mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano, onde se dedica à leitura e à oração.
O Sumo Pontífice Emérito apareceu várias vezes em público desde a sua renúncia em 2013.
Entre outros eventos, participou de dois consistórios para a criação de cardeais: em fevereiro 2014 e 2015. Além disso, concelebrou a Missa de canonização de São João XXIII e São João Paulo II em abril do mesmo ano e a beatificação do Papa Paulo VI em 19 de outubro de 2015.
Em fevereiro do ano passado, Bento XVI enviou uma carta ao editor do jornal italiano “Il Corriere della Sera”, na qual manifestou: “Eu me comovi que tantos leitores de seu jornal desejam saber como estou transcorrendo este último período de minha vida. A esse respeito, posso dizer que, no lento declínio das forças físicas, interiormente estou em peregrinação para Casa”.
(acidigital)
Tráfico de pessoas: crianças estão mais expostas durante a pandemia
O alerta vem do último boletim semanal divulgado pela Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano. Com a emergência sanitária global, as crianças “podem ser as mais expostas à exploração” através da comunicação digital, tão usada pelos traficantes. É importante denunciar às autoridades competentes quem “sofre o mal da escravidão”, enfatiza o arcebispo de Westminster, cardeal Vincent Nichols.
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
O Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano, através da Seção Migrantes e Refugiados, está disponibilizando um boletim semanal sobre as pessoas vulneráveis em movimento neste período de emergência sanitária global. O serviço está sendo oferecido desde 18 de maio no portal da comissão e em 5 línguas: além do português, em italiano, espanhol, inglês e francês.
Durante este período de pandemia da Covid-19, os migrantes, os refugiados, as pessoas deslocadas e as vítimas do tráfico de seres humanos continuam sendo uma preocupação porque estão ainda mais vulneráveis com o surgimento do vírus. Segundo a Seção Migrantes e Refugiados, eles estão “sujeitos a vários tipos de injustiça e discriminação que ameaçam os seus direitos, a segurança e a saúde”.
Seguindo o direcionamento do Papa Francisco, ao afirmar que “só podemos sair desta situação juntos, enquanto humanidade inteira”, o boletim semanal procura informar sobre os problemas, mas, também, e principalmente, sobre as soluções e iniciativas implementadas por parte dos atores católicos que acompanham essas populações vulneráveis. É uma oportunidade para individualizar todo o contexto, podendo, assim, oferecer auxílio e impedir a propagação do coronavírus dentro e fora das comunidades.
A Seção Migrantes e Refugiados também recebe notícias sobre outras iniciativas e boas práticas para serem publicadas no boletim, transformando-se em novas fontes de inspiração e orientação.
Boletim de 25 de maio
No último boletim divulgado, de 25 de maio, o problema do tráfico de seres humanos agravado com a pandemia foi tema de análise, porque “pode aumentar por causa da tensão econômica, particularmente no setor laboral”. A confirmação vem dos relatos do Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios e das Religiosas Católicas dos Estados Unidos contra o Tráfico de Seres Humanos.
As crianças “podem ser as mais expostas à exploração” através da comunicação digital, tão usada pelos traficantes. Por isso do alerta sobre “o risco de se cair nas mãos dos contrabandistas e sobre os métodos de contato que eles usam com as comunidades vulneráveis”. A importância, então de denunciar às autoridades competentes quem “sofre o mal da escravidão”, enfatiza o arcebispo de Westminster, cardeal Vincent Nichols, que fez um apelo oficial ao governo britânico.
As ações sobre o impacto da crise da Covid-19 sobre o tráfico de seres humanos foram apresentadas no boletim por diversas frentes, como, por exemplo: pela rede católica Talitha Kum, pelo Projeto Esperança das Irmãs Adoradoras da Espanha, pelo Corpo de Proteção às Mulheres Refugiadas da Malásia, pelas Irmãs Ursulinas da Itália.
Ação brasileira “Faça Bonito”
O boletim também trouxe a experiência brasileira sobre a comemoração do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, do último dia 18 de maio. A Rede “Um Grito pela Vida” conduziu a campanha “Faça Bonito” nas redes sociais, uma iniciativa já realizada há 20 anos. Em 2020, com as restrições da pandemia, a mobilização de prevenção, proteção, denúncia e ação contra esse tipo de crime aconteceu com a publicação online de vídeo e imagens de conscientização.
(vaticannews)
quarta-feira, 27 de maio de 2020
O Papa: a oração é um refúgio diante da onda do mal que cresce no mundo
"A oração dos justos". Este foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (27/05). “O desígnio de Deus para a humanidade é bom, mas em nossa vida cotidiana experimentamos a presença do mal", disse Francisco.
Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano
“A oração dos justos” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (27/05), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, por causa da pandemia de coronavírus ainda em andamento.
“O desígnio de Deus para a humanidade é bom, mas em nossa vida cotidiana experimentamos a presença do mal. Os primeiros capítulos do Livro do Gênesis descrevem a expansão progressiva do pecado nas vicissitudes humanas”, ressaltou o Papa.
O verme da inveja
“Adão e Eva duvidam das intenções benevolentes de Deus, pensam que têm a ver com uma divindade invejosa, que impede a sua felicidade. Daí a rebelião: eles não acreditam mais num Criador generoso, que deseja sua felicidade. O seu coração, cedendo à tentação do maligno, é tomado por delírios de onipotência: “Se comermos o fruto da árvore, nos tornaremos como Deus”. E esta é a tentação: esta é a ambição que entra no coração. Mas a experiência segue na direção oposta: os seus olhos se abrem e descobrem que estão nus, sem nada. Não se esqueçam disso: o tentador é um mau pagador, ele paga mal”.
O mal se torna ainda mais perturbador com a segunda geração humana. É mais forte: é a história de Caim e Abel. Caim tem inveja de seu irmão: há o verme da inveja. Embora seja o primogênito, ele vê Abel como um rival, alguém que ameaça a sua primazia. O mal aparece em seu coração e Caim não consegue dominá-lo. O mal começa a entrar no coração: os pensamentos são sempre de olhar mal o outro, com suspeita. E isso, também com o pensamento: “Este é ruim. Me fará mal. E isso vai entrando no coração. Assim, a história da primeira fraternidade se conclui com um homicídio. Penso na fraternidade humana: guerras por toda parte.
O resgate da esperança
Segundo o Papa, “na descendência de Caim, se desenvolvem os trabalhos e as artes, mas se desenvolve também a violência, expressa pelo cântico sinistro de Lamec, que soa como um hino de vingança: «Por uma ferida, eu matarei um homem, e por uma cicatriz matarei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e sete». A vingança: você fez, você pagará. Mas isso não diz o juiz, digo eu. Torno-me juiz da situação. Assim, o mal se espalha como uma mancha de óleo, até ocupar todo o quadro: «O Senhor viu que a maldade do homem crescia na terra e que todo projeto do coração humano era sempre mau». Os grandes afrescos do dilúvio universal e da torre de Babel revelam a necessidade de um novo início, assim como de uma nova criação que terá sua realização em Jesus Cristo”.
No entanto, nessas primeiras páginas da Bíblia, está escrita também outra história, menos evidente, muito mais humilde e devota, que representa o resgate da esperança. Mesmo que quase todos se comportem de maneira brutal, fazendo do ódio e da conquista o grande motor das vicissitudes humanas, existem pessoas capazes de rezar a Deus com sinceridade, capazes de escrever o destino do homem de uma maneira diferente.
A oração autêntica liberta dos instintos de violência
E o Papa citou como exemplo Abel, que oferece a Deus um sacrifício de primícias. Depois da sua morte, Adão e Eva tiveram um terceiro filho, Set, de quem nasceu Enós, que significa mortal. Depois aparece Henoc, personagem que “caminha com Deus”, arrebatado por Deus. Por fim, Noé, um homem justo que “caminhava com Deus”, diante do qual Deus detém seu propósito de cancelar a humanidade. E Francisco acrescentou:
Lendo essas histórias, tem-se a impressão de que a oração seja ao mesmo tempo um escudo, seja um refúgio do homem diante da onda do mal que cresce no mundo. Nós também rezamos para ser salvos de nós mesmos. É importante. Rezar: “Senhor, por favor, salva-me de mim mesmo, das minhas ambições, das minhas paixões. Salva-me de mim mesmo”. As pessoas que rezam nas primeiras páginas da Bíblia são homens promotores de paz: na verdade, a oração, quando é autêntica, liberta dos instintos de violência e tem um olhar voltado para Deus, para que Ele volte a cuidar do coração do homem.
“Esta qualidade da oração é vivida por uma multidão de justos em todas as religiões”, disse ainda o Pontífice, citando o Catecismo da Igreja Católica. “A oração cultiva canteiros de renascimentos em lugares em que o ódio do homem só foi capaz de ampliar o deserto. A oração é poderosa, porque atrai o poder de Deus e o poder de Deus sempre dá vida: sempre. Ele é o Deus da vida e faz renascer”, frisou o Papa.
A oração é sempre uma corrente de vida
Segundo Francisco, “o senhorio de Deus passa pela corrente desses homens e mulheres, muitas vezes incompreendidos ou marginalizados no mundo. Mas o mundo vive e cresce graças à força de Deus que esses seus servidores atraem com a sua oração. São uma corrente que não é barulhenta, que raramente sai nas manchetes, mas é muito importante para restabelecer a confiança no mundo”.
E o Papa contou uma história: “Lembro-me da história de um homem: um chefe de governo, importante, não desse tempo, de tempos passados. Ateu. Ele não tinha senso religioso em seu coração. Mas quando criança, ouvia a avó que rezava, e isso permaneceu em seu coração. Num momento difícil de sua vida, aquela lembrança voltou ao seu coração e disse: “Mas a avó rezava...”. Ele começou a rezar com as coisas que sua avó dizia e ali encontrou Jesus. A oração é sempre uma corrente de vida, sempre. Muitos homens e mulheres que rezam, rezam, semeiam vida. A oração semeia vida. A pequena oração... Por isso que é importante ensinar as crianças a rezar. Me dói quando encontro crianças e “faço o sinal da cruz”, e elas fazem assim, fazem um gesto: não sabem fazê-lo. Ensine as crianças a fazerem bem o sinal da cruz: é a primeira oração. Que as crianças aprendam a rezar. Depois, talvez, elas se esqueçam, sigam outro caminho; mas isso permanece no coração, porque é uma semente de vida, a semente do diálogo com Deus”.
Francisco concluiu a sua catequese, afirmando que o caminho de Deus na história de Deus é transitado por essas pessoas. “Passou por um “resto” da humanidade que não se conformou com a lei do mais forte, mas pediu a Deus para realizar os seus milagres e transformar o nosso coração de pedra em coração de carne. E isso ajuda a oração: porque a oração abre a porta para Deus, para que transforme o nosso coração muitas vezes de pedra, num coração humano. É preciso muita humanidade, e com a humanidade se reza bem”.
(vaticannews)
terça-feira, 26 de maio de 2020
Hoje é celebrado São Felipe Neri, padroeiro dos educadores e dos comediantes
REDAÇÃO CENTRAL, 26 Mai. 20 / 05:00 am (ACI).- “Quem quiser outra coisa que não seja Cristo, não sabe aquilo que quer; quem pede outra coisa que não seja Cristo, não sabe aquilo que faz”, dizia São Felipe Neri, padroeiro dos educadores, dos comediantes, bem como fundador do Oratório em Roma.
São Felipe Neri nasceu em Florença (Itália), em 1515. Ficou órfão de mãe quando ainda era muito novo, mas a segunda esposa de seu pai foi para ele e seus irmãos uma verdadeira mãe.
Aos 17 anos, foi enviado para San Germano para aprender sobre negócios e teve uma experiência mística que chamaria de sua “conversão”. Foi para Roma sem dinheiro e sem projeto algum, confiando na Divina Providência.
Conseguiu um emprego para educar os filhos de um aduaneiro florentino, os quais se comportavam muito bem sob a orientação de Felipe. Em seus momentos livre, dedicava-se à oração. Mais tarde, estudou filosofia e teologia, mas quando uma carreira brilhante lhe era aberta, abandonou os estudos e se entregou ao apostolado.
Na véspera de Pentecostes de 1544, pedia em oração os dons do Espírito Santo, quando desceu do céu um globo de fogo que se dilatou em seu peito. São Felipe caiu no chão pedindo ao Senhor para parar, mas quando recuperou plenamente a consciência, tinha um caroço no peito do tamanho de um punho, que jamais lhe causou dor.
Mais tarde, fundou a Irmandade da Santíssima Trindade, conhecida como a irmandade dos pobres. Foi ordenado sacerdote e exerceu o apostolado do confessionário várias horas por dia. Frequentemente, entrava em êxtase na Missa e alguns chegaram a vê-lo levitando.
Organizou as conversas espirituais que costumava terminar com a visita ao Santíssimo. O povo os chamava de “oratorianos”, porque tocava-se o sino para chamar os fiéis para rezar em seu oratório. Como queria ser missionário na Índia, São João Evangelista apareceu a ele e disse-lhe que sua missão estava em Roma.
Posteriormente, deu início à Congregação do Oratório. A Virgem apareceu para ele e o curou de uma doença da vesícula. Além disso, o santo tinha o dom da cura, de ler pensamentos e da profecia.
No final de sua vida, em 25 de maio de 1595, no dia de Corpus Christi, São Felipe Neri estava transbordando de alegria e não havia sido visto tão bem assim nos últimos anos. Atendeu confissões durante todo o dia todo e recebeu visitantes. Por volta de meia-noite, sofreu um ataque agudo e partiu para a casa do Pai.
São Felipe dizia: “Ó meu Deus tão amável, por que não me destes um coração capaz de amar-vos condignamente?”. Depois da autópsia, foi revelado que o santo teve duas costelas quebradas e foram arqueadas para deixar mais espaço para o coração. Seus restos mortais descansam na igreja de Santa Maria em Vallicela.
(acidigital)
Sábado, una-se ao Papa para a oração do Terço nos Jardins Vaticanos
Direto da Gruta de Lourdes, nos Jardins Vaticanos, o Papa Francisco rezará o Terço na conclusão do mês mariano para pedir a consolação de Nossa Senhora para enfrentar a pandemia.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
No próximo dia 30 de maio, os católicos têm um encontro marcado com o Papa Francisco.
No encerramento do mês mariano, como é tradição, o Papa rezará o terço nos Jardins Vaticanos às 17h30 locais (12h30 em Brasília). Mas, desta vez, o evento será transmitido em streaming, com comentários em português, diretamente da Gruta de Lourdes. A duração prevista é de uma hora.
Os fiéis rezarão para pedir o auxílio e o consolo de Nossa Senhora para enfrentar a pandemia do coronavírus, inspirados pelo trecho dos Atos dos Apóstolos 1,14 "Todos se uniram constantemente em oração, juntamente com Maria".
As dezenas serão rezadas por homens e mulheres representando as várias realidades tocadas pelo vírus: um médico, uma enfermeira, um paciente curado, uma pessoa que perdeu um familiar, um sacerdote, um capelão hospitalar, um farmacêutico, uma freira enfermeira, um representante da Defesa Civil, uma família cujo filho nasceu em meio à pandemia.
Adesão dos santuários
A iniciativa é do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. O presidente, Dom Rino Fisichella, escreve:
“Aos pés de Maria, o Papa Francisco depositará as aflições e as dores da humanidade, ulteriormente agravadas pela difusão da Covid-19.”
Para o Arcebispo, trata-se de mais um “sinal de proximidade e de consolação para aqueles que, de algum modo, foram atingidos pelo vírus, na certeza de que a Mãe Celeste não desatende os pedidos de proteção”.
Santuários dos cinco continentes já deram suas adesão: Lourdes, Pompeia, Fátima, Częstochowa. Na América Latina, Guadalupe e Luján, entre outros. O Santuário de Aparecida também confirmou sua participação.
O evento poderá ser seguido através do nosso site e das redes sociais do Vatican News.
(vaticannews)
segunda-feira, 25 de maio de 2020
Francisco e os 25 anos da "Ut unum sint": gratidão e empenho
Com uma carta ao presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch, o Papa Francisco recorda os 25 anos da publicação da Carta Encíclica "Ut unum sint" de São João Paulo II.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
Agradecimento e empenho: estes são os sentimentos expressos pelo Papa Francisco ao recordar os 25 anos da publicação da Carta Encíclica Ut unum sint de São João Paulo II.
Com uma carta ao presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch, o Pontífice lembra o contexto da época: com o olhar voltado para o horizonte do Jubileu do Ano 2000, o Papa polonês queria que a Igreja mantivesse bem presente a oração de seu Mestre e Senhor: “Que todos sejam um”.
“Por isso, escreveu esta Encíclica, que confirmou de modo irreversível o empenho ecumênico da Igreja Católica”, ressalta Francisco. Publicando o texto na Solenidade da Ascensão do Senhor, João Paulo II o colocou sob o signo do Espírito Santo, artífice da unidade na diversidade, princípio da unidade da Igreja.
Que não nos falte fé e reconhecimento
A própria Encíclica reitera que “a legítima diversidade não se opõe de forma alguma à unidade da Igreja, antes aumenta o seu decoro e contribui significativamente para o cumprimento da sua missão” (n. 50).
“Neste aniversário, dou graças ao Senhor pelo caminho que nos permitiu percorrer como cristãos na busca da plena comunhão”, escreve o Papa, afirmando compreender a “impaciência” de quem pensa que poderia e deveria ser feito mais. “Todavia, não devem nos faltar fé e reconhecimento: muitos passos foram feitos nestas décadas para curar feridas seculares e milenárias.”
Para Francisco, os progressos são visíveis no maior conhecimento e estima recíprocos, no avanço no diálogo teológico e caritativo, e em várias formas de colaboração no diálogo da vida, no plano pastoral e cultural.
O Papa dirigiu seu pensamento também aos Irmãos que estão à frente das diversas Igrejas e comunidade cristãs e a todos os cristãos de todas as tradições, “que são os nossos companheiros de viagem”.
Duas iniciativas
Ao agradecer quem trabalha e trabalhou no Dicastério dedicado ao ecumenismo, o Pontífice anunciou duas iniciativas: a primeira é um Vademecum ecumenico para os Bispos, que será publicado no segundo semestre “como encorajamento e guia ao exercício de suas responsabilidades ecumênicas. A segunda iniciativa é o lançamento da revista Acta Œcumenica, que servirá de subsídeo para quem trabalha a serviço da unidade.
Fazendo memória do caminho percorrido, Francisco recorda que a importância de perscrutar o horizonte, perguntando-se «Quanta est nobis via?» (n. 77), “quanta estrada nos resta por fazer?”.
Uma coisa é certa, conclui o Papa: a unidade não é principalmente o resultado da nossa ação, mas é dom do Espírito Santo. E não acontecerá como um milagre, mas caminhando juntos.
“Invoquemos confiantes, portanto, o Espírito, para que guie os nossos passos e cada um sinta, com renovado vigor, o apelo a trabalhar pela causa ecumênica; Ele inspire novos gestos proféticos e reforce a caridade fraterna entre todos os discípulos de Cristo, «para que o mundo creia» (Jo 17,21) e se multiplique o louvor ao Pai que está nos Céus.”
(vaticannews)
domingo, 24 de maio de 2020
sábado, 23 de maio de 2020
Uma história é boa quando é verdadeira: em diálogo com o escritor Mendelsohn
Em vista do Dia Mundial das Comunicações Sociais, em 24 de maio, o diretor do L'Osservatore Romano, Andrea Monda, entrevista o escritor Daniel Mendelsohn, que comenta a mensagem do Papa para a ocasião.
ANDREA MONDA
A palavra é uma ponte. Cada história que é contada cria ligação, comunhão. Este foi o aspecto da Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais que mais impressionou o escritor Daniel Mendelsohn, que encontramos na sua casa de campo: «Tal como os personagens do Decameron, o qual fala de pessoas que procuram viver no campo e assim sobreviver a uma grande catástrofe, compartilhando histórias. Pois bem, como sabemos, não se trata de histórias propriamente “religiosas”, ao contrário, muito profanas, mas o que Boccaccio quer dizer é que através da narração podemos reduzir a distância que nos separa e acho que hoje isto é necessário como nunca. Boccaccio intui esta verdade, precisamente como o Papa».
Pela mensagem do Papa, o romancista e ensaísta de Long Island sente-se posto em causa como escritor. «Na minha opinião a mensagem do Papa, que sublinha a importância da partilha de histórias como meio de ligação humana, parece-me muito necessária especialmente hoje, na crise em que o mundo inteiro se encontra. E é uma mensagem muito interessante e diria comovente para mim, como escritor, pois é obviamente o que nós, escritores, procuramos fazer sempre.
Com efeito, é para isto que serve a literatura: para ligar todos os diferentes tipos de pessoas, de credos e de backgrounds através de narrativas humanas. Reflito muito sobre isto neste momento de terrível pandemia. Isto é válido para o classicismo, mas é assim também no Evangelho, cujos textos originais foram escritos em grego: os Evangelistas compreenderam que a narração, as boas histórias, são a melhor forma de comunicar uma mensagem importante; pensemos no uso das parábolas. Tanto no mundo profano como no sagrado, os maiores pensadores compreenderam que a narração humana é a parte mais essencial de quem somos. Somos “criaturas de narrativa” e é isto que nos torna humanos mais do que qualquer outra coisa, a narração da nossa experiência, quer ela seja uma experiência teológica, quer profana ou mundana, independentemente da forma como a tivermos que narrar.
Na minha opinião, há algo de irónico sobre a constatação de que esta mensagem chega num momento em que as pessoas têm de ser separadas à força, uma vez que a mensagem revela a natureza da narração de ser ponte, ou seja, capaz de unir as pessoas. Esta possibilidade de uma ponte narrativa é tudo o que nos resta hoje. Não podemos estar fisicamente juntos, não podemos tocar-nos, abraçar-nos, não podemos ver os nossos amigos: o que temos são histórias. Sim, julgo que a mensagem do Papa Francisco chegou na hora certa».
O Papa insiste que as histórias a narrar sejam boas, isto é, bonitas e verdadeiras, o que pensa sobre isto?
Este é um ponto muito importante. Porém, tudo depende do que queremos dizer quando afirmamos: “uma boa história”. Duas respostas são possíveis. Antes de mais nada, há uma história que nos faz sentir bem, felizes, ligados ao mundo e à vida de forma humana. Mas há outro tipo de boa história, aquela que capta e partilha a verdade com as pessoas, ainda que seja uma verdade difícil. A meu ver, existe sempre uma responsabilidade maior pela verdade. Neste nosso tempo há muitas histórias por aí; por isso, é ainda mais fundamental a responsabilidade do escritor (ou do jornalista, ou do sacerdote...) de narrar o que é verdade. Especialmente num momento de pânico, de ansiedade, é mais importante comunicar a verdade às pessoas, mesmo que a verdade seja difícil. Uma história verdadeira é também uma história bonita. Por isso, acho que o Papa tem razão: é importante compartilhar uma boa história, para poder ajudar as pessoas; não só com uma história feliz, mas sobretudo com uma história verdadeira, e é sobre isto que se baseia a responsabilidade de ser verdadeiro.
Foi este sentido de responsabilidade que o impeliu a escrever o seu livro sobre o Holocausto, “The Lost”?
Sim, um escritor nunca deve falsificar a realidade, mas encará-la, tal como ela é. Algo que aprendi precisamente escrevendo a narração da minha história familiar sobre o Holocausto: até nas histórias mais terríveis existem momentos de graça e eles devem ser procurados e narrados, pois é disto que as pessoas precisam. Momentos de graça: quero dizer, por exemplo, quando alguém decide salvar outra pessoa, quando alguém se agarra à própria humanidade num tempo desumano... Penso que é dever do escritor mostrar o quadro completo, e o quadro completo pode incluir um momento de graça.
Portanto o senhor concorda que, como diz o Papa, a narração de histórias boas, isto é, bonitas e verdadeiras, salva os homens do domínio da tagarelice e das fake news?
Sem dúvida, era o que eu dizia: no século XXI estamos circundados, sufocados pelos mexericos e hoje mais do que nunca, no momento da crise, é necessário lutar contra o ruído, a tagarelice, as notícias falsas. É a Fama, o monstro de que fala o meu poeta preferido, Virgílio, no quarto canto da Eneida, ou seja, o boato, o terrível poder dos mexericos, das notícias falsas. Como se combate este monstro? Com histórias verdadeiras, com a verdade: a verdade científica, a verdade jornalística, a verdade médica, mas também a verdade espiritual, a verdade emocional... é disto que precisamos. É como se a atmosfera estivesse cheia de veneno e a verdade fosse o antídoto. E a difusão da verdade passa através de uma história.
Segundo o Papa, a narração de histórias permite conhecer melhor também a própria identidade...
É verdade. Todos os escritores devem entender que através do processo de criação e de narração da história se desenvolve um sentido mais elevado da verdade. A redação da história é o veículo para uma maior compreensão, tanto por parte do escritor como do leitor. Portanto, a história é um instrumento cognitivo, que permite a compreensão.
No entanto, a palavra da poesia parece ambígua, incerta, em comparação com a palavra da ciência, tão clara e unívoca.
Sou filho de um cientista e tenho grande respeito pela ciência, mas julgo que podemos dizer que a ciência pode afirmar uma verdade sobre o mundo, sobre o cosmo, enquanto a literatura pode afirmar uma verdade sobre o espírito humano que a ciência nunca poderá iluminar definitivamente. Ambas procuram dizer uma verdade, mas trata-se de verdades diferentes, portanto ambas são necessárias: a ciência fala sobre o modo como o mundo é feito; a literatura, ao contrário, diz algo inefável. Eis o objetivo da literatura: procurar explicar o que nada mais o pode fazer. Todos os que narram, escrevem, procuram escrever a verdade: cientistas, poetas, romancistas, jornalistas... quando procuram dizer a verdade, fazem parte do mesmo projeto, mas trata-se de um projeto enorme que precisa de muitos tipos de histórias diferentes para o narrar. Precisamos tanto da literatura como da ciência.
Nestas páginas Renzo Piano observou que todos os homens, até os cientistas, seu caminho de investigação, devem parar diante de um limiar, de um mistério.
Concordo: no final, existe um ponto para além do qual há uma espécie de mistério. Podemos chamar-lhe o inefável, o misterioso, o divino, mas acho que todos aqueles que são honestos percebem que afinal existe “algo” misterioso, que todos nós humanos temos em comum, mas que é muito difícil de descrever. Podemos defini-lo também “transcendente”, algo que se reconhece, mas que é muito difícil de escrever. Este “transcendente” é também o ponto para onde vamos, é a meta do caminho do homem, um horizonte que conhecemos, mas não podemos dizer bem o que é, e por isso continuamos a avançar incessantemente.
A poesia ocidental começa com as palavras de Homero, que pede à musa para ser inspirado. A arte é “techne”, uma habilidade sob o controle do artista, ou é um dom recebido?
O fato de que tudo começa com a invocação da musa é um reconhecimento de que com a arte se vai além do conhecimento humano, além da mera capacidade humana de fazer poesia. E, portanto, é necessária a ajuda do divino. É um reconhecimento claro do limite do poder humano: no fundo, o que Homero diz é que ele não pode fazer poesia sem a ajuda do divino. Todos os grandes artistas reconhecem que num certo ponto intervém o transcendente, quando há necessidade de uma espécie de talento sobre-humano para fazer uma grande arte. É o início comum da Ilíada e da Odisseia: temos necessidade dos deuses para narrar a nossa história. Nos nossos dias, nestes tempos de secularização, poder-se-ia falar, de forma mais laica, de “inspiração”, “talento”. Mas acho que todas estas palavras são apenas um reconhecimento de que é necessária alguma qualidade sobre-humana. Os gregos foram mais honestos: diziam “os deuses”.
Fascinante e poético
Nascido a 16 de abril de 1960, Daniel Mendelsohn é escritor, crítico, tradutor e estudioso de literatura clássica. Completou os estudos clássicos na Universidade da Virgínia e depois em Princeton. Escreve sobre literatura, cinema e teatro na “New York Times Book Review”, “New Yorker” e “New York Review of Books”, e ensina Literatura no Bard College. É o autor de The Elusive Embrace: Desire and the Riddle of Identity (1999) e de um estudo académico sobre a tragédia grega, Gender and the City in Euripides' Political Plays (2002). Em 2006 publicou The Lost que se tornou um best seller. As suas publicações incluem também ensaios, reflexões filosóficas e religiosas, diários e uma edição crítica das obras de Kavafis. Em 2018, Einaudi publicou a poética e convincente Un’Odissea. Un padre, un figlio e un’epopea.
(vaticannews)
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