"Como sacerdotes, filhos e membros de um povo sacerdotal, cabe a nós assumir a responsabilidade pelo futuro e projetá-lo como irmãos. Coloquemos nas mãos chagadas do Senhor, como oferta santa, nossa fragilidade, a fragilidade de nosso povo, a de toda a humanidade".
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
Neste Tempo Pascal, não podendo celebrar com seus sacerdotes em nível diocesano a Missa do Crisma na Quinta-feira Santa, o Papa escreveu-lhes uma longa e articulada Carta.
“Esta nova fase que iniciamos - diz Francisco - requer de nós sabedoria, prudência e compromisso comum, para que todos os esforços e sacrifícios, feitos até agora, não sejam inúteis”.
Durante este período de pandemia, muitos sacerdotes compartilharam por e-mail ou telefone com o Santo Padre o que estava acontecendo nesta situação inesperada e desconcertante. Desta forma, mesmo sem poder sair do Vaticano ou manter contato direto com seus sacerdotes, Francisco pôde acompanhar tudo, em primeira mão, graças às essas informações. Esta comunhão eclesial alimentou a oração do Papa, que agradeceu o testemunho corajoso e generoso dos sacerdotes de Roma.
Mesmo com a necessária distância entre as pessoas, o sentimento de pertença, de comunhão e de missão jamais arrefeceu entre o clero. Pelo contrário, contribuiu para garantir a caridade, sobretudo com as pessoas e comunidades mais desfavorecidas. Neste diálogo sincero, entre pastor e ovelhas, a distância necessária não era sinônimo de fechar-se em si mesmos e descuidar da própria missão.
Com a sua Carta ao clero de Roma, o Papa quis manter um maior contato com seus sacerdotes, a fim de manterem uma esperança cristã viva, que contagia, cultivada e fortalecida pelo encontro com os outros, até voltarmos à "normalidade", tão almejada.
Francisco escreveu sua mensagem com base na experiência dos Apóstolos, que animavam suas comunidades nos momentos difíceis de confinamento, isolamento, medo e incertezas.
Por isso, tomando o exemplo desta quarentena, com imobilidade e fechamento, o Pontífice quis refletir com seus sacerdotes sobre os acontecimentos pós-pascais, quando os discípulos, atemorizados, estavam trancados no Cenáculo. No entanto, ficaram surpreendidos com o aparecimento do Ressuscitado, no meio deles, e com suas palavras: "A paz esteja convosco!". E os discípulos se alegraram ao ver o Senhor, que lhes disse ainda: “Como o Pai me enviou, eu também vos envio". A seguir, soprou sobre eles, dizendo: "Recebei o Espírito Santo".
Naquela época, os discípulos experimentaram "as mesmas alegrias e esperanças, tristezas e angústias”, pelas quais também nós passamos nestes dias, sobretudo os pobres e os sofredores. Por isso, o Papa exortou os sacerdotes de Roma, a “deixar-se também se surpreender por Jesus”!
Referindo-se ainda ao nosso contexto atual, Francisco recordou o sofrimento de todos os que perderam seus entes queridos: famílias, vizinhos, amigos, paroquianos, confessores, e os que dedicaram suas vidas à assistência dos contagiados: médicos, enfermeiros, voluntários, Proteção Civil.
Nestes dias, - diz ainda o Papa, - pudemos experimentar na nossa carne o profundo significado do pranto, recordando que também Jesus chorou “diante do túmulo do amigo Lázaro e no Getsêmani”; o pranto dos discípulos, diante do mistério da Cruz e morte de Jesus; o de Pedro, por renegar a Jesus; e o de Maria Madalena, diante do sepulcro vazio.
A pandemia não conhece fronteiras, enfatizou o Papa. Nesse sentido, a nossa sociedade se deparou com sua impotência e imunidade cultural e espiritual.
Francisco concluiu a Carta aos Sacerdotes de Roma, afirmando ter tido este desejo de compartilhar fraternalmente com eles todas essas coisas, sobretudo neste período de pandemia, exortando-os a continuar a ajudar e servir "nossos irmãos e irmãs amedrontados”: "Amar e servir mais", deixando-nos surpreender com a presença amorosa de Jesus entre nós!
A mensagem do Santo Padre na íntegra, em espanhol, pode ser conferida clicando aqui.
(vaticannews)
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