domingo, 31 de julho de 2022
Rigidez fecha as portas para 'todos' e só abre para os 'perfeitos',
diz o papa a padre de diocese argentina cujo seminário mandou fechar
REDAÇÃO CENTRAL, 30 jul. 22 / 04:49 pm (ACI).- O papa Francisco se pronunciou sobre a crise na diocese argentina de San Rafael, Argentina, cujo seminário de Santa María Madre de Dios foi fechado em novembro de 2020.
Em 5 de fevereiro de 2022, o papa Francisco aceitou a renúncia do bispo de San Rafael, Dom Eduardo María Taussig, depois de um ano e meio da polémica causada pelo fechamento do seminário diocesano.
Em junho de 2020, anunciando o reinício do culto público suspenso por causa das medidas impostas por medo da pandemia de covid-19, dom Taussig determinou que a comunhão só poderia ser recebida em pé e na mão, e não na boca e de joelhos.
Além do incómodo causado entre leigos e sacerdotes da diocese de San Rafael, a disposição de Dom Taussig também teria causado tensões dentro do seminário.
Em 27 de julho daquele ano, o bispo de San Rafael anunciou que, por ordem da Santa Sé, o seminário Santa María Madre de Dios seria fechado até o final de 2020 e os seminaristas seriam transferidos para outras dioceses argentinas.
Nem o bispo nem a Santa Sé explicaram os motivos do fechamento, que ocorreu em 27 de novembro de 2020.
O seminário foi fundado em 25 de março de 1984 pelo bispo León Kruk. Desde a sua criação, destacou-se pela fidelidade à Igreja e pela correta formação que os futuros sacerdotes ali recebiam.
Dado o sucesso do seminário e a suspeita de outros bispos, houve pressão para enviar um visitante da Santa Sé que chegou de 11 a 14 de junho de 1986. O resultado foi a confirmação da obra pelo papa são João Paulo II.
Fiéis da diocese de San Rafael fizeram vários atos de protesto, contra o fechamento do seminário.
Agora, o papa Francisco respondeu a uma carta enviada a ele em 17 de abril de 2022 pelo padre Ramiro Sáenz, da paróquia Nossa Senhora do Rosário da Diocese de San Rafael, à qual a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, teve acesso.
“Vivemos tempos muito difíceis e com muitos mal-entendidos. Somos um setor da Igreja de Cristo que lhe foi confiada. Amamos a Cristo, amamos a Santíssima Virgem, amamos a Igreja que o sr. preside”, diz o padre.
“Confessamos, fazemos missões, pregamos retiros, temos várias capelas para adoração perpétua, rezamos o Ofício Divino e o Rosário diariamente, meditamos, lemos o grandes mestres da vida espiritual, cuidamos dos doentes e dos mais necessitados, quase todos nós arriscamos nossas vidas cuidando de pacientes com covid”, continua a carta do padre Sáenz. “Não somos perfeitos, mas queremos trabalhar para Cristo e sua Igreja. Criar Santidade em nossa boa vontade”.
“Quase todos nós fomos formados sem fraturas com o Vaticano II. Tomamos Optatam totius e Presbyterorum ordinis literalmente. Essa rigidez é ruim? É ideologia? Não temos um lugar na Igreja hoje? Não há uma facezinha para nós no poliedro?”, pergunta o padre argentino ao papa Francisco.
Os documentos do Concílio Vaticano II que o padre cita têm a ver com a formação sacerdotal.
“Tínhamos uma diocese fértil em sacerdotes e obras apostólicas. Não a deixe estagnar. Hoje o mundo precisa de nós mais do que nunca”, conclui o sacerdote.
Resposta do Papa Francisco
A ACI Prensa também teve acesso à resposta do papa Francisco, em carta datada de 9 de julho de 2022.
“Eu aprecio sua confiança e sua sinceridade”, escreveu o papa. “Eu sei que você está passando por um momento difícil, acredite, é difícil para mim também. Estou certo de que são muitos os que não param de trabalhar desinteressadamente pelo Povo de Deus, levando consolação e paz através dos sacramentos e da Palavra”.
“Na sua carta você me indica que eles interpretaram o Concílio Vaticano II literalmente e logo depois você me pergunta se a rigidez é ruim. Devo dizer-vos que uma coisa é andar na lei do Senhor, como o salmo nos convida a rezar (“Feliz o homem que anda na lei do Senhor”) e outra é a rigidez”, continua o papa.
“Querido filho, a rigidez não é um dom de Deus, a mansidão sim, a bondade sim, a benevolência sim, o perdão sim, mas a rigidez, não! Porque, como você mesmo intui, a rigidez é o prelúdio da ideologia que tanto faz mal e que levou os rígidos do tempo de Jesus a condená-lo por colocar a misericórdia acima da lei”, escreve o papa Francisco.
O papa diz mais tarde: “claro que na Igreja de Jesus, que é a mesma ontem, hoje e sempre, todos temos um lugar, TODOS! Por isso a rigidez não é possível, porque ela fecha as portas para 'todos' e só as mantém entreabertas para os 'perfeitos'”.
“Tenho certeza de que em seu coração de bom pastor também há espaço para todos. Tomo suas palavras: 'Hoje o mundo precisa de nós mais do que nunca'. Conto com vocês”, conclui o Papa Francisco pedindo, como é costume em seus escritos e discursos, que rezem por ele.
(acidigital)
Hoje é a festa de santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus
REDAÇÃO CENTRAL, 31 jul. 22 / 05:00 am (ACI).- Hoje (31) é a festa de santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, conhecida como os jesuítas, ordem que desempenhou um papel importante na contrarreforma. O santo mestre dos discernimentos de espíritos é também padroeiro dos exercícios espirituais, dos retiros e dos soldados.
O processo de conversão de santo Inácio começou ao ler o livro ‘Vida de Cristo’, assim como ‘Flos sanctórum’. Ao refletir sobre essas leituras e a vida dos santos, questionava-se a si mesmo: “E se eu fizesse o mesmo que são Francisco ou são Domingos?”.
São João Paulo II assinalava que Inácio “soube obedecer quando, recuperando-se das suas feridas, a voz de Deus pulsou com força no seu coração. Foi sensível às inspirações do Espírito Santo”.
“Ad Majorem Dei Gloriam”, que significa em latim “Para a maior glória de Deus” foi o lema com o qual o santo mais se identificou, assim como “Rogue a Deus por todos os que como tu desejamos estender o Reino de Cristo, e fazer amar mais o nosso Divino Salvador”.
Uma das grandes obras deixadas por santo Inácio é o livro ‘Exercícios Espirituais’. O papa Pio XI indicou em uma oportunidade que o método inaciano de oração “guia o homem pelo caminho da própria abnegação e do domínio dos maus hábitos para os mais altos cumes da contemplação e o amor divino”.
O papa Francisco, o primeiro papa jesuíta na história da Igreja, ao celebrar a festa do seu fundador em 2013, refletiu e recordou a seus irmãos da Companhia o lema que os identifica ‘Iesus Hominum Salvator’, que os chama a ter sempre como centro Cristo e a Igreja, a quem devem servir.
Santo Inácio morreu no dia 31 de julho de 1556. Paulo V o beatificou em 1609 e foi canonizado por Gregório XV em 1622. Na cidade de Roma (Itália), os restos mortais do santo são venerados na Igreja de Jesus.
(acidigital)
sábado, 30 de julho de 2022
Papa Francisco no Canadá: Discurso no encontro com os jovens e os idosos em Iqaluit (Texto)
QUEBEC, 29 jul. 22 / 08:25 pm (ACI).- No último dia de sua visita ao Canadá, o papa Francisco teve um encontro com jovens e idosos na praça da escola primária de Nakasuk, em Iqaluit. O papa os incentivou a “percorrer, juntos, um itinerário de cura e reconciliação, que, com a ajuda do Criador, nos ajude a projetar luz sobre o que aconteceu e superar aquele passado obscuro”.
A seguir, o discurso completo do papa Francisco:
Queridos irmãos e irmãs, boa tarde!
Saúdo cordialmente a Senhora Governadora Geral e todos vós, feliz por vos encontrar. Agradeço as vossas palavras e também as canções, danças e músicas de que muito gostei!
Há pouco, escutei vários de vós, ex-alunos das escolas residenciais: obrigado pelo que tiveram a coragem de dizer, contando grandes sofrimentos. Isso despertou em mim a indignação e a vergonha que, há meses, me acompanham. Também hoje e aqui quero dizer-vos o grande pesar que sinto; e desejo pedir perdão pelo mal cometido por não poucos católicos que, naquelas escolas, contribuíram para as políticas de assimilação cultural e de alforria. Veio-me ao pensamento o testemunho dum idoso em que descrevia a beleza do clima que reinava nas famílias indígenas antes da chegada do sistema das escolas residenciais. Aquela estação em que avós, pais e filhos se encontravam juntos em harmonia, comparava-a à primavera, quando os passarinhos cantam felizes ao redor da mãe. Mas de repente – dizia ele – o canto parou: as famílias foram desagregadas, os pequeninos levados para longe do seu ambiente; sobre tudo, caiu o inverno.
Tais palavras, ao mesmo tempo que geram tristeza, provocam também escândalo; e mais ainda quando as confrontamos com a Palavra de Deus, que manda: «Honra o teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias sobre a terra que o Senhor, teu Deus, te dá» (Ex 20, 12). Esta possibilidade não foi dada a muitas das vossas famílias, falhou quando os filhos foram separados dos pais e sentiram o seu país como um país perigoso e alheio. Estas assimilações forçadas evocam outra página bíblica: a história do justo Nabot (cf. 1 Re 21, 1-16): este recusara-se a ceder a vinha herdada dos seus pais a quem, governando, estava disposto a usar todos os meios para lha arrebatar. E vêm à mente também aquelas palavras fortes de Jesus contra quem escandaliza os pequeninos e despreza nem que seja um só deles (cf. Mt 18, 6.10). Quanto mal faz o romper os laços entre pais e filhos, ferir os afetos mais queridos, prejudicar e escandalizar os pequeninos!
Queridos amigos, estamos aqui com a vontade de percorrer, juntos, um itinerário de cura e reconciliação, que, com a ajuda do Criador, nos ajude a projetar luz sobre o que aconteceu e superar aquele passado obscuro. A propósito de derrotar a escuridão, também agora, como tínheis feito no nosso encontro do final de março, acendestes o qulliq. Este, além de dar luz durante as longas noites de inverno, permitia, com o calor que difundia, resistir ao rigor do clima, tornando-se essencial para viver. Também hoje continua a ser um símbolo muito belo de vida, dum viver luminoso que não se rende à escuridão da noite. Assim sois vós, testemunho perene da vida que não se apaga, duma luz que brilha e que ninguém conseguiu sufocar.
Sinto-me transbordar de gratidão pela oportunidade de estar aqui no Nunavut, no interior do Inuit Nunangat. Depois do nosso encontro em Roma, tentei imaginar estas imensidades que habitais desde tempos imemoriais e que, para outros, seriam hostis. Soubestes amá-las, respeitá-las, guardá-las e valorizá-las, transmitindo de geração em geração valores fundamentais, como o respeito pelos idosos, um sentido genuíno de fraternidade e o cuidado pelo meio-ambiente. Há uma bela correspondência entre vós e a terra que habitais, porque também esta é forte e resiliente, e responde com tanta luz à escuridão que a envolve durante grande parte do ano. Mas mesmo esta terra, como toda a pessoa e população, é delicada, e precisa dos nossos cuidados. Cuidar, transmitir os cuidados: é a isto, em particular, que são chamados os jovens, apoiados pelo exemplo dos idosos! Cuidar da terra, cuidar das pessoas, cuidar da história.
Quero então dirigir-me a ti, jovem Inuit, futuro desta terra e presente da sua história. Desejo dizer-te, citando um grande poeta: «Aquilo que herdaste dos pais, reconquista-o se queres possuí-lo de verdade» (J. W. VON GOETHE, Faust, I, Nacht). Não basta viver da renda, é preciso reconquistar o que se recebeu em dom. Por isso não tenhas medo de ouvir uma vez e outra os conselhos dos mais idosos, abraçar a tua história para escreveres novas páginas, apaixonar-te, tomar posição perante os factos e as pessoas, envolver-te! E para te ajudar a fazer brilhar a lâmpada da tua existência, quero dar-te, também eu como irmão idoso, três conselhos.
O primeiro: caminha para o alto. Habitas nestas vastas regiões do Norte; que elas te recordem a tua vocação de tenderes para o alto, sem te deixares arrastar terra a terra por quem pretende fazer-te crer que é melhor pensares só em ti próprio e usares o tempo de que dispões apenas para as tuas diversões e interesses. Amigo, não estás feito para ires vivendo, para passar os dias equilibrando deveres e prazeres, mas para voares para o alto, rumo aos desejos mais verdadeiros e belos que abrigas no coração, rumo a Deus que deves amar e ao próximo que deves servir. Não penses que os grandes sonhos da vida sejam céus inatingíveis. Estás feito para voar, abraçar a coragem da verdade e promover a beleza da justiça, para «elevar a tua têmpera moral, ser compassivo, servir aos outros e construir relações» (cf. Inunnguiniq Iq Principles 3-4), para semear paz e solicitude onde te encontras; para acender o entusiasmo de quem vive ao teu lado; para ir mais longe, e não para nivelar por baixo tudo o que és e fazes.
Entretanto poder-me-ias dizer: Mas, viver assim, é mais árduo do que voar. Claro, não é fácil! Porque está sempre à espreita aquela «força de gravidade espiritual» que nos puxa para baixo, paralisa os desejos, esmorece a alegria. Então, pensa na andorinha do Ártico a que chamamos «charrán»: ela não deixa que os ventos contrários ou as bruscas mudanças de temperatura a impeçam de ir duma extremidade à outra da terra; às vezes escolhe rotas que não são diretas, aceita fazer desvios, adapta-se a certos ventos... mas sempre mantém clara a meta, sempre chega ao destino. Encontrarás pessoas que tentarão anular os teus sonhos, dir-te-ão para te contentares com pouco, lutares só pelo que te convém. Então perguntar-te-ás: Porque é que me devo esforçar por aquilo em que os outros não acreditam? E ainda: Como posso levantar voo no âmbito dum mundo que parece precipitar sempre mais em baixo por entre escândalos, guerras, enrodilhadas, falta de justiça, destruição do meio-ambiente, indiferença pelos mais frágeis, decepções vindas da parte de quem deveria dar o exemplo? Perante estas perguntas, qual é a resposta?
Quero dizer-te: tu és a resposta. Tu, irmão; tu, irmã. Não só porque, se te rendes, já perdeste à partida, mas também porque o futuro está nas tuas mãos. Estão nas tuas mãos a comunidade que te gerou, o ambiente onde vives, a esperança dos teus coetâneos, de quem – mesmo sem to pedir – espera de ti o bem original e irrepetível que podes inserir na história, porque «cada um de nós é único» (cf. Principle 5). O mundo em que vives é a riqueza que herdaste: ama-o, como te amou quem te deu a vida e as alegrias maiores, como te ama Deus, que criou para ti o que existe de belo e não cessa, nem sequer por um brevíssimo instante, de confiar em ti. Ele crê nos teus talentos. Cada vez que O procurares, compreenderás como o caminho, que te chama a percorrer, sempre tende para o alto. Senti-lo-ás quando, a rezar, fixares o céu e sobretudo quando ergueres o olhar para o Crucificado. Compreenderás que Jesus, da cruz, nunca aponta o dedo contra ti, mas abraça-te e encoraja-te, porque crê em ti, mesmo quando tu deixaste de crer em ti próprio. Então, nunca percas a esperança, luta, dá tudo por tudo, e não te arrependerás. Avança no caminho «passo a passo, rumo ao melhor» (cf. Principle 6). Orienta o navegador da tua existência para uma meta grande, para o alto!
O segundo conselho: vem à luz. Nos momentos de tristeza e desalento, pensa no qulliq: contém uma mensagem para ti. Qual? Que existes para vir à luz cada dia. Não só no dia do teu nascimento, quando não dependia de ti, mas cada dia. Diariamente és chamado a levar uma luz nova ao mundo: a dos teus olhos, do teu sorriso, do bem que tu, e só tu, podes oferecer. Mas, para vir à luz, tens de lutar todos os dias com a escuridão. Sim, há uma luta diária entre luz e trevas, que acontece, não lá fora num lugar qualquer, mas dentro de cada um de nós. O caminho da luz pede opções de coração corajosas contra a escuridão das falsidades, pede para «desenvolver bons costumes para se viver bem» (cf. Principle 1), não seguir rastos luminosos que desaparecem rapidamente, fogos de artifício que deixam apenas fumaça. São «ilusões, paródias da felicidade», como disse aqui no Canadá São João Paulo II: «Sem dúvida, não existem trevas mais densas do que aquelas que se insinuam na alma dos jovens, quando os falsos profetas extinguem neles a luz da fé, da esperança e da caridade» (Homilia na Missa de encerramento da XVII Jornada Mundial da Juventude, Toronto, 28 de julho de 2002). Irmão, irmã, Jesus está perto de ti e deseja iluminar o teu coração para te fazer vir à luz. Ele disse: «Eu sou a luz do mundo» (Jo 8, 12), mas disse também aos seus discípulos: «Vós sois a luz do mundo» (Mt 5, 14). Por isso também tu és a luz do mundo e chegarás a sê-lo cada vez mais, se lutares para afastar do coração a triste escuridão do mal.
Para aprender a fazê-lo, há que assimilar uma arte contínua, que exige «superar as dificuldades e as contradições através duma busca contínua de soluções» (cf. Principle 2). É a arte de separar cada dia a luz das trevas. Para criar um mundo bom – diz a Bíblia – Deus começou precisamente assim: separando a luz das trevas (cf. Gn 1, 4). Também nós, se nos quisermos tornar melhores, devemos aprender a distinguir a luz das trevas. E por onde se começa? Podes começar interrogando-te: O que é que se me apresenta reluzente e sedutor, mas depois deixa um grande vazio dentro de mim? Isto é treva! Ao contrário, o que é que me faz bem e deixa paz no coração, embora primeiro me peça para sair de certas comodidades e dominar certos instintos? Isto é luz! E vem-me uma nova pergunta: Qual é a força que nos permite separar dentro de nós a luz das trevas, que nos faz dizer «não» às tentações do mal e «sim» às ocasiões do bem? É a liberdade. Uma liberdade que não consiste em fazer tudo o que me apraz e vem à cabeça; não é aquilo que posso fazer não obstante os outros, mas pelos outros; não é total arbítrio, mas responsabilidade. A liberdade é o dom maior que o nosso Pai celestial nos deu juntamente com a vida. Perguntando-se qual é a maior satisfação que um filho possa dar a seu pai, um poeta escreveu estas estupendas palavras que vos leio:
«Perguntai a este pai se o momento melhor não é quando os seus filhos começam a amá-lo como homens, e a ele mesmo como um homem, livremente (…).
Ora Eu sou o pai deles, diz Deus, e conheço a condição do homem. (...)
Todas as sujeições do mundo Me repugnam e Eu daria tudo
por um belo olhar de homem livre (...).
A esta liberdade, a esta gratuidade sacrifiquei tudo, diz Deus (...).
Para criar esta liberdade, esta gratuidade,
Para fazer entrar em campo esta liberdade, esta gratuidade» (C. PÉGUY, «O mistério dos santos inocentes»: Ele está aqui, 1998, 373-375).
Eis a felicidade de Deus: não quando Lhe estamos submetidos, mas quando vivemos como filhos que escolhem amá-Lo, colocando em jogo a própria liberdade. Se queres fazer Deus feliz, este é o caminho: escolher o bem! Coragem, irmão! Coragem, irmã! Apropria-te da tua liberdade, não tenhas medo de realizar decisões fortes, vem à luz cada dia!
Por fim, o terceiro conselho: faz equipa. Os jovens fazem grandes coisas juntos; não, sozinhos. Porque vós, jovens, sois como as estrelas do céu, que aqui brilham maravilhosamente: a sua beleza nasce do conjunto, das constelações que compõem e que dão luz e orientação nas noites do mundo. Também vós, chamados às alturas do céu e a resplandecer na terra, sois feitos para brilhar juntos. É preciso possibilitar aos jovens que façam grupo, estejam em movimento: não podem passar os dias isolados, mantidos como reféns por um telemóvel! Os grandes glaciares destas terras fazem-me vir em mente o desporto nacional do Canadá: o hóquei no gelo. Como consegue o Canadá conquistar todas aquelas medalhas olímpicas? Como conseguem Sarah Nurse ou Marie-Philip Poulin marcar aqueles golos todos? O hóquei combina bem disciplina e criatividade, tática e força física; mas o que faz a diferença é sempre o espírito de equipa, pressuposto indispensável para enfrentar as circunstâncias imprevisíveis de jogo. Fazer equipa significa acreditar que, para se alcançar grandes objetivos, não se pode ir para diante sozinhos; é preciso mover-se em conjunto, ter a paciência de tecer densas redes de passagens. E significa também deixar espaço para os outros, sair rapidamente quando é a própria vez e apoiar os companheiros. Eis o espírito de equipa!
Amigos, caminhai para o alto, vinde à luz cada dia, fazei equipa! E fazei tudo isso na vossa cultura, na bela língua inuktitut. Faço votos de que, escutando os idosos e bebendo na riqueza das vossas tradições e da vossa liberdade, possais abraçar o Evangelho guardado e transmitido pelos vossos antepassados e encontrar o rosto Inuk de Jesus Cristo. De coração vos abençoo e digo: qujannamiik! [obrigado!].
(acidigital)
Hoje é festa de são Pedro Crisólogo, o homem de palavras de ouro
REDAÇÃO CENTRAL, 30 jul. 22 / 05:00 am (ACI).- “Esforcemo-nos por levar sempre em nós a imagem fiel do nosso Criador, não na majestade que só a Ele pertence, mas na inocência, simplicidade, mansidão, paciência, humildade, misericórdia, paz e concórdia, com que Ele Se dignou tornar-Se um de nós e ser semelhante a nós”, dizia são Pedro Crisólogo, doutor da Igreja, cuja festa é celebrada hoje (30).
São Pedro nasceu na Itália por volta do ano 400, estudou as ciências sagradas e foi formado por Cornélio, Bispo de Imola, o qual o ajudou a compreender que no domínio das paixões de si mesmo estava a verdadeira grandeza e que este era o único meio para alcançar o espírito de Cristo. O mesmo prelado conferiu ao santo a ordem diaconal.
De acordo com a tradição, naquela época, o arcebispo de Ravena faleceu, então o clero e o povo elegeram o seu sucessor e, em seguida, pediram ao bispo Cornélio, que encabeçava a comitiva desta solicitação ao papa são Sisto III, em Roma. Pedro – que não era o candidato eleito – fazia parte da comitiva liderada pelo Prelado.
Conta-se que o Pontífice teve uma visão de são Pedro e santo Apolinário, o primeiro bispo de Ravena, os quais ordenaram que não confirmasse a eleição que estavam levando.
Desta forma e seguindo as instruções do céu, o papa propôs para o cargo são Pedro Crisólogo, que depois recebeu a consagração e mudou-se para Ravena.
A atividade pastoral do santo conseguiu extirpar o paganismo e corrigir abusos, escutando com igual condescendência e caridade os humildes e os poderosos. Sempre incentivou a comunhão frequente e seus profundos sermões renderam o apelido de Crisólogo, homem de palavras de ouro.
Depois de receber uma revelação sobre a sua morte, que estava próxima, são Pedro Crisólogo retornou para Imola, onde morreu em 31 de julho de 451 (há alguns que afirmam que foi em 3 de dezembro de 450). Foi declarado doutor da Igreja em 1729 pelo papa Bento XIII.
(acidigital)
sexta-feira, 29 de julho de 2022
VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO CANADÁ VÉSPERAS (Texto)
VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO
AO CANADÁ
(24-30 DE JULHO DE 2022)
VÉSPERAS COM OS BISPOS, OS SACERDOTES, OS DIÁCONOS,
OS CONSAGRADOS, OS SEMINARISTAS E OS AGENTES DA PASTORAL
HOMILIA DO SANTO PADRE
Catedral de Notre Dame em Québec
Quinta-feira, 28 de julho de 2022
Amados irmãos Bispos, caros sacerdotes e diáconos, consagrados, consagradas e seminaristas, agentes pastorais, boa tarde!
Agradeço a D. Raymond Poisson as palavras de boas-vindas que me dirigiu e saúdo a todos vós, especialmente quantos tiveram de percorrer um longo caminho para chegar: as distâncias no vosso país são verdadeiramente grandes! Por isso, obrigado! Estou feliz por vos encontrar.
É significativo o nosso encontro nesta Basílica de Notre-Dame do Québec, catedral desta Igreja particular e sede primacial do Canadá, cujo primeiro Bispo, São Francisco de Laval, abriu o Seminário em 1633 tendo-se ocupado, durante todo o seu ministério, da formação dos presbíteros. E dos presbíteros, isto é, dos «anciãos» falou-nos a Leitura Breve que acabámos de ouvir. Assim nos exortou São Pedro: «Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, governando-o não à força, mas de boa vontade» (1 Ped 5, 2). Enquanto estamos aqui reunidos como Povo de Deus, recordemo-nos de que Jesus é o Pastor da nossa vida, que cuida de nós porque nos ama de verdade. A nós, pastores da Igreja, é pedida esta mesma generosidade no pastoreio do rebanho, para que se possa manifestar a solicitude de Jesus por todos e a sua compaixão pelas feridas de cada um.
E precisamente porque somos sinal de Cristo, o apóstolo Pedro exorta-nos: Apascentai o rebanho, guiai-o, não deixeis que se extravie enquanto vos ocupais dos próprios afazeres. Cuidai dele com dedicação e ternura. E – acrescenta – fazei-o «de boa vontade», e não à força: não como um dever, não como assalariados religiosos ou funcionários do sagrado, mas com coração de pastores, com entusiasmo. Se olharmos mais para Ele, o Bom Pastor, do que para nós mesmos, descobrimos que somos guardados com ternura, sentimos a proximidade de Deus. Daqui nasce a alegria do ministério e, ainda antes, a alegria da fé: não de ver aquilo que somos capazes de fazer, mas de saber que Deus está próximo, que nos amou primeiro e nos acompanha todos os dias.
Esta, irmãos e irmãs, é a nossa alegria: não uma alegria fácil, como aquela que o mundo às vezes nos oferece iludindo-nos com fogos de artifício; esta alegria não está ligada a riquezas nem seguranças; nem sequer está ligada à persuasão de que tudo nos correrá sempre bem na vida, sem cruzes nem problemas. Antes, a alegria cristã está unida a uma experiência de paz, que permanece no coração mesmo quando somos atingidos por dificuldades e aflições, porque sabemos que não estamos sozinhos, mas acompanhados por um Deus que não fica indiferente à nossa sorte. Como quando o mar está agitado: à superfície é tempestuoso, mas em profundidade permanece calmo e tranquilo. Assim é a alegria cristã: um dom gratuito, a certeza de saber que somos amados, sustentados e abraçados por Cristo em cada situação da vida. Porque é Ele que nos liberta do egoísmo e do pecado, da tristeza da solidão, do vazio interior e do medo, dando-nos um olhar novo sobre a vida, um olhar novo sobre a história: «Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 1).
Então podemos interrogar-nos: Como vai a nossa alegria? Como vai a minha alegria? A nossa Igreja expressa a alegria do Evangelho? Nas nossas comunidades, existe uma fé que atrai pela alegria que comunica?
Se quisermos abordar estas questões na sua raiz, não podemos deixar de refletir sobre o que, na realidade do nosso tempo, ameaça a alegria da fé com o risco de a obscurecer, pondo seriamente em crise a experiência cristã. Pensa-se imediatamente na secularização, que já há muito transformou o estilo de vida das mulheres e homens de hoje, deixando Deus quase no último lugar. Parece que Ele desapareceu do horizonte, que a sua Palavra já não se assemelha a uma bússola de orientação para a vida, para as opções fundamentais, para as relações humanas e sociais. Desde já, porém, há que fazer um esclarecimento: quando observamos a cultura em que estamos imersos, as suas linguagens e os seus símbolos, é preciso estarmos atentos para não ficar prisioneiros do pessimismo e do ressentimento, deixando-nos cair em juízos negativos ou em inúteis nostalgias. Com efeito são possíveis dois olhares a respeito do mundo em que vivemos: um, chamá-lo-ia «olhar negativo»; o outro, «olhar que discerne».
O primeiro, o olhar negativo, nasce com frequência duma fé que, sentindo-se atacada, considera-se como uma espécie de «armadura» para se defender do mundo. Com amargura, acusa a realidade dizendo: «O mundo é mau, reina o pecado», e assim corre o risco de se revestir dum «espírito de cruzada». Tenhamos cuidado com isto, porque não é cristão; efetivamente não é o modo como atua Deus, o Qual – assim no-lo recorda o Evangelho – «tanto amou o mundo, que lhe entregou o seu Filho unigénito, a fim de que todo o que n’Ele crê não se perca, mas tenha a vida eterna» (Jo 3, 16). O Senhor, que detesta o mundanismo e tem um olhar bom sobre o mundo. Abençoa a nossa vida, bendiz-nos a nós e à nossa realidade, encarna-Se nas situações da história, não para condenar, mas para fazer germinar a semente do Reino precisamente onde parecem triunfar as trevas. Se, pelo contrário, nos detivermos num olhar negativo, acabaremos por negar a encarnação, porque fugiremos da realidade, em vez de nos encarnarmos nela. Fechar-nos-emos em nós mesmos, choraremos as nossas perdas, lamentar-nos-emos continuamente e cairemos na tristeza e no pessimismo: tristeza e pessimismo que nunca vêm de Deus. Em vez disso, somos chamados a ter um olhar semelhante ao de Deus, que sabe distinguir o bem e é obstinado a procurá-lo, vê-lo e alimentá-lo. Não é um olhar ingénuo, mas um olhar que discerne a realidade.
Para afinar o nosso discernimento sobre o mundo secularizado, deixemo-nos inspirar pelo que escreveu São Paulo VI na Evangelii nuntiandi, Exortação apostólica ainda hoje plenamente atual: para ele, a secularização é «o esforço, em si mesmo justo e legítimo e não absolutamente incompatível com a fé ou com a religião» (Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 55), por descobrir as leis da realidade e da própria vida humana estabelecidas pelo Criador. De facto, Deus não nos quer escravos, mas filhos, não quer decidir no nosso lugar, nem oprimir-nos com um poder sacro num mundo governado por leis religiosas. Não! Ele criou-nos livres e pede-nos para sermos pessoas adultas, pessoas responsáveis na vida e na sociedade. Coisa diversa – distinguia São Paulo VI – é o secularismo, uma conceção de vida que separa completamente do vínculo com o Criador, de tal modo que Deus Se torna «supérfluo e embaraçante» e se geram «novas formas de ateísmo», subdolosas e as mais variadas: «uma civilização do consumo, o hedonismo erigido em valor supremo, uma ambição de poder e predomínio, discriminações de todo o género» (Ibidem). Compete-nos a nós, como Igreja e sobretudo como pastores do Povo de Deus, como pastores, como consagradas e consagrados, como seminaristas e como agentes pastorais, saber fazer estas distinções, discernir. Se cedermos ao olhar negativo e julgarmos de forma superficial, arriscamo-nos a fazer passar uma mensagem errada, como se, por trás da crítica da secularização, houvesse da nossa parte a nostalgia dum mundo sacralizado, duma sociedade doutros tempos onde a Igreja e os seus ministros tinham mais poder e relevância social. E esta é uma perspetiva errada.
Ao contrário, como observa um grande estudioso destes temas, o problema da secularização, para nós cristãos, não deve ser o da menor relevância social da Igreja ou da perda de riquezas materiais e privilégios; antes, aquela pede-nos para refletir sobre as mudanças da sociedade, que influíram sobre o modo como as pessoas pensam e organizam a vida. Se nos debruçarmos sobre este aspeto, damo-nos conta de não ser a fé que está em crise, mas certas formas e modos com que a anunciamos. Por isso a secularização é um desafio para a nossa imaginação pastoral, é «a ocasião para a recomposição da vida espiritual em novas formas e para novas maneiras de existir» (C. Taylor, A Secular Age, Cambridge 2007, 437). Assim, o olhar que discerne, ao mesmo tempo que nos mostra as dificuldades que temos na transmissão da alegria da fé, estimula-nos a encontrar uma nova paixão pela evangelização, procurar novas linguagens, mudar algumas prioridades pastorais, ir ao essencial.
Queridos irmãos e irmãs, há necessidade de anunciar o Evangelho, para dar aos homens e mulheres de hoje a alegria da fé. Mas este anúncio não se realiza primariamente por palavras, mas através dum testemunho transbordante de amor gratuito, como Deus faz connosco. É um anúncio que pede para se encarnar num estilo de vida pessoal e eclesial que possa fazer reacender o desejo do Senhor, infundir esperança, transmitir confiança e credibilidade. A propósito disto permiti que vos proponha, com espírito fraterno, três desafios, que podereis desenvolver na oração e no serviço pastoral.
O primeiro desafio: fazer Jesus conhecido. Nos desertos espirituais do nosso tempo, gerados pelo secularismo e pela indiferença, é necessário voltar ao primeiro anúncio. Repito: é necessário voltar ao primeiro anúncio. Não podemos presumir de comunicar a alegria da fé apresentando aspetos secundários a quem ainda não abraçou o Senhor na vida, ou então só repetindo algumas práticas ou copiando formas pastorais do passado. É preciso encontrar novos caminhos para anunciar o coração do Evangelho a quantos ainda não encontraram Cristo. Isto pressupõe uma criatividade pastoral para chegar até às pessoas onde elas vivem, não esperando que sejam elas a vir até nós – lá onde vivem! – encontrando ocasiões de escuta, diálogo e encontro. Precisamos de voltar ao essencial, precisamos de voltar ao entusiasmo dos Atos dos Apóstolos, à beleza de nos sentirmos instrumentos da fecundidade do Espírito hoje. Precisamos de voltar à Galileia. É o encontro com Jesus Ressuscitado: voltar à Galileia para – permiti a expressão – recomeçar depois do fracasso. Voltar à Galileia. E cada um de nós tem a sua própria “Galileia”, aquela do primeiro anúncio. Precisamos de recuperar esta memória.
Mas, para anunciar o Evangelho, é preciso também sermos credíveis. E aqui está o segundo desafio: o testemunho. Anuncia-se o Evangelho de modo eficaz quando é a vida que fala, que revela aquela liberdade que faz livres os outros, aquela compaixão que nada pede em troca, aquela misericórdia que fala de Cristo sem palavras. A Igreja no Canadá começou um percurso novo depois de ter sido ferida e transtornada pelo mal perpetrado por alguns dos seus filhos. Penso em particular nos abusos sexuais cometidos contra menores e pessoas vulneráveis, escândalos que exigem ações fortes e uma luta irreversível. Quero, juntamente convosco, voltar a pedir perdão a todas as vítimas. O pesar e a vergonha que sentimos devem tornar-se ocasião de conversão: que nunca mais aconteçam! E, pensando no caminho de cura e reconciliação com os irmãos e irmãs indígenas, que nunca mais a comunidade cristã se deixe contaminar pela ideia da superioridade duma cultura sobre as outras e da legitimidade de usar meios de coação em relação aos outros. Recuperemos o ardor missionário do vosso primeiro Bispo, São Francisco de Laval, que arremeteu contra todos aqueles que degradavam os nativos, induzindo-os a consumir bebidas para os trufarem. Não permitamos que nenhuma ideologia aliene e confunda os estilos e as formas de vida dos nossos povos procurando demovê-los e dominá-los. Que os novos progressos da humanidade sejam assimiláveis nas suas identidades culturais com as chaves da cultura.
Mas, para derrotar esta cultura da exclusão, é preciso começarmos por nós: que os pastores não se sintam superiores aos irmãos e irmãs do Povo de Deus; que os consagrados vivam a fraternidade e a liberdade na obediência em comunidade; que os seminaristas estejam dispostos a ser servidores dóceis e disponíveis e que os agentes pastorais não vejam o seu serviço como poder. Começa-se daqui. Vós sois os protagonistas e os construtores duma Igreja diferente: humilde, mansa, misericordiosa, uma Igreja que acompanha os processos, que trabalha decidida e serenamente na inculturação, que valoriza cada um e cada diversidade cultural e religiosa. Demos este testemunho!
Finalmente, o terceiro desafio: a fraternidade. Primeiro, fazer Jesus conhecido; segundo, testemunho; terceiro, fraternidade. A Igreja será testemunha tanto mais credível do Evangelho quanto mais os seus membros viverem a comunhão, criando ocasiões e espaços para que toda a pessoa que se aproxima da fé encontre uma comunidade acolhedora, que saiba ouvir, que saiba entrar em diálogo, que promova uma boa qualidade nas relações. Assim dizia o vosso santo Bispo aos missionários: «Muitas vezes uma palavra amarga, uma impaciência, um rosto que repele destruirão num momento aquilo que foi construído durante muito tempo» (Instruções aos Missionários, 1668).
Trata-se de viver numa comunidade cristã que se torne escola de humanidade, onde se aprende a querer-se bem como irmãos e irmãs, dispostos a trabalhar, juntos, pelo bem comum. De facto, no coração do anúncio evangélico, está o amor de Deus, que transforma e torna capaz de comunhão com todos e de serviço a todos. Um teólogo desta terra escreveu: «O amor que Deus nos dá transborda em amor (...). É um amor que impele o bom samaritano a parar e cuidar do viajante assaltado pelos ladrões. É um amor que não tem fronteiras, que busca o reino de Deus (...) e este reino é universal» (B. Lonergan, «The Future of Christianity»: A Second Collection: Papers by Bernard F. J. Lonergan SJ, London 1974, 154). A Igreja é chamada a encarnar este amor sem fronteiras, para construir o sonho que Deus tem para a humanidade: serem todos irmãos. Interroguemo-nos: Como está a fraternidade entre nós? Os Bispos entre si e com os padres, os padres entre si e com o Povo de Deus: somos irmãos ou concorrentes divididos em fações? E como são as nossas relações com quem não é «dos nossos», com quem não crê, com quem possui tradições e usos diferentes? Este é o caminho: promover relações de fraternidade com todos, com os irmãos e irmãs indígenas, com cada irmã e irmão que encontramos, porque, no rosto de cada um, reflete-se a presença de Deus.
Queridos irmãos e irmãs, estes são apenas alguns desafios. Não nos esqueçamos de que só podemos levá-los por diante com a força do Espírito, que sempre devemos invocar na oração. Não deixemos, porém, entrar em nós o espírito do secularismo, pensando que podemos criar projetos que funcionam sozinhos e com as simples forças humanas, sem Deus. Isso é uma idolatria: a idolatria dos projetos sem Deus. E – uma recomendação ainda – não nos fechemos no «retrogradismo», mas avancemos, com alegria!
Ponhamos em prática estas palavras que dirigimos a São Francisco de Laval:
Fostes o homem da partilha, visitando os doentes,
vestindo os pobres, lutando pela dignidade das populações originárias,
apoiando os missionários cansados,
sempre pronto a estender a mão a quem estava pior do que vós.
Quantas vezes os vossos projetos foram derrubados!
Uma vez e outra voltastes a pô-los de pé.
Compreendestes que a obra de Deus não é de pedra,
e que, nesta terra de desânimo,
havia necessidade dum construtor de esperança.
Agradeço-vos tudo o que fazeis e de coração vos abençoo. E por favor, continuai a rezar por mim.
Hoje a Igreja Católica celebra santa Marta, padroeira das cozinheiras e donas de casa
REDAÇÃO CENTRAL, 29 jul. 22 / 05:00 am (ACI).- Hoje (29), a Igreja universal recorda a figura da santa Marta de Betânia, irmã de Maria e Lázaro, padroeira do lar, das cozinheiras, das donas de casa, das faxineiras, das casas de hóspedes, dos hoteleiros, das lavadeiras e das irmãs de caridade.
É a ela que Jesus disse, como narra o evangelho de são Lucas (10, 41-42): “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada”.
Santa Marta é representada vestida de azul ou verde, com uma cruz, um avental e levando consigo um molho de chaves ou uma tocha. Ela está em atitude de serviço e com um dragão sob seus pés.
Esta discípula de Jesus é geralmente invocada pelos fiéis para pedir sua intercessão ante as coisas urgentes e difíceis, pois foi através de suas súplicas que obteve de Jesus a graça de que seu irmão Lázaro voltasse à vida.
A santa que sempre mostrou um grande afã de serviço é também invocada para que ajude os fiéis a desempenhar seus deveres cristãos com diligência e responsabilidade.
Os santos Basílio e Gregório Magno a consideram modelo evangélico das almas contemplativas.
(acidigital)
quinta-feira, 28 de julho de 2022
Papa Francisco se reúne com Justin Trudeau,
primeiro-ministro do Canadá
QUEBEC, 27 jul. 22 / 07:22 pm (ACI).- O papa Francisco chegou hoje (27) a Quebec, no Canadá, e se dirigiu à chamada Citadelle de Quebec, sede do governador geral, onde teve um encontro com as principais autoridades do país, como o primeiro-ministro Justin Trudeau.
Francisco chegou de carro ao pátio da Citadelle de Quebec, às 16h46 (17h46, no horário de Brasília). O papa cumprimentou Trudeau e a governadora geral do Canadá, Mary Simon.
Em seguida, a banda oficial tocou o hino pontifício e o hino do Canadá.
Logo após, dirigiram-se ao interior da Citadelle, onde o papa se encontrou com Simon, e o secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, se encontrou com Trudeau.
Também participaram do encontro o substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé, dom Edgar Peña Parra, o secretário para as Relações com os Estados, dom Paul Richard Gallagher, e o núncio apostólico no Canadá, dom Ivan Jurkovič.
Após esses encontros, o papa teve um diálogo com Trudeau e o cardeal Parolin se encontrou com Mary Simon.
Ao final, foi feita a foto oficial e todos se dirigiram à sala principal para o encontro com as autoridades do país.
(acidigital)
China demole igreja de padre que não aderiu à Igreja oficial do governo comunista
REDAÇÃO CENTRAL, 27 jul. 22 / 11:10 am (ACI).- O governo da China demoliu em junho uma igreja que funcionava em instalações provisórias porque o padre Dong Baolu se recusou a se submeter à Associação Patriótica Católica da China, a igreja controlada pelo governo comunista chinês.
O templo demolido era um local clandestino de culto construído ao ar livre para os católicos da cidade de Youtong, na diocese de Zhengding, não registrados na "igreja" oficial.
Segundo a imprensa local, as autoridades aproveitaram para desmontar a tenda quando o padre Dong Baolu, que "sofre de problemas motores", foi internado para exames.
O padre Dong Baolu disse que foi o único dos mais de 100 padres da diocese de Zhengding que se recusou a se submeter ao controle comunista, informou Asia News, agência de notícias do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras.
Há quatro anos, o Partido Comunista Chinês adotou um "Novo Regulamento sobre Atividades Religiosas" que proíbe religiosos, incluindo padres, de exercer suas funções se não aderirem à Associação Católica Patriótica Chinesa.
A perseguição aos católicos na China não parou, apesar de a Santa Sé ter assinado um acordo com o país sobre a nomeação de bispos, que foi renovado em 2020 e expirará em outubro deste ano. O papa Francisco disse à Reuters em uma entrevista recente que espera que este acordo seja renovado em breve.
Este acordo, cujos conteúdo é secreto, foi criado para ajudar a unir a Igreja “oficial”, sob controle do governo comunista, e a Igreja clandestina, fiel a Roma. Estima-se que seis milhões de católicos estejam registrados no Partido Comunista Chinês e vários milhões de católicos romanos não estejam registrados.
Desde 2015 a China passa por um processo de “sinicização”, instaurado pelo presidente Xi Jinping, para reforçar a identidade chinesa e comunista em todas as práticas religiosas, incluindo a fé católica.
A repressão às atividades de grupos religiosos que não se submetem ao Partido Comunista Chinês aumentou no ano passado.
Segundo um relatório da Asia News do ano passado, em 1º de junho deste ano entraram em vigor as “Medidas para a gestão financeira dos locais religiosos”, através das quais o regime comunista busca controlar as receitas e despesas das organizações religiosas especialmente doações do exterior.
No dia 1º de março, entraram em vigor as "Regras Administrativas para Serviços de Informações Religiosas na Internet", que proíbem a realização de atividades religiosas na Internet na China sem permissão prévia das autoridades comunistas.
(acidigital)
Santos Celso e Nazário
MÁRTIRES, SÉC. I
Celebrado A 28 De Julho
Nazário nasceu em Roma, ainda no primeiro século da era cristã. O pai era um pagão e chamava-se Africano. A mãe, de nome Perpétua, era uma católica fervorosa. Enquanto ele desejava tornar o filho um sacerdote a serviço de um dos muitos deuses pagãos, ela o queria temente a Deus, no seguimento de Cristo, por isso o educou dentro da religião católica. Assim, com apenas nove anos de idade, o menino pediu para ser batizado, definindo a questão e sendo atendido pelo pai, que algum tempo depois também se converteu.
Nazário foi batizado pelas mãos do próprio papa são Lino, o primeiro sucessor de são Pedro, que fez dele um dos seus auxiliares diretos. Ingressou no exército romano e com ele percorreu toda a Itália, onde também pregava o Evangelho. Mas, ao ser descoberto, foi levado à presença do imperador, que o mandou prender. Conseguindo fugir, abandonou Roma e tornou-se um pregador itinerante, até que, durante um sonho, Deus lhe disse para sair da Itália.
Assim, foi para a Gália, hoje França, sempre pregando a palavra de Cristo. Em Cimiez, próximo de Nice, depois de converter uma nobre e rica senhora e seu filho, um adolescente de nome Celso, ela confiou o jovem a Nazário, que o fez seu discípulo inseparável. Juntos, percorreram os caminhos da Gália, deixando para trás cidades inteiras convertidas, pois, durante as suas pregações, aconteciam muitos milagres na frente de todos os presentes.
Depois, foram para Treves, atualmente Trier, na Alemanha, onde fundaram uma comunidade cristã que se tornou tão famosa que os dois acabaram sendo denunciados e presos. Condenados à morte, foram jogados na confluência dos rios Sarre e Mosel. E novo milagre ocorreu: em vez de afundar, os dois flutuaram e andaram sobre as águas. Assustados, os pagãos não tentaram mais matá-los, apenas os expulsaram do país.
Nazário e Celso foram, então, para Milão, onde mais uma vez viram-se vítimas da perseguição pagã, imposta pelo imperador Nero. Presos e condenados, desta vez foram decapitados em praça pública.
Passados mais de dois séculos, em 396, os corpos dos dois mártires foram encontrados pelo próprio bispo de Milão, Ambrósio, também venerado pela Igreja. Durante suas orações, teve uma visão, que lhe indicou o local da sepultura de Nazário. Mas, para surpresa geral, a cabeça do mártir estava intacta, com os cabelos e a barba preservados, e ainda dela escorria sangue, como se fora decapitado naquele instante. A revelação foi mais impressionante porque, durante as escavações, também encontraram o túmulo do jovem discípulo Celso, martirizado junto com ele.
Também foi por inspiração de santo Ambrósio que esta tradição chegou até nós, pois ele a contou a são Paolino de Nola, seu discípulo e biógrafo. As relíquias de são Nazário e são Celso foram distribuídas às igrejas de várias cidades da Itália, França, Espanha, Alemanha, África e Constantinopla. Dessa maneira, a festa dos dois santos difundiu-se por todo o mundo católico, sendo celebrados no dia em que santo Ambrósio teve a revelação: 28 de julho.
*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br
quarta-feira, 27 de julho de 2022
Peregrinação de Jovens ao Loreto como preparação das Jornadas Mundiais da Juventude
Papa Francisco no Canadá: Homilia na missa no Commonwealth Stadium
QUEBEC, 26 jul. 22 / 02:23 pm (ACI).- Hoje é a festa dos avós de Jesus; o Senhor quis que nos encontrássemos em tão grande número precisamente nesta ocasião muito querida tanto para vós como para mim. Na casa de Joaquim e Ana, o pequenito Jesus conheceu os idosos da sua família e experimentou a proximidade, a ternura e a sabedoria dos avós. Pensemos, também nós, nos nossos avós e reflitamos sobre dois aspetos importantes.
O primeiro: somos filhos duma história que devemos guardar. Não somos indivíduos isolados, não somos ilhas; ninguém vem ao mundo desligado dos outros. As nossas raízes, o amor com que fomos aguardados e que recebemos ao vir ao mundo, os ambientes familiares onde crescemos, fazem parte duma única história, que nos precedeu e gerou. Não a escolhemos, mas recebemo-la de prenda; é uma prenda que somos chamados a guardar. Pois, como nos lembrou o livro de Ben Sira, somos «a posteridade» de quem nos precedeu, a sua «rica herança» (cf. Sir 44, 11). Uma herança cujo centro, mais do que nas proezas ou na autoridade de uns, na inteligência ou na criatividade do canto e da poesia de outros, está na justiça, na fidelidade a Deus, à sua vontade. E isto no-lo transmitiram. Para acolher verdadeiramente quem somos e quão preciosos somos, precisamos de assumir em nós aqueles de quem descendemos, aqueles que não pensaram só em si mesmos, mas transmitiram-nos o tesouro da vida. Estamos aqui graças aos pais, mas também graças aos avós que nos fizeram experimentar ser bem-vindos no mundo. Muitas vezes foram eles a amar-nos sem reservas e sem nada esperar de nós: tomaram-nos pela mão quando tínhamos medo, tranquilizaram-nos na escuridão da noite, encorajaram-nos quando, à luz do sol, devíamos enfrentar as opções da vida. Graças aos nossos avós, recebemos uma carícia da parte da história que nos precedeu: aprendemos que o bem, a ternura e a sabedoria são raízes sólidas da humanidade. Na casa dos avós, muitos de nós respiramos o perfume do Evangelho, a força duma fé que tem o sabor de casa. Graças a eles, descobrimos uma fé familiar, doméstica; sim, porque é deste modo que se comunica essencialmente a fé: comunica-se «em dialeto», comunica-se através do afeto e do encorajamento, da solicitude e da proximidade.
Esta é a nossa história que se deve guardar, a história de que somos herdeiros: somos filhos, porque somos netos. Os avós imprimiram em nós o cunho original do seu modo de ser, dando-nos dignidade, confiança em nós e nos outros. Transmitiram-nos algo que não poderá jamais ser cancelado dentro de nós e, ao mesmo tempo, permitiram-nos ser pessoas únicas, originais e livres. Assim, foi precisamente dos avós que aprendemos que o amor nunca é constrição, nunca priva o outro da sua liberdade interior. Joaquim e Ana amaram Maria assim; e Maria amou assim Jesus, com um amor que nunca O sufocou nem tolheu, mas encaminhou a fim de abraçar a missão para que veio ao mundo. Procuremos aprender isto seja como indivíduos, seja como Igreja: nunca oprimir a consciência do outro, nunca acorrentar a liberdade de quem está à nossa frente e sobretudo nunca faltar ao amor e respeito pelas pessoas que nos precederam e estão confiadas, tesouros preciosos que guardam uma história maior do que eles.
E o livro de Ben Sira diz-nos ainda que, guardar a história que nos gerou, significa não ofuscar a «glória» dos antepassados: não perder a sua memória, não nos esquecermos da história que deu à luz a nossa vida, recordarmo-nos sempre daquelas mãos que nos acarinharam e seguraram nos braços, porque é nesta fonte que encontramos consolação nos momentos de desânimo, luz no discernimento, coragem para enfrentar os desafios da vida. Mas significa também voltar sempre àquela escola, onde aprendemos e vivemos o amor. Significa perguntar-nos, perante as decisões que devemos tomar hoje, que fariam no nosso lugar os idosos mais sábios que conhecemos, que nos aconselham ou aconselhariam os nossos avós e bisavós.
Queridos irmãos e irmãs, perguntemo-nos então: Somos filhos e netos que sabemos guardar a riqueza recebida? Recordamos os bons ensinamentos herdados? Falamos com os nossos idosos, reservamos tempo para os escutar? E ainda: Nas nossas casas, cada vez melhor equipadas, modernas e funcionais, sabemos preparar um espaço digno para conservar as suas recordações, um lugar próprio, um pequeno Oratório familiar que nos permita, através de imagens e objetos queridos, elevar também o pensamento e a oração por quem nos precedeu? Conservamos a Bíblia e o terço dos nossos antepassados? Devemos rezar por eles e em união com eles, dedicar tempo a repassá-los na memória, guardar a herança: na bruma do esquecimento que invade os nossos tempos vertiginosos, é fundamental cultivar as raízes. É assim que cresce a árvore; é assim que se constrói o futuro.
Chegamos assim ao segundo aspeto, sobre o qual queremos refletir: além de filhos duma história a guardar, somos artesãos duma história a construir. Cada um pode reconhecer aquilo que é, com as suas luzes e sombras, conforme o amor que recebeu ou que lhe faltou. O mistério da vida humana é este: todos somos filhos de alguém, gerados e plasmados por alguém, mas, uma vez tornados adultos, somos também chamados a ser geradores, pais, mães e avós de outrem. Por conseguinte, olhando para a pessoa que somos hoje, que queremos fazer de nós mesmos? Os avós de quem descendemos, os idosos que sonharam, esperaram e se sacrificaram por nós, lançam-nos uma pergunta fundamental: Que sociedade quereis construir? Recebemos tanto das mãos de quem nos precedeu, que queremos deixar em herança à nossa posteridade? Uma fé viva ou uma fé tipo «água de colônia», uma sociedade fundada no lucro dos indivíduos ou na fraternidade, um mundo em paz ou em guerra, uma criação devastada ou uma casa ainda acolhedora?
E não nos esqueçamos de que este movimento que dá vida sobe das raízes para os ramos, as folhas, as flores, os frutos da árvore. A verdadeira tradição expressa-se nesta dimensão vertical: de baixo para o alto. Tenhamos cuidado para não cair numa caricatura da tradição, que não se moveria numa linha vertical – das raízes para os frutos –, mas numa linha horizontal – da frente para trás – que nos leva à cultura do «retrogradismo» como um refúgio egoísta e que se limita a encaixar o presente, conservá-lo na lógica do «sempre se fez assim».
No Evangelho que ouvimos, Jesus diz aos discípulos que são bem-aventurados porque podem ver e ouvir o que muitos profetas e justos só puderam desejar (cf. Mt 13, 16-17). Com efeito muitos acreditaram na promessa de Deus sobre a vinda do Messias, prepararam-Lhe o caminho e anunciaram a sua chegada. Mas, agora que o Messias chegou, quantos O podem ver e ouvir são chamados a acolhê-Lo e anunciá-Lo.
Irmãos e irmãs, isto vale também para nós. Aqueles que nos precederam transmitiram-nos uma paixão, uma força e um anseio, um fogo que nos cabe reavivar; não se trata de guardar cinzas, mas reavivar o fogo que eles acenderam. Os nossos avós e os nossos idosos desejaram ver um mundo mais justo, mais fraterno e mais solidário, e lutaram para nos dar um futuro. Agora, a nós, cabe não os decepcionar. Sustentados por eles, que são as nossas raízes, toca-nos a nós dar fruto. Somos nós os ramos que devem florescer e introduzir sementes novas na história. Coloquemo-nos, pois, algumas perguntas concretas: Eu, perante a história de salvação a que pertenço e face a quem me precedeu e amou, que faço? Tenho um papel único e insubstituível na história… que rasto estou a deixar para trás no meu caminho, que estou a deixar para quem me segue, que estou a dar de mim? Muitas vezes avalia-se a vida com base no dinheiro que se ganha, na carreira que se faz, no sucesso e consideração que se recebem dos outros. Mas estes não são critérios geradores. O problema é: Estou a gerar vida? Estou introduzindo na história um novo e renovado amor que antes não havia? Estou a anunciar o Evangelho onde estou a viver, estou a servir alguém gratuitamente, como fez comigo quem me precedeu? Que faço pela minha Igreja, pela minha cidade e a sociedade? É fácil criticar, mas o Senhor não nos quer apenas críticos do sistema, não nos quer fechados e «retrógrados», mas artesãos duma história nova, tecelões de esperança, construtores do futuro, operadores de paz.
Joaquim e Ana intercedam por nós! Ajudem-nos a guardar a história que nos gerou e a construir uma história geradora. Que eles nos lembrem a importância espiritual de honrar os nossos avós e os nossos idosos, aprender com a sua presença para construir um futuro melhor: um futuro onde os idosos não sejam descartados porque «já não são de utilidade»; um futuro que não julgue o valor das pessoas só pelo que produzem; um futuro que não seja indiferente com quem, já em idade avançada, precisa de mais tempo, escuta e solicitude; um futuro onde, para ninguém, se repita a história de violência e marginalização sofrida pelos nossos irmãos e irmãs indígenas. É um futuro possível se, com a ajuda de Deus, não quebrarmos o vínculo com quem nos precedeu e alimentarmos o diálogo com quem virá depois de nós: jovens e idosos, avós e netos, em conjunto. Avancemos juntos, sonhemos juntos.
(acidigital)
Papa Francisco recorda como a Virgem de Guadalupe "transmitiu a reta fé" aos indígenas
QUEBEC, 26 jul. 22 / 10:49 pm (ACI).- O papa Francisco recordou hoje (26) Nossa Senhora de Guadalupe e suas aparições em terras americanas, destacando que a Virgem "transmitiu a reta fé aos indígenas", em um evento que reuniu cerca de 10 mil pessoas perto do Lago de Santa Ana , cerca de 75 quilômetros a oeste de Edmonton.
Ao participar da tradicional peregrinação ao Lago de Santa Ana e da Liturgia da Palavra na tarde de hoje, terceiro dia de sua viagem apostólica ao Canadá, o papa destacou o importante papel das mães e avós na evangelização das famílias e da sociedade e destacou que "durante a tragédia da conquista, foi Nossa Senhora de Guadalupe quem transmitiu a reta fé aos indígenas, falando sua língua e vestindo seus trajes, sem violência e sem imposições".
O papa Francisco disse que os corações das avós “são fontes de onde brota a água viva da fé, com a qual saciaram a sede de filhos e netos”.
“Admiro o papel vital das mulheres nas comunidades indígenas. Ocupam uma posição muito importante como fontes abençoadas de vida, não só física, mas também espiritual”, destacou.
O papa recordou sua própria avó, de quem recebeu “o primeiro anúncio da fé” e aprendeu “que o Evangelho se transmite assim, através da ternura do cuidado e da sabedoria da vida”.
“A fé raramente nasce quando lemos um livro sozinhos na sala, mas se difunde em um ambiente familiar, se transmite na linguagem das mães, com o doce canto dialetal das avós”, afirmou.
“Fico feliz em ver tantos avós e bisavós aqui. Agradeço e gostaria de dizer a todos que têm idosos em casa, na família, vocês têm um tesouro! Eles guardam entre seus muros uma fonte de vida, encarreguem-se deles como a herança mais valiosa para amar e guardar”, expressou.
Ao refletir sobre o lago de Santa Ana, chamado assim em homenagem à avó de Jesus e mãe da Virgem Maria, o qual abençoou, o papa destacou que a proximidade da água "nos ajuda a voltar também às fontes da fé. Permite-nos peregrinar idealmente aos lugares santos. Imaginar Jesus, que realizou grande parte de seu ministério precisamente na margem de um lago, o lago da Galileia”.
“Lá escolheu e chamou os apóstolos, proclamou as bem-aventuranças, narrou a maioria das parábolas, realizou sinais e curas”, recordou.
“Aquele lago constituía o coração da 'Galileia das nações' (Mt 4,15), uma zona periférica, de comércio, onde convergiam diferentes populações, colorindo a região de tradições e cultos díspares".
O papa Francisco destacou que esta região “era o lugar mais distante, geográfica e culturalmente, da pureza religiosa, que se concentrava em Jerusalém, junto ao templo”.
“Ali, precisamente ali, Jesus pregou o Reino de Deus. Não a religiosos selecionados, mas a povos diferentes que, como hoje, vieram de várias partes, acolhendo a todos e num cenário natural como este”, disse.
Francisco lembrou então que o profeta Ezequiel "dizia que as águas, além de dar vida, curam".
“Esta tarde imaginemo-nos ao redor do lago com Jesus, enquanto Ele se aproxima, se inclina e, com paciência, compaixão e ternura, cura tantos doentes no corpo e no espírito: endemoninhados, leprosos, paralíticos, cegos, mas também pessoas aflitas, desanimadas, perdidas e feridas. Jesus veio e ainda está vindo para cuidar de nós, para confortar e curar nossa humanidade solitária e exausta”.
"Irmãos, irmãs, todos nós precisamos da cura de Jesus, médico das almas e dos corpos", afirmou.
No Lago de Santa Ana, no Canadá, o papa também pediu a Jesus: “Ajude-nos a curar nossas feridas. Sabemos que isso requer esforço, cuidado e ações concretas de nossa parte. Mas também sabemos que não podemos fazer isso sozinhos. Nós nos confiamos a ti e à intercessão de tua mãe e tua avó”.
Ao finalizar sua mensagem, o papa disse aos indígenas canadenses: “Vim como peregrino também para lhes dizer o quanto vocês são valiosos para mim e para a Igreja. Desejo que a Igreja esteja entrelaçada convosco, com a mesma força e união dos fios daquelas franjas coloridas que tantos de vocês vestem”.
“Que o Senhor nos ajude a avançar no processo de cura, rumo a um futuro cada vez mais sadio e renovado. Acredito que também seria o desejo de suas avós e avôs. Que os avós de Jesus, santos Joaquim e Ana, abençoem seu caminho”, concluiu.
(acidigital)
Hoje é celebrado são Pantaleão, médico mártir cujo sangue se torna líquido
REDAÇÃO CENTRAL, 27 jul. 22 / 05:00 am (ACI).- Hoje (27), é celebrada a festa de são Pantaleão, um médico mártir nascido no final do século III na Nicomédia (atual Turquia). O que se conhece sobre ele está em um antigo manuscrito do século IV que se encontra no Museu Britânico.
Era filho de mãe cristã, mas se deixou levar pela vida do mundo pagão e rechaçou a fé. Pantaleão chegou a ser um prestigioso médico.
Um bom cristão chamado Hermolau o incentivou a conhecer “a cura proveniente do mais alto” e o levou à Igreja. Desse modo, aos poucos se entregou ao serviço de Cristo atendendo seus pacientes em Nome do Senhor.
Naquela época começou a perseguição de Diocleciano na Nicomédia. Pantaleão deu tudo o que tinha aos necessitados e alguns médicos invejosos o delataram às autoridades. Foi preso junto com Hermolau e outros cristãos.
O imperador queria salvá-lo em segredo e lhe disse para renunciar a sua religião, mas Pantaleão se negou e, com a ajuda de Deus, curou milagrosamente um paralítico para demonstrar a verdade da fé.
Assim, o santo foi condenado a ser decapitado com seus companheiros. Morreu em 27 de julho no início do século IV, aos 29 anos.
Diz-se que tentaram matá-lo de seis formas diferentes: com fogo, com chumbo derretido, afogando-o, jogando-o às feras, torturando-o em uma roda e atravessando-lhe uma espada. Mas, com a ajuda do Senhor, ficou ileso. Quando foi decapitado, a árvore onde aconteceu o martírio floresceu no mesmo instante.
Algumas relíquias de seu sangue são conservadas em Constantinopla (Turquia), Ravello (Itália) e no Real Mosteiro da Encarnação em Madri (Espanha), que é custodiado pelas religiosas Agostinianas Recoletas.
Nesta cidade espanhola, seu sangue permanece em estado sólido quase todo o ano e ocorre o milagre da liquefação (torna-se líquido) perto da festa do santo, data na qual as religiosas abrem as portas ao público para que apreciem o fato.
(acidigital)
terça-feira, 26 de julho de 2022
O Que é a “Terra Que Mana Leite e Mel” na Bíblia?
A expressão “terra que mana leite e mel” significa na Bíblia a riqueza e produtividade da terra de Canaã, o território que Deus prometeu a Israel. Embora estivesse cercada por regiões desérticas, Canaã era uma terra fértil, com terreno propício para produção abundante de mantimento.
Então a “terra que mana leite e mel” é uma descrição bíblica usual para a Terra Prometida. De fato, essa é uma expressão frequente, principalmente no Pentateuco. Somente no livro de Deuteronômio, por exemplo, essa mesma expressão aparece pelo menos seis vezes. Mas essa designação também aparece nos livros históricos e proféticos (cf. Josué 5:6; Jeremias 32:22; Ezequiel 20:6-15).
A expressão “terra que mana leite e mel” aparece pela primeira vez na Bíblia no livro de Êxodo, no contexto do chamamento de Moisés. Naquele tempo o povo de Israel estava havia vários séculos escravizado no Egito. Moisés embora fosse um hebreu, tinha sido criado na corte egípcia, mas acabou precisando fugir do Egito por ter matado um egípcio (Êxodo 2).
Então após ter fugido do Egito, Moisés foi para Midiã, na península do Sinai. Ali Deus o convocou para liderar a libertação dos israelitas do Egito. Deus prometeu livrar o seu povo da mão dos egípcios, numa terra de servidão, e leva-lo a uma terra boa e vasta, “uma terra que mana leite e mel; ao lugar do cananeu, e do heteu, e do amorreu, e do perizeu, e do heveu, e do jebuseu” (Êxodo 3:8).
Uma terra que mana leite e mel
Ao usar a expressão “terra que mana leite e mel”, Deus estava afirmando que levaria Israel a um bom lugar. Ele não tiraria os israelitas do Egito para conduzi-los a uma terra estéril, mas os conduziria a uma terra fértil e abundante. O verbo “manar” que é empregado nessa expressão traduz um termo hebraico que transmite o sentido de “brotar” ou “correr” no sentido de “ter um fluxo”.
Em outras palavras, a Terra Prometida era uma terra que brotava, que “corria” abundância. Isso fica evidente na sequência da frase que indica que a terra manava “leite e mel”. A palavra “leite” frequentemente era empregada nos tempos antigos justamente como uma metáfora para a abundância da terra. Uma terra que produz leite é uma terra fértil, pois possui pastagem para o gado. Pelas características da região e da época, aqui não se deve pensar apenas no leite de vaca, mas principalmente no leite de cabra e ovelha.
Já a palavra “mel” traduz uma palavra hebraica que vem de uma raiz que traz a ideia de “ser grudento” ou “melado”. Alguns estudiosos defendem que provavelmente a principal referência nesse ponto não é ao mel de abelhas especificamente, mas ao mel de tâmara. Então na expressão “terra que mana leite e mel” a ideia é a de que a terra de Canaã não apenas era boa para a criação de gado, mas também para o cultivo e para obtenção de produtos naturais.
Tudo isso indica o caráter benevolente da promessa do Senhor. Os israelitas tinham crescido muito em número durante o tempo que ficaram no Egito. Mas por muitos anos eles acabaram sendo submetidos ao trabalho forçado e a situações precárias.
Porém, Deus havia providenciado uma terra que poderia acolhe-los com fartura; uma terra onde eles poderiam se estabelecer e desfrutar das bênçãos da aliança. Na terra haveria pastagem para o gado e plantas nos campos, e desse modo a “terra que mana leite e mel” proveria tudo o que povo necessitasse.
A realização da promessa de Deus na terra que mana leite e mel
Sendo obedientes ao Senhor, em Canaã os israelitas teriam sustento e doçura ao seu paladar. Em Canaã eles poderiam descansar de sua servidão. Mas antes de entrarem na Terra Prometida, espias israelitas foram analisar a terra. Eles verificaram que realmente a terra manava leite e mel, e trouxeram um exemplo do fruto da terra (Números 13:27).
No entanto, tão logo o entusiasmo deu lugar ao ceticismo. Os espias disseram que a terra era ocupada por povos poderosos com os quais Israel não poderia lidar. Mesmo apesar do testemunho fiel de Calebe – um dos espias – de que os israelitas triunfariam em Canaã porque aquela era a terra de sua herança, os outros espias falaram muito mal daquela terra. Então na boca deles a expressão: “terra que mana leite e mel” deu lugar a outra expressão: “terra que consome os seus moradores” (Números 13:32).
Deus não conduziria o povo de Israel a um lugar de ruína; não conduziria o povo a uma terra em que eles ficariam desprovidos da graça e da proteção do Senhor. Além disso, Deus havia avisado Moisés que aquela terra estava ocupada por outros povos (Êxodo 3:8). Mas aquela era a terra da herança que Deus prometeu a Abraão, Isaque e Jacó. Então o Senhor haveria de prover tudo para que Israel pudesse conquistar aquela terra.
Porém, a falta de confiança dos israelitas no Senhor foi tão grande, e sua rebeldia, tão aguda, que eles chegaram ao ponto de inverter a situação e afirmar que o Egito era a terra que manava leite e mel (Números 16:13; cf. Números 14).
O resultado final disso tudo foi que toda aquela geração, com exceção de Josué e Calebe, pereceu no deserto e não entrou na Terra Prometida (Josué 5:6). Mas Deus levantou uma nova geração de israelitas, e sob a liderança de Josué, Israel entrou e conquistou milagrosamente “a terra que mana leite e mel”.
O cristão e a terra que mana leite e mel
Podemos dizer que a realidade de uma terra que mana leite e mel, onde não há falta de nada, aponta para a abundância das riquezas espirituais que o crente desfruta em Cristo (Efésios 3:8). Em Cristo os cristãos encontram tudo o que precisam! Eles encontram abundância de graça, de misericórdia e de tudo mais que necessitam para viver uma vida cristã plena e realizada para a glória de Deus. Em Cristo Jesus os redimidos são completos (Colossenses 2:10).
Além disso, no Novo Testamento o escritor de Hebreus usa Canaã como figura da pátria celestial que aguarda os crentes (Hebreus 4). Nesse sentido, pela obra de Cristo a promessa divina sobre uma terra que mana leite e mel alcança seu cumprimento final no lar celestial, o verdadeiro descanso de Deus para o seu povo, de quem a Canaã terrena apenas prefigurava.
Papa Francisco abençoa no Canadá estátua de primeira santa indígena da América do Norte
QUEBEC, 25 jul. 22 / 09:35 am (ACI).- O papa Francisco abençoará uma estátua da primeira santa indígena da América do Norte durante sua viagem ao Canadá de 24 a 30 de julho. Trata-se de santa Catarina (Kateri) Tekakwitha, a primeira santa nativa dos Estados Unidos.
A bênção papal da estátua da santa indígena acontecerá durante um encontro do Pppa Francisco com as populações indígenas e com membros da comunidade paroquial da igreja do Sagrado Coração dos primeiros Povos, que acontecerá hoje (25).
A Igreja do Sagrado Coração dos Primeiros Povos está localizada em Edmonton, Canadá, e foi construída em 1913. É uma das igrejas católicas mais antigas da cidade, conhecida por sua especial atenção pastoral aos pobres e marginalizados.
Em 1991, o arcebispo Joseph MacNeil a designou como paróquia nacional para as três maiores populações indígenas do Canadá (Primeiras Nações, Métis e Inuit).
Segundo descreveu um documento oficial da Santa Sé, "é a primeira desse tipo no Canadá", porque ali "a fé católica é expressa no contexto da cultura aborígene".
O edifício é decorado com “muitas peças únicas de arte sacra criadas por artesãos indígenas” e, ao longo dos anos, “muitos imigrantes e refugiados que vieram de todo o mundo para se estabelecer em Edmonton fizeram da Igreja do Sagrado Coração seu lar espiritual”.
Breves dados biográficos
Santa Catarina (Kateri) Tekakwitha nasceu em 1656, em Auriesville, Nova York, nos Estados Unidos. Sua mãe era cristã, membro da tribo algonquiana, que havia sido capturada pelos iroqueses e libertada pelo pai de Tekakwitha, um chefe tribal mohawk.
Quando ela tinha quatro anos, seus pais e seu irmão morreram da epidemia de varíola. Devido a esta mesma doença, ela ficou com o rosto desfigurado, a visão seriamente danificada e sob os cuidados de seus tios.
Aos 11 anos, Catarina conheceu a fé cristã quando missionários jesuítas chegaram à sua cidade, acompanhando os representantes moicanos para assinar a paz com os franceses.
A jovem conseguiu ser batizada aos 20 anos, depois de enfrentar oposição de sua família e rejeição de sua comunidade.
Teve que fugir de sua cidade até chegar a uma comunidade cristã no Canadá.
Pouco depois, recebeu sua primeira comunhão no dia de Natal e fez o voto de castidade. Durante sua curta vida, manteve uma intensa devoção ao Santíssimo Sacramento.
Morreu em 17 de abril de 1680, na Semana Santa daquele ano, com apenas 24 anos.
Desde o momento de sua morte, o povo desenvolveu uma grande devoção a ela e muitos peregrinos foram visitar seu túmulo, em Caughnawaga.
Em 1884, padre Clarence Walworth mandou erigir um monumento ao lado de seu túmulo e ficou conhecida como "O Lírio dos Mohawks".
Santa Catarina Tekakwitha foi beatificada por são João Paulo II em 1980 e canonizada por Bento XVI em outubro de 2012. Sua festa é celebrada em 17 de abril.
(acidigital)
segunda-feira, 25 de julho de 2022
Papa Francisco reza o Ângelus no avião com jornalistas que o acompanham ao Canadá
AVIÃO PAPAL, 24 jul. 22 / 01:13 pm (ACI).- Durante o voo que o transporta de Roma ao Canadá hoje (24), o papa Francisco rezou o Ângelus dominical junto com os jornalistas que o acompanham no avião. O papa lembrou que hoje é celebrado o segundo Dia Mundial dos Avós e dos Idosos.
Como é tradição, o papa saudou os jornalistas que o acompanham no avião em sua viagem apostólica internacional.
Pela primeira vez, o papa não subiu as escadas do avião, mas foi transportado em cadeira de rodas por um elevador. No entanto, cumprimentou brevemente os jornalistas presentes caminhando pelo corredor do avião.
Antes de cumprimentar pessoalmente cada um dos jornalistas, o papa agradeceu o serviço prestado e disse que a visita ao Canadá é uma “viagem penitencial”
Francisco desejou aos presentes um "feliz domingo!" e os convidou a rezar juntos o Ângelus.
Depois, o papa Francisco recordou o segundo Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. “É o dia dos avós: os avôs, as avós, que são aqueles que transmitiram a história, as tradições, os costumes e tantas coisas”.
O papa afirmou que "hoje é preciso voltar aos avós - direi isso como um leitmotiv - no sentido de que os jovens devem ter contato com os avós, pegar deles, retomar as raízes, não para ficar ali, não, mas para levá-los em frente, como a árvore que tira força das raízes e a leva adiante nas flores nos frutos”.
Francisco citou uma frase do poeta argentino Francisco Luis Bernárdez: "tudo o que a árvore tem de flor vem do que ela tem de enterrado, que são os avós".
“E gostaria também de recordar, como religioso, os religiosos e religiosas idosos, os avós da vida consagrada: por favor, não os escondam, são a sabedoria de uma família religiosa; e que os novos religiosos e religiosas, os noviços, as noviças tenham contato com eles: eles nos darão toda a experiência de vida que nos ajudará muito a seguir em frente”, disse.
“Cada um de nós temos avôs, avós, alguns já se foram, outros estão vivos, mas lembremo-nos deles hoje de uma forma especial: recebemos tantas coisas deles, em primeiro lugar a história. Obrigado”, concluiu o papa.
Viagem ao Canadá
O papa Francisco viaja ao Canadá de 24 a 30 de julho para visitar as cidades de Edmonton, Quebec e Iqaluit, onde se encontrará com membros de grupos indígenas canadenses, sobreviventes de abuso em escolas residenciais e católicas.
O lema desta viagem é "Caminhar juntos". Francisco é o segundo papa a visitar o Canadá depois das três viagens de são João Paulo II em 1984, 1987 e 2002.
(Papa Francisco no avião (imagem de arquivo) / Vatican Media)
Hoje é festa de são Tiago Maior, apóstolo e padroeiro da Espanha
REDAÇÃO CENTRAL, 25 jul. 22 / 05:00 am (ACI).- Hoje (25) a Igreja celebra a festa de são Tiago Maior, um dos doze apóstolos escolhidos pelo Senhor e que é representado vestido como um peregrino ou como um soldado montado em um cavalo branco em atitude de luta. São Crisóstomo disse que ele foi o apóstolo mais ousado e corajoso.
O “filho do trovão”, como Jesus chamou Tiago e seu irmão são João evangelista, é padroeiro da Espanha e de sua cavalaria, assim como dos peregrinos, veterinários, equitadores e de várias cidades do mundo. Algumas cidades inclusive levam o seu nome em países como Chile, República Dominicana, Cuba entre outros.
O nome de são Tiago vem das palavras Sant Iacob, do hebraico Jacob. Durante as batalhas, os espanhóis costumavam gritar “Sant Iacob, ajude-nos” e, ao dizê-lo rápido e repetitivamente, soava como são Tiago.
Foi testemunho com João e Pedro da transfiguração do Senhor no Monte Tabor, da pesca milagrosa e da oração de Jesus no Jardim do Getsêmani, entre as passagens mais representativas.
A tradição conta que chegou à Espanha para proclamar o Evangelho. A catedral de Santiago de Compostela é considerada seu principal santuário, para onde milhares de pessoas peregrinam todos os anos, desejosos de percorrer o Caminho de Compostela.
Em 9 de novembro de 1982, quando são João Paulo II visitou esta catedral espanhola, fez um chamado à Europa para reavivar os “valores autênticos”, porque os outros continentes “olham para ti e esperam também de ti a mesma resposta que são Tiago deu a Cristo: ‘Eu posso’”.
“Eu, sucessor de Pedro na Sé de Roma, uma Sé que Cristo quis colocar na Europa e que ama pelo seu esforço na difusão do Cristianismo no mundo; Eu, bispo de Roma e pastor da Igreja universal, de Santiago, te lanço, velha Europa, um grito cheio de amor: Volta a encontrar-te. Sê tu mesma. Descobre as tuas origens. Reaviva as tuas raízes”, expressou o santo polonês.
O apóstolo Tiago é conhecido também por ter preparado o caminho para que a Virgem Maria fosse reconhecida como um “Pilar” da Igreja.
O papa Francisco, em fevereiro de 2014, ao refletir sobre os conflitos armados, assinalou que são Tiago nos dá um conselho simples: “Aproximem-se de Deus e Ele se aproximará de vocês”.
(acidigital)
domingo, 24 de julho de 2022
Hoje é celebrado são Charbel Makhlouf, exemplo de vida consagrada e mística
REDAÇÃO CENTRAL, 24 jul. 22 / 05:00 am (ACI).- São Charbel Makhlouf foi um asceta e religioso do Líbano pertencente ao rito maronita e o primeiro santo oriental canonizado desde o século XIII.
Este santo nasceu em 8 de maio de 1828 em Beqaa-Kafra, o lugar habitado mais alto do Líbano. Cresceu com o exemplo dos seus tios, ambos eremitas. Aos 23 anos, deixou sua casa em segredo e entrou no mosteiro de Nossa Senhora de Mayfuq, tomando o nome de uma mártir sírio: Charbel.
Fez os votos solenes em 1853 e foi ordenado sacerdote em 1859 por dom José Al Marid, sob o patriarcado de Paulo I Pedro Masad. Fixou como sua residência o mosteiro de São Maron, em Annaya, que se encontra a 1067 metros acima do nível do mar.
Padre Charbel viveu nessa comunidade por 15 anos, sendo um monge exemplar, dedicado à oração, ao apostolado e à leitura espiritual.
Tempos depois, sentiu o chamado à vida eremita e, em 13 de fevereiro de 1875, recebeu a autorização para colocá-la em prática. Desde esse momento até a sua morte em 1898, dedicou-se à oração (rezava 7 vezes por dia a Liturgia das Horas), à ascese, à penitência e ao trabalho manual. Comia uma vez por dia e permanecia em silêncio.
A única perturbação à sua oração vinha pela quantidade de visitantes que chegavam atraídos por sua reputação de santidade. Esses buscavam conselho, a promessa de oração ou algum milagre.
Foi beatificado pelo papa Paulo VI em 5 de dezembro de 1965, durante o encerramento do Concílio Vaticano II, e sua canonização aconteceu em 9 de outubro de 1977, durante o Sínodo Mundial dos Bispos.
Sua devoção se estendeu no Líbano, mas também cruzou fronteiras até a América.
(acidigital)