quarta-feira, 19 de abril de 2023

Páscoa das Igrejas Orientais na Ucrânia: missa em meio às bombas, diz Pe. Ladnyuk

 


Vítimas e feridos no sábado (15) e domingo (16) na Ucrânia, com a guerra que não conhece descanso nem mesmo em dia de festa. O testemunho de um salesiano de Dnipro que conta como a esperança está sempre viva nos fiéis, apesar da dor de uma guerra longa e implacável.


Andrea De Angelis - Vatican News


Nem mesmo durante as celebrações da Páscoa das Igrejas Orientais as bombas pararam de cair na Ucrânia. Durante a noite, o exército russo lançou mísseis S-300 na região de Zaporizhzhia, destruindo a Igreja Ortodoxa de São Miguel Arcanjo em Kushuhum. "Naquele momento, não havia nenhum serviço e nenhuma bênção pascal da comida na igreja, que normalmente está muito cheia na noite de Páscoa", tranquilizou o chefe da comunidade, Yurii Karapetian. A ordem era, de fato, não realizar cultos noturnos por causa da ameaça de um ataque de mísseis.


A igreja de Nikopol, onde duas pessoas foram feridas, também foi atingida com artilharia pesada. O local de culto está localizado em frente à usina nuclear de Zaporizhzhia. Os pró-russos, por sua vez, relataram que na noite de sábado os foguetes ucranianos caíram perto da Catedral da Transfiguração em Donetsk, deixando uma morte e dois feridos enquanto a Vigília Pascal estava em andamento.


Esta é guerra!

"Na Ucrânia há guerra, a cada dia caem bombas, danificando até mesmo igrejas, e para a Páscoa a notícia teve mais proeminência". Com essas palavras o padre Oleh Ladnyuk, um salesiano que vive e trabalha como professor e capelão militar na cidade de Dnipro, que faz parte do exarcado de Donetsk com sede em Zaporizhzhia, começa seu relato do que aconteceu durante a Páscoa na sua região. Em entrevista ao Vatican News, o sacerdote reitera como "hoje em dia se fala mais em lugares de culto destruídos, mas algo semelhante acontece quase todos os dias". 


"As bombas", enfatiza ele, "caem principalmente à noite, razão pela qual não tem havido celebrações noturnas, exceto de manhã cedo ou, digamos, em horários mais seguros". Muitas igrejas foram danificadas, em particular a Igreja de São Miguel Arcanjo em Kushuhum, que "não poderá ser reconstruída". 


As bombas durante a missa

O Padre Oleh comemorou a Páscoa próximo da linha de frente de combate, junto aos militares. "Mesmo na Igreja onde eu estive, podia-se ouvir as explosões das bombas, mas felizmente nenhuma chegou perto de nós", diz ele em uma voz interrompida pela emoção, particularmente ao descrever o estado de espírito dos fiéis presentes: "não havia medo, eu estava olhando para as pessoas, seus rostos, os militares. Ninguém fugiu, todos estavam seguros pela proteção de Deus e assim terminamos a nossa celebração". 


"Dizemos sempre que a Páscoa vence a morte, é o triunfo da luz sobre as trevas", conclui o padre, "e por isso esperamos que a bondade sempre prevaleça sobre o mal". 


“É claro que é difícil pregar neste momento, porque quando as pessoas morrem - por exemplo em Kherson, dois civis morreram nestas horas - não é fácil continuar, mas temos a esperança de que Deus nos salva, especialmente agora que o mal está entre nós.”


(vaticannews)


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