quinta-feira, 31 de outubro de 2024
Que o Crisma não se torne o sacramento da “despedida” da Igreja, diz papa Francisco
30 de out de 2024 às 12:33
O papa Francisco pediu hoje (30) que o crisma, ou confirmação, não se torne o “sacramento de despedida” ou “saída” da Igreja, mas sim que seja o início de uma participação ativa guiada pela ação do Espírito Santo.
No início da sua catequese na audiência geral de hoje, o papa disse que a “ação santificadora do Espírito Santo chega até nós, em primeiro lugar, através de dois canais: a Palavra de Deus e os sacramentos”.
Especificamente, o sacramento do crisma ou confirmação é o que “tem como finalidade comunicar visivelmente e de maneira carismática o Espírito Santo, com efeitos análogos aos produzidos sobre os apóstolos no Pentecostes”.
Segundo o papa, “o tema do Espírito Santo como ‘selo real’ com que Cristo marca as suas ovelhas está na base da doutrina do ‘caráter indelével’ conferido por este rito”.
Com o passar do tempo, disse o papa Francisco, “o rito da unção configurou-se como sacramento de pleno direito, assumindo formas e conteúdos diferentes nas várias épocas e nos diversos ritos da Igreja”.
O papa leu a definição dada ao sacramento pela Conferência Episcopal Italiana: “A Confirmação é para cada fiel o que o Pentecostes foi para toda a Igreja. [...] Reforça a incorporação batismal em Cristo e na Igreja e a consagração à missão profética, real e sacerdotal. Comunica a abundância dos dons do Espírito [...]. Se, portanto, o batismo é o sacramento do nascimento, a confirmação é o sacramento do crescimento. Por isso é também sacramento do testemunho, porque está intimamente ligado à maturidade da existência cristã”.
O problema, disse Francisco, “é como fazer com que o sacramento do Crisma não se reduza, na prática, a uma ‘extrema unção’, ou seja, ao sacramento da ‘saída’ da Igreja”.
“Dizem que é o sacramento da despedida, pois, uma vez que os jovens o recebem, eles vão embora e só voltarão para o casamento”, disse o papa.
“Mas devemos fazer dele o sacramento do início de uma participação ativa na vida da Igreja. É uma meta que nos pode parecer impossível, considerando a situação em curso um pouco em toda a Igreja, mas isto não significa que devemos deixar de a perseguir”, disse.
Francisco disse que pode ser útil “obter ajuda na preparação para o sacramento de fiéis leigos que tiveram um encontro pessoal com Cristo e uma verdadeira experiência do Espírito”.
“Mas isto não diz respeito apenas aos futuros crismandos; diz respeito a todos nós e em cada momento. Com a confirmação e a unção, recebemos também, assegura-nos o apóstolo, o penhor do Espírito, que noutro lugar ele chama ‘as primícias do Espírito’ (cf Rm 8,23). Devemos ‘gastar’ este penhor, usufruir destas primícias, não enterrar debaixo os carismas e talentos recebidos”.
Por fim, o papa disse que são Paulo exortou o seu discípulo são Timóteo a “‘reavivar o dom de Deus, recebido pela imposição das mãos’ (2Tm 1,6), e o verbo utilizado sugere a imagem de quem sopra sobre o fogo para reavivar a sua chama”.
“Eis uma bela meta para o ano jubilar! Eliminar as cinzas do hábito e do desinteresse tornando-nos, como os portadores da tocha nos Jogos Olímpicos, portadores da chama do Espírito. Que o Espírito nos ajude a dar alguns passos nesta direção”, concluiu Francisco.
Hoje é dia de são Quintino mártir, padroeiro dos capelães e serralheiros
Por Redação central
31 de out de 2024 às 00:01
A Igreja Católica celebra hoje (31) são Quintino, o mártir, nascido na Roma Antiga. Não há certeza sobre o ano ou local onde nasceu, mas sabe-se que morreu no ano 287 d.C.
“Quintino” ou Quentin era filho de um senador romano que se converteu ao cristianismo. A tradição sugere que ele foi batizado pelo papa são Marcelino e que acompanhou são Lúcio de Beauvais em sua pregação na Gália (região romana que incluía a atual França e parte da Bélgica).
Convocado a dar testemunho de Cristo
Durante séculos, dizia-se que são Quintino fazia curas milagrosas e tinha o poder de expulsar demônios. Pelo seu testemunho de amor a Cristo, provocou a conversão de muitos pagãos, embora também tenha despertado suspeitas das autoridades civis do império.
Ele foi acusado de professar o cristianismo e levado à força perante o governador Riciovaro. Ele o repreendeu por estar do lado daqueles que proclamavam a fé num homem crucificado, algo que o cidadão comum considerava desonroso, típico de criminosos e covardes. Quintino respondeu a Riciovaro que isso era para ele a maior honra, ainda maior do que ser filho de um senador.
Ai de mim se eu não evangelizar! (1Cor 9, 16)
Riciovaro considerou as declarações de Quintino uma afronta à sua investidura e ordenou que fosse acorrentado e açoitado. Após ser açoitado, o cristão foi levado para uma masmorra, de onde escaparia milagrosamente aproveitando a escuridão da noite.
Livre novamente, Quintino retomou a pregação. Infelizmente ele foi descoberto e preso novamente. Foi transferido para “Augusta Veromanduorum” (hoje cidade francesa de Saint-Quentin, rebatizada em homenagem ao seu ilustre santo). Lá ele ficou em uma masmorra aguardando execução.
São Quintino foi decapitado e seus restos mortais jogados no rio Somme, de cujas águas seria resgatado por um grupo de cristãos em 287. Hoje suas relíquias permanecem na basílica da cidade que leva seu nome.
quarta-feira, 30 de outubro de 2024
Audiência Geral 30 de outubro de 2024 Papa Francisco
PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça São Pedro
Quarta-feira, 30 de outubro de 2024
O texto a seguir inclui também as partes não lidas que são igualmente consideradas como pronunciadas:
Ciclo de Catequese. O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo conduz o povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança. 11. "Ele consagrou-nos e marcou-nos com o seu selo". O Crisma, sacramento do Espírito Santo
Caríssimos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje continuamos a reflexão sobre a presença e a ação do Espírito Santo na vida da Igreja mediante os Sacramentos.
A ação santificadora do Espírito Santo chega até nós, em primeiro lugar, através de dois canais: a Palavra de Deus e os Sacramentos. E entre todos os Sacramentos, um é por excelência o Sacramento do Espírito Santo, e é sobre ele que gostaria de meditar hoje. Trata-se do Sacramento do Crisma, ou da Confirmação.
No Novo Testamento, além do batismo com água, é mencionado outro rito, o da imposição das mãos, que tem como finalidade comunicar visivelmente e de maneira carismática o Espírito Santo, com efeitos análogos aos produzidos sobre os Apóstolos no Pentecostes. Os Atos dos Apóstolos narram um episódio significativo a este respeito. Tendo ouvido dizer que algumas pessoas na Samaria receberam a palavra de Deus, enviaram de Jerusalém Pedro e João. «Eles desceram - diz o texto – para eles receberem o Espírito Santo que, na verdade, não descera ainda sobre nenhum deles. Tinham apenas recebido o batismo em nome do Senhor Jesus. então impondo as mãos sobre eles e eles recebiam o Espírito Santo» (8, 14-17).
A isto acrescenta-se o que São Paulo escreve na Segunda Carta aos Coríntios: «É o próprio Deus que nos confirma, convosco, em Cristo, que nos marcou com o seu selo e deu ao nosso coração o penhor do Espírito» (1, 21-22). O penhor do Espírito! O tema do Espírito Santo como “selo real” com que Cristo marca as suas ovelhas está na base da doutrina do “caráter indelével” conferido por este rito.
Com o passar do tempo, o rito da unção configurou-se como Sacramento de pleno direito, assumindo formas e conteúdos diferentes nas várias épocas e nos diversos ritos da Igreja. Não é este o lugar para repercorrer esta história tão complexa. O que o Sacramento do Crisma é na compreensão da Igreja, parece-me que é descrito de modo simples e claro, pelo Catecismo dos adultos, da Conferência Episcopal Italiana. Ele diz assim: «A confirmação é, para cada fiel, o que o Pentecostes foi para toda a Igreja. [...] Ela revigora a incorporação batismal em Cristo e na Igreja, e a consagração à missão profética, real e sacerdotal. Comunica a abundância dos dons do Espírito [...]. Portanto, se o batismo é o sacramento do nascimento, o crisma é o sacramento do crescimento. Por isso, é também o sacramento do testemunho, pois está intimamente ligado à maturidade da existência cristã» (La verità vi farà liberi. Catechismo degli adulti. Libreria Editrice Vaticana 1995, p. 324).
O problema é como fazer com que o Sacramento do Crisma não se reduza, na prática, a uma “extrema unção”, ou seja, ao sacramento da “saída” da Igreja. Diz-se que é o “sacramento da despedida”, pois quando os jovens o recebem, vão-se embora e depois voltam para o casamento. É o que se diz. Mas devemos fazer dele o sacramento do início de uma participação ativa na vida da Igreja. É uma meta que nos pode parecer impossível, considerando a situação em curso um pouco em toda a Igreja, mas isto não significa que devemos deixar de a perseguir. Não será assim para todos os crismandos, jovens ou adultos, mas é importante que o seja pelo menos para alguns, que depois serão os animadores da comunidade.
Para esta finalidade, pode ser útil deixar-se ajudar, na preparação para o Sacramento, por fiéis leigos que tiveram um encontro pessoal com Cristo e viveram uma verdadeira experiência do Espírito. Algumas pessoas dizem tê-la vivido como um desabrochar nelas do Sacramento do Crisma, recebido quando eram jovens.
Mas isto não diz respeito apenas aos futuros crismandos; diz respeito a todos nós e em cada momento. Com a confirmação e a unção, recebemos também, assegura-nos o Apóstolo, o penhor do Espírito, que noutro lugar ele chama «as primícias do Espírito» (Rm 8, 23). Devemos “gastar” este penhor, usufruir destas primícias, não enterrar debaixo os carismas e talentos recebidos.
São Paulo exortava o discípulo Timóteo a «reavivar o dom de Deus, recebido pela imposição das mãos» (2 Tm 1, 6), e o verbo utilizado sugere a imagem de quem sopra sobre o fogo para reavivar a sua chama. Eis uma bela meta para o ano jubilar! Eliminar as cinzas do hábito e do desinteresse tornando-nos, como os portadores da tocha nos Jogos Olímpicos, portadores da chama do Espírito. Que o Espírito nos ajude a dar alguns passos nesta direção!
______________________________
Saudações:
Saúdo os fiéis de língua portuguesa, de modo especial, os peregrinos vindos da Diocese de Belém do Pará (Brasil). Que a vossa presença em Roma seja uma ocasião propícia para reavivar o dom de Deus que recebestes e para reacender o entusiasmo de ser missionários, portadores da chama do Espírito. Deus vos abençoe e Nossa Senhora vos proteja!
______________________________
Resumo da catequese do Santo Padre:
Continuamos a nossa reflexão sobre a presença e a ação do Espírito na vida da Igreja através dos sete Sacramentos. Entre eles há um que por excelência é o Sacramento do Espírito Santo: Crisma ou Confirmação, que significa para cada um dos fiéis o que o Pentecostes significou para toda a Igreja. Se pelo Batismo nascemos de novo, pelo Crisma crescemos nessa vida nova recebida. Por isso, este é ao mesmo tempo o Sacramento do crescimento e do testemunho, estando ligado à maturidade cristã. Não deixemos que o Crisma se reduza a uma “extrema unção”, assinalando a partida de tantos da Igreja. Que ele marque, antes, o início da participação ativa na vida da Comunidade dos fiéis.
Copyright © Dicastero per la Comunicazione - Libreria Editrice Vaticana
Hoje é dia de santo Alonso Rodríguez, exemplo de humildade e serviço
Por Redação central
30 de out de 2024 às 00:01
A Igreja celebra hoje (30) santo Alonso Rodríguez, irmão coadjutor jesuíta que viveu entre os séculos XVI e XVII, exemplo de humildade e vocação ao serviço.
Antes de se tornar religioso, Alonso era um homem de família: era casado e tinha três filhos. Quando tinha cerca de 40 anos, diversas circunstâncias fizeram com que a sua vida tomasse um rumo completamente diferente – que o levaria a fazer parte da Companhia de Jesus. Nesse sentido, Alonso é um modelo de escuta do Espírito e de confiança no Senhor.
A maior dor: quando tudo parece perdido
Santo Alonso Rodríguez nasceu na Espanha, em 1531, em uma família de comerciantes. Aos 26 anos, casou-se com a senhora María Suárez, com quem teve três filhos.
Alguns anos antes, ele havia assumido o negócio da família, quando seu pai, comerciante de lã, o herdou. Alonso fez o possível para cumprir a tarefa, mas sem muito sucesso. Neste contexto já difícil, perdeu primeiro os dois filhos mais velhos e depois a mulher, que morreu ao dar à luz o terceiro filho. Infelizmente, aquela criança também não sobreviveria: depois de ser colocada aos cuidados de duas tias, a criança adoeceu e morreu.
Renascimento
Alonso, então, ficou sozinho, sem aquela que tinha sido a força motriz de sua vida: sua família. Providencialmente, nos dias de solidão e de silêncio forçado, começou a recordar a sua infância e como os seus pais, naqueles tempos, tinham recebido em sua casa padres e membros da recém-fundada Companhia de Jesus.
O agora viúvo se sentiu impelido a voltar àquilo que, como uma semente, parecia reviver com o tempo: a fé que nunca abandonou, mas da qual se esquivava um pouco.
Essa fé parecia brotar novamente e apontava horizontes renovados. Alonso decidiu então se aproximar de Deus, animado pelo consolo que encontrou no Senhor para uma dor tão indescritível. Começou a frequentar regularmente os sacramentos e a ter uma vida de penitência e oração, voltando completamente à piedade que o marcou quando criança e que agora era fonte de fortaleza.
São Pedro Fabro e as sementes de Deus
Alonso se lembrava constantemente de Pedro Fabro, cofundador dos jesuítas e que conheceu aos 12 anos, quando esteve por algum tempo hospedado na casa dos seus pais. Fabro era um homem que irradiava afabilidade e fortaleza. Ele também havia sofrido, mas nunca se mostrou desanimado.
Assim, a imagem do jesuíta o moveu a se envolver cada vez menos com a dor e a viver mais diante da fé que o marcou. De repente, participando do trabalho dos jesuítas, Alonso começou a ver sua vida de forma diferente, pouco a pouco, com esperança. Descobriu que o Senhor ainda esperava muito dele e que poderia ser completamente renovado. Assim, começou a pensar em colocar-se ao serviço de Deus e da Igreja como religioso.
O coração importa, não a idade, nem o trabalho
Alonso então pediu para ser admitido na Companhia de Jesus. Contudo, os jesuítas, em primeira instância, não o aceitaram por diversos motivos. Entre eles, a idade – tinha mais de quarenta anos –, a saúde precária e a falta de estudos avançados – requisito para o sacerdócio jesuíta. Apesar disso, o santo não desistiu. Manteve a esperança de ser admitido, lembrando a todos como santo Inácio de Loyola não deixou de se tornar religioso por causa da idade.
Finalmente, o provincial dos jesuítas o aceitou como irmão leigo em 1571. Depois de terminar o noviciado, foi enviado ao colégio de Nossa Senhora de Monte-Sión, em Palma de Maiorca, onde lhe foi atribuído o cargo de porteiro, cargo que ocuparia por 32 anos.
O porteiro e um jovem missionário
Santo Alonso Rodríguez fez do seu cargo de porteiro um verdadeiro serviço aos outros e uma ocasião permanente de santificação.
Da portaria do convento estabeleceu diálogo com muitas pessoas, entre as quais estava ninguém menos que são Pedro Claver, na época aluno do colégio Monte-Sión. Diz-se que santo Alonso entusiasmou e encorajou Pedro a viajar algum dia para a América. Como se sabe, Pedro foi o santo protetor dos escravos em Cartagena das Índias, na América. Por causa dessas coisas de Deus, os dois jesuítas seriam canonizados no mesmo ano, 1888.
A oração é capaz de abrir todas as portas
Alonso aproveitava as horas de trabalho na portaria para rezar. Na verdade, uma de suas orações favoritas era o santo terço, que ele rezava várias vezes ao dia. Alonso teve até visões do Céu e da Virgem Maria, que lhe aparecia – a Ela se confiava sempre para o proteger do mal – para ouvi-lo e dar-lhe consolo. Se em alguma ocasião caísse em tentação, Alonso passava pela imagem da Virgem e lhe dizia: “Sancta Maria, Mater Dei, memento mei” [Santa Maria, Mãe de Deus, lembra-te de mim].
Certa vez, perguntaram a santo Alonso por que ele não era mais duro e áspero com as pessoas chatas que frequentavam a escola. Ele respondeu: “Jamais poderemos tratar Jesus, que se disfarça de próximo, com aspereza ou grosseria”.
Santo Alonso Rodríguez morreu em 31 de outubro de 1617.
terça-feira, 29 de outubro de 2024
Santa Sé apresenta 'Luce', mascote do Jubileu 2025
Por Courtney Mares
28 de out de 2024 às 15:51
A Santa Sé lançou hoje (28) a mascote do próximo ano santo jubilar da Igreja.
A mascote, chamado Luce — “luz” em italiano — tem como objetivo envolver um público mais jovem e guiar visitantes no ano santo.
O pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, dom Rino Fisichella, principal organizador do jubileu na Santa Sé, descreveu a mascote como parte do objetivo da Santa Sé de envolver-se com “a cultura pop tão amada pelos nossos jovens”.
A mascote vai estrear esta semana na Lucca Comics and Games, famosa convenção italiana relacionada a quadrinhos, videogames e fantasia, na qual o Dicastério para a Evangelização da Santa Sé vai sediar um espaço dedicado a “Luce e amigos”.
Será a primeira vez que um dicastério da Santa Sé participará de uma convenção de quadrinhos. Dom Fisichella disse esperar que a participação na convenção “permita falar com as gerações mais jovens sobre o tema da esperança, que é mais central do que nunca na mensagem evangélica”.
Vestida com uma capa de chuva amarela, botas manchadas de lama e uma cruz de peregrino, a missão de Luce é guiar jovens peregrinos em direção à esperança e à fé com seu fiel cão Santino ao seu lado. Conchas brilham em seus olhos, lembrando a concha de vieira do caminho de Santiago, um símbolo da jornada de peregrinação.
Ao falar hoje (28) no Vaticano ao lado de uma estatueta de plástico de Luce, dom Fisichella descreveu os olhos brilhantes de Luce como “um símbolo da esperança do coração”.
Luce, disse o prefeito do Dicastério para a Evangelização da Santa Sé, também será o rosto do pavilhão da Santa Sé na Expo 2025 em Osaka, Japão, onde representará o tema do pavilhão da Santa Sé, "A beleza traz esperança", ao lado de "O sepultamento de Cristo", de Caravaggio, uma pintura que será temporariamente emprestada pelos museus do Vaticano para a exposição.
A cofundadora italiana da marca de cultura pop tokidoki, Simone Legno, desenhou Luce e seus “amigos peregrinos” — Fe, Xin e Sky, cada um vestido com capas de chuva coloridas.
A capa de chuva amarela de marinheiro de Luce faz referência à bandeira da Santa Sé e à jornada pelas tempestades da vida. As botas enlameadas da mascote representam uma jornada longa e difícil, enquanto seu cajado simboliza a peregrinação em direção à eternidade.
Legno, que admitiu um amor de longa data pela cultura pop japonesa, disse esperar que “Luce possa representar os sentimentos que ressoam nos corações das gerações mais jovens”.
“Sou extremamente grata ao Dicastério para a Evangelização por abrir suas portas também para a cultura pop”, disse Legno.
Um jubileu é um ano santo especial de graça e peregrinação na Igreja. Ele normalmente ocorre uma vez a cada 25 anos, embora o papa possa convocar anos jubilares extraordinários com mais frequência, como no caso do Jubileu da Misericórdia de 2016 ou do Ano da Fé de 2013.
A Santa Sé planejou uma série de eventos culturais para acompanhar a preparação para o ano do jubileu, incluindo um concerto no próximo domingo (3) da "Sinfonia nº 5" de Shostakovich e uma exposição de arte da pintura "Crucificação Branca" de Marc Chagall, que será emprestada pelo Instituto de Arte de Chicago, EUA, para ser exibida no Museo del Corso, em Roma, de 27 de novembro a 27 de janeiro.
O ano jubilar em si começará com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano, na véspera de Natal deste ano.
Prevê-se que o evento receba cerca de 30 milhões de peregrinos em Roma até o término do Ano Santo em 6 de janeiro de 2026.
(acidigital)
Papa Francisco vai abrir uma porta santa do Jubileu 2025 em uma prisão em Roma
28 de out de 2024 às 13:54
O pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização da Santa Sé, dom Salvatore “Rino” Fisichella, disse que o papa Francisco “estará na prisão romana de Rebibbia para abrir a porta santa, um sinal tangível do anúncio da esperança, também naquele lugar, um símbolo de todas as prisões do mundo”, em 26 de dezembro.
Dom Fisichella disse, ao apresentar eventos culturais programados em Roma antes da abertura oficial do Jubileu, que na véspera de Natal, em 24 de dezembro, o papa Francisco vai celebrar a santa missa na praça de São Pedro, no Vaticano, depois da qual vai fazer o rito de abertura da porta santa do Jubileu 2025 e será o primeiro a atravessá-la.
Em seguida, haverá um breve concerto de sinos da Pontifícia Fonderia di Campane Marinelli (Fundição Pontifícia de Sinos Marinelli) como “expressão do alegre anúncio de um acontecimento há muito esperado”.
Para tornar-se um “peregrino da esperança”, o papa vai à prisão de Rebibbia no dia seguinte, dia de Natal, para cumprir a indicação contida na bula Spes non confundit de “ser sinais palpáveis de esperança para muitos irmãos e irmãs que vivem em condições de dificuldade”.
Em particular, diz a bula, pensa “nos presos que, privados de liberdade, além da dureza da reclusão, experimentam dia a dia o vazio afetivo, as restrições impostas e, em não poucos casos, a falta de respeito”.
No documento, o papa Francisco propôs aos governos “que, no Ano Jubilar, tomem iniciativas que lhes restituam esperança: formas de anistia ou de perdão da pena, que ajudem as pessoas a recuperar a confiança em si mesmas e na sociedade; percursos de reinserção na comunidade, aos quais corresponda um compromisso concreto de cumprir as leis”.
Dom Fisichella disse que um acordo foi assinado com o ministério da Justiça da República Italiana em 11 de setembro deste ano “para tornar efetivas, durante o ano jubilar, formas de reintegração de vários presos através do seu emprego em atividades socialmente comprometidas”.
(acidigital)
Hoje a Igreja celebra a beata Chiara Luce Badano
Por Redação central
29 de out de 2024 às 00:01
Hoje (29), a Igreja recorda a beata "Luce" (Luz) Badano (1971-1990), nascida em um dia como hoje há 50 anos. Chiara nasceu em Sassello, Ligúria, Itália, em 29 de outubro de 1971. Desde pequena demonstrou um profundo amor a Deus, com um caráter forte, mas dócil; um coração cheio de alegria, com uma ternura pouco comum que parecia brotar através do seu olhar, sempre cheio de luz. Todos a sua volta a reconheciam como uma jovem bondosa e ativa.
Aos nove anos ingressou no Movimento dos Focolares. Depois, em 1985, se mudou para Savona para continuar com seus estudos no ensino médio. Aos 16 anos, vivendo como qualquer adolescente entre amigos, música e esportes, ela decidiu consagrar sua vida a Deus. Já nessa época, Chiara começou a desenvolver um vínculo muito estreito com a fundadora dos Focolares, Chiara Lubich, que lhe deu o apelido de "Luce".
No verão de 1988, Chiara foi diagnosticada com um tumor no ombro. A avaliação médica indicou "sarcoma osteogênico com metástase", um tipo de tumor agressivo e doloroso. A jovem se propôs a lutar contra a doença e começou um tratamento intenso de quimioterapia, enquanto tentava continuar com a sua vida comum, sem perder a alegria na fé. Repetia constantemente que oferecia todas as suas dores a Deus, “Por Jesus, por Jesus”; “Isso o faço por ti, Jesus. Si tu o queres, eu também”.
O processo de sua doença a levou pouco a pouco a ficar prostrada. Chiara queria se manter lúcida para oferecer a sua dor, e renunciou aos sedantes e analgésicos. Sua intenção era acompanhar a Cristo sofredor e abandonado.
Seus amigos a visitavam para lhe animar, mas, paradoxalmente, eram eles que, depois de se encontrarem com ela, ficavam animados a seguir o Senhor mais de perto e a visitá-la com frequência. Chiara sabia que a probabilidade de morrer era grande, mas longe de se abandonar, se uniu mais a Jesus, convertendo-se em fonte de consolo para os que a rodeavam. Assim, por um tempo, se dedicou a acompanhar, enquanto ainda podia caminhar, a um jovem que sofria com depressão. Depois, entregou todas as suas economias a um amigo que partiu em missão humanitária para a África.
Apesar dos esforços dos médicos, a doença avançou rapidamente e ela perdeu a mobilidade nas pernas. "Se eu tivesse que escolher entre caminhar ou ir para o paraíso, escolheria a última possibilidade", disse ela aos pais, quando não pedia mais a cura, mas se encontrar com Jesus.
Em julho de 1989, ela sofreu uma forte hemorragia, um sinal de que o fim estava próximo. Assim que teve forças, disse aos pais: "Não chorem por mim. Vou estar com Jesus. No meu funeral não quero que chorem, mas cantem bem alto".
Em sua cama, Chiara rezou pedindo para poder cumprir a vontade de Deus até o último suspiro. “Não peço a Jesus que venha me buscar para me levar ao paraíso; não gostaria de lhe dar a impressão de que não quero mais sofrer”, chegou a dizer a sua mãe, com quem já preparava o que tinha começado a chamar sua "festa de bodas", ou seja, o seu funeral.
No domingo, 7 de outubro de 1990, Chiara morreu acompanhada de seus pais. Seus amigos aguardavam atrás da porta do quarto. Suas últimas palavras para a sua mãe foram: “Tchau. Seja feliz, porque eu sou”.
Cerca de duas mil pessoas compareceram ao seu funeral.
Beatificação de Chiara Luce Badano
Em dezembro de 2009, o papa emérito Bento XVI reconheceu publicamente o milagre que tornaria possível a beatificação de Chiara. Os pais de um menino italiano pediram a intercessão de Badano para que seu filho se curasse de uma meningite grave que estava causando o colapso de seus órgãos internos. De repente, o menino ficou curado e nenhum dos médicos responsáveis pelo tratamento tinha uma explicação.
Chiara Badano foi beatificada em 25 de setembro de 2010. O arcebispo Angelo Amato, chefe da Congregação para a Causa dos Santos, colocou Chiara como um exemplo de como mesmo em uma vida curta se pode viver com grandeza e santidade: “Hoje há gente cheia de virtudes que, na família, na escola ou na sociedade, estão longe de desperdiçar a vida".
segunda-feira, 28 de outubro de 2024
Papa aprovou Documento Final do Sínodo como guia para o trabalho nas dioceses
Rui Saraiva – Portugal
O Documento Final do Sínodo publicado no dia 26 de outubro foi aprovado nos seus 155 pontos e apresenta o fruto de 3 anos de escuta do povo de Deus. Um tempo que colocou em caminho milhões de pessoas em todo o mundo refletindo sobre o tema “Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão e missão”.
Nesta segunda e última sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos bispos em Roma participaram 368 membros com direito a voto, dos quais 272 eram bispos; à imagem do que aconteceu na primeira sessão em 2023, mais de 50 votantes foram mulheres, entre religiosas e leigas de vários países.
Um caminho de harmonia para todos
O Papa Francisco no seu discurso no encerramento deixou bem claro o caráter inclusivo do texto agora publicado. Sublinhou a procura da “harmonia” num caminho “rumo à plena manifestação do Reino de Deus, que a visão do Profeta Isaías nos convida a imaginar como um banquete preparado por Deus para todos os povos”, disse o Papa.
“Todos, na esperança de que não falte ninguém. Todos! Todos! Todos” Ninguém fique de fora! Todos! E a palavra-chave é esta: a harmonia, que é obra do Espírito; a Sua primeira manifestação forte, na manhã de Pentecostes, é harmonizar todas aquelas diferenças, todas aquelas línguas, todas aquelas coisas… Harmonia!”, assinalou.
Francisco apelou a uma Igreja sem muros. “Quanto mal causam os homens e mulheres da Igreja quando erguem muros! Não nos devemos comportar como ‘dispensadores da Graça’ que se apropriam do tesouro, amarrando as mãos do Deus misericordioso”, referiu o Santo Padre.
O Papa deixou mesmo uma indicação literária com a sugestão de um poema da escritora francesa Madeleine Delbrêl, “a mística das periferias”, sublinhando uma ideia: “acima de tudo, não sejas rígido”.
O Papa assinalou que a rigidez é um pecado que tantas vezes também afeta “os clérigos, os consagrados e as consagradas”. Uma chamada de atenção do Santo Padre para que o Documento Final desta assembleia sinodal seja acolhido com abertura.
Não há exortação apostólica. Documento Final é guia
Francisco anunciou a sua intenção de não publicar uma exortação apostólica, algo que acontece pela primeira vez, mas que está previsto na constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ sobre o Sínodo dos Bispos, publicada em 2018 pelo Papa Francisco.
“Por isso, não tenho intenção de publicar uma ‘exortação apostólica’. É suficiente aquilo que aprovámos. No Documento há já indicações muito concretas que podem servir de guia para a missão das igrejas, nos diversos continentes, nos diversos contextos: por isso, coloco-o imediatamente à disposição de todos. Por isto, disse que seja publicado. Quero, deste modo, reconhecer o valor do caminho sinodal realizado, que através deste Documento entrego ao santo povo fiel de Deus”, declarou Francisco.
O Papa confirmou até junho de 2025 o trabalho dos 10 grupos de estudo sobre alguns temas que necessitam de um especial aprofundamento, tais como as questões ligadas à pobreza, a participação das mulheres na Igreja, a formação dos sacerdotes ou o ministério dos bispos.
Palavras e atos na receção do Documento nas dioceses
Entretanto, Francisco alertou os participantes no Sínodo para a necessidade de tornar acessível os conteúdos do Documento Final, em especial com o “testemunho da experiência vivida”. “A igreja sinodal para a missão precisa, agora, que as palavras partilhadas sejam acompanhadas de atos”, assinalou o Papa.
Abre-se, assim, um tempo novo no qual, tal como disse o Papa, as palavras partilhadas devem ser acompanhadas por ações. Ou seja, a receção das conclusões nas dioceses, que é a terceira fase do Sínodo, não deverá ficar apenas pela leitura e reflexão do Documento Final, mas será necessária uma reforçada criatividade na difusão da informação produzida nesta sessão sinodal.
Destaque especial para o método sinodal da “Conversação no Espírito” que no número 45 do Documento Final ficamos a saber que “a sua prática tem suscitado alegria, espanto e gratidão e tem sido experimentada como um caminho de renovação que transforma as pessoas, os grupos e a Igreja”, pode-se ler no Documento.
Fase decisiva pede gestos e atitudes sinodais
E segundo o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa a fase decisiva do Sínodo começou agora. D. José Ornelas disse à Agência Ecclesia que esta nova fase é como “um sopro novo”.
“O Sínodo não terminou hoje, a fase decisiva do Sínodo começa hoje e é importante que cada Igreja, que cada família, que cada instituição da Igreja possa deixar-se permear por este sopro novo que sai do Sínodo”, disse D. José Ornelas.
O bispo de Leiria-Fátima, assinalou que este “é um documento, sobretudo, de propostas de trabalho, de conversão”. Sublinhou que com o texto agora publicado é preciso transformar as palavras “em gestos e em atitudes, e isto é uma conversão que é preciso que a Igreja faça”, declarou D. José Ornelas.
Uma conversão que deverá passar pelas paróquias, dioceses e movimentos tal como referia, recentemente, no Vatican News, o jornalista e investigador em Ciência das Religiões, Joaquim Franco, afirmando que a dinâmica sinodal “deve ser exemplar em todas as estruturas da Igreja”.
“A dinâmica que este Sínodo imprime deve ser exemplar em todas as estruturas da Igreja; dioceses, paróquias e movimentos. Criando espaços que soltam a pausa do Espírito, espaços para a calma das palavras construtivas, mas também, repito e ouso dizê-lo, em todas as estruturas não religiosas, sociais, comunitárias ou até políticas, chamando todos e todas ao princípio da corresponsabilidade na diferença, à escuta que leva ao encontro”, assinalou Joaquim Franco.
Mais do que palavras, após a XVI Assembleia Ordinária do Sínodo dos bispos, são necessários gestos, atitudes e decisões sinodais.
Laudetur Iesus Christus
(vaticannews)
Ideias para celebrar a festa de todos os santos com as crianças
Por Redação central
27 de out de 2024 às 05:00
Fantasias, doces, flores e até as polêmicas abóboras também podem ser úteis para celebrar a Festa de Todos os Santos com as crianças. A seguir, apresentamos algumas propostas.
Em algumas paróquias e comunidades católicas, tornou-se costume fantasiar as crianças de um santo favorito e se reunir em um local para compartilhar atividades infantis. Não é preciso um grande investimento, mas com a ajuda de alguns tecidos ou objetos domésticos, uma boa caracterização pode ser alcançada.
Por exemplo, se a ideia é se vestir como santa Catarina de Sena, pode-se usar um longo vestido branco com um tecido preto para a cabeça em forma de “véu” (usado pelas religiosas), sustentado por uma coroa de ramos secos. Enquanto na mão, pode segurar uma cruz com lírios.
Caso queira dar um toque mais doce, pode mudar o vestido por um de cor creme e a coroa por uma de rosas e, assim, torna-se santa Rosa de Lima.
No caso dos meninos, uma grande manta ou lençol branco que envolva o corpo e uma imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, na parte da frente, daria a impressão de ter na família um são Juan Diego com o manto da Virgem.
Também poderia representar são Domingos Sávio, padroeiro dos coros de crianças, com calça marrom, jaqueta verde, camisa branca e uma gravata borboleta. E se o que se busca é caracterizar um santo fundador, então, uma túnica preta ou marrom representaria santo Inácio de Loyola ou são Francisco de Assis, respectivamente.
Nas atividades infantis, é possível usar recipientes com doces e colar neles a imagem dos santos que sejam mais conhecidos.
Por exemplo, para aprofundar sobre a vida de são João Paulo II, são feitas perguntas da vida do papa polonês e quem responder corretamente pegará um doce do recipiente que tem a imagem do “papa peregrino”. Os doces também podem ser envolvidos com algumas de suas frases mais famosas.
Quem vive em regiões de época de abóboras, como Estados Unidos, a ideia é usá-las para desenhar nelas uma estrela, uma cruz; para os mais criativos, o rosto da Virgem Maria ou de Cristo. Assim, evita-se as imagens terríveis e lhe dá um sentido mais cristão.
ANGELUS (Texto)
PAPA FRANCISCO
ANGELUS
Praça São Pedro
Domingo, 27 de outubro de 2024
Amados irmãos e irmãs, bom domingo!
Hoje o Evangelho da liturgia (Mc 10, 46-52) fala-nos de Jesus que cura um homem cego. O seu nome é Bartimeu, mas a multidão na rua ignora-o: é um pobre mendigo. Aquelas pessoas não têm olhos para este cego; abandonam-no, ignoram-no. Nenhum olhar de cuidado, nenhum sentimento de compaixão. Também Bartimeu não vê, mas ouve e faz-se ouvir. Grita, grita muito alto: «Filho de David, tem piedade de mim!» (v. 48). Jesus, porém, ouve-o e vê-o. Põe-se à sua disposição e pergunta-lhe: «Que queres que eu faça por ti?» (v. 51).
“Que queres que eu faça por ti?”. Esta pergunta, diante de um cego, parece uma provocação, mas é um teste. Jesus pergunta a Bartimeu quem procura ele realmente, e por que razão. Quem é para ti o “Filho de David”? E é assim que o Senhor começa a abrir os olhos do cego. Consideremos três aspetos deste encontro, que se torna um diálogo: o grito, a fé, o caminho.
Antes de mais, o grito de Bartimeu, que não é apenas um pedido de ajuda. É uma afirmação de si próprio. O cego está a dizer: “Eu existo, olha para mim. Não posso ver, Jesus. Tu vês-me?” Sim, Jesus vê o mendigo e ouve-o, com os ouvidos do corpo e com os do coração. Pensemos em nós, quando passamos por um mendigo na rua: quantas vezes desviamos o olhar, quantas vezes o ignoramos, como se ele não existisse. E nós ouvimos o grito dos mendigos?
Segundo ponto: a fé. O que diz Jesus? «Vai, a tua fé te salvou» (v. 52). Bartimeu vê porque acredita; Cristo é a luz dos seus olhos. O Senhor observa como Bartimeu olha para ele. Como olho eu para um mendigo? Ignoro-o? Olho para ele como Jesus? Sou capaz de compreender as suas perguntas, o seu pedido de ajuda? Quando dás esmola, olhas para os olhos do mendigo? Tocas-lhe na mão para sentir a sua carne?
Por fim, o caminho: Bartimeu, curado, «seguia Jesus ao longo do caminho» (v. 52). Mas cada um de nós é Bartimeu, cego por dentro, que segue Jesus depois de se ter aproximado dele. Quando te aproximas de um pobre e te fazes próximo, é Jesus que se aproxima de ti na pessoa desse pobre. Por favor, que não haja confusão: a esmola não é caridade. Quem recebe mais graça da esmola é aquele que a dá, pois faz-se olhar pelos olhos do Senhor.
Rezemos juntos a Maria, aurora da salvação, para que ela guarde o nosso caminho na luz de Cristo.
________________________
Depos do Angelus
Queridos irmãos e irmãs!
Hoje concluímos o Sínodo dos Bispos. Rezemos para que tudo o que fizemos durante este mês se realize para o bem da Igreja.
O dia 22 de outubro marcou o cinquentenário da criação, por São Paulo VI, da Comissão para as Relações Religiosas com o Judaísmo, e amanhã será o sexagésimo aniversário da Declaração Nostra aetate do Concílio Ecuménico Vaticano II. Especialmente nestes tempos de grande sofrimento e tensões, encorajo todos aqueles que estão empenhados no diálogo e na paz a nível local.
Amanhã, 75 anos após as Convenções de Genebra, terá início uma importante Conferência Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho em Genebra. Que este acontecimento desperte as consciências para que, durante os conflitos armados, a vida e a dignidade das pessoas e dos povos, bem como a integridade das estruturas civis e dos locais de culto, sejam respeitadas, em conformidade com o direito humanitário internacional. É triste ver como na guerra nalgumas partes são destruídos hospitais e escolas.
Associo-me à querida Igreja de San Cristóbal de las Casas, no Estado mexicano de Chiapas, que chora o sacerdote Marcelo Pérez Pérez, assassinado no passado domingo. Um zeloso servidor do Evangelho e do povo fiel de Deus. Que o seu sacrifício, como o de outros sacerdotes mortos por fidelidade ao ministério, seja uma semente de paz e de vida cristã.
Estou próximo do povo das Filipinas, atingido por um forte ciclone. Que o Senhor sustente este povo tão cheio de fé.
Saúdo-vos, romanos e peregrinos. Saúdo de modo particular a Irmandade do Señor de los dos Milagros, dos peruanos de Roma, a quem agradeço pelo seu testemunho e encorajo a prosseguir o seu caminho de fé.
Saúdo o grupo de idosos de Loiri Porto San Paolo, os crismandos de Assemini (Cagliari), os “Peregrinos da Saúde” de Piacenza, os Oblatos Seculares Cistercienses do Santuário de Cotrino e a Confederação dos Pobres Cavaleiros de São Bernardo de Claraval.
E, por favor, continuemos a rezar pela paz, especialmente na Ucrânia, na Palestina, em Israel, no Líbano, pelo fim da escalada e para que o respeito da vida humana, que é sagrada, esteja em primeiro lugar! As primeiras vítimas são a população civil: vemo-lo todos os dias. Demasiadas vítimas inocentes! Vemos todos os dias imagens de crianças massacradas. Demasiadas crianças! Rezemos pela paz.
Desejo a todos bom domingo. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à próxima!
Copyright © Dicastero per la Comunicazione - Libreria Editrice Vaticana
Hoje é celebrado são Judas Tadeu, padroeiro das causas impossíveis
Por Redação central
28 de out de 2024 às 00:01
A Igreja celebra hoje (28), a festa de são Judas Tadeu, apóstolo e mártir, conhecido como padroeiro das causas impossíveis e é um dos santos mais populares no Brasil.
São Judas Tadeu é um dos doze apóstolos e não se trata de Judas Iscariotes. Ele era primo de Jesus e irmão de Tiago Menor. Foi ele quem, na Última Ceia, perguntou a Jesus: “Senhor, como é possível que tenhas de te manifestar a nós e não ao mundo?” (Jo 14,22).
É autor de uma epístola que leva o seu nome, na qual ataca os agnósticos e diz que os que têm fé, mas não fazem obras boas, são como nuvens que não têm água, árvores sem fruto e ondas só de espumas, e que os que se dedicam aos pecados de impureza e a fazer atos contrários à natureza sofrerão a pena de um fogo eterno.
Sua festa é celebrada juntamente com a de São Simão, com quem pregou na Pérsia. Ambos foram martirizados.
Santa Brígida conta em suas Revelações que Nosso Senhor lhe recomendou que quando desejasse conseguir certos favores os pedisse por meio de São Judas Tadeu.
São Judas Tadeu é representado com uma imagem de Cristo no peito, por causa do seu parentesco com o Senhor, de quem a tradição conta que era muito parecido. Também é representado segurando um machado, uma clava, uma espada ou uma alabarda, por sua morte ter ocorrido por uma dessas armas.
São Judas Tadeu é um santo muito popular no Brasil e, no Rio de Janeiro, por exemplo, a devoção ao santo tem um fator extra – que também já se espalhou pelo Brasil –, pois São Judas é considerado o padroeiro do Flamengo, um dos times do futebol carioca com mais torcedores no país.
Segundo relato do site oficial do Flamengo, a devoção ao santo das causas impossíveis começou na década de 1950, quando o time estava há muitos anos sem ganhar uma competição. O santo foi apontado como responsável pelo tricampeonato estadual de 1953, 1954 e 1955, após o pároco da Igreja de São Judas Tadeu, do Cosme Velho, ir até a Gávea, local da sede do clube, e rezar uma Missa, pedir fé aos jogadores e aconselhar que fossem até a Igreja e acendessem uma vela ao santo. Nos três anos, o padre disse que o time levaria o troféu e o fato se concretizou.
“Em troca da ‘profecia concretizada’ do pároco, são Judas Tadeu, o santo das causas impossíveis, ganhou a devoção da Nação Rubro-Negra e virou um dos santos mais populares do Rio de Janeiro”, afirma o site.
Neste dia dedicado ao santo mártir, trazemos a oração de são Judas Tadeu para recordá-lo:
São Judas Tadeu, apóstolo escolhido por Cristo, eu vos saúdo e louvo pela fidelidade e amor com que cumpristes vossa missão. Chamado e enviado por Jesus, sois uma das doze colunas que sustentam a verdadeira Igreja, fundada por Cristo. Inúmeras pessoas, imitando vosso exemplo e auxiliadas por vossa oração, encontram o caminho para o Pai, abrem o coração aos irmãos e descobrem forças para vencer o pecado e superar todo o mal. Quero imitar-vos, comprometendo-me com Cristo e com sua Igreja, por uma decidida conversão a Deus e ao próximo, especialmente o mais pobre. E, assim convertido, assumirei a missão de viver e anunciar o Evangelho, como membro ativo de minha comunidade. Espero, então, alcançar de Deus a graça que imploro confiando na vossa poderosa intercessão. (Faça o pedido da graça a ser alcançada…).
São Judas Tadeu, rogai por nós!
Amém!
domingo, 27 de outubro de 2024
Hoje é dia de santo Odrano, abade e fundador irlandês, apóstolo da Escócia
Por Redação central
27 de out de 2024 às 00:01
Hoje (27) é a festa de santo Odrano (Odran ou Odhran), que foi chamado de "nobre e sem mancha". Odrano viveu entre os séculos V e VI e talvez seja o mais famoso abade do mosteiro de Meath, Irlanda.
A evangelização da Escócia e a morte de Odrano
Santo Odrano viveu por mais de 40 anos em Silvermines, no condado de Tipperary, Irlanda, e é considerado o responsável pela construção da igreja local em 520. Segundo a tradição irlandesa, Odrano foi abade do mosteiro de Meath e fundou o mosteiro de Lattreagh.
Em 563, Odrano fez parte do grupo que partiu para a ilha escocesa de Iona (Ilhas Hébridas Interiores, arquipélago da Escócia), onde acabou morrendo. Odrano e seus companheiros partiram de Loch Foyle, Irlanda, para Iona ao lado de são Columba (521-597), santo padroeiro dos escoceses. Iona é uma pequena ilha no oeste da Escócia, onde foi construído um mosteiro e de onde começou a evangelização do povo escocês.
Uma antiga tradição irlandesa diz que, logo após desembarcar em Iona, Odrano sentiu que seu fim estava próximo e disse: "Serei o primeiro cristão a morrer nesta região". Ao que são Columba respondeu: "Eu lhe asseguro que você irá para o Reino dos Céus e prometo que ninguém obterá uma graça em meu túmulo sem tê-la pedido a você também". Como Columba não queria ver seu amigo morrer, ele lhe deu sua bênção e eles seguiram caminhos diferentes.
Um combate nas alturas
Columba estava na metade de seu caminho quando ergueu os olhos para o céu. De repente, ele ficou paralisado, como se estivesse em um profundo êxtase. Seus companheiros perguntaram o que ele estava vendo e Columba respondeu, para surpresa de todos, que estava vendo a batalha travada nas alturas entre os espíritos bons e os maus. Em seguida, disse que também tinha visto como os anjos estavam levando triunfantes a alma de santo Odrano para o céu.
A companhia aérea de bandeira da Irlanda, Aer Lingus, batizou um de seus aviões de passageiros, um Boeing 757, de "St. Otteran-Odhrán". ‘Otteranus é ‘Odrano’ em latim, provavelmente em alusão à lenda do santo voando pelos ares acompanhado por anjos.
Escócia e Irlanda unidas
Santo Odrano foi o primeiro dos monges irlandeses a morrer e ser enterrado em Iona, na Escócia. Sua morte foi registrada em 548. Seu local de sepultamento, que fica no único cemitério da ilha, é chamado de "Reilig Orain" em sua homenagem. Um relato antigo diz que seu túmulo está localizado na base da capela do local.
O santo fundou o mosteiro de Latteragh no condado de Tipperary, que mais tarde foi renomeado Leitrioch Odrain. Embora pouco se saiba sobre os detalhes de sua vida, ele é celebrado como um bispo santo em toda a Irlanda.
sexta-feira, 25 de outubro de 2024
Papa: os cristãos devem ousar para derrotar o vírus social da indiferença
Vatican News
O Papa deixou o Vaticano no final da tarde desta sexta-feira para participar, na Basílica de São João de Latrão, da Assembleia da Diocese de Roma.
O encontro encerra o percurso intitulado “(Des)Igualdade”, iniciado em fevereiro deste ano para recordar os 50 anos do “Congresso sobre os males de Roma”, como ficou conhecido, que reuniu os cristãos para debater as injustiças sociais da capital.
Naquela ocasião, recordou o Pontífice, a Igreja romana se colocou à escuta dos muitos sofrimentos que a marcavam, convidando seus membros a refletirem sobre a responsabilidade dos cristãos.
Mas infelizmente, comentou o Papa, ainda hoje existem muitas desigualdades e pobrezas que atingem os moradores da cidade. As pessoas que vivem nas ruas, jovens adultos que não encontram emprego ou casa, doentes e idosos sem acesso à saúde, adolescentes que caem das drogas e em outros vícios modernos interpelam os cristão
O Papa questiona: “Vemos na história ferida desses pessoas o rosto de Cristo sofredor? Somos capazes de ver isso? Que podemos fazer? Fazer uma festa para arrecadar fundos para os pobres? A hipocrisia é grande. É grande". "Muitas vezes os cristãos dizem belas palavras, mas depois com os gestos não as tornam críveis", denunicou.
Para Francisco, a questão da pobreza deve ser vivida como uma urgência eclesial: “E por favor, não digamos que os cristãos, as Freitas, os padres que trabalham com os pobres são comunistas. Por favor, vamos parar com isso. Isso ainda é dito.” Como exemplo, o Papa citou o desperdício de alimentos nos restaurantes, mesmo a poucos metros do Vaticano, e as pessoas que depois vão recolher esse descarte. “Como podemos aceitar isso?”, questiona. Uma cidade que assiste inerme a essas contradições é uma cidade dilacerada. Um cristão que não se faz próximo, não é compassivo e não é terno, não é cristão, acrescentou o Papa citando as três atitudes de Deus.
O Pontífice pede que os cristãos arrisquem novos caminhos, vencendo o vírus da indiferença, promovendo a Doutrina Social da Igreja. E já seria um bom início se, ao saírem da Basílica, assumissem um compromisso concreto para superar as desigualdades.
Francisco concluiu falando da esperança, tema do iminente Jubileu: “Dirijo a todos vocês um forte apelo a realizar obras concretas de esperança. Sonhar a esperança e construir a esperança através do nosso compromisso, que é um compromisso responsável e solidário. Ousem! Não tenham medo de sonhar!”.
“Amou-nos”, a Encíclica do Papa sobre o Sagrado Coração de Jesus
Alessandro Di Bussolo – Vatican News
“'Amou-nos', diz São Paulo referindo-se a Cristo (Rm 8,37), para nos ajudar descobrir que nada ‘será capaz de separar-nos' desse amor (Rm 8,39)”. Assim começa a quarta Encíclica do Papa Francisco, intitulada a partir do incipit “Dilexit nos” e dedicada ao amor humano e divino do Coração de Jesus: “O seu coração aberto precede-nos e espera-nos incondicionalmente, sem exigir qualquer pré-requisito para nos amar e oferecer a sua amizade: Ele amou-nos primeiro (cf. 1 Jo 4, 10). Graças a Jesus, ‘conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele’ (1 Jo 4, 16)” (1).
O amor de Cristo representado em seu santo Coração
Em uma sociedade - escreve o Papa - que vê a multiplicação de “várias formas de religiosidade sem referência a uma relação pessoal com um Deus de amor” (87), enquanto o cristianismo muitas vezes esquece “a ternura da fé, a alegria do serviço, o fervor da missão pessoa-a-pessoa” (88), o Papa Francisco propõe um novo aprofundamento sobre o amor de Cristo representado em seu santo Coração e nos convida a renovar nossa autêntica devoção, lembrando que no Coração de Cristo “encontramos todo o Evangelho” (89): É em seu Coração que “finalmente nos reconhecemos e aprendemos a amar” (30).
O mundo parece ter perdido seu coração
A importância de voltar ao coração
Aberta por uma breve introdução e dividida em cinco capítulos, a Encíclica sobre o culto ao Sagrado Coração de Jesus reúne, como anunciado em junho, “as preciosas reflexões de textos magisteriais precedentes e de uma longa história que remonta às Sagradas Escrituras, para repropor hoje, a toda a Igreja, esse culto carregado de beleza espiritual”.
O primeiro capítulo, “A importância do coração”, explica por que é necessário “voltar ao coração” em um mundo no qual somos tentados a “nos tornarmos consumistas insaciáveis e escravos na engrenagem de um mercado” (2). E faz isso analisando o que queremos dizer com “coração”: a Bíblia fala dele como um núcleo “que se esconde por detrás de todas as aparências” (4), um lugar onde “não conta o que mostramos exteriormente ou o que ocultamos, ali conta o que somos” (6). Ao coração conduzem as perguntas decisivas: que sentido quero dar à vida, às minhas escolhas e ações, quem sou diante de Deus (8). O Papa ressalta que a atual desvalorização do coração nasce do “racionalismo grego e pré-cristão, do idealismo pós-cristão e do materialismo”, de modo que, no grande pensamento filosófico, foram preferidos conceitos como “razão, vontade ou liberdade”. E não encontrando lugar para o coração, também “não se desenvolveu suficientemente a ideia de um centro pessoal” que pode unificar tudo, ou seja, o amor, (10). Ao invés, para o Pontífice, é preciso reconhecer que “eu sou o meu coração, porque é ele que me distingue, que me molda na minha identidade espiritual e que me põe em comunhão com as outras pessoas” (14).
O mundo pode mudar a partir do coração
“Gestos e palavras de amor”
O segundo capítulo é dedicado aos gestos e palavras de amor de Cristo. Os gestos com os quais nos trata como amigos e mostra que Deus “é proximidade, compaixão e ternura” são vistos em seus encontros com a Samaritana, com Nicodemos, com a prostituta, com a mulher adúltera e com o cego no caminho (35). Seu olhar, que “perscruta as profundezas do seu ser” (39), mostra que Jesus “está atento às pessoas, às suas preocupações, ao seu sofrimento” (40). De tal forma “que admira as coisas boas que encontra em nós”, como no centurião, mesmo que os outros as ignorem (41). Sua palavra de amor mais eloquente é ser “pregado numa cruz” (46), depois de chorar por seu amigo Lázaro e sofrer no Jardim das Oliveiras, ciente de sua própria morte violenta “nas mãos daqueles que tanto amava” (45).
O mistério de um coração que amou tanto
No terceiro capítulo, “Este é o coração que tanto amou”, o Pontífice recorda como a Igreja reflete e refletiu no passado “sobre o santo mistério do Coração do Senhor”. Ele faz isso fazendo referência à Encíclica Haurietis aquas, de Pio XII, sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus (1956). Ele deixa claro que “a devoção ao Coração de Cristo não é o culto a um órgão separado da Pessoa de Jesus”, porque adoramos a “Jesus Cristo por inteiro, o Filho de Deus feito homem, representado numa imagem sua em que se destaca o seu coração” (48). A imagem do coração de carne, ressalta o Papa, nos ajuda a contemplar, na devoção, que “o amor do coração de Jesus não compreende somente a caridade divina, mas se estende aos sentimentos do afeto humano” (61). Seu Coração, prossegue Francisco citando Bento XVI, contém um “tríplice amor”: o amor sensível do seu coração físico “e o seu duplo amor espiritual, o humano e o divino” (66), no qual encontramos “o infinito no finito” (64).
O Sagrado Coração de Jesus é um compêndio do Evangelho
As visões de alguns santos, particularmente devotos do Coração de Cristo, ressalta Francisco, “são belos estímulos que podem motivar e fazer muito bem”, mas “não são algo em que os crentes sejam obrigados a acreditar como se fossem a Palavra de Deus”. Em seguida, o Papa lembra com Pio XII que não se pode dizer que este culto “deve a sua origem a revelações privadas”. Aliás, “a devoção ao Coração de Cristo é essencial para a nossa vida cristã, na medida em que significa a nossa abertura, cheia de fé e de adoração, ao mistério do amor divino e humano do Senhor, até ao ponto de podermos voltar a afirmar que o Sagrado Coração é um compêndio do Evangelho” (83). O Pontífice nos convida, então, a renovar a devoção ao Coração de Cristo também para combater as “novas manifestações de uma ‘espiritualidade sem carne’” que estão se multiplicando na sociedade (87). É necessário retornar à “síntese encarnada do Evangelho” (90) diante de “comunidades e pastores concentrados apenas em atividades exteriores, em reformas estruturais desprovidas de Evangelho, em organizações obsessivas, em projetos mundanos, em reflexões secularizadas, em várias propostas apresentadas como requisitos que, por vezes, se pretendem impor a todos” (88).
A experiência de um amor “que dá de beber”
Nos dois últimos capítulos, o Papa Francisco destaca os dois aspectos que “a devoção ao Sagrado Coração deve reunir hoje para continuar a alimentar-nos e a aproximar-nos do Evangelho: a experiência espiritual pessoal e o compromisso comunitário e missionário” (91). No quarto, “O amor que dá de beber”, relê as Sagradas Escrituras e, com os primeiros cristãos, reconhece Cristo e seu lado aberto em “aquele a quem trespassaram”, a quem Deus se refere na profecia do livro de Zacarias. Uma fonte aberta para o povo, para saciar a sede do amor de Deus, “para a purificação do pecado e da impureza” (95). Vários Padres da Igreja mencionaram “a chaga no lado de Jesus como a origem da água do Espírito”, sobretudo Santo Agostinho, que “abriu o caminho para a devoção ao Sagrado Coração como lugar de encontro pessoal com o Senhor” (103). Esse lado trespassado, recorda o Papa, “assumiu gradualmente a forma do coração” (109), e enumera várias santas mulheres que “relataram experiências de encontro com Cristo, caracterizado pelo repouso no Coração do Senhor” (110). Entre os devotos dos tempos modernos, a Encíclica fala, em primeiro lugar, de São Francisco de Sales, que representa a sua proposta de vida espiritual com um “coração trespassado por duas flechas, encerrado numa coroa de espinhos” (118)
As aparições a Santa Margarida Maria Alacoque
Sob a influência dessa espiritualidade, Santa Margarida Maria Alacoque relata as aparições de Jesus em Paray-le-Monial, entre o fim de dezembro de 1673 e junho de 1675. O núcleo da mensagem que nos é transmitida pode ser resumido nas palavras que Santa Margarida ouviu: “Eis aqui este Coração que tanto tem amado os homens, que a nada se tem poupado até se esgotar e consumir para lhes testemunhar o seu amor” (121).
Teresa de Lisieux, Inácio de Loyola e Faustina Kowalska
De Santa Teresa de Lisieux, o documento recorda o fato de chamar Jesus de “Aquele cujo coração batia em uníssono com o meu” (134) e suas cartas à Irmã Maria, que ajudam a não concentrar a devoção ao Sagrado Coração “no âmbito da dor”, como o daqueles que entendiam a reparação como uma espécie de “primado dos sacrifícios”, mas na confiança “como a melhor oferta, agradável ao Coração de Cristo” (138). O Pontífice jesuíta também dedica algumas passagens da Encíclica ao lugar do Sagrado Coração na história da Companhia de Jesus, enfatizando que, em seus Exercícios Espirituais, Santo Inácio de Loyola propõe ao exercitante “entrar no Coração de Cristo” em um diálogo de coração para coração. Em dezembro de 1871, o Padre Beckx consagrou a Companhia ao Sagrado Coração de Jesus e o Padre Arrupe voltou a fazê-lo em 1972 (146). As experiências de Santa Faustina Kowalska, recorda-se, repropõem a devoção “colocando uma forte ênfase na vida gloriosa do Ressuscitado e na misericórdia divina” e, motivado por elas, São João Paulo II também “relacionou intimamente a sua reflexão sobre a misericórdia com a devoção ao Coração de Cristo” (149). Falando da “devoção da consolação”, a Encíclica explica que, diante dos sinais da Paixão conservados pelo coração do Ressuscitado, é inevitável “que o fiel queira responder” também “à dor que Cristo aceitou suportar por causa de tanto amor” (151). E pede “que ninguém ridicularize as expressões de fervor devoto do santo povo fiel de Deus, que na sua piedade popular procura consolar Cristo” (160). Pois que, então, “desejando consolá-lo, saímos consolados” e assim “também nós possamos consolar aqueles que estão em qualquer tribulação” (162).
A devoção ao Coração de Cristo nos envia aos irmãos
O quinto e último capítulo, “Amor por amor”, aprofunda a dimensão comunitária, social e missionária de toda autêntica devoção ao Coração de Cristo, que, ao mesmo tempo que “nos conduz ao Pai, envia-nos aos irmãos” (163). De fato, o amor aos irmãos é o “maior gesto que possamos oferecer-lhe para retribuir amor por amor” (167). Olhando para a história da espiritualidade, o Pontífice recorda que o empenho missionário de São Charles de Foucauld fez dele um “irmão universal”: “deixando-se plasmar pelo Coração de Cristo, quis abraçar no seu coração fraterno toda a humanidade sofredora” (179). Francisco fala então de “reparação”, como explicava São João Paulo II: “entregando-nos em conjunto ao Coração de Cristo, ‘sobre as ruínas acumuladas pelo ódio e pela violência, poderá ser construída a civilização do amor tão desejada, o Reino do Coração de Cristo’” (182).
A missão de fazer o mundo se apaixonar
A Encíclica recorda novamente com São João Paulo II que “a consagração ao Coração de Cristo ‘deve ser aproximada à ação missionária da própria Igreja, porque responde ao desejo do Coração de Jesus de propagar no mundo, através dos membros do seu Corpo, a sua total dedicação ao Reino’. Por conseguinte, através dos cristãos, ‘o amor difundir-se-á no coração dos homens, para que se construa o Corpo de Cristo que é a Igreja e se edifique uma sociedade de justiça, de paz e de fraternidade’” (206). Para evitar o grande risco, sublinhado por São Paulo VI, de que na missão “se digam e façam muitas coisas, mas não se consiga promover o encontro feliz com o amor de Cristo” (208), precisamos de “missionários apaixonados, que se deixem cativar por Cristo” (209).
A oração de Francisco
O texto se conclui com a seguinte oração de Francisco: “Peço ao Senhor Jesus Cristo que, para todos nós, do seu Coração santo brotem rios de água viva para curar as feridas que nos infligimos, para reforçar a nossa capacidade de amar e servir, para nos impulsionar a fim de aprendermos a caminhar juntos em direção a um mundo justo, solidário e fraterno. Isto até que, com alegria, celebremos unidos o banquete do Reino celeste. Aí estará Cristo ressuscitado, harmonizando todas as nossas diferenças com a luz que brota incessantemente do seu Coração aberto. Bendito seja!” (220).