sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Despojada



Coimbra, menina e moça... Foi para aqui que eu vim na década de 60, para estudar. Nesta cidade tirei o meu curso, namorei pela primeira vez, casei; ajudei a "construir" a nossa casa - começamos por comprar o fogão, as panelas, máquina, o sofá para as visitas... tudo faseado "a pouco e pouco" -, encontrei o primeiro emprego, tivemos o "nosso" filho... Foi uma vida familiar e profissional muito boa e tranquila.

De facto, as coisas materiais são passageiras, vulneráveis, envelhecem, estragam-se e desfazem-se em pó, tal como eu. Passaram- se décadas! E esta Coimbra que foi e será a minha terra de eleição, vai ficar cada vez mais longe do meu horizonte terreno.

Toda a " construção" de que falei ruiu! As minhas " coisas" desapareceram como por magia. Fiquei com a formação académica , com o filho , alguns amigos e montanhas de recordações, só que estas, não as quero, porque me amarram ao passado e angustiam e não me deixam caminhar para diante.

Provavelmente me sentirei, daqui a uns dias, mais leve, menos "gorda" e muito livre! A Bíblia diz que quem vai, apenas leve sapato e roupa a cobrir o corpo; deixe o dinheiro e a mala... De toda a minha vida coimbrã, ainda levo essa mala de viagem...

Mais uma etapa da minha vida. O despojamento - que não é mérito meu porque foi obrigatório - faz sofrer! mas tive que passar por ele e terei de passar por muitos mais que esperam  a sua vez. Mas é este o caminho e é por ele que quero ir.

Rezem por mim para me ser mais fácil da vez seguinte! Peçam para mim, alegria no sofrimento.


PASSA UM BOM DIA


(31.01.2014)
    

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