quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Santa nostalgia



 ​Nos passos dos magos à procura de Deus 


Foi «a santa nostalgia de Deus» que levou os magos a ir à procura de Jesus. A mesma nostalgia que ainda hoje impele o coração do cristão a não se deixar «anestesiar» mas a abrir-se à «novidade» que entra na história humana. «Os magos dão-nos o retrato da pessoa crente, da pessoa que tem nostalgia de Deus; o retrato de quem sente a falta da sua casa: a pátria celeste», explicou o Papa na homilia da missa para a Epifania, celebrada na manhã de 6 de janeiro na basílica vaticana, frisando que os três sábios do Oriente «mantinham o coração fixo no horizonte, podendo assim ver aquilo que lhes mostrava o céu, porque neles havia um desejo: estavam abertos a uma novidade».
Também o cristão animado pela «nostalgia de Deus» tem «olhos abertos contra todas as tentativas de restringir e empobrecer a vida», «revoltando-se a tantos profetas de desventura», que procuram tirar-lhes a esperança. Esta nostalgia, realçou, «tira-nos dos nossos recintos deterministas, que nos induzem a pensar que nada pode mudar», e «rompe com inertes conformismos», impelindo «a comprometer-nos na mudança à qual anelamos e da qual precisamos». Eis por que motivo «o crente “nostálgico” — disse Francisco com um eloquente neologismo — vai à procura de Deus, como os Magos, nos lugares mais recônditos da história».
A atitude oposta é a de Herodes, que ao contrário reage à boa notícia entrincheirando-se no medo: «É aquela perturbação que leva a pessoa, à vista da novidade que revoluciona a história, a fechar-se em si mesma, nos seus resultados, nos seus conhecimentos, nos seus sucessos». Um desconcerto que brota no coração de quem sente medo «diante daquilo que nos interpela, pondo em risco as nossas seguranças e verdades».
Os magos, ao contrário, «sentiram nostalgia»: eles «não queriam mais as coisas usuais. Estavam habituados, dominados e cansados dos Herodes do seu tempo». Em Belém «havia uma promessa de novidade, uma promessa de gratuidade». Assim «puderam adorar, porque tiveram a coragem de caminhar e, prostrando-se diante do pequenino, prostrando-se diante do pobre, prostrando-se diante do inerme, prostrando-se diante do insólito e desconhecido Menino de Belém, lá descobriram a Glória de Deus». Uma atitude que o Pontífice evocou também no Angelus, falando das numerosas e enganadoras «luzes» que hoje orientam o caminho do homem e recordando que a luz dos magos é «uma luz estável, uma luz suave, que não esvaece, porque não é deste mundo: provém do céu e resplandece no coração!». Enfim, Francisco felicitou as comunidades do Oriente que, seguindo o Calendário juliano, celebram o Natal a 7 de janeiro. Bons votos que repetiu num tweet: «Recordamos os irmãos e irmãs do Oriente cristão, católicos e ortodoxos, que hoje celebram o Santo Natal».


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