Crónica
Dubai (RV*) - Com alegria e
sentimentos de fraternidade envio-lhes uma saudação das escaldantes areias das
Arábias.
Tanto a Bíblia como o Alcorão
foram escritos por orientais que integraram neles o modo de viver e os costumes
do Oriente Médio, diferentes das culturas ocidentais. Os personagens que
aparecem nos escritos sagrados do Cristianismo e Islã têm em comum o uso de
sandálias; consistiam num pedaço de couro do tamanho do pé com tiras de couro
que passavam entre o dedo grande e o segundo dedo, amarradas no tornozelo.
Dessa maneira, os pés eram mantidos livres e arejados, mas não os protegia da
poeira e da sujeira.
Entre os povos das Arábias, ser
hospitaleiro era uma honra. Por isso, beduínos e aldeões esmeravam-se na
acolhida dos visitantes. Estes, ao chegar, tinham o cuidado de deixar as
sandálias fora da casa, como forma preventiva de doenças provindas das
estradas.
Os anfitriões, além de disponibilizar água,
convocavam um escravo para lavar os pés do visitante. De fato, este era
considerado trabalho inferior e humilhante, trabalho para escravo.
Cristo, Filho de Deus, inverteu
o espírito de lavar os pés. Foi Ele quem fez o trabalho do escravo. Depois de
lavar os pés dos discípulos, perguntou: “Vocês compreenderam o que acabei de
fazer? Vocês dizem que eu sou o Mestre e o Senhor. E vocês têm razão; eu sou
mesmo. Pois bem: eu, que sou o Mestre e o Senhor lavei os seus pés; por isso
vocês devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei um exemplo: vocês devem
fazer a mesma coisa que eu fiz”. (13.12-15).
As sandálias em contato com o
solo arenoso expressavam pecado. Por isso, ao entrar em lugar sagrado,
elas eram tiradas (Ex. 3:5). Os cristãos da Índia, ainda hoje, tiram o calçado
quando vão orar na capela da adoração.
Também os seguidores do Islã
fazem as abluções rituais antes de entrar nas mesquitas. Com essa ação
expressam a “tahara”, pureza, que no linguajar árabe significa estar livre da
sujeira, espiritual e física.
No cristianismo além do sentido
religioso de limpeza do pecado, a água é também símbolo de vida em Cristo.
Jesus disse à mulher
samaritana: “quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Ao
contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar
para a vida eterna”. (Jo 4,14)
*Missionário Pe. Olmes Milani
CS, das Arábias para a Rádio Vaticano
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